sábado, 10 de julho de 2010

A Ordem Cabalística da Rosa-Cruz - O.K.R.C.

Autor: desconhecido



Aquele que misturou a corrente científica com a corrente literária do ocultismo foi Stanislau Guaita, descendente dos marqueses de Guaita, entre os quais se contava um monarca chamado Frederico Barbarruiva; partilhou a sua vicia entre o castelo de Alteville, perto de Deixe (Lorraine), onde nasceu, em 1861, e a sua residência em Paris. No liceu de Nancy, foi condiscípulo de Maurice Barrés, que fez dele o Saint-Phlin dos Desenraizados, e diz: «Amámo-nos e influenciámo-nos um ao outro, numa idade em que se fazem as primeiras escolhas livres» (63). Os dois amigos, quando eram estudantes de filosofia na aula de Burdeau, liam juntos, todas as noites, Baudelaire. Entregaram-se à química e à medicina, cuidando de camponeses da região. Estanislau de Guaita foi, inicialmente, um poeta simbolista e publicou três colectâneas de poemas: Os Pássaros de Passagem (1881), A Musa Negra (1883) e Rosa Mística (1883). Mas, a 10 de Outubro de 1884, escrevia a Barrés que tinha começado durante o Verão a estudar a Cabala: «Lê os livros de Eliphas Lévi, (o abade Constant) e verás que nada há mais belo do que a Cabala. E eu, que sou bastante forte em química, espanto-me de ver até que ponto os alquimistas era verdadeiros sábios». Aprendeu o hebreu para aprofundar o Zohar, referindo-se à importante glosa de Knorr von Rosenroth, Kabala Denudata, publicada em dois volumes, em Francoforte, no fim do século XVII.

Estanislau de Guaita empreendeu os «Ensaios de Ciências Malditas» a fim de libertar o ocultismo das suas falsidades. Em 1886, em No Limiar do Mistério, declarou: «A Grande Magia não é um compêndio de divagações mais ou menos espíritas, arbitrariamente erigidas em dogma absoluto: é uma síntese geral - hipotética e racional - duplamente fundada sobre a observação positiva e a indução por analogia»(64). Esta exposição histórica séria de um assunto que era tratado com ligeireza impressionou o público: «Para muitos foi uma revelação», afirmava um testemunho(65). Este livro teve, em breve, duas reedições revistas e aumentadas, e elevou bruscamente Guaita à posição de dirigente do movimento ocultista francês.

Desde que se viu rodeado de discípulos, quis logo dar à sua acção uma coesão que os colocasse na vanguarda: «De 1880 a 1887, os iniciados tiveram motivo para se inquietar: as sociedades estrangeiras iniciaram uma intriga para desfavorecer a França e deslocar para Londres a direcção do ocultismo europeu»(66). Foi por isso que Estanislau de Guaita fundou, em Maio de 1887, em Paris, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz, tendo como missão o combate à feitiçaria com todas as suas torpezas e parvoíces, onde quer que a encontrassem: «Os Irmãos empenharam-se com honra na perseguição dos adeptos da goétia, os que se chama a si próprio magos, cuja malícia e o ridículo lançam o descrédito sobre os nossos mistérios, e cuja atitude ambígua, tanto como as doutrinas escandalosas, desonram a Fraternidade universal da grande e divina Magia, à qual afrontosamente reivindicam o direito de pertencer»(67).

Os Irmãos reunidos em torno de Guaita foram, entre outros, Joséphino Peladan, Papus, Julian Lejav, fundadores da «Sociologia analógica», Agostinho Chaboseau, especialista de budismo, o romancista Paul Adam, que acabava de alcançar a celebridade com Carne Mole (1884) e que preparava a continuação romanesca As Vontades Maravilhosas, Georges Polti, autor de uma Teoria dos Temperamentos (1889), Victor-Émile Michelet, poeta, contista e ensaísta de O Esoterismo na Arte, Albert Jounet, teórico do Esoterismo e Socialismo (1891), Françoís-Charles Barlet, cuja cultura enciclopédica alimentou o seu Ensaio Sobre a Evolução da Ideia (1891). Alta (pseudónimo do abade Mélinge), comentador do Evangelho segundo S. João.

A Ordem Cabalística da Rosa-Cruz era regida pelo Conselho Supremo dos Doze (seis dos quais deviam manter-se desconhecidos), dividida em três câmaras: a câmara de direcção, a câmara de justiça e a câmara de administração. Havia, além disso uma câmara dogmática, uma câmara estética (dirigida por Péladan), e uma câmara de propaganda (animada por Papus). A Ordem de que Estanislau de Guaita era grão-mestre ministrava um ensino sancionado por um bacharelato de Cabala e, para os aprendizes do segundo grau, uma licenciatura em Cabala. No terceiro grau, passava-se no doutoramento pela defesa de uma tese, num rés-do-chão da Avenida Trudaine, diante de examinadores de cabeceira branca e vestidos de toga vermelha. Quando o número de «Irmãos Iluminados» previsto pela constituição foi atingido, Guaita não admitiu mais ninguém na Ordem.

Ele tinha uma profunda amizade por Joséphin Péladan, o romancista que denominaram o Balzac do ocultismo, por causa da sua «etopeia» A Decadência Latina, ciclo de vinte romances, começado em 1884 com O Vicio Supremo, que tinha como herói o mago Merodack (cuja reedição de 1886 foi corrigida de acordo com os conselhos de Guaita). Mas Péladan era um católico intransigente e um inimigo da filosofia alemã, enquanto que Guaita, admirador desta, costumava dizer: «Entre os católicos, os únicos que não são imbecis são os esotéricos e os místicos»(68). E Guaita ora mortificava Peladan: «Hei-de provar-te, de forma clara como a água, que aquele que perde um instante que seja com o exoterismo da Bíblia e dos Evangelhos não merece o nome de cabalista e pensador», ora o punha em guarda: «Toma cuidado não te venhas a tornar, efectivamente, um fanático. Os fanáticos são feios (desfigurados pelo ódio) e cheios de caspa - talvez por causa do espírito de mortificação»(69).

De qualquer modo, em 1890, Péladan provocou um cisma pela criação da Terceira Ordem Intelectual da Rosa-Cruz, da qual se qualificou Hierarca supremo sob o nome de Sar Merodack Péladan (significando Sar em Assírio, Rei), grão-mestre da Rosa-Cruz do Templo do Graal. Organizou seis salões que reuniam cento e setenta artistas, cuja organização entregou ao conde de Larmandia, que nomeou «comendador de Guboura» (pois conferia aos seus amigos títulos inspirados pelos dez Sephirot). O primeiro salão, em casa de Durand-Ruel, começou por uma «inauguração fantástica»; contaram-se mais de vinte e dois mil e seiscentos visitantes das artes e das letras parisienses, desde a aristocracia até Verlaine «no seu traje de passeio de hospital»(70). Houve uma soirée triunfal onde a «pastoral caldaica» de Péladan, O Filho das Estrelas, foi interpretada com música de Erik Satie. O segundo salão teve lugar, em 1893, no Palácio de Campo-de-Março, acompanhado por um manifesto de Péladan, «cardeal laico», que apresentou a sua Ordem como uma «confraria de caridade intelectual», que «visita os doentes da vontade e os cura da vertigem da passividade (...), consola os prisioneiros das necessidades materiais (...) e resgata os cativos dos preconceitos»(71), apontando-lhe doze objectivos. Tais «gestos de exteriorização estética» (como ele chamava aos seus salões), eclipsaram pela sua mundanidade os trabalhos da Rosa-Cruz cabalista. Ainda hoje, nos manuais de história literária, se fala mais de Péladan, cabalista fantasioso (que, aliás, tinha talento e uma agradável extravagância), do que do grande filósofo Estanislau Guaita.

