domingo, 29 de maio de 2011

O CRISTO MÍSTICO





O CRISTO MÍSTICO

Jorge Adoum


133 - Muitas pessoas tem duvida da existência histórica de Cristo (*). Deixemo-las em suas divagações, pois não temos tempo a tratar de demonstrar a existência do Sol.
A narrativa da descida do Verbo ao seio da matéria é tão perfeita, tão verdadeira quanto a descida do EU SOU AO MEU CORPO.

134 - Jesus identificou-se com Cristo (*), O VERBO POR QUEM TODAS AS COISAS FORAM FEITAS. Para as igrejas, este fato divino tornou-se datas históricas de quem consideram a divindade encarnada (Cristo (*) Místico). Assim como o CRISTO (*) DOS MITÉRIOS, O LOGOS a SEGUNDA PESSOA DA TRINDADE, é o Macrocosmos, assim também o Microcosmos encerra e representa o segundo aspecto do Espírito Divino, chamado, por isso, CRISTO (*). O segundo aspecto do Cristo (*) dos Mistérios é, portanto, a vida do iniciado, a vida do SEGUNDO NASCIMENT NO REINO INTERNO. Durante esta Iniciação Interna, Cristo (*) nasce no homem e, mais tarde, se exalta, para tornar mais intelectual ao iniciado a natureza do Espírito nele.

Somente por meio do AMOR pode o homem aspirar à Iniciação. Pelo amor verdadeiro o homem pode tornar-se "puro, santo, sem mancha, e viver sem transgressão", chegando assim a ser iniciado, a SER Cristo (*) CONSCIENTEMENTEO. Esse é o caminho das provas que leva à "PORTA ESTREITA", "AO CAMINHO DA SANTIDADE" e, pois, "AO GOLGOTA COM A CRUZ ÀS COSTAS".
O Cristo (*) Sol no homem é o FOGO DIVINO DA ALMA, que se deve CONVERTER EM LUZ; "O NOSSO DEUS É FOGO", disse Moisés. É o Menino que nasce como o homem no presépio, na casa de carne (BÉLEM), o corpo físico.

O candidato deve desenvolver estas qualidades de maneira perfeita, antes que Cristo (*) possa nascer em si. Deve preparar a morada para este Menino Divino que vai crescer dentro dele. Os preceitos necessários para desenvolver essas qualidades estão perfeitamente traçados no SERMÃO DA MONTANHA, e nada mais temos que dizer sobre esse particular.

135 - O MAIOR MISTÉRIO DO CRISTIANISMO ESTÁ ENCERRADO NOS CATORZE VERSÍCULOS DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO EVANGELHO DE SÃO JOÃO:

1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2. Ele estava no princípio com Deus.
3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;
5. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7. Este veio para testemunho para que testificasse da luz; para que todos cressem por ele.
8. Não era a luz; mas para que testificasse da luz,
9. Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo.
10 . Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
11. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome;
13. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
14. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

Todas as religiões, antigas e modernas, colocaram e colocam sobre altares a imagem de um homem ou de uma mulher para simbolizar o poder Divino e o Adorá-lo. A Arca de Noé, a Terra Prometida, o presépio de Belém, o Santo Sepulcro, o Tabernáculo, Jerusalém, o Templo de Salomão etc. etc. não são mais do que o mesmíssimo corpo humano onde arde o Fogo Crístico.
O homem é um sistema universal composto de astros, planetas, sóis, luas, cometas, vias-lácteas e constelações; deve seguir a mesma LEI DO SISTEMA MAIOR. Quanto mais perfeito é o homem, tanto maior cumprimento dá a estas leis, como o fez Jesus Cristo (*). Nós também "devemos chegar, algum dia, à estatura de Cristo (*)".

