sábado, 21 de março de 2015

Conversando com o Mestre - Uma Alegoria



Caros Irmãos, podemos notar na alegoria abaixo de forma simples, a Via do Coração e que em muito, está próxima do Martinismo primitivo. ~ R.C.

Conversando com o Mestre
Uma Alegoria 

Por William Q. Judge

Caminhando pelo jardim do seu coração, o discípulo subitamente encontrou o Mestre.  Ficou contente, porque  recém havia terminado uma tarefa a serviço Dele – e apressou-se a colocá-la a Seus pés.

“Veja, Mestre” –  disse ele – “isto já está feito; agora me dê outro ensinamento a transmitir.”

O Mestre olhou para  ele com tristeza e generosidade no olhar, como podemos olhar para uma criança que não consegue entender algo.

“Já existem muitos que podem ensinar concepções intelectuais da Verdade”, respondeu. “Você pensa  que estará servindo da melhor forma possível, se for mais um a fazer a mesma coisa?”

O aluno ficou perplexo.

“Não devemos proclamar a Verdade até do alto dos telhados, até que todo o mundo a tenha ouvido?” – perguntou.

“E qual o resultado ?”

“O resultado será que o mundo inteiro seguramente a aceitará.”

“Não” – respondeu o Mestre – “a verdade não é do intelecto, mas é do coração. Veja!”

O aluno olhou, e viu a Verdade como se fosse uma Luz Branca cobrindo  a Terra toda; no entanto, nada dela chegava até as plantas verdes e vivas que necessitavam tanto dos seus raios, porque no meio havia densas camadas de nuvens. 

“As nuvens são o intelecto humano” – disse o Mestre.  “Veja de novo.”

Olhando atentamente, o aluno viu aqui e ali pequenas aberturas nas nuvens, pelas quais a Luz lutava para passar em raios frágeis, quebrados.  Cada abertura era causada por um pequeno redemoinho de vibrações, e ao olhar para baixo através delas,  o discípulo percebeu que cada redemoinho era produzido em um coração humano.

“É só reforçando e aumentando as aberturas que se pode fazer com que a Luz alcance a Terra” – disse o Mestre.  “O que é melhor,  então: derramar mais Luz sobre  as nuvens, ou estabelecer um redemoinho de forças do coração? Essa última tarefa você deve cumprir de modo invisível e sem ser notado, e também sem receber agradecimentos.  A tarefa anterior trará a você elogios e notoriedade entre os homens. Ambas as tarefas são necessárias: ambas são parte do Nosso trabalho; mas, as aberturas são tão poucas! Você tem força suficiente para deixar de lado os elogios e transformar-se em um centro de  coração irradiando uma pura energia impessoal?”

O aluno suspirou, porque essa era uma questão difícil.

HIERONYMUM


Revista Path, Nova Iorque, Outubro de 1893.

[O texto acima  foi traduzido de “Theosophical Articles”, William Q. Judge, The Theosophy Co., Los Angeles, EUA, 1980, edição em dois volumes. Ver  pp. 383-384 do volume II, que tem 655 pp. Título original do texto: “An Allegory”.]

Fonte: FilosofiaEsotérica