Enquanto a Terceira Ordem assumia o escândalo a brincar, a Ordem cabalística era um grupo verdadeiramente anticonformista de eruditos e letrados. Um dos melhores amigos de Guaita, o cónego Roca, a quem as teorias sobre o cristianismo esotérico, que prometia «os novos céus e a nova terra», valeram a interdição por parte da Igreja (que lhe recusou mesmo a sepultura cristã quando morreu, em 1893), tinha corrido durante quinze anos a Europa vasculhando bibliotecas, nomeadamente «a famosa Colombina da catedral de Sevilha». O próprio Estaníslau de Guaita se comportava como um antipapa, proferindo violentos anátemas. Explodiu contra «a chusma de encantadores e feiticeiras de baixo nível», contra «a corte de místicos duvidosos» e atacou com desprezo o espiritismo: (As práticas espíritas consistem sobretudo na evolução dos mortos queridos. O cerimonial usado para esse efeito nada tem desse espectáculo de inegável grandeza que salva ainda, aos olhos do artista, os ritos mais sacrilégios da antiguidade sacerdotal»(72). Os médiuns não obtêm, também, as suas graças: «Os médiuns são, na sua maioria, pobres seres doentios, clientes sem o saberem de um verdadeiro onanismo cerebral»(73) .

Para levar a bom termo os seus ensaios de ciências malditas, Guaita reuniu a mais importante biblioteca de ocultismo que jamais existiu. Procurando incansavelmente documentos raríssimos, reuniu manuscritos iluminados da Idade Média, clavículas, engrimanços e curiosidades tão pouco conhecidas como as obras de Jehan Boulaese, o principal discípulo de Postel, ou o tratado de Bossardus, De Divinatione et magico praetigis. Quando esta biblioteca foi posta à venda pelos seus herdeiros, o catálogo enumerava 1653 livros, todos eles desaparecidos dos circuitos comerciais e alguns que nem sequer figuravam na Biblioteca Nacional. Ele tinha-os lido e relido, anotado e acrescentado folhas com comentários, tal como disse o seu amigo conde de Pouvourville (aliás, Matgioi): «Guaita trabalhava sobre os seus livros»(74). Toda a sua obra assentou sobre essa documentação excepcional da qual tirou um partido filosófico incomparável.

Estanislau de Guaita declarou-se defensor da «Cabala universal», não aquela dos rabinos, que glorificava o judaísmo, nem a dos humanistas do Renascimento, que pretendia engrandecer o cristianismo, mas a interpretação sábia dos textos sagrados feita para compreender a humanidade mesmo antes de haver as religiões. Eis a etapa nova e provavelmente definitiva da Cabala filosófica. Ele queria continuar «Paracelso, Ëliphas Lévi, Keleph-ben-Nathafl, Martines e toda a escola esotérica do Ocidente»(75). Dizia ele: «Não recorremos à Cabala zohárica (ou pelo menos ela não tem valor de autoridade para nós), a não ser subsidiariamente». Contudo, partia de Moisés: «A doutrina secreta de Moisés constitui o que nós chamamos a Cabala primitiva, a qual se materializou paralelamente à própria língua dos santuários». Mas de um Moisés que, segundo a tese de Fabre d’Olivet, teria participado da religião egípcia e que teria como único escrito autêntico a Génese, «o livro dos princípios cosmogónicos, onde a ciência colossal do passado dorme sob um triplo véu de hieróglifos»(76) .

Guaita afirmava que o Deus Pai não é Iawhé, mas Adão Kadmon, o homem celeste primordial, representante do verbo divino. A seu lado encontra-se «a nossa Mãe celeste», Eva, ou a Sofia dos gnósticos, ou a Natureza naturante esposa do Espírito puro, «numa palavra, a Providência ou a consciência universal da Vida-Princípio». Identificava Adão Kadmon aos dez Sephiroth, enquanto que para Reuchlin ele era apenas a Sephora Tipheret; mas o ponto de vista revolucionário de Guaita relaciona-se com A Porta dos Céus, de rabi Cohen Irira, reproduzido na Kabbala Denudata. Foi esse «o Grande Arcano cabalístico para o seu grupo, e Alberto Jounet pôde tirar a segumte inferência do facto: «O que distingue a cabala antiga da nova é, sobretudo, o papel importante que esta atribui a Adam Kadmon»(77).

Guaita começou, em 1887, o seu tríptico A Serpente da Génese, deveria ter três volumes de sete partes cada um, ou seja, um todo de vinte e uma partes correspondendo a vinte e um arcanos do Tarot, sendo a conclusão inspirada pelo vigésimo segundo. Ele explicou ao seu secretário, Oswald Wirth, que pretendia exprimir a Grande Doutrina do ocultismo, quer dizer, «uma síntese radical, absoluta e precisa como as matemáticas, e profunda como as próprias leis da existência»(78). Em O Templo de Satã, o primeiro volume, atirou-se à feitiçaria, essa magia às avessas que os ignorantes e os invejosos muitas vezes confundiram voluntária ou involuntariamente com a santa Cabala». Observando que Shatan, em Números, tem apenas um sentido adverbial análogo a adversus, em latim, que significa contra, exclama: «Só tens uma desculpa, á príncipe das Trevas, é que não existes!... Ou, pelo menos, não és um ser consciente: negação abstracta do Ser absoluto, só tens a realidade psíquica e voluntária que te dão os perversos em que te incarnas»(79). Demonstrou, ao passar em revista as aberrações dos satanistas antigos e modernos, que são os idiotas, os nervopatas ou os praticantes vulgares do judeo-cristianismo que crêem no Diabo, enquanto que a Serpente da Génese, para os verdadeiros iniciados, é antes de mais nada a Luz astral, Aor, Nahash, «esse fluido implacável que governa os instintos», e em seguida «o egoísmo primordial», causa da decadência de Adão e do Mal metafísico.

O segundo volume, A Chave da Magia Negra (1897), que levou sete anos a acabar, expunha «A Inteligência da Natureza», a fim de abolir a noção de sobrenatural: «O vocábulo sobrenatural aplicado aos fenómenos da natureza parece-nos tão cómico como seria atribuir às essências espirituais o vocábulo Hiper divino»(80). Guaita descreveu com uma precisão científica as forças invisíveis que nos rodeiam, desde a Luz astral, «suporte hiperfísico do universo sensível», aos Indígenas do astral, «essas larvas nos quais os cabalistas não vêem mais do que cascas, carapaças inanimadas (córtices, Kliphoth)», agindo como «potências da dissolução emanadas do Herbe». Com efeito, a Luz astral compreende duas correntes antagonistas: «Essa imensidão psico-fluídica é movida sem tréguas por dois agentes ocultos, reitores dessas correntes: uma força compressora (Herb) e uma força expansiva (Jânah): a primeira, constritiva ao longo da cadeia do Tempo; a outra, abundante através das planícies do Espaço» (81).

Há neste livro um capítulo extraordinário sobre a morte, que ajuda a compreender porque é que Wirt qualificou o seu mestre de «platónico cabalista». Guaita distingue quatro vidas no homem (vida universal, vida individual, vida celular e vida química ou atomística) e definiu a morte como «a rotura do elo simpático DAS VIDAS». A forma alucinante como relata «a odisseia dos elementos que sobrevivem ao corpo», as agressões de que são vítimas por parte dos Masikim (que são «os vermes, os corvos e as hienas do Invisível»), o refúgio que encontra a alma na Antictona, terra espiritual, ou entre os «Hóspedes do cone de sombra», é de um pensador alimentado pela Cabala de Issac Luria e de um poeta da grande espécie.

