quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A FÉ, FACULDADE ESPIRITUAL

A Fé
Faculdade Espiritual

Por
Constant Chevillon
 
A Fé não é apenas uma virtude teológica, uma certeza intelectual e moral de ordem especulativa. É também uma Luz viva que se incorpora, de certa maneira, à vontade e torna-se um poder espiritual, um dinamismo efetivo, cujas potencialidades se atualizam e repercutem em todos os nossos atos.

Ela é uma realização contínua da experiência humana.
 

Essa fé dinâmica é a alavanca das Escrituras e o ponto de apoio de Arquimedes. Aplicada ao eixo das leis naturais, ela pode desencadeá-las bruscamente, reforçar sua ação, ou desviar seu curso para introduzir no ciclo normal da criação visível as leis superiores do mundo invisível. Ela pode curar as doenças, iluminar as inteligências, fortalecer as vontades, aniquilar os obstáculos, realizar milagres. Mas esta é a faceta menor de seu poder realizador.

Ela está na própria origem da nossa consciência; ela nos dá a certeza absoluta de nossa realidade, é a raiz e o princípio do “Cogito” de Descartes. Ela nos confirma, portanto, numa segurança moral, intelectual e física, das quais nossas cogitações e nossos atos subseqüentes são a prova e a conseqüência imediata.

As bases do julgamento — pelo qual nossa personalidade assume seu valor, suas responsabilidades, eleva-se ou desce a certo nível — são função de seu dinamismo próprio. A fé pode tornar-se, em cada homem, um “Fiat” criador, suscetível de projetá-lo rumo ao plano divino e de torná-lo coparticipante dos atributos de Deus. Porque, não satisfeita com uma autocriação interna da consciência, ela é o suporte e o aguilhão da liberdade, da qual a vontade é o órgão; ela assegura seu desenvolvimento e uso no quadro do nosso ser, mas levando sempre mais adiante o limite de suas possibilidades.

Mônada essencialmente expansiva, ela de fato irradia-se no nada para nele suscitar uma criação análoga à que realiza em nós; ela é o Mesmo em gestação do Outro.

Assim, a fé não é uma crença tímida, incessantemente abalada pelos acontecimentos exteriores, sempre em busca de uma consolidação problemática. É uma consciência absoluta das possibilidades interiores de nosso ser e de suas reações vitoriosas. É uma possessão antecipada do futuro, a bigorna sobre a qual forjamos duramente nosso porvir, porque o homem, malgrado as contingências individuais ou coletivas, é o artesão de seu próprio destino; ele o faz grande, mesquinho ou miserável, ao ritmo da fé que o anima.

Em sua unicidade substancial, a fé assume um aspecto triplo: fé em Deus, fé em si mesmo, fé no destino. Se perdermos a primeira, perdemos também as outras, porque Deus é o eixo do Universo e é ainda um fim. Se o aspecto divino desaparece de nossas faculdades, não há mais suporte nem fim adequados à nossa essência íntima.

Nenhum raciocínio, nenhum pensamento, nenhum gesto poderão colocar-nos diante de um porvir que satisfaça as nossas aspirações. Ficaremos num vai e vem entre uma margem e a outra do rio vital, prontos a afundar no abismo das contingências.

Ora, a fé não nasce na dispersão anímica e intelectual, ela repousa na unicidade espiritual. Um homem, um povo dividido contra si mesmo, refratário à unidade, perecerá na desagregação de seus elementos. Tornado, ao contrário, coesivo pela unificação de suas partes constitutivas, viverá no tempo e no espaço, pois ele está confirmado na segurança interna, contra a qual as discórdias externas são impotentes.

Coloquem dois homens em confronto na luta pela vida. O triunfo pertencerá ao detentor da fé mais enérgica e mais atualizada. Ele é, de fato, o melhor adaptado ao fim real da raça humana, porque essa adaptação resulta da fé, parte integrante e centro de seu ser.

A fé verdadeira é pouco comum; os homens afastam-se dela, preferem a facilidade das vontades vacilantes, a dúvida, à certeza, e a influência passional à pureza do coração.

Esta matéria foi publicada pela primeira vez na Revista L’Initiation no nº 4 de 1983. 

Fonte: Sociedade das Ciências Antigas

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

RA-MAK-HOTEP E OS HOMENS QUE VEGETAM PELAS SOMBRAS


NT.: Texto abaixo encaixa-se perfeitamente na atualidade, principalmente entre os sábios e iniciadores de 5min e suas discussões em redes sociais.


Paul Brunton

Ra-Mak-Hotep*

Por: Sri Sevãnanda Swami, 23/07/1950

Não sabe do valor do poder aquele que divaga inutilmente! Não sabe do valor do poder aquele que deixa que sua atenção voe loucamente, como uma mariposa, sobre pequenas coisas e objetos que, ainda que relativamente nobres em si mesmos, não devem ter a atenção daqueles que querem ocupar-se com coisas de mais necessidade e importância. Não se pode, ao mesmo tempo, servir à Luz e a pequenas coisas que vegetam nas sombras. Assim, todos vós, se quereis buscar a Luz e Servir, ide direto à Luz, com os olhos fixos nela, e não deixeis destruir vossos esforços e vossa atenção nem gastais mal nenhuma energia: nem corporal, nem mental, nem visual, nem auditiva, nem verbal, especialmente verbal, nem coisa alguma que não seja bela, nobre, útil e, se possível, grande.

A diferença essencial (meditem o sentido de “essencial”) entre um Irmão da Luz e os homens que vegetam pelas sombras é que os homens que vegetam pelas sombras falam de coisas grandes que não são capazes de ver nem sentir. Já o Irmão da Luz fala muito pouco, porque seu coração e sua mente estão constantemente fixados em coisas Eternas, em coisas realmente grandes, e, ainda que se ocupe de algo menor, o faz empregando tanta grandeza de pensamento que dele não pode sair nada além de justas, belas, sábias, poucas e amorosas palavras, vigiadas e carregadas de poder, e, repito, carregadas de poder, porque são tão poucas as vezes em que se dedica a apreciar algo menor, tão raro que Sua consciência central se ocupe de falar, observar e atuar através do corpo que, quando o faz, é como o violinista pondo toda a sua arte através de um arco e uma corda, e é exatamente aí então que vibra o corpo e transmite um enorme poder que, por si, nada tem a mais do que o próprio violino, mas aquilo que um violino é capaz de transmitir.

Assim, pois, enobrecei vossos corpos e mentes. Empregai vossos corações, reduzi vossas palavras, sintetizai vossos pensamentos, vivei de forma intensa, atenta e humilde, para que quando fordes chamados a usar o instrumento, o tenhais em condições. E que o poder esteja armazenado por não haverdes gasto mal nenhuma de suas forças componentes. Assim, e só assim, os Senhores dos Poderes Secretos que residem nas Pirâmides outorgarão alguma vez alguma atenção a vossos desejos, desde que sejam desejos grandes, reconcentrados e contínuos, e não coisas ditas e repetidas mil vezes pelos lábios em vez de ardente impulso que move o coração e necessidade constante de um cérebro poderoso.

Haveis me obrigado a falar mais do que houvera desejado. Que vos seja proveitoso meditar umas cem vezes sobre o que vos disse.

Que a Luz e a Paz possam penetrar em vós, porque somente quando as deixeis entrar tereis algo para Dar de volta.

*Ra-Mak-Hotep: vive na Pérsia, Irã e Egito. Dirige telepaticamente aos que seguem a via egípcia da busca da Luz pela magia da vida. 

Fontes: 
"O Egito Secreto", Paul Brunton

.·.

domingo, 7 de agosto de 2016

Saber Quem Está Mais Adiantado, A Verdadeira Arte de Fazer Comparações

NT.: Apresentamos para nosso estudo de hoje, o texto de Carlos C. Aveline, dedicado a todo estudante, principalmente aos que dispensam horas de puro desperdício traçando comparativos entre alunos, escolas, ordens seja pessoalmente ou em grupos virtuais. 

"Disputa do Sagrado Sacramaneto", autor Rafael, 1509 -1510.
  
Saber Quem Está Mais Adiantado
A Verdadeira Arte de Fazer Comparações
  
Por: Carlos Cardoso Aveline
 
“Um grupo de estudantes das Doutrinas Esot.
que queira obter qualquer proveito espiritual deve
estar em perfeita harmonia e unidade de pensamento.”

Um Mestre de Sabedoria [1]

A busca da sabedoria mostra que, quando a meta é suprema, o realismo é indispensável. Sem discernimento não há como evitar a derrota.

Um exemplo prático da necessidade de bom senso está no fato de que, nas primeiras etapas do aprendizado, o estudante pode ter vontade de saber se algum outro estudante está mais atrasado ou mais adiantado que ele no caminho.

A tentativa de saber “quem está mais na frente” na caminhada não leva a nada. Quem hoje parece brilhante e dedicado pode revelar-se, amanhã, como alguém que não tem perseverança. Aquele que agora parece ter enormes limitações talvez experimente um grande despertar dentro de cinco anos, ou de cinco dias. E as melhores qualidades internas de alguém talvez sejam invisíveis para todos.

