sexta-feira, 17 de julho de 2015

MAÇONARIA, ESCOLA INICIÁTICA




MAÇONARIA, ESCOLA INICIÁTICA

No preâmbulo do Ritual do Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, encontramos o seguinte conceito sobre Maçonaria: “A Maçonaria, cujo objetivo é combater a ignorância em todas as suas modalidades, se constitui numa escola mútua para conhecimento do seguinte programa que impõe:

I – obediência às leis do país;
II – viver segundo os ditames da honra;
III – praticar a justiça;
IV – amar ao próximo;
V – trabalhar incessantemente em prol da felicidade do gênero humano, até conseguir sua emancipação progressiva e pacífica, através da justiça que impõe respeito aos direitos alheios e o cumprimento dos próprios deveres”.

A Maçonaria é, portanto, uma escola na qual se ensina e aprende a arte de viver e de pensar, cabendo àqueles que aprendem o dever de freqüência e estudo. Freqüência e estudo! Eis os dois deveres elementares do Maçom. O conhecer a tradição e a cultura maçônica por meio do ensino e do estudo é, além de um dever, um direito do Maçom, que deve ser respeitado e atendido pelas Lojas Maçônicas.
Assim, cumpre às Lojas Maçônicas o dever de propiciar as condições necessárias ao progresso moral dos seus Obreiros, por meio de um programa de estudos da ciência maçônica que lhes permita adquirir os indispensáveis conhecimentos sobre a história, a organização administrativa, os princípios jurídicos fundamentais e a legislação obediencial, a filosofia, a simbologia e os Ritos e rituais da nossa Sublime Instituição.

Instruídos no combate às suas paixões, aos seus erros, aos seus vícios e aos seus preconceitos mundanos poderão, então, vivenciar sua profissão maçônica com Virtude, Honra e Sabedoria.As Lojas, portanto, são o instrumento da Maçonaria na formação de verdadeiros, leais e sinceros Maçons, porque é no recesso dos seus Templos que se forjam, em paz e harmonia, a vontade, a força e o equilíbrio dos seus Obreiros para que possam conquistar da vida a liberdade e a felicidade da humanidade e, desse modo, contribuir, efetiva e afetivamente, para a realização do ideal maçônico.

Na realidade, porém, as Lojas Maçônicas, via de regra, limitam-se à realização de sessões econômicas sem terem a mínima preocupação com a formação maçônica dos seus Obreiros. Sem que sejam desenvolvidos trabalhos e projetos que possibilitem o surgimento de novas idéias e, por via de conseqüência, o fortalecimento dos antigos ideais que herdamos dos nossos antepassados.

O que preservaria, desse modo, os bons conceitos que a nossa Veneranda Ordem Maçônica sempre gozou entre os povos e em todos os tempos. Isso acontece, muitas vezes, pela incapacidade daqueles que possuem a vaidade de posição e quebram lanças para conseguirem ser eleitos para determinados cargos, sem possuírem os necessários e indispensáveis conhecimentos das leis que regem nossa Sublime Ordem.

Assim, muitas vezes, encontramos um Irmão dedicado ao estudo da cultura maçônica ser mal visto e julgado prepotente e arrogante por aqueles Irmãos que entendem ser o bastante freqüentar sua Loja para ser um Obreiro da Arte Real e que, por inveja e incúria, tentam, a todo custo, desmerecê-lo perante os demais Irmãos.

Nisto reside, na maioria dos casos, as causas do enfraquecimento das nossas Oficinas. Como nos ensina René Joseph Charlier, em seu livro Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica: “Na insipidez de nossas reuniões, na falta de estudo, na carência de cultura maçônica, devemos, certamente, ver a fonte principal das ausências, das deserções...”.

A respeito do pouco que se tem feito da cultura maçônica, lembramos o que disse o Irmão João Nery Guimarães, ao prefaciar a obra acima citada: “Maçons há que vivem trinta ou quarenta anos dentro dos nossos Templos, sem nunca ter lido outra cousa além dos Rituais, e assim mesmo, sem uma profunda meditação que eles exigem”.

Não, meus Irmãos! Não basta freqüentar os trabalhos de Loja, porque ser Maçom uma vez por semana é muito pouco para quem pretende “ser um iniciado”. É preciso estudar, pesquisar! É preciso saber, conhecer! É preciso pensar, pensar por si próprio! É preciso agir, trabalhar o ideal de perfeição humana! É preciso participar, contribuir, doar-se, servir e não, apenas, servir-se, como alguns! Mas o que se vê na atualidade?A freqüência nos é exigida sob pena de perdermos a nossa condição de Obreiro regular, mas, em contrapartida, poucas são as oportunidades de estudo que as nossas Lojas nos oferecem.
Quando necessitamos nos ausentar dos trabalhos de nossas Lojas, somos obrigados a justificar as razões e os motivos de nossa ausência, por escrito, porque, em algumas Potências Maçônicas, a palavra do Maçom parece não merecer mais crédito. No entanto, aqueles Irmãos que exercem o Governo da Fraternidade não se justificam perante seus Irmãos pela ausência de biblioteca nas Lojas, pela ausência de formação maçônica planejada e eficaz.

Entendemos, isto sim, que muito mais importante do que justificar nossas ausências em Lojas seria justificar nossas presenças na Maçonaria, dentro e fora dos seus Templos.

Será, meus Irmãos, que estamos justificando isto? Que o Gr.·. Arq.·. do Univ.·., nos conceda, e a todos os nossos entes queridos, Saúde, Paz e Prosperidade!

.·.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

INTRODUÇÃO AOS RITOS E RITUAIS HERMÉTICOS E ALQUÍMICOS DO SÉCULO XVIII


JOSÉ MANUEL ANES

INTRODUÇÃO AOS RITOS E RITUAIS HERMÉTICOS E ALQUÍMICOS DO SÉCULO XVIII

A Alquimia operativo-laboratorial (1) - a que é praticada em laboratório - é um rito sacrificial em que o alquimista sacrifica a matéria, constituindo esse rito (2) urna actividade individual. Apesar disso, os alquimistas reuniam-se por vezes em escolas, mesmo que reduzidas ao Mestre e ao discípulo, e trocavam opiniões entre si dentro de uma mesma escola, ou entre alquimistas de diversas escolas (3).

Existiram, no entanto, a partir de meados do século XVIII (e sobretudo nesse século), ritos e rituais herméticos e alquírnicos que não pretendiam fazer alquimia, mas preparar o candidato para uma assimilação dos princípios herméticos e da prática alquímica, num contexto ritual e dentro de um grupo organizado, através de uma cerimónia iniciática onde seriam revelados - na iniciação, na instrução e no catecismo - os segredos alquímicos.

Grande parte desses ritos e rituais foram criados num contexto maçónico, constituindo (altos) graus maçónicos, como o ritual (do grau) de Cavaleiro do Sol, ou mesmo um sistema (rito) maçónico, como o Rito Hermético de Dom Pernety, ou a Estrela Flamejante do Barão de Tschoudy.

Ocorre, a propósito, referir que alguns destes graus herméticos ou alquímicos ocorreram no seio da Maçonaria "dos Antigos", ou do universo maçónico por ela influenciado (e que tem raiz no hermetismo renascentista, nos Rosa-Cruzes do século XVII, etc.), mais aberta (e mesmo entusiasta) a receber ensinamentos provenientes de correntes esotéricas como a Cabala, a Teurgia, a Alquimia, etc., e interpretações esotéricas de tradições como a Cavalaria - como os ritos "escoceses", quer o Antigo e Aceite, quer o Rectificado, mas também os ritos de York, da Ordem Real da Escócia (Heredom de Kilwining e Cavaleiro Rosa-Cruz) e do Rito Sueco, proveniente, como o Rito Escoçês Rectificado, da maçonaria da Estrita Observância Templária alemã, e mesmo, ainda que não "regulares", os ritos "egípcios" de Cagliostro, de Misraim, etc. -, o que não se passa, de modo algum, na Maçonaria mais exotérica "dos Modernos" ( como, p.ex., o Rito de Emulação, inglês, e o Rito Francês) (4).

