sábado, 31 de julho de 2010

As Orações do Sextus


157. [...] é um sinal de ignorância.

158/159. Ame a verdade, e não use a mentira como veneno.

160. O tempo certo possa preceder suas palavras.

161/162. Fale quando não é próprio para estar calado, mas fale somente das coisas relativas que você sabe estarem certas.

163a. A palavra intempestiva é característica de uma mente má.

163b. Quando for próprio agir, não use uma palavra.

164a. Não deseje falar primeiro no meio de uma multidão.

164b. Enquanto falar for uma habilidade, também é uma habilidade estar calado.

165a. É melhor ser derrotado enquanto falar a verdade, que ser vitorioso por decepção.

165b. Aquele que é vitorioso por decepção é derrotado pela verdade.

165c. Falsas palavras são uma característica de pessoas más.

165d. Uma grande crise antes da mentira tem que ser necessário.

165e. Quando há alguém, enquanto se fala a verdade, até mesmo o mentir não há nenhum pecado.

165f. Não engane ninguém, especialmente quem precisa de conselho.

166. Crente é ele que está primeiro com trabalhos bons.

167. Sabedoria conduz a alma para o lugar de Deus.

168. Há nenhum parente da verdade, exceto a sabedoria.

69. Não é possível uma natureza acreditando se tornar apaixonado por mentir.

170. Uma natureza medrosa e servil não poderá participar da fidelidade.

171a. Quando você for fiel, o que está preparando para dizer não é de valor menor que a audição.

171b. Quando você estiver com pessoas de bem, deseje escutar em lugar de falar.

172. Um homem prazeiroso e amoroso é inútil em tudo.

173. Quando não houver contabilidade de pecado, não fale de nada que seja de Deus.

174. Os pecados desses que são ignorantes são a vergonha desses que os ensinaram.

175. Esses por causa de quem blasfemou o nome de Deus está morto ante Deus.

176. Um homem sábio busca ser um fazedor de bons trabalhos em Deus.

177. Mas sua vida confirma suas palavras ante os que ouvem.

178. O que não é certo fazer, não faça e nem mesmo considere fazendo.

179. O que você não quer que aconteça a você, não faça você.

180. O que é vergonhoso fazer, também é [...]

307/308. Ele é um homem sábio que conduz homens a Deus a homens, e Deus pensa mais altamente no homem sábio que os próprios trabalhos dele.

309. Ninguém busca Deus tão livre quanto o homem sábio.

310. Tudo o que Deus possui, o homem sábio também tem.

311/312. As partes sábias do homem no reino de Deus; um homem mau não quer a presciência de Deus para vir passar.

313. Uma alma má foge de Deus.

314. Tudo o que ruim é contrário a Deus.

315. O que você pensa, você diz com a mente que é do homem.

316. Onde estiver seu ensino, há sua bondade.

317. Não busque bondade na carne.

318. Quem não prejudica a alma, assim a tripudia.

319. Depois de Deus honra a um homem sábio, que ele é o criado de Deus.

320. Fazer o corpo de sua alma um fardo é orgulho, mas poder conter isto suavemente quando for necessário, é bem-aventurança.

321. Não sinta-se culpado de sua própria morte. Não esteja bravo com ela que o levará para sair do corpo.

322. Se alguém tirar o homem sábio do pecado do corpo, faz o que é bastante bom a ele porque também foi libertado desses laços.

323. O medo de morte aflige o homem por causa da ignorância que tem da alma.

324. Seja melhor para você não entrar nesta espada mortal do homem; mas quando vier, diz com sua mente que não existe.

325/326a. Alguém que diz que acredita até mesmo estar fingindo muito tempo não prevalecerá, mas cairá; como o seu coração é, assim será sua vida.

326b. Um coração religioso produz uma vida santificada.

327. Aquele que delinear mal contra outro, será o primeiro [...]

328. Não deixe um homem ingrato impedir você de fazer o bem.

329. Não diga com a mente que estas coisas que foram perguntadas, e você respondeu imediatamente, são mais valiosas que o receptor.

330. Você usará de grande propriedade, se você doar ao necessitado de boa vontade.

331. Persuada um irmão insensato para não ser insensato; se ele estiver furioso, o proteja.

332/334. Se esforce para ser vitorioso prudentemente sobre todo homem; mantenha auto-suficiência.

333. Você não pode ter compreensão a menos que você saiba primeiro que você a possui. Em tudo há esta oração.

335. Os sócios do corpo são um fardo a esses que não os usam.

336. É melhor servir a outros que fazer outros o servir.

337. Deus não o tirará do corpo, mas não deixe Ele o fardo.

338. Não só não tenha uma opinião que não beneficia o necessitado, mas também não escute isto.

339. Ele que dá algo sem respeito comete uma afronta.

340. Se você assumir a tutela de órfãos, você será o pai de muitas crianças e você será amado de Deus.

341. A quem você serve por causa da honra, serve por um salário.

342. Se você fez honras a você... não fez para tripudiar, mas para seu próprio prazer.

343/344. Não provoque a raiva de uma turba. Saiba, então, o que está providenciando para o homem afortunado fazer.

345. É melhor morrer que escurecer a alma por causa da imoderação da barriga.

346. Diga com sua mente que o corpo é o artigo de vestuário de sua alma: mantenha então ele puro, para que seja inocente.

347. Qualquer alma poderá fazer enquanto estiver no corpo, e terá testemunhas quando entrar em julgamento.

348/349. Demônios sujos põem reivindicação em uma alma poluída; em uma alma fiel e boa os demônios não poderão impedir a presença de Deus.

350. Não dê a palavra de Deus a todo mundo.

351. Para os que são corrompidos pela glória, não estão assegurados para ouvir falar de Deus.

352/353. Não é um pequeno perigo para nós falarmos a verdade sobre Deus; não dizer nada sobre Deus antes de aprender com Deus.

354/356. Não fale com uma pessoa irreligiosa sobre Deus; se você for poluído por causa de trabalhos impuros, não fale sobre Deus.

357. A verdadeira palavra sobre Deus é os Logos de Deus.

355. Fale a palavra de Deus como se estivesse dizendo isto na presença dÊle.

358. Se sua mente é persuadida pelo Amor de Deus, então fale com quem desejar sobre Deus.

359. Mas seus trabalhos piedosos precedem toda palavra sobre Deus.

360. Não deseje falar sobre Deus à multidão.

361. Poupará mais com uma palavra sobre Deus que sobre uma alma.

362. É melhor dispor de uma alma que descartar uma palavra ao acaso sobre Deus.

363a. Você concebe o corpo de um homem-deus amoroso, mas você não poderá reger sobre sua fala.

363b. O leão também rege em cima do corpo do homem sábio; também o tirano rege sobre ele.

364. Se um tirano, então, o ameaça especialmente, se lembre de Deus.

365. Aquele que fala a palavra de Deus desonestamente, é traidor de Deus.

366. É melhor estar calado sobre a palavra de Deus, que falar indiferentemente.

367/368. Ele que fala mentiras sobre Deus está mentindo a Deus; um homem que não tem nada de verdadeiro para dizer sobre Deus é abandonado por Deus.

369. Não é possível conhecer Deus enquanto fizer que ninguém o adore.

370. Um homem que faz mal a alguém não poderá adorar Deus.

371. O amor do homem é o começo da piedade.

372. Ele que leva ao cuidado de rezar por todos os homens - esta é a verdade sobre Deus.

373/374. É negócio de Deus atender quem Ele quer; por outro lado é negócio do homem piedoso pedir a Deus para salvar todo o mundo.

375. Quando você ora e algo acontece a você, por Deus, então diga com sua mente que você tem [...]

376a. Um homem que é merecedor de Deus, ele é Deus entre homens, e ele é o filho de Deus. 376b. Ambos existem, o Maior e aquele que está próximo ao Maior.

377/378. É melhor o homem estar sem qualquer coisa que ter muitas coisas e não dar ao necessitado; porque também, se você orar a Deus, ele não dará a você.

379. Se você, de coração pleno, dá seu pão ao faminto, o presente é pequeno mas a vontade é grande com Deus.

380. Aquele que pensa que ninguém está na presença de Deus, não é humilde para Deus.

381 Aquele que faz sua mente gostar de Deus até onde ele é capaz, é o que grandemente honra a Deus.

382. Deus não precisa de nada, mas Ele se alegra com os que dão ao necessitado.

383. O crente não fala muitas palavras, mas seus trabalhos são numerosos.

384. Uma pessoa fiel e apaixonada por aprender é que é o trabalhador da verdade.

385, ajuste [...] as calamidades, para que [...]

386. Se você não fizer mal a ninguém, você não terá medo de ninguém.

387. O tirano não poderá conquistar a verdadeira felicidade.

388. O que é certo fazer, faça de boa vontade.

389a. O que não é certo fazer, não faça de nenhum modo.