Não teve tempo de acabar o terceiro volume, «O Problema do Mal» que devia conter a sua cosmogonia e resolver o «enigma dos enigmas» o Mal, mas as páginas magníficas que subsistem, e que tratam das «correntes fatais de instinto» e da «Queda de Adão», indicam que ele queria aí estudar a relação entre o Adão celeste (macrocosmo) e o Adão terrestre (microcosmo): «Os iniciados de todos os santuários do esoterismo consideram a Queda de Adão (esse ser cosmogónico, sejam quais forem os nomes diversos que tenha usado), como a causa universal da Involução.»(82) A involução é «a materialização progressiva do espírito», e a evolução é «a reaparição do espírito emergindo do cerne da matéria que ele fecundou, animado e virtuoso». Enganam-se aqueles que situam a Queda de Adão no início da história da humanidade: «Primeiramente a Queda de Adão não é anterior nem posterior ao que quer que seja; ela é eterna. Cada vez que um espírito desce para se incarnar numa forma qualquer, ele comete o pecado original, e a Queda de Adão realiza-se nele, ínfimo submúltiplo de Adão.»(83)

Estanislau de Guaita gozou de uma reputação bizarra e muito pouco justificada. Era um homem de cabelos e barba louras, de olhos azuis, «com umas mãos notáveis pela sua beleza» (dizia Barrés), que vivia perto de Paris num apartamento atapetado de vermelho do qual não saía durante semanas. A sua existência era consagrada ao conhecimento esotérico e respondia à sua mãe que se lamentava do seu anticlericalismo: «Sou um soldado do exército do Verbo. Tenho sede de Justiça e de Verdade, e procuro uma ou outra onde julgo ir encontrá-las»(84), conta-se que tinha um fantasma familiar, escondido num armário. Paul Adam afirmava: «O tal fantasma aparecia quando estávamos à mesa. A sua forma indecisa mantinha-se num dos cantos da sala de jantar». Este fantasma devia muito à imaginação de uma velha criada a quem este armário, que continha drogas, era interdito. Para acalmar as dores da doença que o matou, Guaita tornou-se morfinómano. Mas manteve com a morfina a mesma relação lúcida que Thomas de Quincey teve com o ópio, e dela extraiu, talvez, a intensidade das suas percepções no plano astral. Estanislau de Guaita morreu no seu castelo de Alteville, em 1897, com trinta e seis anos, e Maurice Barrés disse com emoção sobre a sua tumba: «Sei que ele foi um filósofo, se, como eu creio, a filosofia é perante a vida a obsessão do universal é diante da morte a aceitação.» (85) Por seu lado Josephin Péladan, reconciliado, rendeu-lhe esta homenagem: «No renascimento das ciências mortas, a Tua filosofia permanecerá inesquecível, tal como a Tua obra; Tu foste, para todos, o cavalheiro do Oculto... Venero-te»(86).

A Ordem Cabalística da Rosa Cruz prolongou-se ainda por alguns anos, sob a direcção de Barlet, permanecendo o modelo exemplar do que pode fazer um grupo de escritores decididos a explorar «a Cabala universal». Franz Hartmann, que tentou formar na Alemanha uma Fraternitas análoga com a condessa Wasbtmeister, fez dela uma simples sociedade de accionistas. Seguidamente, os dois números especiais sobre a Cabala que publicaram os iniciados do Véu de Isis, em 1933, mostraram que o esoterismo moderno deixara de a privilegiar: deram-lhe o valor de uma «cadeia iniciática», unindo o presente ao passado e prosseguindo do presente para o futuro, unindo num conjunto o que está atrás e diante do homem, mas reconhecem também outros ciclos tradicionais, e admitem a possibilidade de os harmonizar todos numa «cadeia de mundos», dos quais a Cabala não seria mais do que um dos elementos fortes.

Notas
(63) Maurice Barrés, Un rénovateur de l’occultisme: Stanislas de Guaita (Paris, Chanuel, 1898).
(64) Stanislas de Guaita, Au Seuil du mystêre (Paris, G. Carré, 1886).
(65) Matgioi, Nos maitres. Stanislas de Guaita (Paris, Libraifle hermétique, 1909).
(66) Maurice Barrês, Stanislas de Guaita, op. Cit
(67) Stanislas de Guaita, Le Temple de Satan (Paris, Libririe du Merveilleux, 1897)
(68) Lettres inédites de Stanistas de Guaita au Sar Joséphin Péladan (Lausana, Pierre Genillard, 1952)
(69) Lettres inédites de Stanislas de Guaita, op. cit.
(70) Comté de Larmandie, L’Entracte idéal. Histoire de la Rose-Croix (Paris, Chacornac, 1903).
(71) Catalogue du second Salon de la Rose-Croix (Paris, Librairie Nilsson, 1893).
(72) Le Temple de Satan, op. cit.
(73) Stanislas de Guaita, La Ctef de la magie noire (Paris, G. Carré, 97).
(74) Matgioi, op. cit.
(75) Keleph-ben-Nathan era o pseudónimo de Dutoit-Membrini, um teósofo de Genêve, autor de La Philosophie divine (1793), que Guaita considerou «uma obra admirável, apesar de alguns erros».
(76) La Clef de la magie noire, op. cit.
(77) Albert Jounet, La Clef du Zohar (Paris, Chacornac, 1909).
(78) Oswald Wirth, Stanilas de Guaita. Souvenirs de son secrétaire (Paris, Ëditions du symbolisnie, 1935)
(79) La Clef de la Magie, op. cit.
(80) Ibid.
(81) Ibid.
(82) Stanislas de Guaita, Le Problème du Mal (Levallois-Perret, Ëditions du Symbolisme, 1949).
(83) Ibid.
(84) Carta citada por André Billy em Stanilas de Guaita (Paris, Mercure de France, 1971).
(85) Maurice Barrès, Stanilas de Guaita, op. Cit.
(86) Joséphin Péladan, L'Occulte catholique (Paris, 1899).
Fonte: Alexadrian, Historia da Filosofia Oculta. Lisboa, Edições 70.
 

 
  

SAÚDE - U.R+C.I.




           CONSELHO INTERNACIONAL 
           DE PESQUISA UNIVERSIDADE ROSE-CROIX


É com satisfação que apresentamos as considerações abaixo, voltadas para o assunto da saúde, e que respondem a inúmeras perguntas feitas por nossos Neófitos. O discurso que ora apresentamos foi escrito por um membro do Conselho Internacional de Pesquisas da AMORC, o qual está perfeitamente qualificado para tratar do assunto. O tema e seu desenvolvimento são tratados de modo geral, mas você encontrará no discurso muitas informações e idéias perfeitamente aplicáveis a seus assuntos pessoais. Preleções a respeito da saúde serão feitas em maior profundidade em nossas lições semanais. O material que ora apresentamos, entretanto, pode trazer-lhe benefícios imediatos de natureza prática. Este discurso especial poderá ser lido por um parente ou amigo, ainda que não seja Membro da AMORC, caso você julgue que sua leitura poderá auxiliá-los de alguma forma.

SAÚDE
Gerald F. Keegan, M.D.,F.R.C.

            Saúde e doença são condições relativas, como é relativo dizer que um copo com água está meio cheio ou meio vazio. Uma pessoa pode estar totalmente livre de doenças objetivas sem estar totalmente saudável em termos de seu potencial pleno. Outra pessoa, portadora de algum mal objetivamente mensurável, pode sentir-se (e estar) muito saudável.