136 - Há uma só religião com muitas instituições religiosas, assim como há uma única humanidade com muitas raças e costumes. O grande arcano das religiões, como temos visto, está no poder do Fogo Crístico e da Luz Inefável. O Sol, sempre o Sol, era adorado como o GRANDE FOGO que ardia no meio do Universo, ao passo que o Fogo Divino está mais além do Sol físico. Por este Fogo Divino Interno, que foi adorado no princípio, o homem nos deixou um símbolo no archote, na espada flamígera e na coroa de ouro cujas pontas se assemelhavam aos raios solares. Todos os homens Deuses tinham nomes que significavam FOGO-LUZ: Júpiter, Apolo, Hermes, Mitra, Baco, Odin, Buddha, Krishna, Zoroastro, Fo-Hi, Ágni, Hiram Abiff, Sansão, Josué, Vulcano, Alá, Bel, Baal, Serápis, Salomão, Jeshua (Jesus), e muitas outras divindades cujos nomes significam manifestações de Luz.

A fábula de Prometeu é um véu da Verdade: a alma humana, ao possuir o fogo divino da humanidade, empregou-o para a destruição; foi encadeada à rocha (corpo) e devorada pelo abutre (dos desejos), até que um homem conseguisse dominar o fogo e se tornasse perfeito. Esta profecia foi cumprida por Hércules (Cristo (*)), que (nascendo como Luz no mesmo fogo da alma) libertou a que, havia tantos anos, estava submetida ao tormento (nascendo no seu coração pelo segundo nascimento ou Iniciação).

A luz que brilha no sistema nervoso é o mediador entre o Deus Íntimo e o homem externo. É a ponte que une o Espírito à Matéria. Por causa desta Luz o filho do homem é chamado filho de Deus. Os filhos da Luz conseguiram ver o Sol Interno INVISIVEL. As antigas religiões buscavam a maneira de captar o fogo cósmico que circulava no éter; por isso, valiam-se os sacerdotes de plantas, de animais e de metais de propriedades absorventes dessa Luz Invisível. O cristianismo emprega o fogo em seus ritos com o incenso para simbolizar que, assim como o fogo queima o incenso e este se converte em fumo perfumador, assim também o Fogo Divino, no homem, consome tudo quanto há de grosseiro da alma, para convertê-la em fragrante perfume. Os campanários, as torres, os obeliscos e as pirâmides são símbolos nativos do fogo.

O ouro dos templos tem a cor da luz solar. Os círios acesos nos altares representam o Fogo Divino. A pequena lâmpada vermelha alimentada com óleo de azeitona, que ilumina o altar, é o mais importante; é o símbolo de IEVA: Adão-Eva - O Senhor Construtor das Formas.
O azeite é o símbolo do sangue: este mantém a chama sagrada do homem, assim como o outro sustenta as chamas físicas.

O sangue é o veículo da chispa divina. Esta chispa move-se com a corrente sanguínea e não se encontra em qualquer ponto particular do organismo. A vibração desta chispa pode ser dirigida e localizada em qualquer parte do corpo, por meio da vontade concentrada. O sangue incendeia-se nas veias e manifesta o FOGO DIVINO Interno.

137 - O iniciado participa do Divino Poder Solar. Transfigura-se. Este poder se manifesta em forma de auréola de luz ao redor de sua cabeça, porque o fogo do Espírito Santo no Sacro se converte em luz no cérebro, e o iniciado se converte em Onisciente sem necessidade do intelecto. Esta auréola de luz, com o tempo, converte-se em diadema para o rei, mitra para o bispo, disco de luz para a cabeça dos santos. O Fogo Criador, ao subir pela espinha dorsal e, finalmente, chegar ao terceiro ventrículo do cérebro, toma uma formosíssima cor dourada, irradia-a em todas as direções, formando uma coroa sobre o osso occipital, em forma de leque. Esta luz significa a regeneração do homem que alcançou a "estatura de Cristo (*)". Ela muda de cor conforme o pensamento: a pureza se converte em branca; a espiritualidade, em azul; o saber, em amarelo; o amor, em cor-de-rosa, etc. Temos hoje muitos meios de demonstrar estes fenômenos e muitos homens de ciência estão ocupados no estudo da aura humana.