389b. Prometa tudo em lugar de dizer ser sábio.

390. O que você faz bem, diga com sua mente que é Deus quem faz.

391. Nenhum homem que olha para baixo, na terra e em mesas, é sábio.

392. O Filósofo, que é um corpo exterior, não é o Um a quem está ajustando para respeitar, mas é filósofo de acordo com o homem interno.

393. Vigie o mentir; há aquele que engana e há aquele que é enganado.

394/395. Saiba que é Deus, e saiba que é o que pensa em você; um homem bom é o trabalho de Deus.

396. Eles são miseráveis por causa da palavra blasfema.

397. A morte não poderá destruir [...]


Fim das Orações do Sextus

* * *

Tradução do códice XII em copto de Nag Hamaddi para o inglês por Frederik Wisse


Transcrito para o português por um Suplicante.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O CORAÇÃO E A ALQUIMIA DA VIDA


Por um Servidor Incógnito

INTRODUÇÃO

Como tudo nesta vida natural, no mundo em que vivemos, tem um começo, meio e fim, de conformidade com a Lei do Triângulo, também o Desejo de conhecer a Deus assim o é, mas por meio da Luz:

início: O despertar da Vontade, a aurora nascente do Desejo da Alma movida e sustentada pela própria Natureza Divina de que é constituída. Desejo que se apresenta e se manifesta de forma intensa e irreversível, transbordante e incondicional. Tal é o Desejo Verdadeiro. Ele será o veículo, o meio, a ferramenta, o recurso, a base e a condição única para se conhecer Deus. Este o trabalho a ser iniciado e realizado: promover este despertar, o despertar deste Desejo em si mesmo, através da VONTADE.

meio: O Caminho, a Escola Espiritual, que propiciará o aprendizado e aplicação das ferramentas necessárias ao Conhecimento. O sacrifício consciente da vontade da natureza dos desejos deste mundo, em favor do Desejo Divino. O domínio das tempestades emocionais e nascimento do verdadeiro ARREPENDIMENTO. O silêncio do ego para se ouvir a Voz do MESTRE INTERIOR, sua Consciência. O trabalho árduo e persistente na Jornada, e o auxílio sincero e amoroso aos irmãos com dificuldades. Compreensão do Sermão da Montanha e o exercício do Amor do Cristo pela Humanidade. As VIRTUDES em ação. A ORAÇÃO Verdadeira e a COMUNHÃO em Cristo.

fim: O Amor do Cristo (o Filho) em Deus (o Pai), iluminado pelo Espírito Santo (a Mãe). Ser em Deus. Uno na Santíssima Trindade de Deus.


CORAÇÃO: O ATHANOR ALQUIMICO DA VIDA

Vamos examinar como se processa a alquimia interior do Buscador da Luz, no Coração, seu Athanor Alquímico Interior.

Considerando o coração como o grande centro, o cadinho, o forno atômico onde será executado todo o processo de transmutação da natureza do corpo de desejos deste mundo, no Corpo de Desejo Glorioso do Cristo. Neste processo e trabalho, a aplicação e determinação da vontade é decisiva e o apoio incondicional da consciência é imprescindível e condicionante do resultado desejado. Como se pode ver, a tarefa do Alquimista do Coração na Luz será árdua e o Mestre Interior, sua Consciência, se posiciona junto a ele para auxiliá-lo no empreendimento a ser realizado.

Quando o neófito e discípulo se aproxima da Oficina Sagrada do Athanor Alquímico, ele deve portar em sua compreensão a cristalina distinção entre a SALVAÇÃO E LIBERTAÇÃO:

SALVAÇÃO:

Todos já estamos salvos pelo conhecimento da existência do Reino de Deus, que é possível alcançá-lo pela Fé e Confiança. O que pode atrapalhar é a crença somente que devemos nos cuidar para não cair em tentação, sermos piedosos, compassivos, bondosos, caridosos, humildes, simples e outras tantas qualidades que se pode esperar de um devotado praticante dos mandamentos e doutrinas religiosas enraizadas no consciente do homem, profundamente, e cumpridor das leis morais e sociais.

Se ocorrer de cometer alguma falta, erro ou pecado, crê-se ser suficiente contristar e suplicar o perdão Divino, prometer a si mesmo e a Deus que não irá mais incorrer no erro que praticou (por força do “tentador” ou dele mesmo), retornando, outra vez, na Graça de Deus. Considere há quanto tempo essa “rotina”, esse círculo vicioso se repete sempre com os mesmos resultados ?. Ë como andar sem sair do mesmo lugar, andar em círculos, ou sair e voltar ao ponto de partida. Sempre.

Mas vamos procurar simplificar e entender o significado do “estamos salvos”:

Estamos SALVOS APENAS da ignorância da existência do Reino de Deus, que foi enunciado categórica e inquestionavelmente pelo Mestre da Luz, e que podemos ter em mãos os meios para que cada um possa realizar sua própria REDENÇÃO e RESSURREIÇÃO em CRISTO, sem depender de “intermediários”, gurus ou mestres “autorizados”, libertando-se da natureza deste mundo regido pela vaidade. Vencer o príncipe deste mundo e seus “exércitos” que nos mantém no cativeiro erro da Queda, na ignorância, neste mundo de servidão.

E procurar compreender o que possa ser REDENÇÃO e RESSURREIÇÃO:

REDENÇÃO:

Ponto de fundamental importância compreender para realiza-la.

Por Redenção pode-se entender RENDER seu Desejo e Vontade ao Mestre Interior, sua Consciência, parte da Unidade de Deus em seu Interior. Isso tem que ser espontâneo e partir do eu exterior para que possa ser absorvido pelo Amor do Cristo. Este trabalho é realizado no Athanor, no Forno Alquimico do Coração e deve ser conduzido pela Alma, pelo Mestre Interior, com a permissão e participação ativa da vontade do ego, que nesse ponto não só deve estar predisposto como até mesmo aflito pelo trabalho de transmutação (lembrando que estamos considerando apenas aqueles que verdadeiramente estão no Caminho).

E como podemos realizar isso consideraremos mais adiante.

RESSURREIÇÃO:

Eis aqui o outro ponto crucial da Jornada, que podemos traduzir por TECER O MANTO DE ELIAS dentro do Athanor do coração.

Ë a construção do CORPO DE DESEJO DE DEUS, o CORPO CRISTICO.

Esse Corpo Crístico, o Manto de Elias, é a Veste Divina tecida pela Alma, na demolição das vontades e desejos deste mundo e reconstrução do Corpo Divino, para vesti-la e protegê-la, e se ocultar, dos ataques das trevas da ignorância constituída da natureza dos desejos e vaidades deste mundo.

É também a Veste Nupcial cantada nos versos da Gnosis Cristã. Veste essa que adorna e embeleza a Divina Sofia para o casamento do Cordeiro em S.João (Apocalipse).

Só com ela se pode entrar pelo Portal do Reino de Deus até o Salão das BODAS ALQUIMICAS.

Serão testemunhas os Seres Santos e Angélicos de Deus. Cristo é o Noivo, a Sofia a Divina Noiva.

A Gnosis, Madrinha, estará em júbilo.

Consumado será. Refar-se-á a Luz na Alma.

Ela estará de volta ao Lar. Velar-se-á a Luz da natureza dos desejos deste mundo.

A Unidade com o Pai estará realizada.

Mas não vamos nos perder no brilho dos devaneios e sonhos destas considerações, pois necessário se faz empreender a tarefa proposta que consciente, decidida e decisivamente deve-se realizar.

A Promessa pode deixar de ser promessa se trabalharmos e nos dedicarmos e ela com DEVOÇÃO e AMOR incondicional ao Cristo. Portanto, mãos à Obra.

O Prana, Essência Cósmica, retirado pelos pulmões é adicionado na corrente sanguínea através do coração, e misturado, por um processo que podemos chamar de amalgamento, aos nutrientes que a corrente sanguínea contém (nutrientes estes adicionados via fígado e baço, e proveniente dos alimentos líquidos e sólidos ingeridos e digeridos pelo estômago). Essa mistura amalgamada é transportada a todo o organismo através do sistema de circulação sanguínea e sistema linfático.

Não iremos examinar aqui os detalhes que compõe o processo todo, não é nossa tarefa.

O que particularmente nos interessa de fato são os SENTIMENTOS E EMOÇÕES (amálgama), que também são determinantes da qualidade da energia que injetamos no corpo físico, e conseqüentemente nos demais corpos. Então prana + nutrientes + sentimentos/emoções serão objetos de nossa atenção. Com muita atenção devemos considerá-los, pois com plena consciência e muita, muita mesmo, dedicação e persistência, é que se fará o trabalho de auxílio ao Mestre Interior. Temos uma “batalha” a ser vencida sobre a vaidade e os prazeres que nos “amarram”, nos “escravizam” aos desejos deste mundo. Pois então, ela já começou, frente a frente, “exército” contra “exército”, Luz da Verdade versus as trevas da ignorância, vaidade e natureza dos desejos deste mundo. E está exclusiva e unicamente na mão do Buscador da Luz o processo todo, com condução sempre presente do Mestre Interior e seus impulsos firmes e seguros, assistido que está pela Ekklesia do Cristo.