Comparar-se com os outros para ver “quem é o melhor” é inútil, portanto, e quase sempre prejudicial; mas o estudante pode comparar-se consigo mesmo. Esta é a verdadeira arte de fazer comparações, em teosofia.

* Será que ele é um indivíduo melhor, hoje, do que há dez anos?

* Ele está tomando providências para que amanhã pela manhã seja um melhor ser humano do que é hoje? E no próximo ano?

* Ele tem certeza de que o tempo da sua vida não está passando em vão?

* Em que aspectos ele pode melhorar a eficiência da sua caminhada?

Aprender com os outros não implica especular sobre se eles são “mais adiantados”. Ensinar aos outros não é motivo para supor que se é “mais evoluído que eles”. Interessa, isso sim, aumentar o seu próprio nível de eficiência energética, concentrando a mente na sabedoria, na cooperação entre todos, e no ideal de uma vida correta.

Interessa examinar se o esquema referencial e o processo de pesquisa, de ensino e aprendizagem de que se faz parte são legítimos e abertos ao exame crítico. Cabe ao estudante garantir que a fonte dos ensinamentos é autêntica e fazer o melhor que pode de modo sustentável, numa perspectiva de tempo que inclui várias encarnações. 

NOTA: 
[1] Veja o item III, Carta 3, primeira série, em “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, pp. 24-25. Neste trecho a tradução está revisada levando em conta o original em inglês.
Uma versão inicial do texto acima foi publicada de modo anônimo na edição de junho de 2010 de “O Teosofista”.

terça-feira, 19 de julho de 2016

LIVROS: M.MATTER "SAINT-MARTIN LE PHILOSOPHE INCONNU" e "OS ENSINAMENTOS SECRETOS"

 "Saint-Martin Le Philosophe Inconnu sa vie et ses écrits son maitre Martinez et Leus groupes d'apres des documets inedits", 1862 por M. MATTER.  

Livro de leitura obrigatória a qualquer agrupamento Martinista, desmistifica e corrige vários erros conceituais sobre o que viria a ser o martinismo, assim com corrige fatos históricos perpetuados até nossos dias por diversas ordens.

  • Para baixar "Saint-Martin, Le Philosophe Inconnu", clique aqui: Gallica.

Essa é a fonte em que bebeu Franz von Baader para escrever seu livro  "Les Enseignements Secrets de Martines de Pasqually, precedidos de uma informação sobre o Martinezismo e o Martinismo". Esse é outro livro de leitura obrigatória ao estudante sério de martinismo, infelizmente ainda sem tradução oficial, apenas livre a disposição dos grupos martinistas independentes.

  • Para baixar "Os Ensinamentos Secretos de Martines de Pasqually", clique aqui: Gallica.

  
Esse pode ser adquirido em português através da editora Madras, clicando aqui.


 




quinta-feira, 7 de julho de 2016

Esta vida é nossa décima primeira hora: trabalhe nela!


Esta vida é nossa décima primeira hora: trabalhe nela!
 Louis-Claude de Saint Martin
 
Vamos, então, nos preocupar com a vida real; com aquela obra ativa a qual devemos cada instante de nosso tempo e não deixemos de perguntar se haverá alguma futura angústia a temer ou não; tal será nossa preocupação e desejo de retidão.

O crime é a causa destes pensamentos desgastantes e o que leva o Homem ao crime é a inação, através do vazio da mente; o vazio da mente (espírito) joga o Homem no desencorajamento, fazendo-o acreditar que o tempo perdido não pode ser recuperado. Isto, de fato, pode ser verdade com relação a coisas feitas no tempo e para o tempo; mas será válido para o que pertence ao espírito? Não há tempo para o espírito... Não seria possível que um único ato realizado pelo espírito e para o espírito rendesse à alma tudo o que ela falhou em adquirir ou até mesmo tudo o que possa ter perdido pela negligência?

Devemos lembrar da "décima primeira hora", embora devemos também notar que, se aqueles que foram chamados àquela hora, receberam até mais do que sua devida paga, foi porque eles pelo menos trabalharam durante aquela hora, ao contrário, não teriam recebido nada; assim nós também não devemos ter nada a esperar, se, após termos passado as horas antecedentes de forma infrutífera, não completarmos nossa décima primeira hora, realizando a obra do Espírito.

Desde a Queda, só podemos ser meros trabalhadores da décima primeira hora, que, de fato, teve início no instante em que fomos privados de nossos direitos. As dez horas que precederam esta época, estão, por assim dizer, muito longe e perdidas para nós; assim a totalidade de nossa vida terrestre é realmente, para nós, senão a décima primeira hora de nosso verdadeiro e eterno dia, que embarca o círculo universal das coisas. Julgue a partir daí, se temos um momento sequer a perder!

Obstáculos e cruzes são pontos de partida: "Eu te digo, vigiai!" 

Ao mesmo tempo, tudo o que é requisito para um desempenho útil e proveitoso na obra desta décima primeira hora, nos é fornecido abundantemente; planos, materiais, instrumentos, nada é retirado de nós. Até mesmo os perigos e obstáculos aos quais nos deparamos e os quais se tornam nossas cruzes quando fugimos deles, são passos e meios de elevação quando superados; a Sabedoria, ao nos expor a eles espera que triunfemos.
 
Sim, se tivéssemos mantido nosso posto fielmente, o inimigo nunca teria penetrado a fortaleza, por mais poderoso que fosse. Mas, é necessário guardar todas as entradas com tal vigilância constante que, de qualquer forma que ele se apresente, possa nos encontrar alerta e com vigor para resistir. Um único instante de negligência de nossa parte, é suficiente para o inimigo, que nunca dorme, fazer uma brecha, ascender e capturar o indivíduo.

Vamos tomar coragem. Se nossa restauração espiritual requer, na realidade, todo o cuidado, devemos ao menos considerá-la assegurada se resolvermos, pelo menos, assumi-la, pois a enfermidade da alma humana é, se é que posso usar a expressão, apenas uma espécie de transpiração reprimida; o Soberano não cessa de nos administrar sudoríficos poderosos e salutares que tendem incessantemente a restaurar a ordem e a circulação.
 
A morte é compreendida em nossa obra; como ela é superada?
 
A morte mesmo, que também esta compreendida em nossa obra, é dirigida e graduada com a mesma sabedoria que governa todas as operações divinas. Nossos laços materiais são partidos progressivamente e de forma quase imperceptível. Crianças de tenra idade, emergidas em sua matéria, não têm idéia da morte porque a matéria não sabe o que é a morte, muito menos o que é a vida e o espírito.

Os jovens em quem o espírito ou a Vida começa a penetrar através de sua matéria, têm mais ou menos medo da morte, na medida em que estão mais ou menos imbuídos deste espírito ou vida e na medida em que sentem o contraste entre seu espírito e sua matéria.
 
Os adultos e os mais velhos cujo espírito ou vida se desenvolveu e que observaram fielmente a lei de seu ser, são preenchidos de tal forma com os frutos, quando seu curso termina, que olham para a demolição de sua cobertura material sem medo ou remorso, e até mesmo com prazer.
 
Este revestimento material, tendo sido perpetuamente impregnado com os frutos de suas obras, tem, ao mesmo tempo, quase imperceptivelmente se submetido à decomposição em sua fonte; se o tratamento restaurativo fosse seguido, encontraria naturalmente a sua dissolução final sem dor. O que pode ser concebido de mais doce e suave do que todas estas progressões, apontadas pela Sabedoria do Altíssimo, para a restauração do Homem?
 
Os poderes da Alma humana após a morte.
 
Mas se tão grandes são os prazeres adquiridos pela devoção ao Ministério Espiritual do Homem ainda neste plano, quais não serão então aqueles que a alma irá receber quando tiver se despojado de seus espólios mortais!
 
Vemos que nossos corpos, neste plano, estão destinados a desfrutar de todas suas faculdades e a comunicar-se uns com os outros. Quando eles não desfrutam de suas faculdades, não se comunicam, como verificamos com as crianças. 

Quando alguns corpos utilizam suas faculdades e outros não, os primeiros podem se comunicar com aqueles que não se comunicam e os conhecem enquanto que estes nada sabem sobre os primeiros. 

Isto se aplica a lei das almas: 

Aquelas almas que, neste plano, não desfrutam de suas faculdades estão respectivamente em absoluta insignificância; elas podem estar perto uma da outra, podem morar juntas sem transmitirem impressão alguma entre si. Esta é a situação da maioria das pessoas deste mundo, para não dizer, talvez, de toda humanidade; isto porque durante nossa jornada na Terra, nossas almas são umas para as outras, tal qual como as crianças; de fato, não comunicam nada em comparação com aqueles tesouros ativos com os quais deveriam ter enriquecido, naturalmente, umas as outras, se tivessem se mantido em sua harmonia primitiva.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

VERDADEIROS E FALSOS INSTRUTORES ESPIRITUAIS


VERDADEIROS E FALSOS INSTRUTORES ESPIRITUAIS
Por René Guénon

Cap. XXI de Initiation et Réalisation Spirituelle
Tradução de Luiz Pontual
Copidesque de Constantino K. Riemma

Insistimos com frequência sobre a distinção que deve ser feita entre a iniciação propriamente dita – que é a vinculação pura e simples a uma organização iniciática, implicando essencialmente na transmissão de uma influência espiritual – e os meios que na sequência  poderão ser postos em prática para tornar efetiva uma iniciação que, em princípio, era apenas virtual. A eficácia de tais meios está naturalmente subordinada, em todos os casos, à condição indispensável de uma vinculação prévia. Estes meios, enquanto constituintes da ajuda prestada do exterior ao trabalho interior, do qual deve resultar o desenvolvimento espiritual do ser (e está claro que jamais suprirão este mesmo trabalho) podem ser denominados, em seu conjunto, pelo termo de instrução iniciática, tomando este em seu sentido mais amplo. 