            Quando falamos de saúde, não devemos falar em termos de manutenção e prevenção, mas também em termos de restauração de um estado ideal de bem-estar.

            A manutenção da saúde é um processo ativo e dirigido. Se você deseja maximizar seu potencial de bem-estar, deve desenvolver seus próprios programas de exercícios, dieta e recreação, e, concomitantemente, assegurar seu bem-estar espiritual. A redução do “stress” e o desenvolvimento de técnicas de meditação são essenciais para o total desenvolvimento do potencial da saúde.

            Os exercícios de um ou outro tipo são benéficos para todos nós. Isto não quer dizer que todos devam ser tenistas ou corredores. Caminhar, nadar e até mesmo realizar trabalhos caseiros pode ser suficiente. Devemos evitar o sedentarismo por todos os meios. Fazer coisas que exigem esforço físico, para ajudar pessoas incapacitadas, pode ser duplamente benéfico.

            Uma dieta balanceada é importante para a manutenção da saúde. A menos que você esteja em processo de doença específica, ninguém pode lhe dizer o que deve ou não deve comer. Determinados aforismos, entretanto, são sempre úteis. Devemos tentar obter alimentos frescos e naturais. A quantidade de sal pode ser diminuída por todos, uma vez que o excesso de sal é um “vício adquirido”. Os açúcares refinados não são naturais e podem ser evitados de modo expressivo. A maioria dos alimentos pode ser preparada com cozimento mínimo para preservar seus nutrientes. A ingestão de oito copos de água por dia nos parece útil, sendo que o Conselho Rosacruz de que se tome um copo d’água ao levantar e deitar é purificador tanto no ponto de vista físico como psicológico.

            Acredito que recebemos maior nutrição dos alimentos quando participamos de seu plantio e preparação. As pessoas que não têm um quintal disponível, podem cultivar brotos e ervas, ou preparar iogurte, queijo, tofu e miso num canto da cozinha, e visualizar o processo de crescimento  e transformação. A redução do consumo de carne sem redução de proteínas em nossa dieta também poderá ser útil, expressando, também, de um modo sacrifical e místico, nossa união com os que sofrem de desnutrição. Na meditação Rosacruz usada antes das refeições, o conceito de partilhar misticamente o nosso alimento com os necessitados é belamente expresso.

            Cada estudante Rosacruz apreende o valor das técnicas de meditação. As técnicas básicas são dadas nas monografias. Seus irmãos Rosacruzes poderão explicar o assunto, caso você ainda não tenha atingido este ponto em suas monografias. As técnicas acima mencionadas são efetivas na redução do “stress” e podem reduzir a possibilidade de contrair muitas doenças relacionadas à tensão. Recentes pesquisas revelaram que há indícios de que o “stress” pode ser um fator que afeta o câncer em animais de laboratório. Por conseqüência, é lícito esperarmos que as técnicas da meditação sejam benéficas para o espírito e também para o corpo, não só em termos de relaxação, mas também no reino específico da bioquímica no sistema imunológico. Quando estamos doentes ficamos vulneráveis. Ficamos abertos a novas orientações e “insights” de nosso Eu Interior, e menos resistentes a mudanças em nossa vida. Os sábios Rosacruzes vêm ensinando conceitos como este por muitos séculos.

            Temos a oferecer àqueles que têm doenças de grande ou pequena intensidade, alguns pontos essenciais que devem estar sempre em mente. Primeiro e mais importante, existem razões para nossa condição que podem estar associadas com nosso crescimento e evolução como personalidades-alma. Estamos passando por uma evolução e fazemos parte da evolução da vida que nos cerca. Nenhum tipo de sofrimento passa despercebido ao Cósmico nem é destituído de valor. Seu valor é místico e misterioso. Mas não é motivo para que você deixe de procurar o diagnóstico e tratamento médico. A própria ação de procurar um médico torna-se parte do processo cármico. Para males menores sem causas específicas e diagnosticáveis, use as técnicas apresentadas nas monografias Rosacruzes, devendo a família participar na obtenção de alívio desses desconfortos. Existe um poder tremendo na terapia feita em grupo.

            Ainda existem no mundo muitas doenças graves e incuráveis. Quando falha o tratamento médico convencional, ou o mesmo não é viável, é possível preservar níveis relativos de saúde através das técnicas da meditação e pela transformação dos processos de pensamento. Por exemplo, foram feitas pesquisas que demonstram que as técnicas de visualização como as apresentadas em nossas monografias permitem que os agentes utilizados no tratamento do câncer operem com maior eficácia.

            Envelhecer não é doença, é um processo natural. Esta transformação dá ao indivíduo mais tempo para a reflexão, o desenvolvimento e a preparação. O medo da morte é doentio e danoso. A transição é um processo de cura, pelo qual o indivíduo se une ao Cósmico, podendo ser esperada com alegria e um sentimento de expectativa.

            Todos nós devemos compreender que temos uma missão, a qual não é medida em termos de grande ou pequeno e que pode não estar sendo reconhecida no momento. A manutenção da boa saúde e a transformação da má saúde fazem parte dessa missão.

PONTOS A PONDERAR
Richard A. Rawson, M.D., F.R.C.

1. A saúde física é um dos desafios mais comuns quanto ao autodomínio. O domínio da doença física é um passo importante para o domínio da vida.

2. O corpo é um meio de participarmos da vida, mas também, de muitas formas, é uma representação de nossa consciência.

3. Para mantermos a saúde, devemos considerar o corpo com respeito, fornecendo-lhe alimentos nutritivos e balanceados, preparando-o com respeito para o desafio que representa a participação na vida.

4. Para restaurarmos a saúde, podemos receber benefícios se atendermos ao que diz nosso corpo, aprendendo a discernir o que nossas sensações, emoções e pensamentos estão nos comunicando.

5. Nosso corpo é constituído dos elementos do mundo material e da força vital e inteligente que está presente em todas as coisas. A cura é o processo de aprender a harmonizar estas forças. A saúde provém do sincero desejo de descobrir os mais profundos recessos de nosso verdadeiro Eu.

6. Aceite o fato de que tudo que está experimentando agora, agradável e desagradável, só bem mais tarde poderá ser reconhecido como um apoio no processo de alcançar seu próprio objetivo na vida.


CASA DE H.S.LEWIS



quarta-feira, 23 de junho de 2010

RECONHECIMENTO, REGULARIDADE E SOBERANIA: A VISÃO INGLESA.





 (Venerável Irmão Robert A. H. Morrow, Grande Secretário e Grande Escriba Esdras, da Grande Loja Unida da Inglaterra.)


                                    Irmãos, não preciso dizer a esta platéia que aproximadamente na última década novas Grandes Lojas foram constituídas e o muito antigo relacionamento existente entre Grandes Lojas foi, às vezes, dramaticamente modificado. São muito claros os perigos da falta de melhor conhecimento e a necessidade de maior intercâmbio de consultas entre nós.   É importante que, de tempos em tempos, lembremo-nos dos princípios básicos para a avaliação da regularidade de uma Grande Loja e então decidir pelo seu reconhecimento ou não. É igualmente importante que em nosso grupo, todos sejam informados do que está acontecendo.