Tudo pronto e preparado, o Manto de Elias começa a ser tecido.

Os sentimentos e emoções passam a ser observados desde o seu nascimento, acompanhados em toda sua evolução, assistido em toda atuação e influências na mente e no corpo físico, as conseqüências e seqüelas que deixam após todo o estrago que fizerem no interior e no exterior, se forem más e destrutivas: ciúmes, inveja, ira, medo, despeito, frustração, etc. – provocado pela vaidade e desejos deste mundo. Se forem “boas e construtivas” um outro tipo de conseqüências e seqüelas poderão observadas após a passagem: alegrias, satisfação, perdão, carinho, amizade, conquistas pessoais, etc. – todas passageiras e também proporcionadas pela vaidade e desejos. Se entrarmos mesmo no âmago das conseqüências e seqüelas das ocorrências tidas “boas e construtivas”, inclusive piedosas e cristãs, iremos enxergar também a necessidade e luta, constante e quase sempre sobre-humana, empreendida para tornar duradouro e permanente a duração destes momentos e sensações prazerosas, satisfatórias, e mesmo benéficas. Mas como neste mundo tudo tem um começo, meio e fim, onde a lei da vida da natureza deste mundo de desejos da vaidade mostra toda a imperfeição e ilusão em que vivemos, um ditado popular é o que melhor expressa essa verdade:

“Não há mal que dure para sempre, nem bem que nunca se acabe”

Na manutenção dos bens conquistados, do amor do amado(a), do cargo ocupado, da satisfação da nova aquisição, etc., reside o cuidado permanente na preservação destes. As tristezas, decepções, frustrações poderão vir inevitavelmente. As energias, que deveriam ser utilizadas para fins de Libertação, ficam aprisionadas pela natureza dos desejos deste mundo. Dentro do circulo do nascer, viver e morrer. Não se percebe que, em verdade, nenhum bem, veja caro neófito e discípulo, nenhum bem, mesmo, irá acompanhá-lo no retorno ao pó da terra no fim da vida. Mesmo que sejam enterrados juntos com o corpo físico, não vão junto para a vida além tumulo. Tudo o que irá é somente a Consciência. Então, que tal considerarmos agora seriamente o trabalho, em pleno andamento, sem cair nas armadilhas deste mundo, para deixar de continuar a ser como mais um servo da ignorância, dos desejos e da vaidade ? Escravo dos sentimentos incontroláveis, das emoções, das paixões, das sensações ?

Agora já podemos considerar estes mesmos sentimentos, injetados e misturados continuamente no Athanor do Coração, com uma visão mais limpa e consciente das conseqüências, apoiados pelo diagrama de representação da Alquimia da Vida, no final do texto.

Na mistura dos três elementos no coração, (prana + nutrientes + sentimentos/emoções) o que se deve manter em mente primeiramente é a qualidade do alimento sólidos e líquidos que ingerimos para manutenção do corpo físico, e do ar que respiramos. Uma alimentação razoavelmente saudável pode contribuir para uma boa condição física. Agora vamos imaginar os sentimentos e emoções, que alimenta também os todos os corpos, se misturando (amalgamando) com os nutrientes e prana, e sendo distribuído através do sangue e linfa em TODAS AS CÉLULAS DO CORPO. Ora, se toda célula tem uma consciência própria para participar do conjunto do órgão onde faz parte, então o conteúdo do sangue e linfa é que determinará a qualidade da saúde e vida interna da célula, do órgão, do conjunto do corpo físico enfim, e conseqüente consciência geral resultante da soma das consciências celulares. Pode-se imaginar uma possível origem de doenças, de câncer aqui? Uma célula (ou células), face à qualidade alimentar orgânica, deixando de executar a tarefa peculiar à sua natureza e missão, como irá se comportar no órgão e conjunto do corpo, se “resolver” (ela tem consciência) mudar suas próprias atividades contrariando a economia local? Como as células vizinhas e irmãs irão reagir? Como o corpo reage quando alguma anomalia, estranha ao funcionamento normal do organismo e órgão, se faz presente? A célula se defenderá se o governo orgânico procurar eliminá-la como medida de segurança local e geral, mas e se ela puder se multiplicar e provocar um caos local ?

Vamos considerar uma outra situação: a célula não altera suas funções orgânicas básicas, mas não trabalha com eficiência. Então é rejeitada e descartada (ou se desliga ou desprende) do sistema local orgânico, se depositando em outro órgão e continuando a realizar as mesmas funções e ações inerentes somente ao local de onde proveio. Não provocaria também um caos no local onde está estacionada e deficientemente operante ?

Será salutar meditar profunda e cuidadosamente até se obter respostas interiores para o processo alquímico interior, que se realiza através do coração, antes de partir para a parte mais difícil, que agora já não será tão difícil assim, nem por isso fáceis, pois a vaidade e os prazeres deste mundo podem seduzir novamente a qualquer oportunidade, por mínima que seja, estrategicamente retardando e estacionando o avanço, pois sabem muito bem que a hora deles há chegado, e não se entregarão sem “luta pela sobrevivência e existência”. NÃO MESMO.

Assim temos de nos “limpar” do alimento “sentimentos e emoções” indesejáveis que corrompem a economia vital de nosso ser, se quisermos vencer o príncipe da natureza dos desejos deste mundo, que continuamente nos escraviza na vaidade, e nos consome pela ignorância, na linha do tempo da natureza decaída.

Como a ingestão dos líquidos e sólidos é uma questão de consciência alimentar e física, então o neófito e discípulo não precisa de maiores comentários referentes a isso, pois sabe muito bem como essa “limpeza” deve, é necessária e pode ser feita através de uma alimentação sadia e natural, etc..

Passemos então ao próximo passo: a “limpeza e purificação dos sentimentos e emoções”.

Tarefa tão gigantesca quanto ingrata, quase impossível, pois se trata da “morte dos prazeres e desejos” da vontade do eu exterior. É a temível “luta” interior que o neófito e discípulo vem retardando ao máximo, nunca considerando ou se colocando pronto para o desafio (mas em plena ação nas mãos do Mestre Interior, sua Consciência). Mas a hora chega e ele (o ego) tem que partir para a “batalha”, agora também para não ser lançado de volta ao “inferno” em que estava no inicio da Jornada, pois sabe muito bem das conseqüências da volta a este “inferno”. O neófito e discípulo jogaria fora Diamantes de Luz duramente conquistados ?

Difícil e quase impossível tarefa à frente, mesmo para começar. O Buscador da Luz considera a importância da preparação e antecipação do trabalho de demolição e reconstrução do corpo de desejos das paixões, emoções e sensações deste mundo, iniciando a inibição da ação do fogo da vaidade em si mesmo. E começa observando a atuação da vaidade, em suas multiformes manifestações, nos outros e no mundo em que está.

Neófito e discípulo, apenas observe como ela, a vaidade, se apresenta em múltiplas formas e atua como parte intrínseca da vida da humanidade, quase sempre inconsciente que é, pois é assim que se apresenta e atua em ti mesmo. Pense cuidadosamente nas conseqüências que podem advir ao procurar apontar, alertar e advertir, ou mesmo acusar, a manifestação da vaidade nos outros, para se evitar a instalação de desconfortos, antipatias e inimizades, uma vez que, praticamente, avaidade não admite admoestações, advertências e/ou acusações.

O neófito e discípulo já admite isso?

Olhando a humanidade estará olhando para si mesmo.

Comece então o trabalho de inibição da presença da vaidade e sua nefasta atuação através da satisfação dos desejos dos prazeres deste mundo, até sua completa transmutação e erradicação.

O Buscador da Luz, consciente que não pode enfrentar todos seus defeitos e natureza dos desejos deste mundo ao mesmo tempo, seria “suicídio”, aprende quedeve enfrentar um de cada vez.

Convém colocar agora que a “luta”, o “combate”, a “batalha”, “a guerra” e outras expressões com conotação de força e agressividade, usadas aqui em caráter puramente simbólico, nada mais são que a OBSERVAÇÃO, CONSTATAÇÃO, PACIFICAÇÃO e EXTINÇÃO da natureza dos desejos deste mundo corrompidos no homem.

Pode-se começar pelo estudo cuidadoso do diagrama a seguir, A ALQUIMIA DA VIDA.

A Prece e a Oração são a fonte de abastecimento de energias e ponto de apoio.