Vamos analisar, brevemente, alguns desses rituais e ritos - maçónicos ou para-maçónicos -do séc. XVIII (o último dos quais, o de Misraim, fixado em começos do século XIX, a partir de materiais do século XVIII).

A) O "Ritual alquímico secreto do grau de verdadeiro maçon académico" (1770) (5) de Dom Pernety (1716-1796) e dos seus "Iluminados de Avignon".

Antoine Joseph Pernety (Dom Pernety) nasceu em 1716 em Roanne-en-Forez e pronunciou os votos como beneditino da congregação de Saint-Maur, em 1732, na Abadia de Saint-Alllire de Clermont. Muito inteligente e culto - versado em Matemáticas, Ciências Naturais (participa na expedição de Louis de Bouganville às Ilhas Maldivas) e Pintura e Escultura (6) -ele encontra, na biblioteca da Abadia de Saint-Germain-des-Prés, o livro do abade Lenglet-Dufresnoy, Histoire de la Philosophie hermétique (Paris, 1742), completado com a tradução do Véritable Philalète (Entré au Palais fermé du Roi), que desperta nele uma paixão que perdurará até ao fim da sua vida: a Alquimia. Em 1758 (e 1786) (7), publicará as Fables égyptiennes et grecques dévoilées et réduites au même principe e em 1758 ( e 1787), o Dictionnaire mytho-hermétique, dans lequel on trouve les allégories fabuleuses des poètes, les métaphores, les énigmes et les termes barbares des philosophes hermétiques expliqués (B) . Em ambos os livros (mas particularmente no primeiro, ao qual ele se refere constantemente no Dictionnaire), Dom Pernety propõe-se dar uma explicação alquímica das "fábulas" da Antiguidade (Elíada, Odisseia, etc.) e também dos mitos religiosos egípcios que, segundo ele, conteriam todos os segredos da Grande Obra.

Tendo entrado em conflito com a congregação monástica beneditina de Saint-Germain-des-Prés, o nosso abade chega a Avignon em 1766, onde propõe desde logo um novo rito maçónico, o rito hermético, que foi adoptado pela Loja aristocrática dos Sectateurs de la Vertu (à qual ele parece aderir sem sabermos se ele já era maçon anteriormente ou se nela foi iniciado).

O rito (ou regime) de Pernety - inteiramente baseado no Hermetismo e destinado a cristãos discretamente sapientes (9) -era constituido por seis (altos) graus, para além dos três graus simbólicos (de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre):

1 -Verdadeiro Maçon
2 -Verdadeiro Maçon na via recta
3 -Cavaleiro da Chave de Ouro
4- Cavaleiro da Iris
5 -Cavaleiro dos Argonautas
6 -Cavaleiro do Tosão de Ouro.

O ensino hermético era dado pelo Orador da Loja, desde o primeiro alto grau (de Verdadeiro Maçon): «Ia science à laquelle nous vous initions, est Ia premiere et Ia plus ancienne de toutes les sciences. Elle émane de Ia nature, ou plutôt c' est Ia nature elle-même, perfectionnée par I' art et fondée sur I' expérience. Dans tous les siècles, il y a eu des adeptes de cette science, et si, de nos jours, des chercheurs y consument en vain leurs biens, leurs travaux et leurs temps, c'est que, loin d'imiter Ia simplicité de Ia nature et de suivre des voies droites qu' elle trace, ils Ia parent d'un fard qu' elle ne peut souffrir et s' égarent dans un labyrinthe où leur folle imagination les entraîne.(10)

A partir de 1766-7, Dom Pemety está em Berlin como bibliotecário de Frederico II. Nesta cidade conhece outros hermetistas, toma contacto com as doutrinas de E. Swedenborg (relativo aos contactos com entidades celestes) e aperfeiçoa o seu Rito Hermético. Em 1783 recebe a "Santa Palavra" de uma entidade celestial que lhe ordena que abandone a Prússia e retome a Avignon, para fundar o grupo dos "Iluminados" - na sequência dos "Iluminados de Berlim", a que pertencera. Em 1787, o Rito tem cerca de uma centena de elementos e em 1789 é já célebre nos meios esotéricos.

A Instrução (ou Catecismo) - do Grau de Verdadeiro Maçon Académico - contém perguntas e respostas (11) relativas à teoria alquímica e também algumas alusões à sua prática (tradução é nossa):

P. -Por onde andaste? R. -A percorrer o céu e a terra. P. -O que viste? R. -O caos. P. -Quem o criou? R. -Deus. P. - Quem o produziu? R. -A Natureza. P. -Quem o aperfeiçoou? R. -Deus, a natureza e a arte. P. -O que entendes por caos? R. -A matéria universal sem forma e susceptivel de adquirir toda a forma. P. -Qual é a sua forma? R. -A luz encerrada nas sementes de toda a espécie. P. - Qual é a sua ligação? R. -O espirito universal cido. P. - Sabes trabalhar a matéria universal? R. -Sim, Sapientissimo. P. -De que é que te serves para esse fim? R. -Do fogo interno e externo. P. -O que é que resulta disso? R. -Os quatro elementos que são os princípios principiantes e mediantes. P. -Como é que eles se denominam? R. -O fogo, o ar, a água e a terra. P. -Quais são as suas qualidades? R. -0 quente, o seco, o frio e o húmido. Acopuladas duas a duas, dão respectivamente: a terra, seca e fria; a água, fria e húmida; o ar, húmido e quente; o fogo, quente e seco, o qual se vem a conjugar com a terra, pois os elementos são circulares como o vento, o nosso pai Hermes. P. -O que é que produz a mistura dos quatro elementos? E as qualidades de que tudo é composto? R. -Os trés princípios principiantes mediatos. P. -Que nome Ihes dás? R. -Mercúrio, enxofre e sal. P. -0 que entendes por mercúrio, enxofre e sal? R. -Eu entendo-os como mercúrio, enxofre e sal filosóficos e não vulgares. P. - O que é o mercúrio filos6fico? R. -É uma água e um espírito que dissolve e sublima o sal. P. -E o que é o enxofre? R. -É um fogo e uma alma que o guia e o colora. P. -O que é o sal? R. -É uma terra e um corpo que se congela e se fIXa e tudo isso se faz mediante o veiculo do ar. P. -O que decorre destes três princípios? R. -Os quatro elementos rodopiados como diz Hermes, ou os grandes elementos como diz Raimundo Lúlio, que são o mercúrio, o enxofre, o sal e o vidro, dos quais dois voláteis, a saber a água e o ar, que é o óleo, porque toda a substância liquida pela sua natureza dissipa o fogo, e a terra pura que é o vidro sobre o qual o fogo não tem acção (...) P. -O que entendem por mixtos? R. -os animais, os vegetais e os minerais. P. -Quem dá aos mixtos o movimento, o sentimento, o alimento e a substância? R. - os quatro elementos: o fogo dá o movimento, o ar dá o sentimento, a água, o alimento, e a terra, a substância. P. - Para que servem os quatro elementos redobrados? R. -Para engendrar a Pedra Filosofal se se for bastante industrioso para Ihes dar o fogo conveniente e Ihes dar os pesos da natureza. P. -Qual é o grau de fogo? R. -Trinta e duas horas para a putrefacção, trinta e seis para a sublimação, quarenta para a putrefacção...