                                    A Inglaterra regulamentou seus Princípios Básicos para o Reconhecimento de uma Grande Loja em 1929, mas aquela regulamentação não foi um novo estatuto, mas apenas uma coletânea dos princípios que foram estabelecidos e comprovados desde a aparição das novas Grandes Lojas no século 18.    Acredito que todas as Grandes Lojas aqui representadas nesta reunião compartilham esses mesmos princípios básicos. Cada Grande Loja, no entanto, é (ou deveria ser) uma organização soberana, independente e auto-dirigida com o direito de determinar seu próprio trabalho e práticas. A Inglaterra não pretende impor suas idéias sobre a regularidade (ou qualquer outra questão) sobre qualquer outra Grande Loja, muito menos controlar seus trabalhos. Se uma Grande Loja prefere adotar outros princípios aos invés destes princípios (o que, como entidade independente, ela tem o direito de fazer) a conseqüência poderá ser que a UGLE irá considerá-la irregular.

                                     Antes de entrar nos detalhes de reconhecimento e regularidade eu deveria, talvez, explicar a visão da Inglaterra sobre a questão da soberania. Para nós, soberania e jurisdição territorial exclusiva não tem o mesmo conceito. Entendemos que a soberania significa que uma Grande Loja tenha a única e completa autoridade sobre seus membros e Lojas. Pode ser que tal autoridade se estenda a uma área geograficamente definida, mas não necessita ser assim para que nós consideremos uma Grande Loja como sendo soberana.    De fato, seria impossível, em nosso caso, considerar como jurisdição territorial exclusiva, parte de nossa soberania, por mais de 250 anos que, com felicidade, compartilhamos e continuamos a compartilhar todo o território do globo terrestre com nossas Grandes Lojas Irmãs da Escócia e Irlanda. Na Austrália, Nova Zelândia, Índia e África do Sul, as três Grande Lojas compartilham jurisdição territorial não apenas entre si, mas também, por acordo, com Grandes Lojas locais que foram constituídas naqueles lugares muito tempo antes que as Grande Lojas Inglesas, Escocesas e Irlandesas introduziram a Franco Maçonaria naqueles países.

                                  A palavra chave nesse caso é “por acordo”. É nossa visão, se uma Grande Loja concorda em compartilhar seu território com uma ou mais Grandes Lojas, tal fato, de maneira alguma, diminui a soberania das Grandes Lojas envolvidas. Bons exemplos disso são a Colômbia onde, por causa dos problemas geográficos e de comunicação quatro Grandes Lojas regulares compartilham o território e no Brasil, onde foi ha muito tempo reconhecido o Grande Oriente e agora reconhecemos três Grandes Lojas Estaduais, que são mutuamente reconhecidas entre si e com o Grande Oriente.

                                         Em conjunto com a Irlanda e Escócia, a UGLE ainda tem 700 Lojas em outros países, principalmente como resultado da difusão da Maçonaria através de todo o Império Britânico. Ao longo dos anos, Grandes Lojas nativas foram regularmente constituídas nos territórios onde as Lojas originalmente se subordinavam a jurisdição de uma ou mais das Grande Lojas das Ilhas Britânicas, com muitas das Lojas originais, tendo transferido sua obediência para as novas Grandes Lojas locais.  Algumas delas, entretanto, optaram em permanecer sob a jurisdição das Grandes Lojas Britânicas pelas quais foram constituídas, apesar de que, na maioria dos casos, seus membros são cidadãos daquele estado independente e não mais expatriados como antigamente.           

                                 Tal decisão cabe a cada Loja, de maneira mais apropriada possível; a UGLE não pode e não forçará qualquer de suas Lojas a transferir sua obediência a Grande Loja local (nem impedira que elas assim o façam) e continuará a administrar e apoiar essas Lojas sob jurisdição da UGLE. O que a UGLE faz é suspender a constituição de novas Lojas naquela área, uma vez que uma Grande Loja tenha sido constituída, considerando aquele território ocupado por uma autoridade maçônica soberana.   

                                        O que eu deveria, talvez, fazer é uma certa regressão ao comentar os conceitos de território ocupado e não ocupado. Nos últimos dois anos, temos sido acusados pela Grande Loja da Franca de consagrar Lojas em territórios ocupados (eles fazem esta acusação, mas de maneira ímpar, não apresentam um exemplo concreto que apóie sua acusação – quando nós os acusamos de invasão, por outro lado, podemos citar, a Espanha, República Checa e, acreditem ou não, na própria Inglaterra apenas para iniciar). Temos já há muito tempo a política de recusar a consagração de novas Lojas em territórios onde a Maçonaria já existe, seja ela regular, reconhecida ou irregular. Esta ultima alternativa pode surpreendê-los, mas, mesmo que a Maçonaria existente naquele lugar seja irregular, mesmo que não nos agrade, é um certo tipo de Maçonaria que pode ser capaz de ser reconhecida e seu território não pode ser declarado “aberto”. Nos últimos quinze anos fomos solicitados a abrir Lojas Inglesas na Espanha, Sérvia, Montenegro, Ucrânia e Romênia. Em todos os casos recusamos, porque alguma forma de Autoridade Maçônica então existia naqueles países e poderíamos ser culpados de estar invadindo seu território. Fora de nossos próprios Distritos, estabelecidos ha muito tempo, as únicas áreas nas quais estabelecemos novas Lojas nos últimos 50 anos foram Mônaco(que era um território aberto e foi feito apenas com a permissão da autoridade civil); Seychelles (que era um território aberto); Portugal (onde nossas Lojas existem com a permissão de uma Grande Loja (Legal) Regular; e Macedônia (na qual não tinha mais existido qualquer atividade maçônica, regular ou irregular, por mais de 80 anos).

                                       Regularidade é uma questão absoluta. Não pode ser condicional. Uma entidade não pode ser quase ou aproximadamente regular – ela é ou não é regular. Como já disse numa apresentação em Paris, dois anos atrás, é como se disséssemos que a mulher está um pouco grávida. Como alguns de vocês hoje presentes sabem, quando somos abordados para reconhecimento de uma Grande Loja nova ou reativada, enviamos um questionário solicitando informações detalhadas que assegurem que todos os oito Princípios Básicos são cumpridos. Se a Grande Loja peticionária não cumpre todos aqueles Princípios Básicos, o processo não tem andamento, apesar de que o diálogo pode continuar na esperança de que a Grande Loja peticionária possa levar adiante os passos necessários que a tornarão de acordo com aqueles Princípios Básicos.

                           Um reconhecimento é um ato bilateral entre duas partes soberanas. Quando estendemos o reconhecimento a uma Grande Loja, estamos dizendo que acreditamos que ela cumpre com nossos Princípios Básicos, com as praticas regulares da Franco Maçonaria e que não temos qualquer dificuldade para que nossos membros visitem Lojas subordinadas aquela Grande Loja e que podemos receber seus membros como visitantes a nossas Lojas. Reconhecimento não é um direito, mas um privilegio. Regularidade não confere automaticamente um reconhecimento, pois podem existir outros fatores envolvidos:

a.                     Se a UGLE já reconheceu uma Grande Loja, não reconhecera normalmente uma segunda Grande Loja naquele território, sem o consentimento de ambas.

b.    Em um território já ocupado por duas Grandes Lojas regulares (ainda não reconhecidas) e que não se reconhecem mutuamente, a UGLE deve normalmente esperar que suas diferenças sejam reconciliadas antes de reconhecer qualquer uma delas, ou ambas (na crença de que, fazendo de outra forma, poderá impedir a solução de problemas locais e que e, em geral, preferível que a Grande Loja que, naquele território, exista uma Grande Loja que represente a maioria de maçons regulares daquele lugar).
c.            A menos que uma Grande Loja já tenha sido constituída    pela própria UGLE, ou que tenhamos sido envolvidos naquele processo, a UGLE não concedera normalmente o reconhecimento ate que a Grande Loja esteja, por um certo tempo, em atividade pratica regular. Então, mesmo que uma Grande Loja tenha sido regulamente constituída (em qualquer das duas maneiras indicadas em nossos Princípios Básicos) a UGLE normalmente deve esperar e observara que sua pratica é regular da forma original, antes de tomar qualquer decisão de reconhecimento.