Temos já dito que o homem deve ter dois nascimentos: um físico e um espiritual. Tem de ser homem e Cristo (*) ao mesmo tempo. Vamos agora tratar de decifrar o mistério do Cristo (*) no homem físico assim como deciframos o significado do Cristo (*) solar.

O grânulo de vida está depositado no útero materno, porta da vida, durante nove meses; após esse tempo, nasce, e a Alma Cristo (*) permanece no casebre do coração, no corpo (casa de carne). O Menino-Cristo (*) no homem está rodeado de animais: a ignorância do burro, a debilidade do cordeiro e a brutalidade do touro. O rei das trevas, no corpo, com a ambição e o orgulho, quer matar o novo Rei nascente, para livrar-se do remorso e ter ampla liberdade de seguir os desejos da carne. O neófito é atacado pelo fantasma do umbral no segundo nascimento e é perseguido por todas as hostes do inferno (mundo inferior). Foge, então, para o Egito, isto é, refugia-se no mundo interno, abandonando as tentações do corpo e sua paixões, a fim de crescer espiritualmente e voltar, depois, ao cumprimento de sua missão na vida. Assim como o Sol percorre aparentemente os doze signos zodiacais, também o Espírito Crístico tem de percorrer todas as dependências do seu sistema no corpo, que é a miniatura do Universo. A cabeça é o Oriente do homem, de onde sai o Sol Cristo (*). O iniciado deve dirigir sempre os seus pensamentos e suas práticas para o cérebro, onde tem a raiz de sua trindade. A porta para o Oriente é o coração, por onde deve entrar o neófito. Por esta porta o neófito ou recém-nascido é conduzido para as piras do batismo (que se acham no fígado, órgão que forma, por suas emoções e desejos, o corpo astral ou de desejo); ali ele é batizado e submetido à prova d'água, que significa o domínio do desejo. O recém-nascido jura ante o altar no coração, onde brilham um Sol e seis luminares. (O Sol foi depois representado pela custódia, símbolo do Sol resplandecente, ou símbolo do FOGO DIVINO; os seus centros magnéticos ou planetas são simbolizados pelos seis círios.)

O CRESTHOS (em grego significa "BOM") é uma qualidade que deve ser adquirida antes de poder se tornar um CRISTO (*), UM UNGIDO. Após haver chegado a viver uma vida virtuosamente exotérica, poder-se-á começar a viagem ou o caminho para a Iniciação, a senda da provação - a senda que conduz à porta estreita - caminho da Santidade - caminho da Cruz. O aspirante deve adquirir as sete virtudes para sentir o ardor pela felicidade de ver Deus e de unir-se a Ele (São Mateus 5:8).

138 - O Espírito que mora no corpo é um fragmento invisível de Deus. É trino, por ser Deus. É Poder, Amor e Saber. O Pai é o Poder; o Filho é o Amor, e o Espírito Santo é o Saber. A Iniciação consiste em dar completa liberdade ao Íntimo para que obre por meio dos seus três atributos. O Cristo (*) Místico, pois, é o SER INTERNO do homem, e, por conseguinte, é DUPLO. É o Logos, Verbo ou Segunda Pessoa da Trindade, que desce à Matéria. Em seguida o Amor, segundo aspecto do Espírito Divino, faz evoluir o homem. Um representa os processos cósmicos no Mito Solar, o outro representa o processo que se passa no indivíduo. Ambas as fases, a Solar e a Individual, se encontram na narrativa dos Evangelhos; sua união nos apresenta uma imagem do Cristo (*) Místico. O Cristo (*) Cósmico, a divindade que se envolve com a Matéria, é a encarnação do Logos ou Deus feito carne. Esta Matéria-Mãe recebe da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, a vida que a anima e lhe permite tomar forma. A Matéria condensada é modelada em seguida pelo FILHO, segundo Logos, que se sacrifica encerrando-se ou crucificando-se, a fim de tornar "HOMEM CELESTE".