B) Os rituais alquímicos do Barão de Tschoudy (1724 -1769) e os Estatutos dos "Filósofos Desconhecidos":

O nome desta Sociedade dos "Filósofos Desconhecidos" parece ter sido inspirado pelos "Estatutos dos Filósofos Desconhecidos", incluidos na obra do Cosmoplita (o alquimista polaco Michel Sendivogius), Tratados do Cosmopolita novamente descobertos (12).

-A Estrela Flamejante (1766)

Este Rito é "verdadeiramente alquímico" (13), e no seu catecismo (destinado a aprendizes, companheiros e professos) é feita uma descrição da Grande Obra Alquímica, inspirada nos textos do alquimista Michel de Sendivogius (1566-1646), o Cosmopolita (que também influenciou Dom Pernety), particularmente Nova Luz Química e Cartas Filos6ficas.

Da "instrução para o grau de adepto ou aprendiz Filósofo Sublime e Desconhecido", retiremos a seguinte passagem:

P. -De que mercúrio devemos servirmo-nos para a Obra? R. -De um mercúrio que não se encontra sobre a terra, mas que é extraído dos corpos, mas nunca mercúrio vulgar... P. - Como chamas a esse corpo? R. -Pedra bruta ou caos, ou "iliaste'; ou "hylé". P. -É essa mesma pedra bruta cujo símbolo caracteriza os nossos primeiros graus? R. -Sim, é a mesma que os maçons trabalham a desbastar e da qual eles querem retirar as imperfeições; essa pedra bruta é, por assim dizer, uma porção desse mesmo caos, ou massa confusa desconhecida e desprezada por todos... (14)

-O Cavaleiro do Sol

A Ordem ou "Sociedade dos Filósofos Desconhecidos" possuiu um sistema maçónico baseado no Hermetismo e na Alquimia, num contexto cristão, cujo 7°, Grau, de "Cavaleiro do Sol", foi praticamente incluido no 28° Grau do Rito Escocês Antigo e Aceite (codificado em 1802, em Charleston, E.U.A.) e no 51°, Grau do Rito de Misraim. A sua palavra de passe é Stibium, Estibina (Sulfureto de Antimónio), uma das matérias primeiras da Alquimia operativo-laboratorial, e a sua doutrina contém, segundo Michel Monereau (15), os seguintes temas: 1 - existe um primeiro princípio, incognoscível, que penetra o universo em todos os seus planos; 2 -a vida humana é apenas um ponto face à eternidade; 3 -a harmonia universal resulta do equilíbrio engendrado pela analogia dos contrários; 4 -o absoluto é o espírito que existe por si próprio; 5 -o visível é apenas a mainfestação do invisível; 6 -o mal é necessário à harmonia universal; 7 -a analogia é a única chave da natureza.(16)

C) A Ordem dos "Arquitectos Africanos" e o "Crata Repoa" (1770)

A Ordem dos "Arquitectos Africanos", ou dos "Irmãos Africanos" ("africanos" querendo dizer "egípcios"), foi instituída em 1767, na Prússia, sob os auspícios de Frederico o Grande (inspirador e protector de outros graus e ritos maçónicos entre os quais o Rito Escocês Antigo e Aceite) e teve como Grão Mestre von Koppen, ilustre membro da Estrita Observância Templária (organização maçónico-templária dirigida pelo Barão Carl von Hund). Estava organizada em 7 classes: 1ª, Pastophoris; 2ª, Néocoris; 3ª, Melanophoris; 4ª, Chistophoris; 5ª, Balahata; 6ª, Astrónomo da Porta de Deus; 7ª, Profeta ou Saphenath Pancah.

Este sistema hermético "visava revelar os segredos do antigo Egipto" (17) e estava baseado no livro do "Crata Repoa" publicado em 1770, na Alemanha, onde figuravam os graus desta "antiga maçonaria". Após ter passado pelas Trevas (no 3°. Grau, na "Porta da Morte" do Mestre Osíris), de onde apenas sairia após ter adquirido "verdadeiros conhecimentos", e de ter atingido a Luz após a "Batalha das Sombras" do 4°. Grau - onde receberia o "escudo de Isis" -, o iniciado assistia no 5° Grau a uma representação da morte da Serpente - Typhon, por Horus, finda a qual o Balahata aprendia a "química" (isto é, a Alquimia), "a arte de decompor as substâncias e de combinar os metais":

D) Cagliostro e o Ritual da Maçonaria Egípcia

Este ritual -mais hermético do que alquímico-laboratorial, visto que ele aponta no sentido das "alquimias internas" (não psico-espirituais, mas fisiológico-espirituais) -inclui umas "quarentenas espirituais", durante as quais cada um receberá propriamente o Pentágono (Estrela Flamejante), quer dizer, essa folha virgem sobre a qual os Anjos primitivos imprimiram os seus números e selos, e com a qual ele se tornará Mestre (...) e o seu espírito ficará cheio de um fogo divino e o seu corpo se tornará puro como o da criança mais inocente (...) com um poder imenso, não aspirando senão ao repouso para atingir a imortalidade e poder dizer dele próprio: Ego sum qui sum (Eu sou o que é).

O objectivo do seu Rito -a imortalidade conquistada durante a vida física -pode ser resumido por uma frase extraída do seu catecismo: «Tendo sido criado à imagem e à semelhança de Deus, eu recebi o poder de me tornar imortal e de ordenar aos seres espirituais para reinar sobre a terra».

Em 1784, Cagliostro fundou a Loja-mãe do seu Rito, "A Sabedoria Triunfante", mas o Rito em si parece não ter sobrevivido ao seu criador.

E) Os "Arcana Arcanorum" do Rito de Misraim e de Menfis-Misraim

Os "Arcana Arcanorum" (Mistério dos Mistérios) são os últimos graus do Rito de Misraim e do Rito de Menfis-Misraim que, embora constituídos nos começos do século XIX, estão baseados em textos do século XVIII (18), entre os quais provavelmente alguns de Cagliostro.

No 88° Grau "o iniciado deve... receber os influxos celestes e... sentir bater nele a vida universal, depois de o «orvalho celeste» ter descido nele para fecundar o germe que ele traz dentro de si". Após o 89°, Grau, que "permite um contacto com o invisível", vem o 90º. Onde é dito que: «Toda a vida oscila entre estes dois polos: Matéria e Espírito; Bem e Mal; Felicidade e Sofrimento. Toda a iniciação deve conduzir-nos da Lua ao Sol, de Isis a Osiris, da Matéria à essência divina».

Segundo Jean-Pierre Giudicielli (19) "É no grau do Cavaleiro Rosa Cruz que se desenvolve um Wuei Tan (via exterior) e não um Nei Tan, que é a obra mais avançada. Com efeito, o 18° Grau diz respeito às duas etapas clássicas da via exterior... Mas é sem equívoco possível, nos últimos graus de Misraim (87°, 88°, 89°, 90°), também chamados Escala de Nápoles, que residem certas chaves operativas da alquimia interna do Corpo de Glória (nei Tan), a qual já tinha sido anunciada no 12°. Grau de "Grande Mestre Arquitecto":

A suprema ambição dos Grandes Mestres Arquitectos é de fazer viver em eles a verdade e de comer o fruto da Árvore do conhecimento, de serem deuses.

Conclusão

Estes ritos e rituais herméticos e alquirnicos aparecem, no século XVIII, num contexto maçónico ou para-maçónico no ambiente iniciático que se pode denominar, numa perspectiva generalizada, de "Maçonaria dos Antigos", esotérica e mesmo ocultista.

Por falta de tempo não nos foi possível referir os Ritos da " Rosa Cruz de Ouro" (Alemanha, 1777) e da "Rosa Cruz de Ouro do Antigo Sistema" (Alemanha, 1781), ambos de natureza hermética e alquirnica, o que ficará para uma segunda parte desta introdução.

