quinta-feira, 23 de abril de 2015

A HIPOCRISIA E A SINCERIDADE


Devido ao número maior e crescente de falsos espiritualistas, falsos líderes em falsos caminhos, achamos oportuno a publicação sobre a HIPOCRISIA abaixo atribuida a John Garrigues. ~ R.C.

SOBRE A HIPOCRISIA E A SINCERIDADE

“Tu vês no outro o que há no teu coração.”

Nenhum defeito ilustra melhor este antigo aforismo que o defeito da hipocrisia. Nenhum erro pode ser mais desprezível, nem mais universal. 
O caráter do indivíduo - isto é, o seu carma - faz parte do carma humano e do carma nacional. A falsidade consciente e inconsciente em sua alma é inerente à etapa atual da evolução humana. Mas há uma armadilha sutil presente no ato de estudar e admirar uma filosofia elevada e nobre:  esta prática regular estimula a auto-estima a partir da sua capacidade de compreender e de admirar. O altruísmo é frequentemente um outro nome para a auto-indulgência. A meditação sobre uma filosofia elevada leva inúmeras vezes ao esquecimento do que a meditação é na realidade - apenas meditação. Neste caso, a planta da auto-estima, crescendo desde a lama da natureza humana, produz sutilmente um crescimento tão grande da hipocrisia que chega a ficar  fora de toda proporção.
Tendo obtido algum conhecimento sobre a lei do Carma, o nosso sentimento em relação a quem não compreende esta lei passa a ser - ao invés de compaixão impessoal - um desprezo sorridente, uma vaidosa surpresa diante de tamanha ignorância. 

É muito humano o hábito de recusar-se a pensar em seus próprios defeitos e, com o tempo, hipnotizar a si mesmo passando a acreditar que foram superados.

Mas reconhecer os seus próprios erros, inclusive o da hipocrisia, é muito melhor do que tornar-se hipócrita até para si mesmo, além de ser falso para com o mundo externo. O reconhecimento de um defeito envolve um sofrimento e uma relativa humildade, e isso abre uma brecha pela qual a luz do Espírito pode brilhar na natureza inferior da consciência humana.

Os defeitos não podem ser arrancados por um simples ato de vontade, porque às vezes eles se instalam em cada fibra da natureza. Por outro lado, todas as energias são espirituais, embora estejam sempre em autotransformação.

Portanto, todo o problema pode ser solucionado pela distribuição correta e pelo uso sábio das forças pessoais. Cada energia que se volta para uma finalidade espiritual e altruísta é uma energia drenada das áreas do eu pessoal inferior, e a recíproca é verdadeira. Se as energias pessoais estiverem completamente devotadas a um uso espiritual, o vazamento delas no mundo do eu inferior cessará.

Sem dúvida, há momentos em que a natureza inferior, tendo recebido devido à nossa insensatez uma energia vital vigorosa e maléfica, irá perceber os perigos do jejum e fará uma perigosa ofensiva. Em tais casos, pode ser necessário fazer durante algum tempo um grande esforço de auto-controle. Mas, em geral, a auto-transformação depende de um trabalho construtivo na direção oposta à do erro. São muitos os que, depois de diversos anos ou de uma vida inteira de luta com o eu inferior, apenas se esquecem do eu inferior no serviço altruísta, sem darem atenção a vitória ou derrota pessoais.  

Esse é o caminho mais adequado.

“The Modern Vice”, J.Garrigues.
Fonte em Filosofia Esotérica