As Hostes Angélicas e os Seres Santos estão posicionados e se movimentam no Auxílio.


Mãos à Obra.

Vigiai e Orai.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Oração Rosa+Cruz




Não Te pedimos mais luz, oh Deus;
Senão olhos para ver a Luz que já existe.

Não Te pedimos canções mais doces,
Senão ouvidos para ouvir as presentes melodias.

Não Te pedimos mais força,
Senão o modo de usar o poder que já possuímos.
Não mais Amor, senão habilidade,
Para transformar a cólera em ternura.

Não mais alegria, senão como sentir
Mais próxima essa inefável presença,
Para dar aos outros tudo o que já temos
De entusiasmo e de coragem.

Não Te pedimos mais dons, amado Deus,
Mas apenas senso para perceber
E melhor usar os dons preciosos
Que já recebemos de Ti.

Faze que dominemos todos os temores,
Que conheçamos todas as santas alegrias,
Para que sejamos os amigos que desejamos ser,
Para transmitir a Verdade que conhecemos.
Para que amemos a pureza,
Para que busquemos o Bem,
E, com todo o nosso poder, possamos elevar, a
Todas as Almas, chispas do mesmo fogo divino,
A fim de que vivam em Harmonia e
Na Luz de uma Perfeita Liberdade.

Fonte: aqui
Colaboração: José Geraldo, FRC

domingo, 18 de julho de 2010

PENTAGRAMA, PANTÁCULO, TALISMÃ E AMULETO


PENTAGRAMA, PANTÁCULO, TALISMÃ E AMULETO
Por um S.I.

Os escritores em geral, na ânsia de levar a informação aos buscadores, confundem os seus leitores, associando, e tornando sinônimos, os termos Pantáculo e Pentagrama e referem-se a eles, umas e outras vezes, como tendo o mesmo significado ou a mesma aplicação; mas, devemos lembrar que o Pantáculo é um instrumento de trabalho e o Pentagrama um símbolo e, sendo o Pantáculo um instrumento que pode conter símbolos, evidentemente, pode conter o Pentagrama. Porém, o Pentagrama usado com determinadas finalidades serve, também, como instrumento de trabalho, ou Pantáculo. Outras associações que são feitas ao Pantáculo referem-se aos talismãs e amuletos. Então, para melhor entendimento, vamos analisá-los separadamente.O estudo dos Talismãs e Pantáculos é um dos mais curiosos da magia e se refere à numismática histórica.Alguns autores usam os termos com o sufixo grama, para designar selos, pentáculos, elementos da simbólica, etc, o que deixa confuso o pesquisador desatento.

 Comumente encontramos essa mistura nos conceitos do tetragrama, do pentagrama e do hexagrama e ficamos sem saber qual o correto: se o quadrado ou o tetragrama; se o pentágono, o pantáculo ou o pentagrama; se o hexágono, o pantáculo de Salomão, o Selo de Salomão, ou o hexagrama; pois todos são apresentados como tendo a mesma aplicação místico/esotérica. Em alguns casos os termos se confundem, como são os casos do Selo de Salomão, os Pentáculos e Pentagramas, e os tetragramas, pois a idéia primordial está implícita em todos eles, com exclusão das figuras geométricas. Assim, não raras vezes, os estudantes de esoterismo se desorientam e não conseguem distinguir uns dos outros. Vamos então analisá-los e concluir que as terminologias são diferentes.

Convém definir os termos, segundo o Dicionário do Aurélio: "Pent(a)"(do grego pente) Elemento de composição = cinco. "Grama" equivalente de "gramato". "Gramat(o)" (do grego gramma, atos) Elemento de composição = letra, escrito: gramatologia (tratado das letras, alfabeto, leitura e escrita). "Pentagrama" (Do grego pentagramma) 1 - Pauta de cinco linhas. 2 - Figura ou símbolo formado por cinco letras ou sinais, e ao qual se atribuem poderes mágicos: "O 5 resplandece nas cinco pontas do pentagrama, o mais famoso símbolo das artes mágicas, a estrela da sorte e do exorcismo." (Augusto Meyer, A Forma Secreta, p. 158). "Pentágono" - Polígono de cinco lados. Podemos concluir:

a) O Pentagrama é o símbolo do microcosmo, como veremos a seguir.

b) O Selo de Salomão é o símbolo da unidade cósmica, assim como a sua complexidade.

c) O hexagrama vem a ser a reunião de seis letras ou caracteres, não necessariamente aplicadas em figuras geométricas, podendo ser apenas as letras agrupadas, como acontece com o tetragrama sagrado dos hebreus YHVH (tetra = 4 + grama = letras). Assim ocorre, também, com os trigramas, os pentagramas, os eneagramas, etc. No caso do Selo de Salomão (ou a estrela de seis pontas) quando recebe seis letras ou caracteres passa a ser o hexagrama. Se quisermos dizer corretamente será: o pentagrama de Fausto, o pentagrama de Ezequiel, o hexagrama com o Selo de Salomão, ou o hexagrama de Salomão (tendo em vista que podemos ter hexagramas que não contenham o referido selo), etc.

d) O pantáculo é um instrumento de trabalho ritualístico, que pode conter o pentagrama, o hexagrama ou, ainda, o Selo de Salomão.

e) O pentágono e o hexágono são figuras geométricas e não encontramos representação simbólica nos compêndios de misticismo e esoterismo, a não ser - por nossa dedução - a representação mística dos números 5 e 6, que veremos no Estudo dos números.

f) Agora podemos concluir, claramente, que o pentagrama é uma coisa, o hexagrama é outra, o Selo de Salomão outra, o pantáculo diferente do pentagrama, do hexagrama, e do selo, e o pentágono e o hexágono figuras geométricas. E ver, finalmente, que todos podem ser conjugados ou usados separadamente, sem que haja confusão nas terminologias.


O Pantáculo

O Pantáculo é um instrumento conhecido por todos os esclarecidos estudantes de Magia. Nos tratados de magia, dá-se o nome de Pantáculo a um selo mágico, muitas vezes impresso em pergaminho virgem, feito de pele de bode, ou gravado em metal precioso, tal como o ouro ou a prata. Triângulos, quadrados, estrelas de cinco ou seis pontas inscrevem-se nos círculos do selo; letras hebraicas, caracteres cabalísticos, palavras latinas se desenham sobre figuras geométricas. Considera-se que os selos têm relação com realidades invisíveis, cujos poderes eles permitem compartilhar. Eles podem servir para suscitar os tremores de terra, o amor, a morte e para lançar toda a espécie de sortilégios. Eles simbolizam, captam e mobilizam, ao mesmo tempo, os poderes ocultos. Basicamente o Pantáculo é um pedaço circular de madeira, que também pode ser feito de metal como cobre ou estanho e graficamente é representado como um círculo contendo símbolos, quaisquer que sejam: figuras geométricas , triângulos, quadrados, pentagramas, hexagramas, etc. , onde, eventualmente, são aplicadas letras hebraicas, caracteres cabalísticos; palavras latinas; animais sagrados; e muitos outros; ou a conjugação deles. O Pantáculo é um símbolo da Terra e o menos compreendido dos instrumentos mágicos. Pode ser feito de madeira ou metal e é o único que muda e cresce com o próprio Mago. Toma a forma de um disco com símbolos inscritos em ambos os lados, com valor pessoal para o Mago. De um lado está aplicada de forma simbólica a idéia que o Mago tem do Deus supremo em qualquer tradição que esteja trabalhando; estes símbolos são o resultado de muita meditação e pensamentos profundos. 

Do outro lado, seguindo a mesma forma de disciplina mental, ele deve desenvolver um símbolo que representa a si mesmo em relação àquela Divindade. Assim como o universo e a Divindade mudam e se adaptam ao novo crescimento, os símbolos também mudarão após um certo período de tempo. Começa-se com uma idéia do criador e de si próprio em justaposição a como a vê agora , mas o Mago à medida que crescer em compreensão e sabedoria, precisará fazer um novo Pantáculo, então, com novos símbolos.O Pantáculo se parece bastante com a Roda da Fortuna no baralho do Tarô: a roda da vida, nascimento e morte. Cada novo disco será uma prova de seu crescimento.Assim, temos pentáculos que recebem nomes de acordo com os seus idealizadores ou dos símbolos que contém, por isso podemos ter: Pantáculo de Fausto (contendo o Pentagrama idealizado por Fausto), Pantáculo de Pitágoras (idealizado pelo próprio), Pantáculo de Ezechiel (idealizado pelo próprio), Os Pentáculos de São João (contendo os Sete Selos de São João), Pantáculo de Salomão (contendo o Hexagrama, ou o Selo de Salomão), e muitos outros.