A instrução iniciática não se limita à comunicação de certos dados de ordem doutrinal, mas inclui igualmente tudo o que, de algum modo, é próprio para guiar o iniciado no trabalho que faz para alcançar uma realização espiritual seja qual for o seu grau.

A Catedral de Notre Dame de Paris
O mais difícil, principalmente em nossa época, não é obter uma vinculação iniciática, o que às vezes é até muito fácil (visto que certas organizações iniciáticas se tornaram muito mais "abertas", o que, por outro lado, atua para elas como uma causa de degeneração). O mais difícil, de fato, é encontrar um instrutor verdadeiramente qualificado, quer dizer, capaz de cumprir realmente a função de guia espiritual, aplicando todos os meios convenientes às suas próprias possibilidades particulares, fora das quais é evidentemente impossível, até mesmo para o Mestre mais perfeito, obter algum resultado efetivo.

Sem tal instrutor a iniciação – ainda que seja válida em si mesma e desde que a influência espiritual tenha sido realmente transmitida por meio de um rito apropriado – permaneceria simplesmente virtual, salvo em alguns casos bem raros, excepcionais. Devemos recordar que o iniciador que atua como "transmissor" da influência vinculada ao rito não deve estar forçosamente apto para desempenhar o papel de instrutor; se ambas as funções encontram-se normalmente reunidas nas instituições tradicionais que não sofreram degradações, estão muito longe de serem sempre assim nas atuais circunstâncias.

O que agrava ainda mais a dificuldade é que aqueles que têm a pretensão de ser um guia espiritual, sem estarem absolutamente qualificados para desempenharem este papel, provavelmente jamais foram tão numerosos como em nossos dias. O perigo que se decorre disso é ainda maior quando estas pessoas possuem faculdades psíquicas muito potentes e mais ou menos anormais, o que evidentemente nada representam do ponto de vista do desenvolvimento espiritual. Essas faculdades psíquicas podem, inclusive, revelarem-se um indício muito desfavorável a este respeito, embora possam enganar e se imporem a todos aqueles que não estão suficientemente advertidos e que, por conseguinte, não sabem estabelecer as distinções essenciais entre o psíquico e o espiritual. É necessário, portanto, colocar-se o mais possível em guarda contra estes falsos instrutores, que só podem extraviar aqueles que se deixam seduzir e que deveriam sentir-se muito satisfeitos se não lhes ocorrer nada mais lamentável que pura perda de seu tempo.

Mesmo que esses falsos instrutores não sejam mais que simples charlatães, como há muitos atualmente, ou que se iludam a si mesmos antes de enganar aos outros, é algo que evidentemente não muda absolutamente as consequências. Até mesmo aqueles que, em certo sentido, são completamente sinceros (pois isso até pode ocorrer em vários graus) não deixam possivelmente de ser os mais perigosos em razão de sua própria inconsciência. Quase não há necessidade de acrescentar que a confusão entre o psíquico e o espiritual, que desgraçadamente está tão propagada em nossos contemporâneos, e que denunciamos em numerosas ocasiões, contribui em grande parte para a ocorrência dos piores equívocos a este respeito. Se acrescentarmos a isso o atrativo dos pretensos "poderes" e o gosto pelos "fenômenos" mais ou menos extraordinários que, por outro lado, quase inevitavelmente estão associados a tais figuras, teremos então uma explicação muito completa do êxito de certos falsos instrutores.

Apesar disso tudo, há uma característica pela qual muitos destes falsos instrutores, senão todos, podem ser reconhecidos facilmente por uma consequência direta e inevitável de tudo o que constantemente expusemos com respeito à iniciação. Diante das questões que nos foram expostas ultimamente a propósito de certos personagens mais ou menos suspeitos, acreditamos ser útil esclarecer tal característica de maneira ainda mais explícita. Qualquer um que se apresente como instrutor espiritual sem vincular-se a uma forma tradicional determinada ou sem se conformar às regras estabelecidas por estas, não pode ter verdadeiramente a qualidade que se atribui; pode ser, segundo o caso, um vulgar impostor ou um "iludido" que ignora as condições reais da iniciação. Neste último caso, mais ainda que no do impostor, é de se temer que ele seja, em definitivo, nada mais que um instrumento a serviço de algo que ele sequer suspeita.

Diremos o mesmo de outra característica, que se confunde forçosamente com a anterior e que diz respeito à pretensão de proporcionar indistintamente um ensino de natureza iniciática a não importa quem, inclusive aos profanos, descuidando a necessidade, como primeira condição de sua eficácia, da vinculação a uma organização definida. Essa advertência vale ainda com relação a qualquer um que proceda segundo métodos não conformes aos de alguma iniciação reconhecida tradicionalmente. Se os interessados soubessem aplicar estas poucas indicações e sempre se apoiassem nelas, os promotores das "pseudo-iniciações", sejam quais forem as formas de que estejam revestidos, seriam desmascarados de imediato.

Não devemos nos esquecer, naturalmente, de contar também entre as "pseudo-iniciações" todas aquelas que pretendem se apoiar em formas tradicionais que não têm atualmente nenhuma existência efetiva; mas estas ao menos são claramente reconhecíveis à primeira vista, sem que haja necessidade de examinar as coisas mais de perto.
Falta somente considerar o perigo que pode resultar de representantes de iniciações desviadas,  embora reais, mas que deixaram de estar na linha da ortodoxia tradicional.


Estas dissidências, certamente, estão muito menos propagadas, ao menos no mundo ocidental e, em consequência, torna-se menos urgente nos preocuparmos com elas nas circunstâncias presentes. Além disso, podemos dizer que os "instrutores" que se vinculam a tais iniciações têm geralmente em comum com aqueles dos quais acabamos de falar, o costume de manifestar seus "poderes" psíquicos a qualquer pretexto e sem qualquer razão válida (pois não podemos considerar como tal o propósito de atrair a seus discípulos ou retê-los por este meio, como é habitualmente o seu objetivo), e atribuir a maior importância a um desenvolvimento excessivo e mais ou menos desordenado das possibilidades desta ordem, o que se faz sempre em detrimento do verdadeiro desenvolvimento espiritual.

Quanto aos verdadeiros instrutores espirituais, o contraste que apresentam com os falsos, nos diversos aspectos que acabamos de indicar, pode, mesmo sem dar completa segurança (no sentido em que estas condições, mesmo que  necessárias, podem não ser suficientes), nos ajudar bastante na avaliação.

Convém fazer, ainda, outra advertência para dissipar algumas idéias falsas. Contrariamente ao que muitos imaginam, nem sempre é necessário, para que alguém seja apto para desempenhar o papel de instrutor dentro de certos limites, que tenha alcançado ele mesmo uma realização espiritual completa; deveria ser evidente, de fato, que não é preciso de tanto para ser capaz de guiar validamente a um discípulo nos primeiros estágios de seu caminho iniciático. Quando o discípulo tiver alcançado o ponto além do qual não pode mais ser conduzido, é óbvio, que o instrutor que se encontre neste caso e que seja verdadeiramente digno desse nome, não vacilará jamais em dizer que a partir de então já não pode fazer nada por ele.  

Para os discípulo prosseguir seu trabalho nas condições mais favoráveis, cabe ainda ao instrutor indicar, seja  seu próprio Mestre, se isso for possível, seja outro instrutor ao qual reconheça como mais completamente qualificado que ele próprio. Quando se passa desse modo, não há em suma nada de assombroso nem de anormal no fato de que o discípulo possa a partir de certo ponto superar o nível espiritual de seu primeiro instrutor. Este, por sua vez, se for verdadeiramente o que deve ser, só poderá se felicitar por ter contribuído com sua parte, por modesta que seja, para lhe conduzir a esse resultado.

Os ciúmes e as rivalidades individuais, de fato, não podem ter lugar algum no verdadeiro domínio iniciático, enquanto que, ao contrário, ocupam quase sempre um espaço muito grande na maneira de atuar dos falsos instrutores. É unicamente a estes a quem se deve denunciar e combater, cada vez que as circunstâncias o exijam, não somente pelos autênticos Mestres espirituais, mas também por todos aqueles que possuem algum grau de consciência do que realmente é a iniciação.


Veja também:


sábado, 28 de maio de 2016

DARIO VELLOZO E O FIM DE SUA LINHAGEM MARTINISTA

Fonte da imagem clique aqui.

Dario Vellozo e o fim da sua linhagem Martinista

Já falamos anteriormente a respeito de alguns dos diversos ramos e linhagens Martinistas na atualidade. Estudamos as principais diferenças e ligações que cada uma delas têm com as demais, assim como sua forma de trabalho e material de estudo.