                              A UGLE lamenta que algumas de suas recentes decisões em relações internacionais não contaram com o apoio e compreensão de algumas das Grandes Lojas regulares com as quais, por longo tempo a UGLE teve um relacionamento harmonioso. Outras vezes, também, alguns dos amigos mais íntimos da UGLE escolheram reconhecer Grandes Lojas que a UGLE entendeu  não concordar ou aceitar, com razões que assim justifiquem e não foi capaz de acompanhar. Deixando de lado as razões de tais decisões (porque muitos anos já se passaram e deveríamos nos concentrar na realidade de hoje e oportunidades para o futuro), está claro que o que foi hoje apresentado foram interpretações dos mesmos princípios básicos de reconhecimento, de modos diferentes; alguns de nos precisa agir mais rapidamente do que os outros; muitos de nós provavelmente e até certo ponto não temos consultado os amigos antes de decidir que Grandes Lojas reconhecer ou da mesma forma ao romper um reconhecimento. As lições do passado indicam uma necessidade de melhores comunicações entre Grandes Lojas regulares e maior cautela “olhando bem antes de dar o passo”, o que é certamente o que tenho em mente ao aconselhar minha Grande Loja ao fazer qualquer mudança em suas relações internacionais.

                              Há com bastante freqüência, a proposta de alguma entidade internacional que aja como Câmara de compensação em questões de reconhecimento. Não penso que seja esse o caminho a seguir. Reconhecimento,  não preciso de qualquer escusa ao repetir, é um acordo bilateral entre dois poderes soberanos que deve formular suas próprias questões e decisões. A comunicação é a chave e é a razão de ser da realização desta reunião informal anual. Nós, Grandes Secretários e Grandes Chanceleres devemos ser o canal para agregar e trocar informações, aconselhando nossas Grandes Lojas nos caminhos a serem seguidos nas relações internacionais. Não temos a necessidade de nenhuma Secretaria formal ou sub-comitê para controlar esse processo.

domingo, 20 de junho de 2010

MAÇONS

Truman




Albert Pike

Allende

Ford

Garibaldi

Duque Connaught

Franklin


Jean Marie Ragon



King Edward VII


DO FUNDO DO BAÚ - RC







terça-feira, 15 de junho de 2010

O CAMINHO DA SABEDORIA – CONTO DO DIÁLOGO ENTRE MITRA E ZOROASTRO



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Uma vez foi visitar o célebre sábio persa, Zoroastro, um dos seus amigos dos tempos da juventude, de nome Mitra. Depois de se abraçarem e saudarem, perguntou o sábio:

- Que é o que te conduz a mim, querido amigo? Feriu-te, por acaso, o mundo e desejas fortalecer-te ao lado do companheiro da tua juventude ? Ou vens trazido pela curiosidade de veres pessoalmente o que há de verdade das coisas que o povo conta a meu respeito?
Respondeu Mitra:

- Tu mesmo te referes à causa da minha vinda; não te ofenderá, portanto, a minha sinceridade.

Interesso-me por ti e pela tua sorte; e decidi vir para ver quem tem razão: se aqueles que afirmam  que chegaste ao conhecimento dos segredos da Natureza, tornando-te sábio, ou aqueles que dizem que és charlatão, que abusas da ignorância da multidão, a fim de seres considerado homem célebre.

Alegra-me que fales sinceramente – disse Zoroastro. - Mas qual é a tua propria opinião a meu respeito ?
Confessou Mitra:

- Ainda não a formei. Se é verdade que os outros afirmam, que és iluminado pela luz da Sabedoria, quero pedir-te que comigo comparti-lhes a tua felicidade; se, porém, tem razão os que falam mal de ti, desejo tentar desviar-te do meu caminho e conseguir que voltes a ti mesmo e a senda da virtude.

Comovido e entusiasmado, tomou Zoroastro pela sua a mão do amigo e lhe disse:
- Abençoada a hora que te trouxe a mim; e sete vezes abençoada, se tens a força e coragem de aproximar-te da Luz, de quem unicamente emana a vida, a felicidade e a sabedoria.

- Como? - exclamou o amigo. - Quererias introduzir-me no teu templo, que com tanto cuidado fechas a outros?

Contestou Zoroastro:
- O meu templo é a Natureza, e, nem que eu quisesse, o que seria loucura, não poderia nunca fecha-lo a pessoa alguma.

- Porém contam muitíssimos casos que repeles àqueles que desejam aprender de ti alguma coisa.
Perdoa-me se te digo o que penso. Se conseguiste conhecer a Sabedoria Superior - suponho que ela existe - por que a ocultas? Por que não a expões claramente ao povo, mas encobres a Verdade com véus de enigmas, alegorias e símbolos, que raras vezes um de muitas centenas de homens pode solver e compreender?

- Falas, Mitra, como todos aqueles que não tem idéia exata do assunto. De que utilidade ser-te-á, se te expuser o perfume de uma flor ? Poderás, de tal exposição, sentir esse perfume e conhecer a flor? 

De que te servirá se te descrever um banquete? Servir-te-á a minha descrição para matares tua fome? Analogamente, como posso fazer que alguém conheça a Sabedoria, se ele se recusa a procura-la? Há Sabedoria morta e Sabedoria viva. A Sabedoria morta nos vem dos livros, das narrações, dos cálculos, das medições e considerações. Esta Sabedoria pode nos ser dada e pode nos ser tomada. Mas a Sabedoria Viva emana da eterna Fonte da Vida, dessa Fonte que, uma vez aberta, nunca desaparece e sempre nos fornece bases imperecíveis para nossas construções no domínio da Razão. Porém, é impossível explicar e ensinar esta Sabedoria; é mister apropriar-nos dela sim como  nos apropriamos do perfume da flor ou da comida; ou melhor dito, é mister que a despertemos em  nós, assim como, pelo perfume, da flor, se desperta em nós o sentido do olfato. Vês como é difícil dar uma explicação, mesmo geral. E quando se passa às minuciosidades, a dificuldade cresce, pois a nossa linguagem é demasiado pobre e o nosso ouvido é demasiado cru para essas coisas tão delicadas. È necessário procurar e achar a Sabedoria em si mesmo; outro caminho não conduz a ela.

Mas espero que tudo isso se torrne mais claro se quiseres acompanhar-me na minha ida à maravilhosa Fonte que existe lá, nas montanhas que daqui se pode avistar.

E, dizendo isso, Zoroastro apontou além de uma serra, ao Oriente, duas montanhas mais altas, e continuou:

- Lá, entre aquelas duas montanhas elevadas emana uma Fonte que contém qualidades maravilhosas; purifica o coração, dissipa as evaporações e névoas que se acumularam na cabeça e na mente, e retira de nós a impureza das grandes cidades e as fuligens que a fumaça do mundo depositou em nosso interior. Depende de ti querer acompanhar-me até lá. Daqui a algumas semanas mostrarei o caminho que conduz a essa Fonte, há alguns que desejam conhece-la e com sua água se saciar. Verás, então, como sou liberal na distribuição da minha doutrina, como também te convencerás que pouquíssimos são os que, verdadeiramente e com seriedade, almejam atingir a verdadeira Sabedoria.
E Zoroastro foi preparando o seu novo discípulo para a viagem. Quando chegou o dia determinado, reuniram-se setenta discípulos ao redor do Mestre, para ouvirem ainda alguns conselhos relativos a viagem. Dando-se fraternais abraços, prometeram eterna fidelidade à Sabedoria, e puseram-se a caminho, separadamente, cada um escolhendo o caminho que mais lhe agradava: um a estrada larga e outro um caminho estreito; um em companhia de um amigo, outro sozinho; um preferia o campo, outro o bosque. Não caminharam em grandes grupos, para não chamarem a atenção do povo, porque a Sabedoria não quer, se a procuramos, ser objeto de conversações e críticas das multidões.