Do seu corpo fazem parte todas as formas. Tal é o processo cósmico dramaticamente representado nos mistérios.

"O ESPÍRITO DE DEUS PAIRAVA SOBRE AS ÁGUAS. E AS TREVAS ESTAVAM SOBRE A FAZE DO ABISMO", disse o Gênese.

Logo lhe foi dada a Forma pelo Logos: "TODAS AS COISAS FORAM FEITAS POR ELE E NADA FOI FEITO SEM ELE", disse São João no seu Evangelho.

Uma vez terminado o trabalho do Espírito, o Cristo (*) Cósmico e Místico pode revestir-se de Matéria, entrando no seio da Virgem Matéria. Esta Matéria foi vivificada pelo Espírito Santo a fim de receber o segundo Logos, e, assim, Cristo (*) se encarna e se faz carne; a vida e a matéria O envolvem com uma vestimenta dupla. É a descida do Logos na Matéria, descrita com o nascimento do Cristo (*) de uma Virgem. Isto se torna em Mito Solar, esse é o nascimento de Deus Sol no momento em que o Signo de VIRGO ou Virgem se levanta no horizonte. Começam aqui os símbolos e as lendas. O Menino nascido está sujeito a todas as debilidades infantis. Ele, então, representa A ALMA FRÁGIL que NASCE PARA A EVOLUÇÃO. A Matéria o aprisiona para matá-lo; ele, porém, lentamente triunfa e modela o corpo para um destino sublime. Consegue a maturação do corpo e se crucifica nessa matéria com a finalidade de derramar da cruz todas as energias de sua vida, sacrificada em benefício do progresso da criação.

Padece, depois morre para os sentidos e é sepultado; mas levanta-se com o corpo astral radiante que torna veículo ou vestimenta (da alma) e vive através das idades. A crucificação de Cristo (*) é uma parte do grande sacrifício cósmico. Todas essas alegorias da crucificação nos mistérios se materializavam até o ponto de tornar-se morte verdadeira de uma pessoa, sofrida na Cruz e num crucifixo levado por um ser humano que expira.

139 - Toda esta história é hoje a história de um homem; foi aplicada ao Instrutor Divino, Jesus, e transformou-se na história de sua morte física, assim como o seu nascimento de uma Virgem e a infância rodeada de perigos.Sua ressurreição e a ascensão chegaram a ser assim como incidentes de sua vida. Os mistérios desaparecem, mas as lendas chegam a ser a vestimenta do Instrutor da Judéia. O Cristo (*) Cósmico desaparece no Cristo (*) Histórico. PARA OS INICIADOS, PORÉM, O CRISTO (*) ERA É E SERÁ SEMPRE O DOS MISTÉRIOS, QUE ESTÁ INTIMAMENTE LIGADO AO CORAÇÃO HUMANO - O CRISTO (*) DO ESPIRITO HUMANO - O CRISTO (*) QUE EXISTE EM CADA UM DE NÓS, QUE AÍ VIVE, É CRUCIFICADO, RESSUSCITA DENTRE OS MORTOS E SOBE AO CÉU, EM MEIO DOS SOFRIMENTOS E DO TRIUNFO DE TODO "FILHO DO HOMEM". A vida de todo iniciado nos mistérios celestes está traçada em grandes linhas na biografia dos Evangelhos. Por isso São Paulo fala do nascimento, da Evolução e da maturação completa de Cristo (*) no discípulo. TODO O HOMEM É POTENCIALMENTE UM CRISTO (*) E SEGUE DE UM MODO GERAL A NARRATIVA DOS EVANGELHOS NO INCIDENTES PRINCIPAIS; mas, como já temos dito, estes têm um caráter universal e não particular.