Conseguimos assim ter um panorama mesmo que parcial, de um grande cenário dessas ordens, linhagens, Iniciadores para nos situarmos melhor em nossa caminhada. Vimos também exemplos claros de “contra iniciação” propagados na atualidade tantos outros que utilizam nome da Ordem para benefício próprio unicamente, linhagens apenas de fachada e verdadeiras arapucas que tiram o sincero buscador da senda da Iluminação.

Apesar do “estudo das linhagens” não ser um tópico oficial dentro do estudo martinista - por considerarmos irrelevantes as diferentes siglas que cada uma carrega e por haver trabalho mais sério a ser realizado, interna e externamente pelo martinista – com intuito de instruir nossos Irmãos quanto a história do Martinismo, vamos continuar com estudo das linhagens que, dentro de duas ou três reuniões findaremos.

Em especial trataremos hoje da linhagem do primeiro martinista no Brasil, Apolônio de Tyana “Dario Vellozo”, amplamente conhecido de todos nós. 

Sua história e cronologia pode ser lida na história da “Loja Luz Invizível” com maiores detalhes, recomendamos a leitura com reservas do texto clicando no link ao lado: "A Loja Martinista Luz Invizível": 
http://www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/junho2012ArevitalizacaodahistoricaLojaMartinistaLuzInvis%EDvel.asp


Fonte da imagem Mube Virtual

O fim da linhagem de Dario Vellozo

Dario Vellozo morreu em 1937 sem deixar outro Iniciador em seu lugar. Seus iniciados em sua maioria eram de Associados, Iniciados e poucos S.I., nenhum entre seus iniciados teria atingido a condição de Iniciador. Assim apesar de ter militado por 37 anos no martinismo, não fez outros Iniciadores e ao morrer, levou consigo encerrando com ele sua linhagem.

Porém muitas famílias citadas no supracitado texto sobre a “Loja Luz Invizível”, guardaram os pertences de seus membros, como cadernos de anotações, cartas, certificados de graus, paramentos e tantas outras relíquias históricas. Os antiquários e sebos ainda vendem tais documentos. Assim não houve sequência de Iniciação após a morte de Dario Vellozo. Hoje o que há apenas, são registros esquecidos na história e de valor unicamente histórico, mais nada. Levantar a bandeira se dizendo detentor dessa linhagem, é um tremendo engano.

Para uma linhagem ser válida, ela precisa ser ininterrupta e a iniciação transmitida na presença física, como exemplo vamos citar a Ordem Martinista dita de “Papus” (a primeira que já estudamos de Gerard Encausse, Papus), em resumo onde após sua morte outro Iniciador tomou a direção da Ordem até esse comando chegar em seu filho Philippe Encausse também iniciado e esse para Emilio Lorenzo atual diretor da Ordem. Essa sequência de transmissão não ocorreu no caso de Dario Vellozo e seus iniciados. 

Lembramos também que alguns anos antes de falecer (1937), Dario já doente recebeu Cedaior e Jehel (Maschevilles) que chegam ao Brasil depois especialmente em Curitiba/PR, e o comando “administrativo” da Ordem foi transferido para eles, sem ter havido qualquer troca de iniciações entre eles. Assim ao falecer Dario Vellozo levou consigo a sua linhagem, dando término a mesma.

Assim podemos afirmar baseado nessa vasta documentação histórica, assim como também por outro lado, pela falta de comprovação documental que mostre o contrário, que atualmente poderá existir apenas uma afiliação de desejo, uma ligação espiritual ou até mesmo apenas como homenagem histórica a esse lumiar que nos precedeu, martinista, maçom e professor conhecido como Dario Vellozo. Não há linhagem martinista vigente vinda dele.


Hoje seu legado espiritual é o Instituto Neo Pitagórico - I.N.P., fundado em 1909 baseado na filosofia grega-pitagórica basicamente. Lá não há iniciações, rituais, linhagens, transmissões nem algo do gênero. Não há reuniões de lojas de qualquer ordem em suas dependências mesmo que secretamente. Também não representam oficialmente nem extraoficialmente, nem mantém laços de amizades, nem reconhecimento, muito menos tratados diversos com qualquer ordem martinista, maçônica, rosacruz, seja nacional ou internacional. 


Sobre a Loja Luz Invizível.

Atualmente a “Loja Martinista Luz Invizível” encontra-se ativa trabalhando de forma livre e independente sob o manto do silêncio, não está vinculada a qualquer Ordem Martinista da atualidade.  A loja não detém qualquer linhagem ininterrupta vinda de Dario Vellozo nem dos Mascheville, tem antes uma afiliação por desejo em perpetuar o pioneirismo histórico martinista de Apolonio de Tyana. Seus membros não utilizam material de qualquer ordem martinista, praticam o primeiro, simples e profundo ritual martinista de 1886. 

A Loja também não tem vínculos de reconhecimento nem tratados estabelecidos com ordens outros grupos martinistas ou maçônicos.


Grupos e Ordens Martinistas "sérias".

Não aprofundaremos novamente o tema já abordado sobre as formas e estruturas do Martinismo, seja de forma livre e independente ou estruturado hierarquicamente em Ordens.

Os melhores grupos são aqueles que longe de propagandas e de suntuosos websites, são grupos unidos por afinidades pessoais e Iniciáticas entre seus membros que com o mesmo ideal vivem harmonia entre si, e esses com martinismo em geral, são portanto, grupos homogêneos. Já as ditas ordens tendem a ter uma diversidade maior entre membros, não muito afins entre si e graus de sintonia diversos tornando-os mais heterogêneos.


Correríamos no engano em sugerir alguma ordem, não além de apontar aquelas já comentadas nesse website.

Referências:

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ATUALIZAÇÃO:  O BLOG ROSACRUZES como esclarecimento e complemento ao texto acima, indica as seguintes ordens abaixo:
  • OM&S - Ordem Martinista & Sinárquica - Ordem com linhagem ininterrupta, trabalha de forma séria e organizada território nacional.
  • TOM - Tradicional Ordem Martinista - Depois da OM&S é a mais antiga em funcionamento até a atualidade; bem estruturada e com material de estudo próprio.
  • OM - Ordem Martinista "de Papus" - Já esteve presente no Brasil no passado, atualmente funciona em sigilo no Brasil como um círculo.
  • OMCC - Ordem Martinista dos Cavaleiros de Cristo (linhagens LaCava e Remi Boyer) - A OMCC não tem representante geral para todo o Brasil, possui apenas 3 lojas que se remretem diretamente ao Grão Mestre na França (Remi Boyer). A Linhagem LaCava esteve presente desde década de 80 mas com a saída dele do movimento martinista, deixou de existir, deixando grupos esparsos pelo Brasil.
  • GOCPL - Grande Ordem dos Cavaleiros de Philippe de Lyon - Grupo que descente do mestre Thot da Egrégora Expectante da linhagem de Cedaior e Sevananda, hoje comandada belamente pela sua Matriarca a qual mantem o grupo unico e coeso, de forma simples, profunda e direta. Lembramos que Thot jamais passou o comando de sua linhagem martinista a quem quer que seja, nem deixou por escrito para que acontecesse após sua morte; seu labor martinista está unicamente dentro da GOCPL mais nada além.




quarta-feira, 11 de maio de 2016

O Sanctum Celestial - A HARMONIA DO CÓSMICO



 O Sanctum Celestial
A HARMONIA DO CÓSMICO
por Robert E. Daniels, F.R.C.

Não há nada tão belo e digno da mais nobre emulação do que a expressão normal da natureza espíritual de nosso Ser. À Medida que nos tornamos mais espiritualmente propensos, deixamos de lado todas as coisas sórdidas da vida. Sentimo-nos interiormente mais beloqs e mais puros. Muitos homens sentem-se realmente receosos de expressar o lado espiritual de sua natureza, temendo que isso diminuirá a sua varonilidade e a índole voluntariosa da mente. Não devemos concordar com isso porque a maioria dos grandes místicos do mundo tem provado e demonstrado que o místico ideal pode possuir características espirituais altamente desenvolvidas, juntamente com a vontade poderosa e mente organizada.

Os grandes místicos irradiavam amor impessoal e compaixão profunda. Seu principal interesse era auxiliar os seus semelhantes por meio de todos os poderes que possuíam. Sua ascendência espiritual não provinha da teoria do misticismo, mas de uma comunhão íntima com o Cósmico, e do fato de viverem verdadeiramente a vida mística. Se quisermos atingir esses mesmos ideias, teremos de por em prática princípios como os que são ensinados pela filosofia Rosacruz, tornando-nos familiarizados com um sistema ordenado para iluminação interior.

Uma das nossas maiores ajudas nessa questão é o entregarmo-nos a um período diário de meditação como propósito de estabelecer uma condição de harmonização cósmica. A maioria de nossos problemas e obstáculos decorre de não estarmos harmonizados com o Cósmico. Com o restabelecimento dessa harmonia, por meio de um período diário de meditação, poderemos eliminar de nossa mente e de nossa consciência, (previnir) todas as doenças, problemas e perplexidades, adquirindo a paz interior e a harmonia que desejamos.
Atitude Positiva

O ideal do místico é conseguir harmonização com a Divindade, quase sempre designada como Consciência Cósmica. Muito tem sido escrito sobre o assunto, porém para a maior parte das pessoas o ideal ainda está em futuro muito remoto. Uma das possibilidades para sucesso nessa realização está na atitude mental básica que antemos dia após dia.