Quando os viajantes tinham caminhado desta forma durante três dias, reuniram-se todos numa grande cidade, onde floresciam o comércio, as ciências e as artes, e onde existiam numerosas instituições de educação, asilos e hospitais, como atestados do amor da cultura e humanidade dos seus cidadãos. De todos os países, ali se reuniram muitas pessoas, para observarem e estudarem os sistemas políticos, sociais, humanitários, e educacionais dessa cidade, considerados superiores aos demais conhecidos. O fato mais admirável, porém, era o de já haver ali a água da fonte da Sabedoria, embora apenas imitada; pois os químicos haviam estudado a composição natural da água genuína da dita fonte e conseguiram compor uma imitação, que os peritos consideravam tão boa, e talves até melhor do que a fonte da montanha.

Muitos dos discípulos de Zoroastro encontraram ali seus conhecidos, outros formaram novas amizades; assim, aconteceu que, após três dias, devendo continuar a viagem, sentiram-se tristes por se despedirem dos amigos; alguns decidiram ficar, pois haviam provado daquela água e, apesar de ser apenas uma imitação da água verdadeira, acharam-na muito gostosa e não sentiram mais vontade de procurar a verdadeira fonte.

Depois de outros cinco dias de viagem, durante os quais não encontraram lugares importantes, mas sim alguns lugarejos que apenas ofereciam divertimentos e gozos sensuais, os discípulos de Zoroastro que ainda continuavam a peregrinação, chegaram a uma cidade que excedia a anterior, tanto na grandeza, como no progresso. Ao se reunirem os viajantes, perceberam que novamente alguns companheiros haviam ficado para trás, atraídos e seduzidos pelos gozos e divertimentos encontrados no lugar acima mencionado. Alguns tinham encarregado seus condiscípulos que os desculpassem alegando necessidade de descanso e prometendo seguir viagem logo depois de renovarem as forças. Ouvindo isso, Zoroastro chamou a atenção dos presentes para os perigos que o discípulo encontra ao procurar a Sabedoria nas atrações das ilusões sensuais e admoestou os companheiros para que não perdessem a coragem de combater tais ilusões.

A cidade onde agora se achavam era um quase paraíso das ciências e das artes. Ali soavam todos os nomes célebres; as riquezas locais; lindíssimos jardins, edifícios majestosos, danças, cantos, esportes, jogos, lutas e festas divertiam os estrangeiros. Todos os talentos estavam agindo e recebiam suas recompensas. E, o que era mais admirável, vendia-se ali, por preço elevado a água da sabedoria, recolhida da própria fonte; mas não era pura; porque, para fazer dela um verdadeiro néctar, misturavam-lhe partículas de sabedoria de outros lugares.

- Esta é a verdadeira água da sabedoria - clamava o vendedor - a sua composição é a maior e a mais sublime arte e o mais profundo segredo. Zoroastro mesmo tem se esforçado por descobrir este segredo e não o conseguiu, pois aqui nada pode conseguir a razão humana; só a tradição fielmente conservada pelos adeptos, conservou a receita para o bem da humanidade.

Fácil é compreender que o vendedor dessa água fazia ótimos negócios, e até alguns dos companheiros de Zoroastro deixaram-se iludir, pois compraram e tomaram essa água, e julgaram-se desobrigados de continuar a viagem. Quando, no sexto dia se reuniram num lugar isolado a fim de  prosseguirem em sua peregrinação, o número de discípulos havia diminuído sensivelmente.

Zoroastro exortou-os, com palavras sinceras, paternais e sérias, a que persistissem, vencendo obstáculos e ilusões, quaisquer que fosse sua forma. Parecia como se temesse que chegaria sozinho à fonte. Mas aqueles que ainda o acompanhavam prometeram que continuariam até chegar ao alvo de sua viagem, apesar de todos os obstáculos possíveis.

Depois de novos sete dias de viagem, entraram numa cidade vasta, porém diferente das anteriores; não havia ai nada que lembrasse divertimentos; tudo respirava serenidade e reflexão. Havia ali uma universidade, onde professores, uns sentados, outro parados de pé, outro passeando, enchiam as cabeças dos seus discípulos com os conteúdos de todos os livros e ensinamentos dos mestres eruditos de todo o mundo e de todos os séculos. Havia também um templo da sabedoria, onde era fornecida a água da maravilhosa fonte, e essa água era pura, genuína e sem mistura alguma. Era trazida diretamente, carregada em vasos especialmente fabricados para este fim, impermeáveis, para não se perder nem uma gota; e esses vasos eram lacrados com um selo, de que se afirmava que fora usado já por Enoque, para defender da morte corporal. Nestes vasos, debaixo do selo, ficava a água durante sete semanas, sete dias e sete horas, guardada para desenvolver as qualidades perfeitas que não podia manifestar - assim se dizia - na fonte e no momento em que era retirada. Essa água era vendida por um pequeno preço e aqueles que a bebiam aguardavam com paciência e esperança, o efeito prometido; e quando este se manifestava, ninguém tinha a coragem de confessar que havia sido iludido, porque não queria causar inimizades nem prejudicar a boa fama da água.

Depois de passarem ali sete dias, os viajantes continuaram a jornada. Faltavam ainda nove dias para chegarem a almejada fonte. Depois de três dias, deviam novamente reunir-se todos num certo lugar.

Já estava pondo-se o Sol naquele dia e só quatro estavam no lugar designado. Zoroastro olhou o pequeno resto do séqüito e disse apenas:
- Vamos descansar.
No dia seguinte passaram por um riacho que caia de um rochedo.
- Vede! - Disse Zoroastro - Aqui está aquela água, cuja fonte procuramos. Daqui a tiram aqueles que a vendem na cidade que visitamos. Vamos adiante!

O caminho subia íngrime e em alguns lugares apenas as fendas das rochas serviam para se seguraremo. Finalmente, os caminhantes chegaram ao lugar onde viram elevar-se nos ares dois altos montes, um à direita e outro à esquerda.

- Estes dois montes - explicou Zoroastro - formam o vale onde encontraremos nossa fonte. O caminho até lá é perigoso, e cada um de nós tem que passa-lo sozinho, para devidamente se preparar e provar que seriamente deseja beber dessa fonte da verdade. Quem, durante a viagem se deixou seduzir, bebendo da água imitada ou selada, ficou para trás, porque não suportaria o caminho. E, apontando a cada um dos quatro o caminho a seguir, afastou-se deles.

Então, os quatro acharam crítica a situação. Com surpresa olharam ao redor de si, e sentiram-se com pouca coragem de prosseguir. Finalmente um deles disse:

- Irmãos, avante! Não nos servirá a vacilação. Eu confio na proteção da Sabedoria, em cuja proximidade estamos e com coragem irei adiante. Desejo-vos êxito; tornaremos a ver-nos juntos à fonte.