Cinco grandes Iniciações esperam o aspirante a Cristo (*). A primeira É O SEGUNDO NASCIMENTO DO CRISTO (*) NO CORAÇÃO, POIS O DISCÍPULO NASCE NO REINO DE DEUS INTERNO, COMO UM MENINO. "SE NÃO VOS TORNARDES COMO MENINOS, NÃO ENTRAREIS NO REINO DOS CÉUS" DISSE JESUS. Jesus nasceu na caverna. (É a gruta da Iniciação conhecida pelos antigos como a "Caverna da Iniciação".) Em cima da gruta brilha a ESTRELA DA INICIAÇÃO, cuja luz resplandece pelo nascimento da LUZ INEFÁVEL. Sua vida está em perigo por causa das tenebrosas potências do mal. Apesar de todo o perigo, alcança o estado viril, porque, uma vez nascido, não pode o Cristo (*) morrer, tem de terminar sua evolução no homem. Sua vida se expande em beleza e força, crescendo em sabedoria e espiritualidade até alcançar a Segunda Iniciação.

140 - A Segunda Iniciação é o batismo da água ou o domínio de todos os desejos, o qual lhe confere os poderes necessários a um Instrutor. Então, descendo o Espírito Divino sobre Ele com a glória do Pai Invisível, ilumina-o e assim chega a ser "O FILHO BEM-AMADO", A ELE SE DEVE ESCUTAR.

Logo Ele é levado ao deserto da Matéria para ser tentado. O inimigo secreto, que reside no baixo-ventre ou no inferno (parte inferior do corpo), esforça-se por lhe mostrar a dificuldade de seguir a senda, e convida-o a servi-lo, para a sua própria tranqüilidade e proveito pessoal. Ele, porém, vence o Tentador e a Tentação e volta aos homens, a fim de alimentá-los com o pão da vida e curá-los das doenças.

Depois de tantos serviços impessoais e sofrimentos internos, galga a montanha sagrada da Terceira Iniciação, onde se transfigura, tornando-se tão radioso quanto o Sol.
Estará,então, preparado para o BATISMO DO FOGO ou o BATISMO DO ESPÍRITO SANTO e a entrada na última etapa do caminho da Cruz. É, então, perseguido e vituperado; contudo, não deixa de crescer a vida do amor. Bebe o cálice amargo da traição, do abandono e é negado por todos os seus. Anda desapreciado pelos homens, carregando a cruz na qual deve morrer, renunciando à vida do mundo inferior. Cercado de inimigos triunfantes, o seu heróico coração lança um grito ao Pai que parece tê-lo abandonado, e então abandona o corpo de desejos. Ele, o iniciado, desce aos infernos para poder salvar os que pedem auxílio e os átomos que desejam trabalhar sob o estandarte do EU SUPERIOR. Volta depois à luz, abandonando as trevas inferiores, com o sentimento de que é o FILHO INSEPARÁVEL DO PAI.

Uma vez terminados os seus deveres na vida terrestre, Ele sobe ao Pai por meio da Quinta Iniciação, porque já está unido ao Deus Íntimo.
É esta a história dos Cristo (*)s e dos mistérios, ou do Cristo (*) dos Mistérios, sob o duplo aspecto - Logos e homem - ; cósmico e individual.
Jesus é considerado como o Cristo (*) Místico e Humano, que luta, sofre e, finalmente, triunfa: é o homem em quem a humanidade se vê crucificada e ressuscitada, cuja história promete uma vitória a todos os que, como Ele, forem fiéis até a morte, e até mais além da morte.

(*)NT - Jesus Cristo é chamado pelos Martinistas de Yeschouá o Grande Arquiteto do Universo, saiba mais lendo o artigo "JESUS DE NAZARÉ Por Papus (Tratado de Ciências Ocultas livro II) no site Hermanubis, artigos em Português"

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domingo, 22 de maio de 2011

Reformas na Ordem Martinista



Reformas na Ordem Martinista

Por JEHEL. Del:. Ger:. da
O:.K:.R:.C:. e Presidente do
Grande Conselho da Ordem
Martinista.