O Pentagrama

Geometricamente é uma figura formada por cinco triângulos, ligados por suas bases, que contém caracteres, conforme mostrado anteriormente.Misticamente a chave do seu significado é o número cinco, que representa a quinta essência dos alquimistas, sendo os quatro elementos - terra, água, fogo e ar - formadores da matéria e o quinto elemento, ou quinta essência, de natureza celestial. Na verdade, esse quinto elemento era, segundo o concebiam os alquimistas, a prima matéria (primeira matéria). Acreditava-se que não só os outros elementos se haviam originado desta quinta essência, como também se julgava que ela era a Mente Universal ou Cósmica, que dirigia a formação de todas as propriedades e substancias. Assim, ela era uma força mental imortal.

Segundo a tradução de um arcaico manuscrito rosacruz de alquimia dizia em parte, "A quinta essência é o poder, a qualidade e a virtude de tudo e cada coisa na Natureza. Portanto, podemos considerar a quinta essência como constituindo um quinto elemento dentro de toda matéria. Como tal, ela forma a base da qual fluem os quatro elementos inferiores visíveis: fogo, água, ar e terra. Esses quatro elementos bem conhecidos podem ser considerados a morada da quinta essência. A quinta essência é uma essência muito sutil, que penetra todos os objetos, que, embora esteja oculta dentro de toda e cada substância, pode, não obstante, ser tornada particularmente discernível. Pelo seu poder e sua atividade, todos os objetos são mutuamente atraídos ou repelidos, de acordo com suas polaridades".

O Pentagrama, que é chamado, nas escolas gnósticas, a estrela flamejante, é o sinal da onipotência e da autocracia intelectuais.É a estrela dos Magos; é o sinal do Verbo feito carne; e, conforme a direção dos seus raios, este símbolo absoluto em magia representa o bem ou o mal, a ordem ou a desordem, o cordeiro de Ormuz e de São João ou o bode maldito de Mendes; é a iniciação ou a profanação; Lúcifer ou Vésper; a estrela da manhã ou da tarde; é a vitória ou a morte; a luz ou a noite.O Pentagrama elevando ao ar duas das suas pontas representa Satã e quando eleva ao ar um só dos seus raios representa O Salvador. 

O Pentagrama é a figura do corpo humano com quatro membros e uma ponta única que deve representar a cabeça. Uma figura com a cabeça para baixo representa naturalmente um demônio, isto é, a subversão intelectual, a desordem ou a loucura.Ora, se a Magia é uma realidade, se esta ciência oculta é a lei verdadeira dos três mundos, este signo absoluto, tão antigo como a história e até mais que a história, deve exercer, com efeito, uma influencia incalculável sobre os espíritos desembaraçados dos seus envoltórios materiais.O signo do Pentagrama chama-se também o signo do microcosmo, e representa o que os cabalistas do livro de Zohar chamam o microprósopo. A interpretação completa do Pentagrama é a chave dos dois mundos. 

É a filosofia e a ciência natural absolutas.A estrela alegórica dos magos outra coisa não é senão o misterioso Pentagrama; e estes três reis, filhos de Zoroastro, guiados pela estrela flamejante ao berço do Deus microcósmico, seriam suficientes para provar as origens inteiramente cabalísticas e verdadeiramente mágicas do dogma cristão. Um destes reis é branco, outro é preto e o terceiro é moreno. O branco oferece ouro, símbolo da vida e da luz; o preto oferece mirra, imagem da morte e da noite; o moreno apresenta o incenso, emblema da divindade do dogma conciliador dos dois princípios; depois, voltam a seu país por um outro caminho, para mostrar que um culto novo é simplesmente um novo caminho para levar a humanidade à religião única, a do ternário sagrado e do irradiante Pentagrama.Como vemos, todos os mistérios da Magia, todos os símbolos da Gnosis, todas as figuras do ocultismo, todas as chaves cabalísticas da profecia, se resumem no signo do Pentagrama, que Paracelso proclama o maior e mais poderoso de todos os signos.

Será para se admirar, depois disso, da confiança dos magistas e da influencia real exercida por este signo sobre os espíritos de todas as hierarquias? Os que desprezam o sinal da cruz tremem ao aspecto da estrela do microcosmo. O Mago, pelo contrário, quando sente enfraquecer-se a sua vontade, leva os olhos para o símbolo, toma-o na mão direita e sente-se armado da onipotência intelectual, contanto que seja verdadeiramente um rei digno de ser guiado pela estrela ao berço da realização divina; contanto que saiba, que ouse, que queira, e que se cale; contanto que conheça o emprego do pantáculo, do copo, do bastão e da espada; enfim, contanto que os olhares intrépidos de sua alma correspondam a estes dois olhos que a ponta superior do Pentagrama de Fausto lhe apresenta sempre abertos. Finalmente, não podemos esquecer dos Pentagramas de invocação e banimento, traçados no ar pelos oficiantes de diversos cultos ou rituais.

Talismã e Amuleto

Há muita confusão entre amuletos e talismãs. Não deveria haver, pois são bem diferentes no trabalho para o qual são designados. O talismã seria um objeto mágico carregado com a força real que deve representar. É um objeto ativo, cheio de uma força igualmente ativa, destinado a criar um certo conjunto de leis mágicas ao redor da pessoa para a qual foi feito. É como um sinal sobre a cabeça de alguém, que diz: "Olhe, é este aqui". 

Em termos modernos é semelhante a um código postal que dirige a correspondência para sua casa.Se feito de maneira apropriada, continuará a funcionar por um período que durará tanto quanto tiver sido designado, sem que nada mais precise ser feito, autoperpetuante, na verdade. Um amuleto é como um capacete de proteção, é protetor em sua maior parte, afastando as más influencias daquele que o usa. 

Algo usado continuamente, como um São Cristóvão usado como escudo contra acidentes durante uma viagem, uma cruz/crucifixo contra o mal de qualquer tipo, uma cruz ansata, um pantáculo, ou qualquer tipo de símbolo usado em volta do pescoço é basicamente um amuleto contra uma ou outra coisa, mesmo que a pessoa que o use negue, a intenção permanece no subconsciente. Freqüentemente é dado de presente e por isso carrega os desejos e preces daquela pessoa pela sua segurança e contínuo bem-estar. Se forçarmos a memória, lembraremos de muitos amuletos usados, por pessoas que conhecemos.

* * *

Fonte: http://www.geocities.com/Athens/Stage/4223/talisma.html

sábado, 10 de julho de 2010

A Ordem Cabalística da Rosa-Cruz - O.K.R.C.

Autor: desconhecido



Aquele que misturou a corrente científica com a corrente literária do ocultismo foi Stanislau Guaita, descendente dos marqueses de Guaita, entre os quais se contava um monarca chamado Frederico Barbarruiva; partilhou a sua vicia entre o castelo de Alteville, perto de Deixe (Lorraine), onde nasceu, em 1861, e a sua residência em Paris. No liceu de Nancy, foi condiscípulo de Maurice Barrés, que fez dele o Saint-Phlin dos Desenraizados, e diz: «Amámo-nos e influenciámo-nos um ao outro, numa idade em que se fazem as primeiras escolhas livres» (63). Os dois amigos, quando eram estudantes de filosofia na aula de Burdeau, liam juntos, todas as noites, Baudelaire. Entregaram-se à química e à medicina, cuidando de camponeses da região. Estanislau de Guaita foi, inicialmente, um poeta simbolista e publicou três colectâneas de poemas: Os Pássaros de Passagem (1881), A Musa Negra (1883) e Rosa Mística (1883). Mas, a 10 de Outubro de 1884, escrevia a Barrés que tinha começado durante o Verão a estudar a Cabala: «Lê os livros de Eliphas Lévi, (o abade Constant) e verás que nada há mais belo do que a Cabala. E eu, que sou bastante forte em química, espanto-me de ver até que ponto os alquimistas era verdadeiros sábios». Aprendeu o hebreu para aprofundar o Zohar, referindo-se à importante glosa de Knorr von Rosenroth, Kabala Denudata, publicada em dois volumes, em Francoforte, no fim do século XVII.

Estanislau de Guaita empreendeu os «Ensaios de Ciências Malditas» a fim de libertar o ocultismo das suas falsidades. Em 1886, em No Limiar do Mistério, declarou: «A Grande Magia não é um compêndio de divagações mais ou menos espíritas, arbitrariamente erigidas em dogma absoluto: é uma síntese geral - hipotética e racional - duplamente fundada sobre a observação positiva e a indução por analogia»(64). Esta exposição histórica séria de um assunto que era tratado com ligeireza impressionou o público: «Para muitos foi uma revelação», afirmava um testemunho(65). Este livro teve, em breve, duas reedições revistas e aumentadas, e elevou bruscamente Guaita à posição de dirigente do movimento ocultista francês.