Uma atitude negativa e pessimista, focalizada sobre as coisas infelizes e desagradáveis da vida, não elevará a nossa consciência ou estimulará o nosso desenvolvimento espiritual, a respeito de quantos livros sobre misticismo possamos ler.

Com sentimentos de alegria e confiança, contudo, e manutenção de uma atitude construtiva diante da vida, criando mentalmente e visualizando, ao mesmo tempo, os nossos ideias, sem deixarmos de trabalhar para a sua realização, poderemos recorrer à corrente básica de poder cósmico que flui através de nosso Ser. Nossos desejos, todavia, deverão se tornar mais intensos, mantidos por fervor e entusiasmo reais. Esse é o eio para as maiores possibilidades e, por sua prática, desenvolvermos poder e ascendência espiritual para atingir o reino da Consciência Cósmica.

As condições instáveis do mundo atual, a incerteza, a intranquilidade e a discórdia revelam a influência incitadora do Cósmico para as mudanças. As pessoas buscam harmonia, paz e segurança, porém as condições inseguras e as indagações sérias de muitas ourtas estão abalando as bases da sociedade.

Há um anseio de liberdade e alívio da autoridade. Deve se tornar óbvio para nós, como estudantes de misticismo, que estamos passando por uma importante fase do ciclo cósmico de mudanças. Deveremos tentar compreender a razão de instabilidade e das condições inseguras, e cooperar com os seus sábios decretos.

O Cósmico jamais se satisfaz com o status quo. Muitos valores do passado estão sendo abandonados; as gerações mais jovens, em particular, desejam maior liberdade de expressão e ação. Os valores políticos estão sendo seriamente contestados. Valores novos estãos endo buscados nas artes e nas ciências.

Essas ocorrências não são novas; a história apenas está se repetindo. Para o Cósmico, os ciclos têm sempre provocado mudanças, porém nunca tão violentas quanto as que hoje se processam, talvez principalmente porque as ocorrências reagem rapidamente, em todo o mundo, como jamais o fizeram. Qual, todavia, a lição que devemos aprender de nossa conturbada era?

O mundo necessita de uma solução que o misticismo pode oferecer, a qual requer que cada indivíduo estabeleça um novo conjunto de valores em seu interior. O homem tem necessidade de maior compreensão de sua relação para com o universo e o seu semelhante. Deve desenvolver sua consciência para estabelecer harmonia com o Cósmico. O homem tem de admitir que deve penetrar no significado mais profundo da existência. Não mais podemos continuar a viver na periferia, tentando evitar nossas responsabilidades herdadas. Melhor dizendo, devemos chegar a aceitar a necessidade de nossa participação plena na vida. As forças cósmicas estão impulsionando e orientando os nossos passos para a senda que nós mesmos preferimos trilhar.

Há muito que nós mesmos poderemos fazer para auxiliar, para colaborar com as forças cósmicas com o objetivo de possibilitar maior progresso na vida de outras pessoas. Enrtegando-nos totalmemte a vida mística e prestando todo auxílio que pudermos, teremos certeza da cooperação do Cósmico e de um sem número de humanitaristas que julgam seu dever tudo fazerem para colaborar no progresso da humanidade. .·.

Revista “O Rosacruz” - Abril de 1978 (páginas 90 e 91)
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domingo, 10 de janeiro de 2016