NOTAS

(1) Escolhemos esta denominação para distinguir a alquimia que é praticada em laboratório -também denominada de "fisica": embora ela pretenda promover a espiritualização da matéria, e nesse sentido ela é também e essencialmente "espiritual" -das alquimias denominadas "psicológicas", "espirituais", etc., as quais também apresentam uma operatividade. Há outras alquimias que são também "operativas", como por exemplo as "alquimias internas" que se desenrolam no interior do corpo humano (vide a alquimia taoista). Para uma definição de "alquimia operativo-laboratorial", ver a minha Tese de Doutoramento em Antropologia (Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, 2002), intitulada "Hermes redivivo -ressurgimentos da alquimia operativo-laboratorial na segunda metade do século XX: novos movimentos alquímicos franceses".

(2) Para uma discussão deste tema, ver a minha Tese Complementar de Doutoramento em Antropologia, na mesma Faculdade, "A Alquimia operativo- laboratorial, como rito sacrificial"

(3) Veja-se a tradição de encontros entre alquimistas, na Catedral de Notre-Dame de Paris referida nos começos do século XX, pelo alquimista (ou alquimistas...) Fulcanelli (in "O Mistério das Catedrais", Lisboa, 1973, p.54): «Os alquimistas do século XIV encontram-se aí, no dia de Saturno, no grande portal ou no portal de S. Marcelo, ou ainda na pequena Porta Vermelha, toda decorada de salamandras. Denys Zachaire informa-nos que o hábito se mantinha ainda no ano de 1539, "nos domingos e dias de festa" e Noel du Fail diz que «o grande encontro de tais académicos era em Notre-Dame de Paris». Aí (...) cada um expunha o resultado dos seus trabalhos, desenvolvia a ordem das suas pesquisas. Emitiam-se probabilidades, discutiam-se possibilidades, estudava-se no próprio local a alegoria do belo livro e a exegese abstrusa dos misteriosos símbolos não era a parte menos animada destas reuniões.»

(4) Para uma sucinta, mas esclarecedora discussão desta diferença entre "antigos" e "modernos", veja-se o interessante livro de Jean Solis, Guide Pratique de la Franc-Maçonnerie, Ed. Dervy, Paris, 2001 (livro que contém, no entanto, algumas incorrecções sobre as Obediências regulares no mundo, mas que o autor se propõe rectificar brevemente, conforme comunicação pessoal recente).

(5) Dom Pemety, Rituel Alchimique Secret, Viareggio, Ed. Rebis, 1981.

(6) Foi tradutor ( e comentador) de um tratado de matemáticas alemão, colaborou no 8°. Volume de Gallia Christiana, publicou um comentário da Regra de São Bento, com o título de Manuel bénédictin e, estando já destacado na Abadia de Saint-Germain des Prés, também um Dictionnaire portatif de peinture, de sculture et de gravure, procedendo nessa ocasião a estudos de Botânica ( cf. J. Bricaud, Les Illuminés d'Avignon, pp. 5-7).

(7) Redição em 1971, na Ed. Arché, Milão, e em 1982, nas Ed. La Table d'Emeraude, Paris.

(8) Reedição em 1972, em Milão, na Arché, e no mesmo ano, na Denoel, em Paris.

(9) Ver artigo 2 dos Estatutos a p. 3 do Rituel Alchimique Secret (op. cit.).

(10) J. Bricaud, op. cit., p. 33.

(11) cf. pp. 19-21 do Rituel Alchimique Secret (op. cit.)

(12) Bernard Roger, "Introdução" a Nouvelle Lumiere Chymique, Paris, Retz , 1976, p. 23. Ver também Zbigniew Sydlo, Michael Senvivogius and the «Statuts des Philosophes Inconnus", in "The Hermetic Journal", 1992, pp. 72-91.

(13) Michel Monereau, Les Secretes hermétiques de la Franc-Maçonnerie, Paris, Axis Mundi, 1989, p.27.

(14) ibid.; a tradução é nossa.

(15) Les Secrets Hermétiques de Ia Franc-Maçonnerie, pp. 26-27.

(16) ibid.; a tradução é nossa.

(17) Michel Monereau, op. cit., pp. 38-39

(18) Michel Monereau, op. cit., pp. 43-44.

(19) In Pour la Rose Rouge et la Croix d'Or, Paris, Axis Mundi, 1988, p. 68.

BIBLIOGRAFIA
Anónimo -Les Initiations antiques -t. II -Crata Repoa ou Initiations aux anciens mystères des prêtres d'Égypte, Paris, 1770 (e 1821), reed., Rouvray, Les Éditions du Prieuré, 1993.

Amadou, Robert -Cagliostro et le Rituel de la Maçonnerie Égyptienne, Paris, SEPP, 1996.

Bayard, Jean-Pierre -Symbolisme Maçonnique Traditionel- II: Hauts grades et Rites anglo-saxons, Paris, EDIMAF, 3a. Ed. rev. e aum., 1987.

Bricaud, Joanny -Les Illuminés d'Avignon -étude sur Dom Pernety et son groupe, Paris, 1927 (reeditada em 1995, pela SEPP, Paris).

Caillet, Serge -Arcanes et Rituels de la Maçonnerie Égyptienne, Paris, Guy Trédaniel Ed., 1994.

-La Sainte Parole des Illuminés d' Avignon, in "Le Fil d' Ariane" no.43-44 (Été-Automne 1991), Walhain-St-Paul, Belgique, pp.19-51.

Caro, Roger -Rituel F.A.R.+C et deux textes alchimiques inédits, edição do autor, Saint Cyr-sur-Mer, 1972.

Faivre, Antoine -El Esoterismo en el siglo XVIII (trad. espanhola da obra L'Ésotérisme au XVIIIe Siècle, Paris, 1973), EDAF, Madrid, 1976.

Giudicelli de Cressac-Bachelerie, J.-P. -Pour la Rose Rouge et la Croix d'Or, Paris, Ed. Axis Mundi, 1988.

Labouré, Denis -De Cagliostro aux Arcana Arcanorum, in "L'Originel" no.2, Paris, 1995.

Mollier, Pierre -Contribuition à l' étude du grade de Chevalier du Soleil, p. I, II, III, in "Renaissance Traditionelle", Paris, respectivamente, nºs. 91-92 (Junho-Outubro de 1992), 93 (Janeiro de 1993) e 94-95 (Abril-Julho de 1993)

Monereau, Michel- Les Secrets Hermétiques de la Franc-Maçonnerie et les rites de Misraim et Menphis, Paris, Ed. Axis Mundi, 1989.

Naudon, Pzul -Histoire, Rituels et Tuileur des Hauts Grades Maçonniques, Paris, Ed. Dervy, 3a. Ed. ver. e aum., 1984.

Pernety, Dom -Rituale alchimico secreto -Rituel alchimique secret du grade de vrai Maçon Académicien ( composé en 1770 ), reedição das Edizione Rebis, Viareggio, Itália, 1981.

Solis, Jean J. -Guide pratique de la Franc-Maçonnerie, Paris, Ed. Dervy, 2001.

Tschoudy, Baron de -L'Étoile Flamboyante, ou la Société des Franc-Maçons considérée sous tous les aspects (1766), Gutemberg Reprint, Paris, 1979.

Tshoudy, Baron de- Touts les rituels alchimiques du Baron de Tschoudy, reedição das Éditions Arma Artis, Paris, s.d.

Ventura, Gastone -Les Rites Maçonniques de Misraim et Memphis, Paris, Eds. Maisonneuve & Larose, 1986.