E segiu na direção que Zoroastro lhe havia apontado. O nome deste corajoso era Ali. Mitra também continuou a viagem, tendo adquirido mais energia com as palavras de Ali. Os outros que tinham provado da água milagrosa na cidade por onde ultimamente passaram, julgaram inútil prosseguir, e rataram de voltar. Assim, pois, só Ali e Mitra continuaram a viagem à fonte. Ambos tinham-se abstido de experimentar, nas ocasiões oferecidas, a água imitada ou selada; ambos estavam animados de um vivo desejo de alcançar a fonte da verdadeira, pura e livre água da sabedoria. E quem descreverá a alegria que ambos sentiram nos seus corações, quando, vindo um de um lado, e o outro do outro lado, ambos se encontraram, no dia seguinte num vale, diante de uma pirâmide, formada pela Natureza; no centro dessa pirâmide manava, de um triângulo de ouro, a mais pura, a mais clara água. E no mesmo instante, apareceu ao lado deles Zoroastro, abraçando-os e dizendo:

- Ao menos vós dois chegastes! Graças ao Dirigente do Destino! Mas, ainda não bebais desta água, tão pura. É preciso que vos prepareis dignamente, para que os seus efeitos vos sejam benéficos e duradouros.

E, umedecendo com a água da Sabedoria as testas dos dois companheiros, e dando-lhes frutas para que comessem, disse-lhes:

- Ainda por três dias terei que esperar-vos e a cada um lhe será dada uma tenda, e ali cada um deverá observar-se a si mesmo. Evocai os dias da vossa infância, vossa pura inocência. Unindo esses dias com o presente, esquecei todo o tempo que está entre essa infância e hoje. Elevai em seguida, os vossos pensamentos para o eterno futuro, para que o passado da inocência o presente e o futuro se unam num só pensamento e vos tornem dignos de receberdes a suprema consagração!

E, levando-os as suas tendas, recomendou a proteção da Eterna e Onipresente Divindade. Três dias depois estiveram novamente ao pé da pirâmide. Zoroastro encheu um cálice de água para cada um.

Ergueu o seu e bebeu, brindando ao passado ao presente e ao futuro. Os dois amigos seguiram o seu exemplo. Com sublime seriedade levantou os braços e pronunciou uma prece em nome de 

Aquele que sempre foi, que é e que será e disse:
- Está feito, caia o véu! Vós abandonastes a multidão mutável e elevaste-vos as regiões do que é imutável, onde não domina mais o acaso, mas onde reina a Verdade, e onde a claridade da Luz Eterna nos torna conhecidos às leis da Eternidade. Abençoada seja esta hora! Duas almas foram trazidas a Imortalidade! Abraçai-me, irmãos; continuaremos sendo irmãos. O Mestre é Um só e Ele vos conduzirá no futuro.

- Os três passaram mais alguns dias naquele lugar Sagrado. Depois saíram dali juntos e, sem dificuldade, alcançaram o lugar de sua partida e, quando Zoroastro chegou à sala de reuniões, eis que ali estavam reunidos todos os setenta discípulos, muito alegres que podiam agradecer ao Mestre a felicidade que encontraram na viagem. Zoroastro falou com amistosa seriedade e explicou como é fácil considerar como verdade uma ilusão. Exortou-os que evitassem toda ilusão e não se cansassem  de procurar a Verdade, até encontrá-la. Depois de se despedirem, ficou com os dois companheiros vitoriosos, Ali e Mitra, e levou-os a sua casa e lhes disse:

- A vós nada mais tenho a ensinar. Conhecestes a Verdade e a sua fonte. Ide cada um pelo vosso próprio caminho, e, se encontrardes ouvidos capazes de vos ouvir e compreender, ensinai-lhes o modo de conhecer o Espírito. Que o vosso ensino seja calmo e dado em rodas de irmãos. Nunca pregueis vossas doutrinas nos lugares públicos, no movimento das massas nas lutas dos partidos nem onde se procura poder político, honras ou riquezas. Na arte dissolvente dos discursos públicos foge o espírito e, assim, o orador apresenta-nos um alimento que podemos perceber, mas não comer.

- E se não encontrarmos ouvintes – Perguntaram os dois amigos, - Que deveremos fazer?
- Então tomai por vosso modelo a fonte no deserto - respondeu Zoroastro -– Ela corre incessantemente e, se em um século matou a sede de um só viajante sedento, não ficou sem utilidade, e não fluiu em vão.

Fonte: Sociedade das Ciências Antigas.



sábado, 8 de maio de 2010

A Ânsia de Resultado



A Ânsia de Resultado se refere a um tipo de impedimento na expressão da Vontade pura.

Referências nos Escritos de Crowley

O termo "ânsia de resultado" primeiramente aparece no Capítulo I do Livro da Lei:
"Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre da ânsia de resultado, é toda via perfeita." (AL I:44)

Em seu "Comentários sobre o Livro da Lei, Crowley discute tipicamente o conceito de “ânsia do resultado” junto com aquele da “finalidade".

Do Antigo Comentário (1913) no AL I:44:
Recomenda-se "não-fixar-se". Os estudantes compreenderão como na meditação a mente que se une à esperança do sucesso está tão amarrada como se estivesse atada a uma ideia de base material. É um vínculo e o objetivo é a liberdade.'"

Recomendo um estudo sério da palavra unassuaged (insatisfeita), a qual parece não muito inteligível. (Magical and Philosophical Commentaries, p.135)'"

Do Novo Comentário (1920) sobre AL I:44:
Este verso é melhor interpretado pela definição de “vontade pura” como a verdadeira expressão da Natureza, o movimento próprio as, ou inerente no, assunto em questão. É artificial termos algum fito em mira. O estudante é referido a Liber LXV, Cap. II, v. 24, e ao Tao Teh King. Isto se torna particularmente impor-tante em graus elevados. A gente não deve praticar Yoga, etc., a fim de conseguir Samadhi, como um garoto da escola ou um caixeiro de venda; mas por amor à coisa, como um artista.


"Desembaraçada" significa "sem seu gume perder fio por causa de", ou "sem ser embotada por". O estudante puro não pensa no resultado do exame.

Liber Cordis Cincti Serpente vel LXV, Capítulo II, v. 24, diz:
"E eu reclinei minha cabeça contra a Cabeça do Cisne, e ri-me, dizendo: Não há alegria inefável neste vôo sem fito? Não há cansaço e impaciência para quem quereria alcançar algum alvo?"

Ainda no mesmo Liber, Capítulo V, v. 51:

"Que o fracasso e dor não desencorajem os adoradores. As fundações da pirâmide foram lavradas na rocha viva antes do pôr-do-sol; chorou o rei na aurora porque a coroa da pirâmide ainda não havia sido lavrada na terra distante?"


Os comentários de Crowley no verso acima leem-se como se segue:


"O Adepto, aproximando seu pensamento ainda mais do Êxtase, ri, tanto de pura alegria quanto porque acha graça na absurda incongruidade de argumentos "razoáveis" dos quais ele está agora livre para sempre; e expressa a sua idéia assim: O livre exercício de nossa faculdades é pura alegria; se eu sentisse necessidade de alcançar algum objetivo, isto resultaria na dor do desejo, na tensão do esforço, e no medo de fracasso."



Em O Livro de Thoth, Crowley relaciona o 10 de paus com a ânsia de resultado:

"O todo da figura sugere opressão e repressão. É crueldade estúpida e obstinada da qual não há fuga. É uma Vontade que nada compreendeu além de seu propósito lânguido, sua "luxúria do resultado" e devorará a si mesma nas conflagrações que evocou"

O Livro de Thoth- O Taro, Aleister Crowley

Fonte: Ocultura