PENSAMENTOS de RAYMOND BERNARD

 
FRAGMENTOS do PENSAMENTO
de 
RAYMOND BERNARD
  • Propor sem jamais impor é uma regra à qual continuo e continuarei submetido para sempre.
  •  O casamento é um contrato social – um acordo humano que se faz apenas no nível humano – entre dois seres.
  •  No casamento, cada um dos cônjuges aceita partilhar do carma do outro...
  • Ainda sobre o casamento: um contrato, por mais elevado que seja, pode ser rompido. 'Nada' se opõe a isto, do ponto de vista cósmico, e não haverá compensação cármica criada pela ruptura. A única dívida cármica estabelecida em tais circunstâncias teria por origem 'o que precedeu a ruptura', isto é, as peripécias da vida conjugal e os defeitos de caráter ou de responsabilidade que a provocaram.
  • Atribuir a uma Lei Cósmica aquilo de que se é imediatamente responsável é uma demonstração de fraqueza e de inconseqüência.
  • Muitos acabam por querer fazer feliz o cônjuge a sua maneira, e não segundo as aspirações dele.
  • Não exijam no outro suas próprias qualidades; vocês não exigiram nele seus próprios defeitos.
  • A sexualidade é, na realidade, apenas um apetite, comparável, se bem que em grau diferente, à necessidade de comer e beber.
  • Excessos de alimento ou de bebida são tão perigosos quanto uma sexualidade exaltada.
  • É dever de todos sujeitar-se a um controle razoável dos apetites físicos. Suprimir não é, de forma alguma, controlar.
  • Muita gente não encontra no ato sexual senão satisfação incompleta, e o equilíbrio não atingido dá lugar a uma busca permanente de novas experiências, na esperança de encontrar em outro momento o que não encontraram antes.
  •  Nada é impuro entre dois seres que se amam.
  • Aquele que fala de seus poderes não tem nenhum; aquele que os tem emprega-os em segredo em relação aos outros e mantém-se calado.
  • Tendo conhecido as explosões do coração e suas dores, vocês não serão, jamais, indiferentes.
  • Os Mestres Cósmicos são seres que, depois de terem atravessado nosso vale de lágrimas, depois de terem conhecido o abismo das provações, depois de terem passado pela dor do manifesto, chegaram a dominar 'consciente' e ' cientemente' os numerosos obstáculos da existência humana. Eles são infinitamente superiores ao mais evoluído dos humanos, mas, em relação à fase seguinte, 'são neófitos'.
  • Um Mestre Cósmico não intervirá jamais no curso da própria lição [que alguém esteja aprendendo ou tenha que aprender], pois ela é um 'proveito' para aquele que a aprende.
  • Jamais um Mestre Cósmico interromperá uma experiência em curso ou uma lição que deva ser aprendida.
  • Nenhum místico, até mesmo o mais isolado, pode sentir-se sozinho, 'porque ele nunca está'.
  • Tudo tem sua origem em nós e nós retorna.
  • Uma vez Iniciado, se é para sempre, pois no Colégio Cósmico não há regressão.
  • Para os Mestres Cósmicos, os acessórios de um ritual – vestimentas, púlpito, incenso – não representam nada e não veiculam nada.
  • O Mestre Kut Hu Mi – que esteve na Terra numa época cunhecido pelo nome de Tutmés III do Egito – tem sobre si a total responsabilidade sobre a AMORC. Tudo que refere à Ordem Rosacruz está, em última instância, sob o controle de Kut Hu Mi.
  •  A verdade está em nós mesmos.
  •  O trabalho místico se realiza na impessoalidade.
  •  Um Rosacruz, desde que sincero, só pode esperar encontrar' em si mesmo' o Mestre de que tem necessidade.
  •  Nenhum Mestre verdadeiro se considera como tal, pois, quanto mais avança, mais tem consciência do caminho que ainda deve ser percorrido.
  • Tendo 'ousado', tendo 'podido', tendo 'sabido', e tendo 'feito', vocês terão compreendido que seu dever é mostrar, 'jamais' aparecer.
  •  Memória Cósmica [Memória Universal ou Arquivos Acásicos] designa a memória do Universo como um todo, e não apenas uma memória que inclua as lembranças humanas. A Memória Cósmica compreende TUDO, e é, por assim dizer, a Memória do TODO.
  •  Cósmico = Criação universal 'visível' e 'invisível'.
  •  O mundo é um cadinho de experiências de onde sai a própria evolução.
  •  O 'carma' tem sua origem na Humanidade e nela encontra o seu resultado. A guerra é uma manifestação do 'carma' coletivo.
  •  No dia em que o indivíduo, assim como a Humanidade, se conformarem com as leis universais, todos os problemas serão resolvidos e a história deste Planeta se concluirá.
  •  O maior pecado do homem é o egoísmo.
  •  A Humanidade não está nem só nem abandonada.
  •  A simplicidade é uma prova de autenticidade.
  •  Portugal, outrora, estava situado em um continente hoje desaparecido – a Atlântida.
  •  Nem sempre o acontecimento tem origem no lugar onde se produz.
  •  Já houve grandes cataclismos e nunca nada foi perdido.
  •  Tudo quanto é ou deve ser conhecido já o foi, e se a evolução é de um nível superior ao precedente, o precedente era mais avançado que o presente.
  •  A verdade saberá chegar ao coração daquele que espera.
  •  Na Via Iniciática prestigiosa que seguimos, as tentações são numerosas, as quedas ocasionais e a dúvida periódica.
  •  Tudo é ordem e método em um Universo perfeitamente organizado.
  •  Na realidade, nós formamos uma única Humanidade, e essa Humanidade, como tal, participa da evolução universal, assim como dela procede.
  •  A Ordem dos Drusos é, em numerosos pontos, similar, em sua estrutura, à Ordem Rosacruz - AMORC, com a diferença que se nasce druso e que se passa a ser Rosacruz.
  •  Tudo está em 'perpétua transformação'.
  •  Nós vivemos 'no meio' de planos múltiplos tão reais quanto o nosso, e esses planos não podem ser percebidos pelo homem, salvo por raros Iniciados, ou então 'por acaso', se se quiser por essa expressão dizer que as condições necessárias são preenchidas sem o conhecimento da consciência objetiva por aquele que, de repente, passa pela experiência de um 'outro mundo'.
  •  Para compreender determinados assuntos, não basta ler, é preciso 'participar'...
  •  As sementes voam ao vento da procura santa do reino interior, e o terreno preparado as verá frutificar em uma messe abundante.
  •  A verdade é de todos e todos podem ter acesso a ela dentro do limite de sua compreensão; de forma que a verdade de cada um é válida e não há erro, consistindo o erro somente no julgamento ou avaliação dos outros. É por isso que uma revelação nova da verdade não deve ser reservada àqueles que se supõe poderem compreendê-la, uma vez que todos a assimilarão na sua medida.
  •  O erro reside na avaliação da verdade dos outros a partir de uma verdade diferente considerada como a única válida.
  •  A competição é um princípio universal, com a condição de que as regras – baseadas na justiça e na honestidade – sejam respeitadas.
  •  Engana-se aquele que crê que o nacionalismo ainda vive no coração dos homens. A idéia nacionalista pereceu na maioria, apesar das aparências. Cada homem, esteja onde estiver, vive afinado pelo diapasão do Mundo.
  •  ... em conjugar as diversas verdades em uma verdade social que obterá a adesão da maioria.
  •  A Tradição, como a verdade, é impessoal.
  •  Se cada um é diferente do outro, no Caminho Tradicional todos são iguais em relação ao que é preciso adquirir.
  •  Os Rosacruzes têm a sua disposição os Arquivos Acásicos.
  •  O homem, com efeito, não é um universo em miniatura no sentido próprio do termo; ele é a aparência objetiva de uma realidade permanente e estável. É a medida do que pode compreender e expressar da realidade em que se move. É por isso que ele não é, em si mesmo, uma realidade, mas somente um reflexo, às vezes ilusório, do real.
  •  ... tudo está ligado tanto 'no céu como na Terra e mesmo abaixo dela' ... tudo age em um sentido como no outro, em um perpétuo movimento, de onde explodem a vida, o pensamento, o amor e cada sensação ou sentimento.
  •  ... É preciso errar antes de receber a 'Coroa'! O Lótus floresce perto dos céus, a Rosa no centro da Cruz, tudo se une e se ilumina, a luz soma-se à Luz...
  •  Nestes tempos dolorosos que o Mundo atravessa em direção a problemas ainda mais difíceis, embora diferentes daqueles encontrados durante a Era agora terminada, os Rosacruzes devem prosseguir em sua missão de Vigilantes Silenciosos e, com todo o seu poder, na qualidade de conclave invisível, contribuir para o sucesso da Grande Obra.
  •  Não se pede para ser recebido no Ponto Mais Alto.
  •  Em qualquer lugar, basta permanecer você próprio, instruir-se, partilhar, servir...
  •  Tudo foi, é e será eternamente em Deus. O homem está eternamente em Seu seio.
  •  O homem, 'em sua realidade', jamais deixou o lugar que ocupava em Deus. Jamais perdeu seu estado original. Ele é tal qual foi eternamente, mas, sob a injunção do 'Fiat' partiu em um sonho do qual despertará realizado, isto é, consciente. 'O círculo será fechado, a Obra terminada e a fusão perfeita'.
  •  Não existe nenhum atalho. É todo inteiro que o Caminho da Iniciação deve ser percorrido.
  •  Ser Rosacruz é ter adquirido uma maneira de ser, de pensar e de agir...
  •   Pensar e agir são uma só e a mesma faculdade.
  •  Kut Hu Mi ... é um dos maiores ... Mestres Cósmicos... Particularmente está ligado ao Caminho Rosacruz e é nosso Hierofante. É... o intermediário entre o Plano dos Mestres Cósmicos e o nosso. Ele é de outro Plano, mas está na interseção dos dois Planos. É um 'porta-voz' nos dois sentidos e ao mesmo tempo guia e guardião. Na pirâmide Rosacruz total ele é o cume.
  •  Penso na décima terceira carta do Tarô: a Morte. E recordo-me da interpretação dada a esse Arcano por Oswald Wirth – o Arcano mudo dos santeiros da Idade Média... "O profano deve morrer para renascer na Vida Superior qua a Iniciação confere. Se não morrer em seu estado de imperfeição, ele interdita para si próprio qualquer progresso iniciático. 'Saber morrer' é, pois, o grande segredo do Iniciado, pois, morrendo, desprende-se do que é inferior, para elevar-se, sublimando-se".
  •  Os grandes momentos de minha vida – os bons e os que foram menos bons – os pensamentos, as palavras, os atos, as omissões, o que foi justo e o que não foi, tudo isto irrompe de meus lábios em um 'kyrie eleison' que por vezes, minha mão não escande sobre meu peito, ao ritmo de um torturante 'mea culpa'.
  •  ... o esforço é mais importante do que o sucesso...
  •  LEIS FUNDAMENTAIS QUE REGEM O NOSSO MUNDO = São 48 (quarenta e oito) que 'governam' a Terra, enquanto 96 (noventa e seis) regem a Lua. [48 + 96 = 144].
  •  ... unicamente o Homem Interior — o 'Sétimo' — pode 'raciocinar com o absoluto'!
  •  ... doze respirações e doze Palavras.
  •  O Rosacruz nunca está só. Onde quer que esteja, alguém vela por ele...