Fonte desconhecida, se souber nos avise,

quarta-feira, 15 de julho de 2015

DO ROSACRUCIANISMO E DA MAÇONARIA ESPECULATIVA



Sobre as relações possíveis entre o Rosacrucianismo e a Maçonaria especulativa.

Dentro do conjunto de problemáticas que configuram a transição da maçonaria operativa para a maçonaria dita "especulativa" destacaremos neste breve artigo algumas posições interpretativas.

Robert Fludd e a Maçonaria Especulativa

Chistopher McIntosh observa que um ponto importante sobre Robert Fludd é que ele pode ter sido maçom, sabe-se que havia um templo maçônico perto de sua casa londrina, em Coleman Street. A. E. Waite pergunta-se se Fludd não teria introduzido uma corrente rosa-cruz na maçonaria. Não há provas disso, pois é difícil saber quando a maçonaria e o rosacrucianismo entraram em contato pela primeira vez.

Um ano depois da morte de Fludd em 1638, aparece em Muses Threnodie, de Henry Adamsom: "Pois o que pressagiamos não é geral, Pois somos irmãos da Rosa-Cruz: Nós temos a palavra de Maçom e segunda vista, Coisas para vir podemos predizer com exatidão.".

Comenius e a Maçonaria Especulativa
Ainda sobre as relações entre o Rosacrucianismo e as origens da Maçonaria inglesa, Robert Vanloo diz-nos que a Rosa-Cruz do começo do século XVII teve uma influência considerável nas origens da maçonaria anglo-saxã, alguns historiadores alemães da Rosa-Cruz tal como Hans Schick, vê nos trabalhos de Comenius a origem dos ideais da fraternidade e da democracia dentro da maçonaria inglesa recém nascida. Comenius sendo apresentado como um tipo de mediador privilegiado entre o pensamento rosacruciano de J. Valentin Andreae e o círculo de Tübingen e os homens que patrocinaram o nascimento da maçonaria especulativa na Inglaterra antes da Fundação da Grande Loja de Londres em 1717 com Hartlib e Dury. Comenius permitiu que a herança espiritual de J. V. Andreae e as idéias de uma sociedade ideal fosse derramada na Inglaterra e encontrasse acolhida lá. Em 1641, Comenius estava em Londres para aí fundar um círculo pansófico. Mas na Inglaterra alastra-se a revolução e o projeto é abandonado. De um modo geral, para a perspectiva teórica de Vanloo e de Hans Schick pode muito bem ter sido Comenius o elo de ligação entre o pensamento rosacruciano de J. V. Andreae, a ideologia rosacruz autêntica e a maçonaria inglesa.

Elias Ashmole e a Maçonaria Especulativa
Apesar de muitas pesquisas realizadas por historiadores maçônicos, virtualmente nada de concreto se sabe sobre a mudança, a não ser que ocorreu entre fins do século XVI e começos dos século XVII, da maçonaria operativa para especulativa, nem por que isso aconteceu. Dois dos primeiros maçons especulativos conhecidos, sir Robert Moray (1600-1675) e Elias Ashmole (1617 -1692), eram no entanto bastante interessados no rosacrucianismo. Devemos lembrar que, na Inglaterra, a mais antiga referência a uma loja maçônica especulativa é um registro no diário de Elias Ashmole, quando este foi aceito como membro de uma loja maçônica em Warrington, Lacanshire, em 16 de outubro de 1646. Há entretanto uma referência confiável na Escócia que registra a admissão de sir Robert Moray a uma Loja em Edimburgo em 20 de maio de 1641.

Há uma tradição muito sólida que quer que por intermédio de Elias Ashmole que a corrente rosacruciana se introduziu na Maçonaria, o que justificaria a transmissão regular e, por isso mesmo, o valor iniciático do 18º grau da Franco-Maçonaria atual.

Outro elemento que constitui uma relação de intimidade entre as duas correntes deu-se no decorrer do século XVIII. Sabe-se que o Geheime Figuren ou os Símbolos Secretos dos Rosacruzes dos séculos XVI e XVII são uma coletânea de pranchas emitidas do círculo maçônico Gold und-Rosenkreuzer (Rosa+Cruz de Ouro) em duas partes, a primeira em 1785 e a segunda em 1788. As origens da Rosa+Cruz de Ouro maçônica são obscuras, mas um dos nomes ligados à sua formação é o de Hermann Fictuld. Fictuld fala de uma "Sociedade de Rosacruzes de Ouro", herdeiros do Tosão de Ouro. Hermann Fictuld operou reformas na Gold und-Rosenkreuz em 1777. Essa Ordem desenvolveu-se dentro das regras da Maçonaria. A vertente russa da Rosa+Cruz de Ouro, instalada em Moscou, tiveram dois principais vultos, Nicolas Novikov (Maçom, membro da Rosa+Cruz de Ouro e Martinista) e o conde I. V. Lopokhin. Segundo Robert Ambelain, Novikov foi um dos introdutores da Franco-Maçonaria na Rússia e um dos principais divulgadores do Martinismo e das doutrinas do Filósofo Desconhecido na Rússia.

De acordo com Jean Pierre Bayard, em fins do século XVIII, do Escocismo emergiram dois ritos (ou regimes) paralelos, mas não rivais, e de inspiração profundamente rosacrucianas. O Rito Escocês Retificado (RER) que veio a ser difundido sobretudo na Europa Central, onde a influência dos Rosa+Cruz de Ouro era inegável. E o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) que começou a ser praticado na França. Durante o século XVIII, ouve uma propagação de ritos herméticos e alquímicos que foram criados num contexto maçônico. Alguns destes graus ocorreram no seio da maçonaria, ou do universo por ela influenciado e que tem raiz no hermetismo renascentista, nos Rosacruzes do século XVII.

Dentre alguns desses rituais podemos destacar:

  1. Ritual Alquímico secreto do grau de verdadeiro maçom acadêmico (1770) de Dom Pernety e seus Iluminados de Avingnon (NT. Pernety provavelmente manteve contato com os Rosacruzes de Ouro em suas viagens);
  2. Os rituais alquímicos do Barão de Tschoudy (1724-1769) e os Estatutos dos Filósofos Desconhecidos;
  3. A Ordem dos Arquitetos Africanos e o Crata Crepoa (1770);
  4. Cagliostro e o ritual da Maçonaria Egípcia;
  5. Os Arcana Arcanorum do Rito de Misraïm e de Memphis-Misraïm.

Enfim, muito ainda há o que dizer sobre a proximidade que a Rosacruz manteve com a Maçonaria. Obviamente muita coisa deixou de ser mencionada nestes comentários devido à extensão e da dificuldade que há em relacionar as duas correntes. A complexidade de relações entre os dois movimentos é tão íntimo em certos períodos entre os séculos XVII e XVIII que escapar-nos-ia a possibilidade de tentar abarcar todas as relações possíveis, além de constituir uma empreitada monumental.

Referências:

- Revista L'Initiation , edição portuguesa no. 07;
- A Rosa e A Cruz, Chistopher McIntosh, ed. Record;
- Os Rosacruzes, J. P. Bayard, ed. 70;
- A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, Jean Palou, ed. Pensamento;
- Interview Robert Vanloo em France-Spiritualites;
- Introdução aos Ritos e Rituais Herméticos e Alquímicos do século XVIII, José Manuel Anes.

Fonte desconhecida, se souber entre em contato.

terça-feira, 14 de julho de 2015

CATEDRAL DA ALMA


Capa da 1ª edição americana do livreto "Catedral da Alma"


CATEDRAL DA ALMA

A idéia de um lugar onde todos os místicos e estudantes de misticismo pudessem se reunir, no plano psíquico, sem limitações de raça, religião ou posicionamento filosófico, inclusive com não-membros e onde poderiam todos comungar com os mais sublimes Avatares que já viveram entre nós de alguma forma, atende a uma aspiração, a um ideal muito antigo de nosso primeiro Imperator.