Desde que se viu rodeado de discípulos, quis logo dar à sua acção uma coesão que os colocasse na vanguarda: «De 1880 a 1887, os iniciados tiveram motivo para se inquietar: as sociedades estrangeiras iniciaram uma intriga para desfavorecer a França e deslocar para Londres a direcção do ocultismo europeu»(66). Foi por isso que Estanislau de Guaita fundou, em Maio de 1887, em Paris, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz, tendo como missão o combate à feitiçaria com todas as suas torpezas e parvoíces, onde quer que a encontrassem: «Os Irmãos empenharam-se com honra na perseguição dos adeptos da goétia, os que se chama a si próprio magos, cuja malícia e o ridículo lançam o descrédito sobre os nossos mistérios, e cuja atitude ambígua, tanto como as doutrinas escandalosas, desonram a Fraternidade universal da grande e divina Magia, à qual afrontosamente reivindicam o direito de pertencer»(67).

Os Irmãos reunidos em torno de Guaita foram, entre outros, Joséphino Peladan, Papus, Julian Lejav, fundadores da «Sociologia analógica», Agostinho Chaboseau, especialista de budismo, o romancista Paul Adam, que acabava de alcançar a celebridade com Carne Mole (1884) e que preparava a continuação romanesca As Vontades Maravilhosas, Georges Polti, autor de uma Teoria dos Temperamentos (1889), Victor-Émile Michelet, poeta, contista e ensaísta de O Esoterismo na Arte, Albert Jounet, teórico do Esoterismo e Socialismo (1891), Françoís-Charles Barlet, cuja cultura enciclopédica alimentou o seu Ensaio Sobre a Evolução da Ideia (1891). Alta (pseudónimo do abade Mélinge), comentador do Evangelho segundo S. João.

A Ordem Cabalística da Rosa-Cruz era regida pelo Conselho Supremo dos Doze (seis dos quais deviam manter-se desconhecidos), dividida em três câmaras: a câmara de direcção, a câmara de justiça e a câmara de administração. Havia, além disso uma câmara dogmática, uma câmara estética (dirigida por Péladan), e uma câmara de propaganda (animada por Papus). A Ordem de que Estanislau de Guaita era grão-mestre ministrava um ensino sancionado por um bacharelato de Cabala e, para os aprendizes do segundo grau, uma licenciatura em Cabala. No terceiro grau, passava-se no doutoramento pela defesa de uma tese, num rés-do-chão da Avenida Trudaine, diante de examinadores de cabeceira branca e vestidos de toga vermelha. Quando o número de «Irmãos Iluminados» previsto pela constituição foi atingido, Guaita não admitiu mais ninguém na Ordem.

Ele tinha uma profunda amizade por Joséphin Péladan, o romancista que denominaram o Balzac do ocultismo, por causa da sua «etopeia» A Decadência Latina, ciclo de vinte romances, começado em 1884 com O Vicio Supremo, que tinha como herói o mago Merodack (cuja reedição de 1886 foi corrigida de acordo com os conselhos de Guaita). Mas Péladan era um católico intransigente e um inimigo da filosofia alemã, enquanto que Guaita, admirador desta, costumava dizer: «Entre os católicos, os únicos que não são imbecis são os esotéricos e os místicos»(68). E Guaita ora mortificava Peladan: «Hei-de provar-te, de forma clara como a água, que aquele que perde um instante que seja com o exoterismo da Bíblia e dos Evangelhos não merece o nome de cabalista e pensador», ora o punha em guarda: «Toma cuidado não te venhas a tornar, efectivamente, um fanático. Os fanáticos são feios (desfigurados pelo ódio) e cheios de caspa - talvez por causa do espírito de mortificação»(69).

De qualquer modo, em 1890, Péladan provocou um cisma pela criação da Terceira Ordem Intelectual da Rosa-Cruz, da qual se qualificou Hierarca supremo sob o nome de Sar Merodack Péladan (significando Sar em Assírio, Rei), grão-mestre da Rosa-Cruz do Templo do Graal. Organizou seis salões que reuniam cento e setenta artistas, cuja organização entregou ao conde de Larmandia, que nomeou «comendador de Guboura» (pois conferia aos seus amigos títulos inspirados pelos dez Sephirot). O primeiro salão, em casa de Durand-Ruel, começou por uma «inauguração fantástica»; contaram-se mais de vinte e dois mil e seiscentos visitantes das artes e das letras parisienses, desde a aristocracia até Verlaine «no seu traje de passeio de hospital»(70). Houve uma soirée triunfal onde a «pastoral caldaica» de Péladan, O Filho das Estrelas, foi interpretada com música de Erik Satie. O segundo salão teve lugar, em 1893, no Palácio de Campo-de-Março, acompanhado por um manifesto de Péladan, «cardeal laico», que apresentou a sua Ordem como uma «confraria de caridade intelectual», que «visita os doentes da vontade e os cura da vertigem da passividade (...), consola os prisioneiros das necessidades materiais (...) e resgata os cativos dos preconceitos»(71), apontando-lhe doze objectivos. Tais «gestos de exteriorização estética» (como ele chamava aos seus salões), eclipsaram pela sua mundanidade os trabalhos da Rosa-Cruz cabalista. Ainda hoje, nos manuais de história literária, se fala mais de Péladan, cabalista fantasioso (que, aliás, tinha talento e uma agradável extravagância), do que do grande filósofo Estanislau Guaita.

Enquanto a Terceira Ordem assumia o escândalo a brincar, a Ordem cabalística era um grupo verdadeiramente anticonformista de eruditos e letrados. Um dos melhores amigos de Guaita, o cónego Roca, a quem as teorias sobre o cristianismo esotérico, que prometia «os novos céus e a nova terra», valeram a interdição por parte da Igreja (que lhe recusou mesmo a sepultura cristã quando morreu, em 1893), tinha corrido durante quinze anos a Europa vasculhando bibliotecas, nomeadamente «a famosa Colombina da catedral de Sevilha». O próprio Estaníslau de Guaita se comportava como um antipapa, proferindo violentos anátemas. Explodiu contra «a chusma de encantadores e feiticeiras de baixo nível», contra «a corte de místicos duvidosos» e atacou com desprezo o espiritismo: (As práticas espíritas consistem sobretudo na evolução dos mortos queridos. O cerimonial usado para esse efeito nada tem desse espectáculo de inegável grandeza que salva ainda, aos olhos do artista, os ritos mais sacrilégios da antiguidade sacerdotal»(72). Os médiuns não obtêm, também, as suas graças: «Os médiuns são, na sua maioria, pobres seres doentios, clientes sem o saberem de um verdadeiro onanismo cerebral»(73) .

Para levar a bom termo os seus ensaios de ciências malditas, Guaita reuniu a mais importante biblioteca de ocultismo que jamais existiu. Procurando incansavelmente documentos raríssimos, reuniu manuscritos iluminados da Idade Média, clavículas, engrimanços e curiosidades tão pouco conhecidas como as obras de Jehan Boulaese, o principal discípulo de Postel, ou o tratado de Bossardus, De Divinatione et magico praetigis. Quando esta biblioteca foi posta à venda pelos seus herdeiros, o catálogo enumerava 1653 livros, todos eles desaparecidos dos circuitos comerciais e alguns que nem sequer figuravam na Biblioteca Nacional. Ele tinha-os lido e relido, anotado e acrescentado folhas com comentários, tal como disse o seu amigo conde de Pouvourville (aliás, Matgioi): «Guaita trabalhava sobre os seus livros»(74). Toda a sua obra assentou sobre essa documentação excepcional da qual tirou um partido filosófico incomparável.

Estanislau de Guaita declarou-se defensor da «Cabala universal», não aquela dos rabinos, que glorificava o judaísmo, nem a dos humanistas do Renascimento, que pretendia engrandecer o cristianismo, mas a interpretação sábia dos textos sagrados feita para compreender a humanidade mesmo antes de haver as religiões. Eis a etapa nova e provavelmente definitiva da Cabala filosófica. Ele queria continuar «Paracelso, Ëliphas Lévi, Keleph-ben-Nathafl, Martines e toda a escola esotérica do Ocidente»(75). Dizia ele: «Não recorremos à Cabala zohárica (ou pelo menos ela não tem valor de autoridade para nós), a não ser subsidiariamente». Contudo, partia de Moisés: «A doutrina secreta de Moisés constitui o que nós chamamos a Cabala primitiva, a qual se materializou paralelamente à própria língua dos santuários». Mas de um Moisés que, segundo a tese de Fabre d’Olivet, teria participado da religião egípcia e que teria como único escrito autêntico a Génese, «o livro dos princípios cosmogónicos, onde a ciência colossal do passado dorme sob um triplo véu de hieróglifos»(76) .