  •  ... jamais houve com o passado uma ruptura aparente tão considerável... Essa situação se deve à mudança de Era que se operou em 5 de Fevereiro de 1962.
  •  ... O Licor cor-de-rosa... é empregado unicamente em casos extremamente especiais, como parte de um conjunto maior.
  •  Sim. Basta fazer o possível com confiança e boa vontade e 'todo o resto nos é dado por acréscimo'.
  •  'É da oposição ou da resistência que surge o progresso'.
  •  Não aprendemos nada, pois tudo está em nós mesmos; mas o véu só pode se romper pela ação estranha e insubstituível do mundo exterior sobre nós, tal como este nos aparece, por mais irreal que o seja.
  •  A Atlântida foi o primeiro continente onde a 'formulação do conhecimento' tomou forma de grupo...
  •  ... tendo presciência do fim do Continente Atlante – cuja função, de resto, terminava com a missão centralizadora levada a termo pelo 'Colégio de Sábios' – os Onze Sábios deixaram a Atlântida pelo Egito. A Esfinge deveria para sempre simbolizar para o Mundo que a Sabedoria Eterna tomara corpo para a Humanidade, e que sua propagação inicial deveria efetuar-se a partir do país voluntariamente designado pelo 'Colégio de Sábios: o Egito...
  •  Desde 5 de Fevereiro de 1962, existe como que um renascimento do pensamento do Templo. Isto estava estabelecido e esse renascimento é o efeito do aspecto templário do ' egrégore' reunificado.
  •   O Graal é a acessão ao segredo da Vida Universal, é uma realidade divina, uma presença permanente, é a revelação total e absoluta da Sabedoria Universal — é a Suprema Iniciação.
  •  [A] troca de idéias sobre as maiores questões que se colocam ao homem é sempre uma espécie de introspecção. Acredita-se falar ao outro, mas é a si próprio que se responde...
  •  Tudo é efusão. O que é mais exterior não passa do interior um pouco mais manifestado.
  •  A verdade, para iluminar, deve ser transmitida no momento preciso em que pode cumprir seu papel e atingir seu objetivo, e aqueles que 'sabem' conhecem o momento.
  •  A Ordem Rosacruz – AMORC, por exemplo, cujo ensinamento e técnica, por se dirigirem a adeptos próximos do 'não retorno', lembra-lhes a todo momento que não existe outro Mestre além daquele que levam em si: o Mestre Interior, sendo que os mestres exteriores, verdadeiros ou falsos, não passam de seu reflexo mais ou menos deformado.
  •  Quem age como se soubesse tudo, mesmo que assegure o contrário, não está pronto para uma Luz Maior.
  •  Visualizar significa 'ver interiormente', e... isto só pode ser conseguido caso tenha sido antes desenvolvida a faculdade de 'observação objetiva'. A visualização... é um elemento fundamental na busca do contato com o Sanctum Celestial e, mesmo, na vida mística e rosacruz em geral. A visualização é a chave de todas as coisas secretas. Ela é o princípio fundamental sobre a qual se apóiam os demais princípios, qualquer que seja o seu domínio.
  •  Em 5 de Fevereiro de 1962, quando o dia raiava, no Sanctum Celestial ecoava um 'Hosana' que repercutia até o infinito sob as inumeráveis abóbadas de 'minha Catedral'.
  •  Paz na terra aos homens de boa vontade. Hosana! Hosana! Hosana!
  • 5 de Fevereiro de 1962! A Era de Aquário! Na manhã que se aproxima... Às sete horas, em algum lugar... A Era de Aquário, a Mensagem, o Mensageiro...
  •  A situação atual do mundo é, evidentemente, o problema fundamental de uma modificação terminal de uma Era para uma Era nova, na qual, em princípio já nos encontramos, mas que não está completamente instalada.
  •  Esta situação é difícil, é uma adaptação, não apenas de um continente, mas do Mundo inteiro. E se repararmos no que se passa, não podemos dizer que as coisas acontecem apenas em um lugar determinado.
  •  As impressões psíquicas devem ser 'sempre' aceitas e recolhidas com cuidado. A dúvida é estéril quando recusa obstinadamente aquilo que o mental – ridículo em suas limitações e sua suficiência tola – não pode admitir imediatamente.
  •  O erro geralmente cometido pelo discípulo – e que dificulta tragicamente seu desenvolvimento interior – consiste na 'dispersão' da pesquisa, mesmo quando conduzida com a melhor das intenções.
  •  A prática do silêncio é uma obrigação constante para o místico. O silêncio! Ele deve ser a lei do homem em quaisquer circunstâncias, e, naturalmente, em primeiro lugar, a Lei do Iniciado.
  •  Sob o ponto de vista prático, atinge-se mais facilmente o silêncio interior pelo som vocálico OM.
  •  Tudo é útil na Vida Iniciática: a teoria e a prática, a leitura e a experiência, a discussão e o recolhimento, porém, quando há desequilíbrio, teoria explicativa demais e pouca prática, leitura demais e pouca experiência, discussões demais e pouco recolhimento, o esforço torna-se vão.
  •  Quando se deseja entrar em contato com o Cósmico, o que se busca é uma unidade, uma harmonia que não se relaciona apenas com uma forma determinada de fenômeno ou com uma categoria definida de coisas. O que se procura é submergir, fundir a consciência no Todo, nesse Todo do qual nossa consciência é parte.
  •  A primeira e a mais importante manifestação do contato, da harmonia cósmica, é uma atitude de tolerância.
  •  Domingo, em inglês, é 'sunday' ('sun day'), que quer dizer 'dia solar'. Desta forma, o 'sunday', o domingo dos períodos cotidianos, torna-se o dia solar, e este dia é o dia do nascimento. Por conseguinte, se alguém nasceu, por exemplo, em uma sexta-feira, o seu 'sunday', domingo dos dias cotidianos, será para ele a sexta-feira.
  •  A encarnação presente – a única segura e a única que conta para o futuro – é a resultante de todas as precedentes.
  •  O signo de nascimento em uma encarnação é o signo ascendente no final da encarnação precedente, e o signo ascendente tornar-se-á o signo de nascimento da encarnação seguinte, se a existência foi conduzida de forma correta. O signo do nascimento é o ponto de partida de uma existência determinada, e o signo ascendente é o ponto de chegada proposto a esta mesma existência.
  •  A finalidade última do místico é o Conhecimento – a aquisição da Luz pela Iniciação – e tudo o que pode contribuir para que se atinja este objetivo é útil, mas nada deve ser considerado como o caminho exclusivo para este fim.
  •  Dizer que alguém 'tem poderes' é um erro fundamental. É preferível constatar que a pessoa atingiu certo grau de evolução, o que implica maior utilização das faculdades latentes em qualquer ser humano, se bem que o verdadeiro místico evoluído não dará atenção particular às faculdades que despertou. Isto, para ele, é um mero incidente em sua progressão na senda, e, caso delas se sirva, como é seu dever e seu direito, o fará discretamente, sem jamais concordar em fazer demonstrações para satisfazer a curiosidade de quem quer que seja.
  •  Existe constância no Universo. Nada se perde, nada se cria. Construção e destruição se equilibram.
  •  Os 'chakras', ou centros psíquicos, são os 'transformadores' da energia única orientada para um objetivo determinado, que não é outro senão a expressão desta energia em uma taxa vibratória inferior, correspondente ao que se torna, para o homem, o manifestado.
  •  Na realidade, dever-se-ia considerar que existe somente uma magia, cujos efeitos podem ser 'brancos' ou 'negros', de acordo a personalidade ou a intenção do indivíduo, o que sigifica, naturalmente, que existem magos brancos e magos negros para uma só magia.
  •  A vida é una; ela não se limita apenas ao domínio material. A vida é vibração e podemos dizer que toda vibração é vida. A própria Força Universal única é vida, bem como o são as leis secundárias, as manifestações secundárias da energia fundamental.
  •  A Era de Aquário começou e o Mundo assiste ao fim das religiões. O tempo do dogmatismo e da fé cega acabou.
  •  Nenhuma predição 'maléfica' é inevitável. Ao contrário, todas podem ser evitadas, caso o processo de visualização seja convenientemente seguido.
  •  Nostradamus, contrariamente ao que se pensa, não é o nome de um homem, mas de um conjunto de trabalhos feitos por uma Assembléia de elevados Iniciados.
  •  Os astros inclinam, mas não obrigam.
  •  Ninguém deve adotar um modo de vida mais avançado, ainda que saiba que esse modo de vida mais se aproxima da verdade, se não tiver absoluta convicção interior – a certeza nascida da compreensão – que agirá assim de maneira perfeitamente de acordo com os princípios cósmicos autênticos.
  •  A sexualidade não é um mal. As tendências sexuais são tão respeitáveis quanto qualquer outro apetite do corpo.
  •  A vida é uma, o Cósmico é tudo e tudo está no Tudo.
  •  Só há uma alma: a Alma Universal, que é, como a vida, um atributo do Cósmico. A Alma Universal é infinita. Sem mancha.
  •  A Alma Universal está em toda parte e é sempre igual a si mesma e permanece perfeita. No momento em que ela toma forma é que uma 'personalidade' se constitui nela, e é esta 'personalidade' – e não a Alma Universal nem seu segmento incorporado, manifestado – que evolui, desenvolvendo lenta e progressivamente uma consciência, uma consciência de si cada vez maior, e isto acontece desde a forma mais elementar de vida até os pontos mais elevados da evolução e da realização espiritual do homem.
  •  Existe uma forma de aura coletiva para cada 'reino', e esta aura, de natureza vibratória, sofre a influência das auras dos outros 'reinos', principalmente dos reinos superiores, e esta influência poderá até ser individual.
  •  Em princípio, em cada animal [e em cada vegetal depois de passar pelo 'reino' animal] a personalidade anímica pode atingir o grau exigido para 'a admissão' ao 'status' humano. De maneira geral, é sob a forma de um 'animal doméstico' que a personalidade anímica chegará ao grau desejado para sua passagem ao estado de homem. Nesse sentido, animais e vegetais têm uma alma [alma-personalidade].
  •  De acordo com a Lei da Evolução, jamais haverá retorno ao 'reino' precedente. A metempsicose é uma doutrina falsa.
  •  Não há separação maior entre o que é denominado pelo homem de 'visível' e de 'invisível'. 'Tudo é um, e para compreender isto é preciso amar.
  •  Por que a Alma Universal deve encarnar-se, uma vez que é infinita e pura? Ela o faz porque é preciso que tome consciência de si própria. A Alma Universal só atinge seu objetivo na encarnação. A origem é a não-consciência; a meta final é a consciência.
  •  A criação é um ato permanente de Amor.
  •  É melhor não reconhecer mentalmente a reencarnação e levar uma vida boa e eficiente, do que perder tempo e passar horas, dias e meses [e anos] preocupado com suas reeencarnações anteriores. O 'realizado', naturalmente, conhece todo o seu passado, porque este conhecimento não pode prejudicá-lo, pois ele sabe calar-se sob si próprio.