É um conceito dos mais importantes e que pode nos elevar instantaneamente a um plano superior de consciência onde poderemos encontrar harmonia, paz, iluminação e cura para nossos males do corpo e da alma.

Sanctum Celestial como desenhado por H.S.L.

O primeiro folheto intitulado “Catedral da Alma” ou “Líber 777” foi preparado em 1930, pelo Frater Charles Dana Dean, Grande Mestre da AMORC. Este folheto contém os detalhes da inspiradora criação do Fr. H. Spencer Lewis. Os trabalhos referentes a essa atividade estão sempre a cargo do Imperator, desde a sua criação.

Fonte: Texto Loja R+C São Paulo


domingo, 12 de julho de 2015

OS SETE DEGRAUS DA ESCADA DE RÁ

Imagem: Victor Farat


OS SETE DEGRAUS DA ESCADA DE RÁ

A virtude está no meio
Nas palavras, nas ações, nos pensamentos
Tudo na Natureza caminha com equilíbrio
Moderação, bom senso, reflexão - TEMPERANÇA

Pelos caminhos da vida
As trevas nos cercam a todo instante
Não deixemos que nossa Luz interior se apague
Confiança, firmeza, retidão - FORTALEZA

O homem é um ser impulsivo
Atitudes, palavras, decisões precipitadas
Não nos deixemos dominar; dominemos nossos impulsos
Cuidado, cautela, atenção - PRUDÊNCIA

A justiça Divina nunca falha
Somos, porém, imperfeitos enquanto humanos
Com humildade, roguemos inspiração
Caráter, verdade, lealdade - JUSTIÇA

Acreditar, simplesmente
O céu azul, o perfume das flores, o canto dos pássaros
O milagre da vidaSalvação, cura, redenção -

Pensamentos são coisas
Um futuro melhor
Harmonia e paz na Terra
Enquanto existir o homem - ESPERANÇA sempre existirá

O mais sublime de todos os sentimentos
O motivo de nossa existência
O sentido da vida e da morte
Razão pela qual praticamos a temperança, a fortaleza, aprudência, a justiça, a fé e a esperança
O estágio mais elevado da evolução - o AMOR,
o último degrau da escada de Rá.

Por: Juliana Romera Mansilha
(Poesia que recebeu Menção Honrosa
no Concurso de Poesias Místicas da X Convenção da Região R+C SP-1)

sábado, 11 de julho de 2015

OS ROSACRUZES


OS ROSACRUZES
Por Pedro Santos Pereira
Muito se tem dito e escrito ao longo dos séculos sobre os Rosacruzes. Curiosamente, existem quatro organizações que se pretendem herdeiras históricas dos Rosacruzes milenares. Estas associações são estanques entre si, e diferem substancialmente, tanto nos métodos quanto na doutrina e organização. Faremos, seguidamente, uma ligeira abordagem a cada uma delas.

A Sociedade Rosa Cruz do Lectorium Rosicrucianum ou Escola Espiritual Gnóstica da Rosa Cruz Áurea. Os membros desta sociedade são recrutados por cooptação. Da leitura de alguns dos seus textos oficiais, podemos inferir um esoterismo de herança cátara. O princípio doutrinal característico dos cátaros era maniqueísta-dualista, isto é, defendia dois princípios universais, criados, um deles do mundo espiritual e o outro do mundo material. Atendendo a estes referentes, segue-se que a alma viverá no corpo em cativeiro, só encontrando a paz pela libertação do corpo material, recuperando a plenitude da sua vida espiritual; o divórcio dos dois elementos inconciliáveis é obtido pela morte, não sofrida mas abraçada como libertação - primeiro passo para a felicidade. Esta morte poderia ser obtida pela iniciação, através da intervenção das personalidades. 

O Lectorium diz-se crístico e joânico, referindo-se freqüentemente aos Evangelhos, ao Apocalipse e ao Shamballah, nome que designa um centro subterrâneo no deserto de Gobi, centro do mundo onde se situaria a reencarnação de Christian Rosenkreuz, do qual o Lectorium pretende ser emanação sua. Como atrás referimos, estes Rosacruzes pretendem-se crísticos mas não cristãos, já que rejeitam em absoluto, como inútil, todo o mecanismo da Igreja: os sacramentos, os sacrifícios do altar, a comunhão, os santos, a virgem, o purgatório, as relíquias, etc., etc.

A Fraternidade Rosa Cruz, vulgarmente conhecida pela associação ao nome do seu criador, Max Heindel, também faz o seu recrutamento por cooptação, contando com milhares de adeptos em todo o mundo. A doutrina é espalhada através dos livros de Max Heindel, de cursos por correspondência e de palestras pronunciadas em templos. A Astrologia e o desenvolvimento de faculdades mediúnicas e curativas são as bases da doutrina oficial, embora também esta organização se pretenda crística e joânica.

A Ordem dos Irmãos Primogênitos da Rosa Cruz, ainda mais secreta do que a anterior, adota o adágio taoísta: "tudo aquilo que pode ser dito não merece ser conhecido", aplicando-se o termo "conhecido" ao conhecimento integral, inexprimível e informal. A ordem pretende filiar-se, histórica e iniciaticamente, na tradição templária, da qual estes Rosa Cruzes seriam, desde o século XV, os únicos depositários, tendo recolhido aquilo que os processos de 1307 a 1314 tinham pretendido fazer desaparecer. 

A Ordem Rosa Cruz - AMORCAntiga e Mística Ordem Rosa Cruz, também conhecida até ao século XX por Antiquus Arcanus Ordo Rosae Rubeae et Aureae Crucis, recruta os seus aderentes por meio de publicidade e por cooptação. A AMORC estabelece uma distinção entre os rosacrucianos, que são os seus próprios aderentes, e os Rosa-Cruz, raros esses que atingem os mais elevados graus da ordem. Com efeito, em cada mil pessoas que respondem à propaganda, em média 402 são admitidas nos graus de Atrium, 329 ao primeiro grau postulante. O décimo segundo grau, de Templo, apenas é atingido por uma média de 101 aderentes, sendo essa iniciação então realizada - consta - na câmara do rei da pirâmide de Keops, fato para o qual será a única organização autorizada em todo o mundo. Esta instituição compreende na cúpula a Suprema Grande Loja, em S. José da Califórnia, onde também existe uma Universidade, o Museu Egípcio Rosa Cruz, o Planetário e Museu de Ciências e o Templo Supremo. A instrução dos seus membros é efetuada em vários níveis:

1. cerimônias ritualistas, abertas a todos os membros, onde são apresentadas comunicações da Suprema Grande Loja; estas não estão sujeitas a intervenções ou críticas, convidando-se os participantes à reflexão e meditação nos assuntos expostos. Note-se que, embora não possam criticar e participar dos temas apresentados, os membros têm plena liberdade de aceitar ou não os enunciados;

2. sessões livres e abertas a todos os filiados, não ritualistas, em que são apresentados, por membros da Ordem, trabalhos sobre os mais díspares e variados temas. Estes estão sujeitos, não só à troca de informações, como também à crítica e debate das opiniões aí expressas;

3. sessões de grau, reservadas aos titulares desse grau e supervisionadas por um elemento mais antigo, em que são debatidos e esclarecidos os assuntos respeitantes à instrução desse grau;

4. a aprendizagem propriamente dita é realizada através de apostilhas semanais, onde se encontram princípios filosóficos e exercícios de controle e desenvolvimento mental. 