Guaita afirmava que o Deus Pai não é Iawhé, mas Adão Kadmon, o homem celeste primordial, representante do verbo divino. A seu lado encontra-se «a nossa Mãe celeste», Eva, ou a Sofia dos gnósticos, ou a Natureza naturante esposa do Espírito puro, «numa palavra, a Providência ou a consciência universal da Vida-Princípio». Identificava Adão Kadmon aos dez Sephiroth, enquanto que para Reuchlin ele era apenas a Sephora Tipheret; mas o ponto de vista revolucionário de Guaita relaciona-se com A Porta dos Céus, de rabi Cohen Irira, reproduzido na Kabbala Denudata. Foi esse «o Grande Arcano cabalístico para o seu grupo, e Alberto Jounet pôde tirar a segumte inferência do facto: «O que distingue a cabala antiga da nova é, sobretudo, o papel importante que esta atribui a Adam Kadmon»(77).

Guaita começou, em 1887, o seu tríptico A Serpente da Génese, deveria ter três volumes de sete partes cada um, ou seja, um todo de vinte e uma partes correspondendo a vinte e um arcanos do Tarot, sendo a conclusão inspirada pelo vigésimo segundo. Ele explicou ao seu secretário, Oswald Wirth, que pretendia exprimir a Grande Doutrina do ocultismo, quer dizer, «uma síntese radical, absoluta e precisa como as matemáticas, e profunda como as próprias leis da existência»(78). Em O Templo de Satã, o primeiro volume, atirou-se à feitiçaria, essa magia às avessas que os ignorantes e os invejosos muitas vezes confundiram voluntária ou involuntariamente com a santa Cabala». Observando que Shatan, em Números, tem apenas um sentido adverbial análogo a adversus, em latim, que significa contra, exclama: «Só tens uma desculpa, á príncipe das Trevas, é que não existes!... Ou, pelo menos, não és um ser consciente: negação abstracta do Ser absoluto, só tens a realidade psíquica e voluntária que te dão os perversos em que te incarnas»(79). Demonstrou, ao passar em revista as aberrações dos satanistas antigos e modernos, que são os idiotas, os nervopatas ou os praticantes vulgares do judeo-cristianismo que crêem no Diabo, enquanto que a Serpente da Génese, para os verdadeiros iniciados, é antes de mais nada a Luz astral, Aor, Nahash, «esse fluido implacável que governa os instintos», e em seguida «o egoísmo primordial», causa da decadência de Adão e do Mal metafísico.

O segundo volume, A Chave da Magia Negra (1897), que levou sete anos a acabar, expunha «A Inteligência da Natureza», a fim de abolir a noção de sobrenatural: «O vocábulo sobrenatural aplicado aos fenómenos da natureza parece-nos tão cómico como seria atribuir às essências espirituais o vocábulo Hiper divino»(80). Guaita descreveu com uma precisão científica as forças invisíveis que nos rodeiam, desde a Luz astral, «suporte hiperfísico do universo sensível», aos Indígenas do astral, «essas larvas nos quais os cabalistas não vêem mais do que cascas, carapaças inanimadas (córtices, Kliphoth)», agindo como «potências da dissolução emanadas do Herbe». Com efeito, a Luz astral compreende duas correntes antagonistas: «Essa imensidão psico-fluídica é movida sem tréguas por dois agentes ocultos, reitores dessas correntes: uma força compressora (Herb) e uma força expansiva (Jânah): a primeira, constritiva ao longo da cadeia do Tempo; a outra, abundante através das planícies do Espaço» (81).

Há neste livro um capítulo extraordinário sobre a morte, que ajuda a compreender porque é que Wirt qualificou o seu mestre de «platónico cabalista». Guaita distingue quatro vidas no homem (vida universal, vida individual, vida celular e vida química ou atomística) e definiu a morte como «a rotura do elo simpático DAS VIDAS». A forma alucinante como relata «a odisseia dos elementos que sobrevivem ao corpo», as agressões de que são vítimas por parte dos Masikim (que são «os vermes, os corvos e as hienas do Invisível»), o refúgio que encontra a alma na Antictona, terra espiritual, ou entre os «Hóspedes do cone de sombra», é de um pensador alimentado pela Cabala de Issac Luria e de um poeta da grande espécie.

Não teve tempo de acabar o terceiro volume, «O Problema do Mal» que devia conter a sua cosmogonia e resolver o «enigma dos enigmas» o Mal, mas as páginas magníficas que subsistem, e que tratam das «correntes fatais de instinto» e da «Queda de Adão», indicam que ele queria aí estudar a relação entre o Adão celeste (macrocosmo) e o Adão terrestre (microcosmo): «Os iniciados de todos os santuários do esoterismo consideram a Queda de Adão (esse ser cosmogónico, sejam quais forem os nomes diversos que tenha usado), como a causa universal da Involução.»(82) A involução é «a materialização progressiva do espírito», e a evolução é «a reaparição do espírito emergindo do cerne da matéria que ele fecundou, animado e virtuoso». Enganam-se aqueles que situam a Queda de Adão no início da história da humanidade: «Primeiramente a Queda de Adão não é anterior nem posterior ao que quer que seja; ela é eterna. Cada vez que um espírito desce para se incarnar numa forma qualquer, ele comete o pecado original, e a Queda de Adão realiza-se nele, ínfimo submúltiplo de Adão.»(83)

Estanislau de Guaita gozou de uma reputação bizarra e muito pouco justificada. Era um homem de cabelos e barba louras, de olhos azuis, «com umas mãos notáveis pela sua beleza» (dizia Barrés), que vivia perto de Paris num apartamento atapetado de vermelho do qual não saía durante semanas. A sua existência era consagrada ao conhecimento esotérico e respondia à sua mãe que se lamentava do seu anticlericalismo: «Sou um soldado do exército do Verbo. Tenho sede de Justiça e de Verdade, e procuro uma ou outra onde julgo ir encontrá-las»(84), conta-se que tinha um fantasma familiar, escondido num armário. Paul Adam afirmava: «O tal fantasma aparecia quando estávamos à mesa. A sua forma indecisa mantinha-se num dos cantos da sala de jantar». Este fantasma devia muito à imaginação de uma velha criada a quem este armário, que continha drogas, era interdito. Para acalmar as dores da doença que o matou, Guaita tornou-se morfinómano. Mas manteve com a morfina a mesma relação lúcida que Thomas de Quincey teve com o ópio, e dela extraiu, talvez, a intensidade das suas percepções no plano astral. Estanislau de Guaita morreu no seu castelo de Alteville, em 1897, com trinta e seis anos, e Maurice Barrés disse com emoção sobre a sua tumba: «Sei que ele foi um filósofo, se, como eu creio, a filosofia é perante a vida a obsessão do universal é diante da morte a aceitação.» (85) Por seu lado Josephin Péladan, reconciliado, rendeu-lhe esta homenagem: «No renascimento das ciências mortas, a Tua filosofia permanecerá inesquecível, tal como a Tua obra; Tu foste, para todos, o cavalheiro do Oculto... Venero-te»(86).

A Ordem Cabalística da Rosa Cruz prolongou-se ainda por alguns anos, sob a direcção de Barlet, permanecendo o modelo exemplar do que pode fazer um grupo de escritores decididos a explorar «a Cabala universal». Franz Hartmann, que tentou formar na Alemanha uma Fraternitas análoga com a condessa Wasbtmeister, fez dela uma simples sociedade de accionistas. Seguidamente, os dois números especiais sobre a Cabala que publicaram os iniciados do Véu de Isis, em 1933, mostraram que o esoterismo moderno deixara de a privilegiar: deram-lhe o valor de uma «cadeia iniciática», unindo o presente ao passado e prosseguindo do presente para o futuro, unindo num conjunto o que está atrás e diante do homem, mas reconhecem também outros ciclos tradicionais, e admitem a possibilidade de os harmonizar todos numa «cadeia de mundos», dos quais a Cabala não seria mais do que um dos elementos fortes.