  •  Cada vida, para o homem, é o resultado de todas as precedentes. É a síntese delas dirigida para uma nova etapa. Sua vida futura será exatamente como ele a tiver preparado em sua vida presente.
  •  A vida não existe somente na Terra. Ela existe em outros sistemas planetários. Onde quer que venha a se verificar a encarnação da personalidade anímica, esta tem como único objetivo sua evolução. A reencarnação da alma-personalidade, do ponto de vista 'meio planetário', só se verifica em um meio igual ou superior àquele que precedentemente era o seu, sob a forma humana.
  •  Cada sistema planetário, no infinito Universo, comporta um passado, um presente e um futuro.
  •  A duração média da encarnação [de um nascimento a um novo nascimento] de uma personalidade anímica é de 144 (cento e quarenta e quatro) anos. Estes 144 anos são uma média... e isto explica porque algumas personalidades-almas reencarnam mais rapidamente e às vezes em um tempo maior. Mas, o tempo e o espaço não existem senão como noção humana, e são reais apenas para o homem durante sua vida consciente na encarnação. No Plano Cósmico, tempo e espaço não guardam qualquer vestígio da realidade. Assim, a Lei dos 144 Anos não tem nenhum sentido se examinada do ponto de vista Cósmico. Neste nível, efetivamente, a reencarnação é imediata. [A animação abaixo exemplifica com cinco possibilidades esta Lei Cósmica, segundo a realidade temporal humana.].
  •  A Lei da Compensação, ou carma, é universal e aplica-se a todos os graus do Universo, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, tomando os mais diversos 'aspectos'. Do ponto de vista cármico, cada ato, cada pensamento, cada palavra e cada omissão têm conseqüências positiva ou negativa, conforme o caso.
  •  A Lei da Compensação não pune nem recompensa. Ela age de maneira impessoal e é o próprio homem que a põe em ação, criando condições positivas ou negativas das quais retirará a lição útil à sua evolução, à sua tomada de consciência. A responsabilidade por uma situação repousa, portanto, antes de mais nada, no próprio homem.
  •  Como quer que seja, cada ser que se encontra na Terra concordou, enquanto sua personalidade anímica se encontrava no interlúdio cósmico, em atravessar as experiências que aqui estão vivendo.
  •  Um Místico compreende que não deve julgar. Se a polaridade negativa do outro o atrapalha ou surpreende, ele sabe que a sua própria polaridade negativa pode também atrapalhar ou surpreender os outros.
  •  Deus não pode ser definido intelectualmente, e nossa aproximação, no que Lhe concerne, só é possível sob um ponto de vista totalmente 'negativo'. Seria possível determinar o que Ele não é, mas é impossível determinar o que Ele é... Deus é, por excelência, o desconhecido.
  •  Os Mestres Cósmicos cumprem, na ordem universal, uma missão definida. Eles são 'realizados' que, após terem transposto todas as etapas da evolução, alcançaram a meta e optaram por ajudar os que ainda caminham na floresta de erros.
  •  Existem, de fato, na comunhão com o Sanctum Celestial, muitos 'níveis' que são função da meta almejada na procura do contato.
  •  A sabedoria é 'divina'. Como Deus e o Cósmico ela é 'eterna'. Não teve começo e não terá fim. Permanecerá, para sempre, semelhante a si própria.
  •  A 'Tradição Primordial é a sabedoria tornada acessível à compreensão'.
  •  No Universo existem mundos mais evoluídos do que a Terra e outros que são menos.
  •  A Tradição não se serve de nenhum veículo e não se manifesta em nenhum.
  •  O conhecimento não pertence às organizações humanas; ele é diferente e separado. Essas organizações, se são autênticas e portanto válidas, são vias 'em direção' ao conhecimento, 'em direção' à Tradição Primordial.
  •  A palavra Tradição designa 'o absoluto de todo o conhecimento emanado da Unidade, com a qual é importante notar que nunca há ruptura e, sim, pelo contrário, uma maravilhosa continuidade'.
  •  O Sábio: Melquisedeque; o Continente: Atlântida; perpetuação da tradição: Ordem de Melquisedeque.
  •  Teu conhecimento será tua salvaguarda.
  •  O Místico não procura o fenômeno. Sua meta é a evolução, um incessante despertar interior.
  •  Cuidado! Não se fiem nas interpretações dos outros! Não peçam conselho para o que é próprio de sua vida mística! Sejam discretos quanto às suas experiências! Sejam silenciosos! O verdadeiro sábio cala e nunca fala de suas realizações espirituais. O Misticismo autêntico implica em prudência... O silêncio é a garantia de uma tramitação assegurada na senda do conhecimento. Devemos compartilhar o que recebemos, mas em 'segredo'.
  •  Esqueçam de pedir; aprendam a dar graças. Saibam agradecer, não com palavras, e sim com todo o seu ser.
  •  A técnica iniciática comporta uma dupla fase: calma do intelecto, por um lado, 'abertura do ser' pela disciplina de exercícios espirituais, por outro lado. E isto em um contato permanente com o mundo manifesto, pois é ele precisamente o crisol de onde surgirá o rubi do acabamento místico.
  •  Os ideais não são relativos a um determinado tempo. São permanentes, eternos, embora compreendidos de forma diferente, captados de forma diferente.
  • É preciso agir, não apenas como exemplo, mas intervir quando é preciso.
  •  A grande via da Cavalaria, a que contém todas as outras possibilidades, todas as outras regras, foi exprimida uma única vez através de termos muito claros “Amai-vos uns aos outros”. Todas as dificuldades com que nos deparamos são devidas ao fato de as pessoas não se amarem umas às outras.
  •  Da oração bem dirigida tudo se pode esperar. O Místico Rosacruz 'tudo' pode esperar de seu estudo, de sua Iniciação e de seu progresso em direção à Luz. Basta trabalhar, perseverar e orar.
  •  A Alma Universal mostra-se como sendo um atributo do Todo e a Consciência como sendo outro de seus atributos.
  •  O Todo explica-se, por um lado, como Alma Cósmica, e, por outro, como Consciência. A primeiríssima 'animação' do Todo é a Alma – que é o seu movimento primordial. 'O Todo é, mas ele só existe por esse primeiro movimento'.
  •  'Por que estamos aqui embaixo?' perguntam-se os homens. A resposta é simples: — para servir, e não para servir-se. A origem e o fim de todas as coisas e de todas as criaturas estão compreendidos nesta única palavra — SERVIR.
  •  É preciso saber utilizar os conhecimentos fornecidos pelos sonhos, nõa se pode ser escravo deles.
  •  Alguém de quem se diz que tem 'unicamente' "os pés na terra" – o materialista absoluto – é tão desequilibrado quanto o que vive 'exclusivamente' "nas nuvens".
  •  A Iniciação será, em todas as épocas, o apanágio de uma minoria, ainda quanto esta deva ser mais numerosa que antes, pelo fato de estarem [os seres humanos] muito mais preparados, particularmente para a Iniciação Rosacruz.
  •  A morte nada mais é do que um fenômeno de 'transferência de consciência.
  •  Admitir que cada homem tem um anjo da guarda não é exato. O guardião do homem é o seu ' Eu Interior', mas esse guardião não é um anjo no sentido próprio da palavra.
  •  Partindo do Centro Divino, tudo se manifesta por reflexos, cada forma sendo o reflexo da anterior, porém com um percentual de vibração mais lento. Entre o Centro e a periferia situam-se 'sete' Planos, que foram simbolizados pelos sete dias da criação, tendo sido estabelecido, em primeiro lugar, o Plano mais afastado. Dito de outra forma, a periferia da criação foi estabelecida primeiro e os demais Planos depois, sucessivamente. [O diagrama abaixo, de autoria de Raymond Bernard, apresentado na obra Novas Mensagens do Sanctum Celestial, esclarece a idéia do Autor sobre essa matéria.].
  • Segundo Raymond Bernard, os Arcanjos da Face são em número de sete, sendo que os dois mais conhecidos são Gabriel e Miguel.
  •   Gabriel é o primeiro dos Arcanjos da Face, aquele que, para falar simbolicamente, está mais próximo do trono de Deus. Miguel vem em seguida.
  •  É errôneo supor que em qualquer momento possa haver uma 'queda de anjos' ou uma revolta qualquer de sua parte.
  •  Tudo é distinto sem ser separado.
  •  A verdadeira certeza não pode ser demonstrada – ela deve ser provada [experimentada pessoalmente].
  •  Todo o Universo de Sete Planos, o Centro Divino incluído, não está despovoado.
  •  Como poderia haver anjos maus se o mal é uma criação da mente humana?
  •  A superstição é, em todo lugar, uma verdade alterada.
  •  O que é realizável a partir do Plano Físico o é também, a um grau bem mais elevado, a partir do Plano Cósmico, onde a alma não é mais prisioneira das condições materiais.
  • Fantasmas e almas do outro mundo são criações mentais. Os seres desencarnados existem, assim como existem seres que nunca conheceram a encarnação. Eles vivem em outros ritmos, em outros Planos, e entre eles alguns ignoram que possam existir criações diferentes deles próprios e de seu meio.
  •  Estou convencido da pluralidade dos mundos habitados, sendo alguns mais adiantados do que o nosso, vários de um nível de desenvolvimento equivalente e outros de nível de adiantamento material e espiritual considerável, que seríamos incapazes de imaginar no estado atual de nossos conhecimentos. Os mundos mais desenvolvidos conhecem nossa existência e a de outros planetas habitados.
  •  Os canhotos, sempre que sejam 'verdadeiros' canhotos, têm os seus centros psíquicos invertidos. Em vez de situados à direita, no corpo, o são à esquerda. Isto não tem a menor importância para as experiências místicas e o que se chama de fenômenos ou impressões psíquicas. A única diferença é que, quando estiver indicado usar a mão direita, ou os dedos da mão direita, é preciso usar a mão esquerda ou os dedos da mão esquerda e vice-versa.
  •  Nada ocorre a um país, ou a um mundo, que este não tenha merecido. O carma não é um castigo. É o 'motor da evolução'.
  •  O suicídio é proibido. Ele constitui o maior erro que o homem possa cometer.
  •  Um Místico permanece calado ou se, depois de refletir, ele fala, deve dirigir-se a todos, e, se uma escolha é necessária no que se refere ao assunto, a circunspecção já não o é, uma vez efetuada a escolha.
  •  Saint-Yves D'Alveydre, com a devida permissão, foi o primeiro a levantar uma ponta do véu sobre Agartha, tal como Agartha se apresentava no momento em que escreveu a sua obra, e tal como, naquele momento, era constituída e conduzia suas atividades. A Sede do Governo Oculto do Mundo, contudo, já não se situa mais no Deserto de Gobi. 
Fonte: PaxProfundis