Iniciado em 1922 na Ordem Martinista, tendo assumido sua direção visível em 1936 e reorganizado sua estrutura administrativa e ritualística em 1939, tendo, pois, oportunidade, nesse longo período de tempo, de observar as vantagens e eventuais inconvenientes que a organização maravilhosa dada a nossa amada e venerável Ordem Martinista por PAPUS na Europa, podia apresentar no que a sua adaptação ao ambiente americano e especialmente da América Latina se refere.

É por isto que, de acordo com meus Irmãos da Ordem Kabalística da Rosa Cruz e do Grande Conselho da Ordem Martinista, resolvi depois de todo esse período de observação em distintos países no qual o Martinismo estuda, ora e trabalha silenciosamente, proceder às reformas que, com data de 9 de Junho (a data de maior força moral de cada ano), serão postas em vigor, para todas as Corporações e Membros Livres de nossa amada Ordem, neste Continente.

Como, por outra parte, o Martinismo não oculta dos olhares profanos mais que aquilo que tem um caráter demasiado sagrado para ser publicado ou a que cada um deve realizar sozinho, pelo estudo, a meditação, e pela reiterada prática de atos de harmonia com a doutrina, creio convenientemente que “A INICIAÇÃO” leve ao conhecimento do público o espírito geral que tem presidido a estas reformas, ficando desta forma todo Leitor da revista em condições de formar-se um juízo e de poder eventualmente, evitar que sua mente fique preocupada com conceitos errôneos que por ventura pessoas interessadas possam formular, desvirtuando, inconscientemente ou de propósito, a real orientação da Ordem Martinista.

PAPUS DIZIA: “O Martinismo é uma livre Cavalaria Cristã, dedicada ao estudo do esoterismo cristão, à pratica da caridade em todas as modalidades e constituí assim a porta de ingresso a quase todas as Fraternidades mais elevadas”.

Tal conceito fundamental, permanece inalterado. O Martinismo, cristão por sua doutrina, cristão pela composição de sua coletividade, cuja grande maioria é evidentemente constituída por pessoas de raça branca e de formação espiritual ou religiosa cristã, considera e considerará sempre a revelação cristã como a mais adequada a orientar a atual civilização branca, por ser a que chegou posteriormente a todas as formas religiosas e filosóficas das raças precedentes, porém, o Martinista, como verdadeiro Iniciado ou Iniciando, deve saber trabalhar em cada uma das verdades apresentadas pelos Instrutores anteriores ao Cristo, a maravilha de seu verbo, a Verdade Eterna e Imutável, vestida com outras linguagens e apresentada com modalidades externas próprias do tempo e lugar em que foram dadas à Humanidade.

Assim, pois, o Martinista não pode ser jamais um sectário, em matéria religiosa, nem em matéria filosófica, e deve poder honrar com devoção e praticar com igual reverência todas as verdades que o Budismo, o Taoísmo ou outra qualquer revelação anterior tenha comunicado ao espírito humano, pois, por serem verdades, são permanentes, e de sê-las, estão em essência e contidas no próprio cristianismo. Por isto, também, o Martinismo recusa definitivamente colocar à mulher em situação de inferioridade e reconhece nelas a mais absoluta igualdade de possibilidade espiritual – vale dizer, iniciática – que ao homem, da qual é indispensável complemento fisiológico, moral e social.

Nas reformas da referência, todo e qualquer rastro de semelhança entre o Martinismo e os ritos chamados “maçônicos” foram eliminados, por julgar que o tempo das sociedades secretas passou e que a modalidade de trabalho dos maçons não tem relação com o trabalho das ordens iniciáticas que são profundamente religiosas em sua doutrina, em suas convicções e em suas práticas, já que a meditação e a oração são fundamentais na via que o Martinismo ensina.