Considerações sobre o Simbolismo e Relações entre as Organizações


Apesar de tão heterogêneas, podemos no entanto detectar certos aspectos de concordância unívoca, que decompomos em três grandes grupos:

1. existência de laços fraternais entre estas organizações em pares simples. Assim, o Lectorium Rosicrucianum com a Fraternidade Rosacruciana, por um lado, e os Irmãos Primogênitos com a Ordem Rosa Cruz AMORC, por outro;

2. o segundo aspecto de concordância revela-se no fundo filosófico comum. Com efeito, todas as quatro instituições buscam as suas raízes ideológicas na tradição ocultista ocidental, por oposição às outras duas grandes correntes esotéricas ocidentais, que são: a Teosofia, procedente das revelações do Extremo Oriente, colhidas por Helena Petrovna Blavatsky e Annie Besant; e o Espiritismo, de Léon Denis e Allan Kardec.
Queremos com isto dizer que esta tradição ocultista ocidental vem na linha dos hermetistas, cabalistas cristãos e alquimistas, bebendo as suas raízes lá muito atrás em Platão, nos gnósticos da Pistis Sophia e em todas as outras grandes sínteses destas linhas.
Característica intrínseca da mesma é aceitarem as teses cármicas da reencarnação, subjacentes à doutrina de Hermes Trimegisto, sintetizada como está no axioma hermético: "O que está em baixo é como o que está em cima, e o que está em cima é igual ao que está em baixo, para realizar os milagres de uma única coisa", i.e., a correspondência entre o macrocosmo e o homem - o microcosmo. Outra é aceitarem a trilogia unitária do homem, que se dividirá em corpo, espírito e perispírito. O espírito, também denominado alma, constituirá no homem a sua verdadeira individualidade, indestrutível e imortal, manifestando-se no seu tríplice aspecto, a saber: Memória, Inteligência e Vontade. O espírito propriamente dito é susceptível de adquirir no tempo novas qualidades, que o enriquecem, depuram e elevam. Estas qualidades, obtidas através da experiência adquirida, são arquivadas no perispírito, vulgarmente conhecido por astral, ou duplo etéreo, pelos cientistas que se dedicam a quantificar, isolar e testar essa bioenergia aural presente em todo o ser humano.

3. o terceiro aspecto da concordância está necessariamente subjacente ao segundo, já que todas as organizações se reclamam herdeiras dos mesmos antepassados Rosa Cruzes. Todas admitem o mesmo fundador Christian Rosenkreuz, como restaurador da ordem. Este personagem, meio mítico não se sabe ao certo se terá existido, ou se o seu nome não será de um mero simbolismo para o Cristão Rosacruz. Na realidade, aquilo que sabemos de tão ilustre personagem está condensado no manuscrito FAMA FRATERNITATIS ET CONFESSIO FRATRUM ROSAE CRUCIS da autoria de Jean Valentin Andreae, de finais do séc. XVI. Na Fama encontra-se a biografia de Christian Rosenkreuz e noutros três palimpsestos o seu ensinamento.

Se sobre Christian pairam dúvidas da sua existência, de uma longa lista de outros personagens estas não existem. E assim, entre os mais proeminentes encontramos: Robert Fludd e Paracelso, aos quais, em conjunto com o primeiro, poderemos atribuir a paternidade do movimento Rosacruz; Comenius que, em 1956, foi homenageado pela Unesco e considerado por esta organização como o seu mentor espiritual; Sir Francis Bacon, o insigne ministro e criador da "Nova Atlântida"; o rei da Prússia, Frederico Guilherme II; Wolfgang Goethe, criador do "Fausto"; o conde de Saint German; Victor Hugo; René Descartes; Leibniz; Isaac Newton; Benjamin Franklin; Lord Bulwer Lytton; e Fernando Pessoa.

Outros há profundamente ligados à Maçonaria, como Eliphas Lévi, Stanislau de Guaïta, Martinez de Pascually, Louis Claude de Saint Martin, e Papus, estes últimos fundadores da Tradicional Ordem Martinista.

Aliás, é importante referir aqui que, atualmente, a única via de acesso à Tradicional Ordem Martinista é através da Ordem Rosa Cruz AMORC, só podendo ingressar naquela Rosacrucianos que tenham atingido, pelo menos, o terceiro grau do templo (coisa que, em tempo útil, se poderá quantificar em quatro anos de aturada aplicação ao estudo).

Podemos portanto verificar que, neste terceiro aspecto de concordância, que os pergaminhos são velhos, e que as divergências se situam apenas no princípio deste século.

Não poderíamos deixar este estudo, que se pretende breve mas forçosamente incompleto, sem tentar de alguma forma explicar o porquê do nome e simbolismo Rosa Cruz Áurea.

Uma das interpretações, à priori, é a de que poderemos encontrar no símbolo a cosmogonia hermética, onde a Cruz - signo masculino e espiritual - representa a divina energia criadora que fecundou a matéria da substância primordial, de que a imagem é a feminina Rosa, fazendo passar o ovo cósmico à existência do Universo, como professava Mestre Paracelso.

A Rosa, que em todas as épocas, foi o símbolo da beleza, da vida, do amor e do prazer, expressava misticamente o pensamento secreto de todas as oposições manifestadas durante a Renascença. Era a carne revoltada contra a opressão do espírito; era a natureza declarando-se filha de Deus; era o amor que não desejava ser sufocado pelo celibato; era a humanidade aspirando a uma religião natural, toda feita de inteligência e amor, baseada nas revelações das harmonias do Ser, do qual a Rosa, para os iniciados, era o símbolo vivo e cheio de viço. A conquista da Rosa era o problema apresentado pela iniciação à ciência; à medida que a religião se ocupava em estabelecer o triunfo universal e exclusivo da Cruz (esta representa o homem e a sabedoria secreta para os hermetistas). A Rosa é o símbolo da fragilidade humana, e representa a eternidade da alma, e significa também o segredo guardado, porque se fecha sobre o coração, abrindo-se no momento de morrer. No plano esotérico, a Rosa inscreve-se nas quatro dimensões: comprimento, largura, espessura e tempo, e a Cruz na quinta dimensão dos Rosa Cruzes, a Mente Associada à Rosa, encontramos as subdimensões: forma, matéria; cor, perfume, todas reunidas na mais completa harmonia e defendidas pelos (guardiões) espinhos.

A Rosa é, pois, uma criação excepcional, o emblema da Perfeição para a Grande Obra dos Alquimistas. Mas, como só entreabre as suas pétalas e revela o seu coração e o seu mais íntimo segredo, no momento em que vai perecer, é também o símbolo da Morte. Segredo ciosamente guardado, Perfeição e Morte, tudo se encontra na Rosa. A Cruz, como já dissemos, é a sabedoria do Salvador, do Deus feito homem, é o conhecimento do iniciado. Sabedoria mantida secreta, tal é a Rosa sobre a Cruz, a Rosa Cruz.
Não encontramos aqui uma analogia com o inefável segredo maçônico? Não está o ritual maçônico todo ele impregnado do simbolismo Rosa Cruz, do mais rudimentar ao dos mais elevados graus? Tanto quanto podemos apurar, a Ordem Rosa Cruz AMORC e a dos Irmãos Primogênitos saúdam os seus irmãos Maçons como os atores ativos no mundo profano sócio-econômico-político, elegendo esta suposta Ordem como uma escola de aperfeiçoamento humano inspirada nos princípios da justiça, tolerância, igualdade, liberdade e fraternidade, reservando-se os Rosa Cruzes um papel mais místico, contemplativo, meditativo, isto é, passivo e espiritual.