Notas
(63) Maurice Barrés, Un rénovateur de l’occultisme: Stanislas de Guaita (Paris, Chanuel, 1898).
(64) Stanislas de Guaita, Au Seuil du mystêre (Paris, G. Carré, 1886).
(65) Matgioi, Nos maitres. Stanislas de Guaita (Paris, Libraifle hermétique, 1909).
(66) Maurice Barrês, Stanislas de Guaita, op. Cit
(67) Stanislas de Guaita, Le Temple de Satan (Paris, Libririe du Merveilleux, 1897)
(68) Lettres inédites de Stanistas de Guaita au Sar Joséphin Péladan (Lausana, Pierre Genillard, 1952)
(69) Lettres inédites de Stanislas de Guaita, op. cit.
(70) Comté de Larmandie, L’Entracte idéal. Histoire de la Rose-Croix (Paris, Chacornac, 1903).
(71) Catalogue du second Salon de la Rose-Croix (Paris, Librairie Nilsson, 1893).
(72) Le Temple de Satan, op. cit.
(73) Stanislas de Guaita, La Ctef de la magie noire (Paris, G. Carré, 97).
(74) Matgioi, op. cit.
(75) Keleph-ben-Nathan era o pseudónimo de Dutoit-Membrini, um teósofo de Genêve, autor de La Philosophie divine (1793), que Guaita considerou «uma obra admirável, apesar de alguns erros».
(76) La Clef de la magie noire, op. cit.
(77) Albert Jounet, La Clef du Zohar (Paris, Chacornac, 1909).
(78) Oswald Wirth, Stanilas de Guaita. Souvenirs de son secrétaire (Paris, Ëditions du symbolisnie, 1935)
(79) La Clef de la Magie, op. cit.
(80) Ibid.
(81) Ibid.
(82) Stanislas de Guaita, Le Problème du Mal (Levallois-Perret, Ëditions du Symbolisme, 1949).
(83) Ibid.
(84) Carta citada por André Billy em Stanilas de Guaita (Paris, Mercure de France, 1971).
(85) Maurice Barrès, Stanilas de Guaita, op. Cit.
(86) Joséphin Péladan, L'Occulte catholique (Paris, 1899).
Fonte: Alexadrian, Historia da Filosofia Oculta. Lisboa, Edições 70.
 

 
  

SAÚDE - U.R+C.I.




           CONSELHO INTERNACIONAL 
           DE PESQUISA UNIVERSIDADE ROSE-CROIX


É com satisfação que apresentamos as considerações abaixo, voltadas para o assunto da saúde, e que respondem a inúmeras perguntas feitas por nossos Neófitos. O discurso que ora apresentamos foi escrito por um membro do Conselho Internacional de Pesquisas da AMORC, o qual está perfeitamente qualificado para tratar do assunto. O tema e seu desenvolvimento são tratados de modo geral, mas você encontrará no discurso muitas informações e idéias perfeitamente aplicáveis a seus assuntos pessoais. Preleções a respeito da saúde serão feitas em maior profundidade em nossas lições semanais. O material que ora apresentamos, entretanto, pode trazer-lhe benefícios imediatos de natureza prática. Este discurso especial poderá ser lido por um parente ou amigo, ainda que não seja Membro da AMORC, caso você julgue que sua leitura poderá auxiliá-los de alguma forma.

SAÚDE
Gerald F. Keegan, M.D.,F.R.C.

            Saúde e doença são condições relativas, como é relativo dizer que um copo com água está meio cheio ou meio vazio. Uma pessoa pode estar totalmente livre de doenças objetivas sem estar totalmente saudável em termos de seu potencial pleno. Outra pessoa, portadora de algum mal objetivamente mensurável, pode sentir-se (e estar) muito saudável.

            Quando falamos de saúde, não devemos falar em termos de manutenção e prevenção, mas também em termos de restauração de um estado ideal de bem-estar.

            A manutenção da saúde é um processo ativo e dirigido. Se você deseja maximizar seu potencial de bem-estar, deve desenvolver seus próprios programas de exercícios, dieta e recreação, e, concomitantemente, assegurar seu bem-estar espiritual. A redução do “stress” e o desenvolvimento de técnicas de meditação são essenciais para o total desenvolvimento do potencial da saúde.

            Os exercícios de um ou outro tipo são benéficos para todos nós. Isto não quer dizer que todos devam ser tenistas ou corredores. Caminhar, nadar e até mesmo realizar trabalhos caseiros pode ser suficiente. Devemos evitar o sedentarismo por todos os meios. Fazer coisas que exigem esforço físico, para ajudar pessoas incapacitadas, pode ser duplamente benéfico.

            Uma dieta balanceada é importante para a manutenção da saúde. A menos que você esteja em processo de doença específica, ninguém pode lhe dizer o que deve ou não deve comer. Determinados aforismos, entretanto, são sempre úteis. Devemos tentar obter alimentos frescos e naturais. A quantidade de sal pode ser diminuída por todos, uma vez que o excesso de sal é um “vício adquirido”. Os açúcares refinados não são naturais e podem ser evitados de modo expressivo. A maioria dos alimentos pode ser preparada com cozimento mínimo para preservar seus nutrientes. A ingestão de oito copos de água por dia nos parece útil, sendo que o Conselho Rosacruz de que se tome um copo d’água ao levantar e deitar é purificador tanto no ponto de vista físico como psicológico.

            Acredito que recebemos maior nutrição dos alimentos quando participamos de seu plantio e preparação. As pessoas que não têm um quintal disponível, podem cultivar brotos e ervas, ou preparar iogurte, queijo, tofu e miso num canto da cozinha, e visualizar o processo de crescimento  e transformação. A redução do consumo de carne sem redução de proteínas em nossa dieta também poderá ser útil, expressando, também, de um modo sacrifical e místico, nossa união com os que sofrem de desnutrição. Na meditação Rosacruz usada antes das refeições, o conceito de partilhar misticamente o nosso alimento com os necessitados é belamente expresso.

            Cada estudante Rosacruz apreende o valor das técnicas de meditação. As técnicas básicas são dadas nas monografias. Seus irmãos Rosacruzes poderão explicar o assunto, caso você ainda não tenha atingido este ponto em suas monografias. As técnicas acima mencionadas são efetivas na redução do “stress” e podem reduzir a possibilidade de contrair muitas doenças relacionadas à tensão. Recentes pesquisas revelaram que há indícios de que o “stress” pode ser um fator que afeta o câncer em animais de laboratório. Por conseqüência, é lícito esperarmos que as técnicas da meditação sejam benéficas para o espírito e também para o corpo, não só em termos de relaxação, mas também no reino específico da bioquímica no sistema imunológico. Quando estamos doentes ficamos vulneráveis. Ficamos abertos a novas orientações e “insights” de nosso Eu Interior, e menos resistentes a mudanças em nossa vida. Os sábios Rosacruzes vêm ensinando conceitos como este por muitos séculos.

            Temos a oferecer àqueles que têm doenças de grande ou pequena intensidade, alguns pontos essenciais que devem estar sempre em mente. Primeiro e mais importante, existem razões para nossa condição que podem estar associadas com nosso crescimento e evolução como personalidades-alma. Estamos passando por uma evolução e fazemos parte da evolução da vida que nos cerca. Nenhum tipo de sofrimento passa despercebido ao Cósmico nem é destituído de valor. Seu valor é místico e misterioso. Mas não é motivo para que você deixe de procurar o diagnóstico e tratamento médico. A própria ação de procurar um médico torna-se parte do processo cármico. Para males menores sem causas específicas e diagnosticáveis, use as técnicas apresentadas nas monografias Rosacruzes, devendo a família participar na obtenção de alívio desses desconfortos. Existe um poder tremendo na terapia feita em grupo.

            Ainda existem no mundo muitas doenças graves e incuráveis. Quando falha o tratamento médico convencional, ou o mesmo não é viável, é possível preservar níveis relativos de saúde através das técnicas da meditação e pela transformação dos processos de pensamento. Por exemplo, foram feitas pesquisas que demonstram que as técnicas de visualização como as apresentadas em nossas monografias permitem que os agentes utilizados no tratamento do câncer operem com maior eficácia.

            Envelhecer não é doença, é um processo natural. Esta transformação dá ao indivíduo mais tempo para a reflexão, o desenvolvimento e a preparação. O medo da morte é doentio e danoso. A transição é um processo de cura, pelo qual o indivíduo se une ao Cósmico, podendo ser esperada com alegria e um sentimento de expectativa.

            Todos nós devemos compreender que temos uma missão, a qual não é medida em termos de grande ou pequeno e que pode não estar sendo reconhecida no momento. A manutenção da boa saúde e a transformação da má saúde fazem parte dessa missão.

PONTOS A PONDERAR
Richard A. Rawson, M.D., F.R.C.

1. A saúde física é um dos desafios mais comuns quanto ao autodomínio. O domínio da doença física é um passo importante para o domínio da vida.

2. O corpo é um meio de participarmos da vida, mas também, de muitas formas, é uma representação de nossa consciência.

3. Para mantermos a saúde, devemos considerar o corpo com respeito, fornecendo-lhe alimentos nutritivos e balanceados, preparando-o com respeito para o desafio que representa a participação na vida.

4. Para restaurarmos a saúde, podemos receber benefícios se atendermos ao que diz nosso corpo, aprendendo a discernir o que nossas sensações, emoções e pensamentos estão nos comunicando.

5. Nosso corpo é constituído dos elementos do mundo material e da força vital e inteligente que está presente em todas as coisas. A cura é o processo de aprender a harmonizar estas forças. A saúde provém do sincero desejo de descobrir os mais profundos recessos de nosso verdadeiro Eu.

6. Aceite o fato de que tudo que está experimentando agora, agradável e desagradável, só bem mais tarde poderá ser reconhecido como um apoio no processo de alcançar seu próprio objetivo na vida.