Outra característica da modalidade de ensino e trabalho agora reformulada na orientação do Martinismo, é a síntese cada vez mais breve dada à parte teórica dos estudos e o aumento de dados proporcionados aos Discípulos sobre a parte prática, destinada assim a tomar um incremento cada vez mais amplo e a distinguir o Martinista de maneira cada vez mais nítida dos “buscadores de informações para discutir teorias ou criticar autores”.

Suprimidos, pois, os pomposos e inúteis títulos com que se adornam os membros de alguns ritos e que até certa época o amor pelas formas tradicionais fez conservar em parte no Martinismo; suprimidas também as formalidades complexas do aspecto administrativo e ritualístico, eliminadas todas as modalidades de trabalho ou apresentação tipicamente européias e características muitas vezes de, apenas, certas épocas ou ritos, o Martinismo tende agora a tomar um aspecto formal, administrativo e de ensinamentos cada vez mais humano, cada vez mais essencial, cada vez mais universal, dando importância somente àquilo que realmente é fundamental e imutável, separando de suas atividades os detalhes puramente decorativos.

Outra particularidade digna de registro, é o fato de receber agora o Martinismo uma característica que faz mais visível a estreita união entre todos os Centros Iniciáticos, de Oriente e Ocidente, dando assim um formal e definitivo desmentido a todos aqueles que, por defender um interesse sectário ou uma convicção unilateral, fecharam seu entendimento ou seu amor a teorias, mestres, e escolas iniciáticas do Oriente, que são de elevado interesse para o estudante e cuja penetração pelas mais variadas condutas demonstraram pelos fatos que a humanidade deste Continente tinha nítida competência para recebê-los.

A época de Aquário , que se aproxima, menos insensível do que possa parecer aos que, desde seu gabinete de leitura, seguem intelectualmente extasiados na admiração do “que os outros disseram”, necessita que as fraternidades iniciáticas sejam cada vez mais ativas, mais vivas, mais fecundas. E a fecundidade, a vida e qualquer modalidade de atividade se manifestam por movimentos amplos, livres e relacionados com o que, desde qualquer ponto do Universo, se relaciona com eles, ou os influencia de qualquer maneira.

Por isto, o Martinismo toma uma norma de trabalho destinada a criar Seres de Vontade e de Realização, capazes de fazer efetivamente algo por si e pelos demais, ainda sem ambiente coletivo, sem livros, nem templos, nem rituais. Tudo isto é conveniente, porém nossos irmãos devem possuir, pouco a pouco, em si mesmos, o estímulo que dá a vida coletiva, o saber que pode dar o livro e a fé, devoção e força espiritual dos verdadeiros templos.

Para chegar a tal, há somente um caminho: preparar-se ativamente, praticamente.
É para obtê-los que os programas de estudo são agora modificados, incluindo em cada grau práticas de realização, começando pela preparação corporal, para que os Martinistas possam ter como ponto de apoio ao seu trabalho de superação moral, intelectual e espiritual, assim como do serviço ativo na vida coletiva, uma saúde e uma irradiação corporais harmônicas com a finalidade considerada.

Se disse, na parte inicial deste artigo, que hoje como no tempo de PAPUS, o Martinismo constituí a porta de acesso a várias Fraternidades iniciáticas mais elevadas. Citarei algumas: A Ordem Kabalística da Rosa Cruz, o Gnosticismo, a Ramana Ashrama, Suddha Dharma Mandalam, Maha Boddhi Sanga e os I.A.M.B. (Irmãos Asiáticos do Mistério Brilhante).

Porém, é possível que passe pela mente de algum “leitor de textos de iniciação”, que possa ser magnetizador, alquimista, hermetista, praticante de elevados estados de meditação ou de êxtases, aquele cujo corpo é um museu patológico ambulante e cuja mente é teatro de perpétuas dúvidas, de intermináveis lutas e não poucas vezes repleto de pensamentos de ira ou de sentimentos análogos que perturbam profundamente sua aura, sua vibração total?
O Martinismo deseja arrancar a seus adeptos dos braços de “Maia”, ou seja, da perpétua ilusão em que a maioria dos mortais vive. E a primeira e a maior de todas as ilusões a eliminar é esta: “O que nós somos agora?”