Bibliografia

- Arnold (Paul) Histoire des Rose + Croix et les Origines de la Franc-Maçonnerie, Paris, Mercure de Frande, 1955
 - Bayard (J.P.) Os Rosa-Cruz ou a Conspiração dos Sapientes, Lisboa, Edições 70, 1978
 - Cartas de Informações para Pesquisadores, s.l. Edição da Escola Espiritual da Rosa Cruz Áurea, s.d.
 - Frère (Jean Claude) Vie et Mystères des Rose-Croix, Paris, Maison M., 1973
 - Heindel (Max) Conceito Rosa Cruz no Cosmos [Tratado elementar sobre a evolução passada do homem, sua constituição atual e o seu futuro desenvolvimento], S. Paulo, Fraternidade Rosacruciana de S. Paulo, 1980
 - Incognito (Magus) A Doutrina Secreta dos Rosa-Cruzes, São Paulo, 1984
 - La Maitrise de La Vie. Ancient Mystique Ordre Rosae Crucis, Le Neubourg, 1981
 - O Homem: Alfa e Omega da Criação, Curitiba, Ordem Rosa Cruz AMORC, 1985

Fonte desocnhecida, entre em contato se souber.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

CÓDIGO ROSACRUZ DE VIDA


CÓDIGO ROSACRUZ DE VIDA 

I - Pela manhã, antes de levantar, agradece ao Deus do teu coração, o novo dia que te é dado viver no plano terreno e pede-lhe que o inspire ao longo desse dia. Depois, de pé e voltado para o Leste, fazer três respirações profundas, concentrando-te na vitalidade, que é despertada em ti mesmo. Feito isto, beber um copo d`água e dar início às tuas tarefas.

II- Apesar das vissicitudes e das provações que a vida comporta, considera-a sempre como o mais precioso bem que o Cósmico outorgou ao ser humano, pois ela é o suporte de tua evolução espiritual e a fonte da felicidade a que aspira. Neste particular, considera teu corpo como o templo de tua Alma e cuida dele o melhor que puderes.

III- Reserva, se possível, em tua casa um lugar para prece, meditação e estudo dos ensinamentos de nossa Ordem. Faze dele o teu oratório particular, o teu Sanctum, e conserva-o livre de toda preocupação e de toda atividade profana.

IV- Antes de cada refeição, dá graças a Deus pela chance que tens de te alimentares, e pensa em todos aqueles que não têm o privilégio de saciar sua fome. Se estiveres sozinho ou na companhia de outros membros da Ordem, coloca as mãos sobre o alimento, com as palmas voltadas para baixo, e fazendo mentalmente, ou em voz alta, a invocação simbólica: 

“Que este alimento seja purificado e magnetizado pelas vibrações que emanam de minhas mãos, a fim de que ele supra as necessidades do meu corpo e da minha alma. Que todos aqueles que têm fome estejam associados a esta refeição e participem espiritualmente de seus benefícios. Assim Seja!”

V- Sabendo que o objetivo de todo ser humano é de se aperfeiçoar e de se tornar melhor, faze constantes esforços para despertar e expressar as virtudes da Alma que o anima. Ao faze-lo estarás contribuindo para tua evolução e servindo à causa da humanidade.

VI- Durante o dia, isola-te por alguns instantes, de preferência no Sanctum, e irradia pensamentos de amor, harmonia e saúde para toda a humanidade, em particular para todos aqueles que estejam sofrendo, física ou moralmente. Pede também a Deus que os ajude em todos os aspectos e os preserve o quanto possível das tribulações da vida.

VIIComporta-te de tal maneira que todos aqueles que compartilham de tua vida ou vivem em teu contato, sintam em teu exemplo o desejo de se assemelharem contigo. Guiado pela voz de tua consciência, que tua ética seja a mais pura possível e que tua preocupação primeira seja sempre de pensar bem , falar bem e agir bem.

VIII- Sê tolerante, defendendo o direito à diferença. Nunca uses a faculdade do julgamento para censurar ou condenar a outrem, pois tu não podes ler os corações e as almas. Considera os outros com benevolência e indulgência, atento para o que haja de melhor neles.

IX- Mostra-te generoso para com aqueles que estejam passando necessidades ou que sejam menos favorecidos do que tu. Todo dia procura realizar pelo menos uma boa ação para outrem. Seja qual for o bem que faças a alguém, não te vanglories disso, mas agradece a Deus o ter permitido contribuir para o seu bem-estar.

X- Sê moderado em teu comportamento e evite os extremos em tudo. Demonstra temperança, seguindo o reto caminho do meio em toda circunstância.

XI- Se ocupas um cargo de poder, não te glorifiques disso, nem te deixes arrebatar pela influência que esse cargo te permita exercer. Nunca o empregues para forçar alguém a fazer coisas que reprovas ou que sejam injustas, ilegais ou imorais. Assume-o com humildade, colocando-o a serviço do bem comum.

XII- Escuta os outros e fala com o devido conhecimento de causa. Se tiveres de fazer uma crítica, faze com que ela seja construtiva. Se te pedirem opinião sobre um assunto que desconheças, admite humildemente tua ignorância. Nunca te permitas recorrer à mentira, à maledicência ou à calúnia. Se ouvires declarações maldosas a respeito de outra pessoa, não as reforce com a tua condescendência.

XIII- Respeita as leis do teu país e te esforces para ser um bom cidadão. Lembra-te sempre de que é na evolução das consciências que se encontra a chave do progresso humano.


XIV- Sê humanista e considera a humanidade inteira como tua família. Além de tua raça, de tua cultura e de tuas crenças, todos os seres humanos são teus irmãos e irmãs. Merecem, por conseguinte, o mesmo respeito e consideração.

XV- Considera a natureza como o mais belo santuário e a expressão da Perfeição Divina na Terra. Respeita a vida em todas as suas formas, vendo os animais como seres, não apenas seres vivos, mas igualmente conscientes e sensíveis.

XVI- Sê sempre um livre pensador. Reflete por ti mesmo, nunca pensando conforme a opinião dos outros. Além disso, dá a todo mundo a liberdade de pensamento; não impões as tuas idéias a outrem e considera sempre que elas são susceptíveis de evoluir.

XVII- Respeita as crenças religiosas ou filosóficas, desde que não atentem contra a dignidade humana. Não apóies nem abones o fanatismo ou o integrismo, em qualquer que seja a forma. Na maneira de viver tua fé, cuida para não seres dogmático ou sectário.

XVIII- Sê fiel às tuas promessas e aos teus compromissos. Quando deres tuia palavra, atribui-lhe um caráter sagrado e compromete tua honra através dela. Se tiveres de prestar juramento, faze-o pensando na Rosacruz, símbolo do seu ideal ético, e lembra-te de que toda mentira de tua parte traz conseqüências cármicas. Com efeito, se é possível enganar os teus semelhantes, ninguém pode se subtrair à Justiça Divina.

XIX- Se teus meios o permitirem e o desejares, traze teu apoio material à Ordem, a fim de ajuda-la em suas atividades e contribuir para sua perenidade.

XX- Como o objetivo da Ordem é contribuir para a elevação das consciências e transmitir seu ensinamento secular, sabe estar disponível para apresentar seus ideais e sua filosofia àqueles que estejam em busca de conhecimento, sem jamais tentar convence-los.

XXI- Nunca deixes alguém supor que os membros da Ordem são sábios e detentores da verdade. A quem te perguntar, apresenta-te antes como um estudioso ou um buscador da Sabedoria. Nunca pretendas ser um Rosacruz, e sim um neófito em via de aperfeiçoamento.

XXII- À noite, antes de adormecer, faze um balanço do dia que estarás terminando, vendo o que foi construtivo ou não. Em tua alma e consciência, julga o que pensaste, disseste e fizeste ao longo desse dia. Tira disso lições úteis para tua evolução espiritual, tomando boas resoluções. Feito isto, irradia pensamentos positivos para toda a humanidade e depois confia tua Alma a Deus.

Fonte: AMORC - GLP
.