Dar ao Martinista ferramentas para analisar-se e para transmutar ao que possuí de defeituoso, porém fazê-lo de maneira prática e clara, é o ponto fundamental da nova orientação, que será perseguida com todo o carinho de que são capazes os que dedicaram sua vida e seus esforços, por insignificantes que sejam, à Obra, com os Auspícios daquelas Veneráveis Figuras a Quem chamamos Mestres, porque o são realmente e porque sua Bondade, seu Conhecimento e seu Amor esperam serena porém continuamente que nos preparemos mais e melhor praticamente para poder estar em condições de fazer algo como ajudantes d'Eles e não de nos contentarmos com “ler e discutir” enquanto Eles trabalham ativa e amorosamente.

Fonte: La Iniciación nº 26 Publicación de la Orden Martinista de América del Sur

domingo, 15 de maio de 2011

Iniciação Rara



Iniciação Rara 

Por Gary L. Stewart Imperator da CR+C


Em um artigo anterior intitulado “Elementos Introdutórios da Iniciação”, afirmei que a CR+C é uma ordem iniciática e ritualística e expliquei o que isso significa. Também falei de uma corrente que não possui limites de espaço ou tempo, e que a partir desta corrente ou caminho originou-se a linhagem e o propósito iniciático tradicional da CR+C.
Além disso, expliquei os três tipos de iniciação — a comum, a rara e a nociva, seguidas de uma explicação um tanto extensa da primeira categoria, e então breves descrições da segunda e terceira categorias. O propósito deste artigo é examinar a segunda categoria — a iniciação rara.
Primeiramente, devemos compreender, mais a partir do coração do que a partir da mente, que qualquer discussão com relação à iniciação deve ser circular. Em outras palavras, estamos considerando um fluxo ou corrente à qual denominamos caminho, o qual não possui nem começo nem fim. O caminho não é linear em que ele não se relaciona com os conceitos intelectuais de espaço e tempo. Ele não vem de lugar algum, nem tampouco termina em algum local. Ele simplesmente flui. Uma vez que sua natureza é um movimento fluente, por assim dizer, e não possui nem início nem fim, como então esta corrente, ou caminho, pode ser percebido?
Ao examinar o caminho sob uma perspectiva Linear, nós nos visualizamos como um ponto, e visualizamos o caminho como uma linha. A qualquer dado momento, podemos ingressar nessa corrente, mas isso não necessariamente significa que nós nos fundimos com a corrente e nos tornamos um com ela. Nós afirmamos descritivamente que a corrente flui e que, ao nela ingressarmos, fluímos com a mesma. Entretanto “fluir com a corrente” não significa que temos que ser carregados corrente abaixo pelo movimento. Fazer isso significaria dizer que nós estaríamos simplesmente viajando de um ponto a outro ou, em outras palavras, vagando sem destino em uma direção geral. Fluir é a natureza da corrente, e ao entrar nessa corrente, o fluir deve tornar-se nossa natureza.
Conseqüentemente, nós não devemos pensar no caminho como uma linha progredindo em uma direção particular, ou pensar em nós mesmos como pontos ao longo da linha, pois isto resultará em pensarmos em termos de medidas e nos perguntarmos questões tais como: “Onde estou no caminho?” ou “Quão evoluído eu sou?” No caminho iniciatório, as medidas não possuem valor intrínseco real além daquele de se atingir uma compreensão intelectual da situação.
Assim, nos deparamos com um paradoxo. Por um lado nós “entramos no caminho”, o que nos diz que devemos começar em algum “ponto”. Mas se o caminho não possui nem início nem fim, como então pode alguém “entrar” sem perceber uma situação linear? Esta questão pode ser respondida simplesmente afirmando-se que devemos desenvolver versatilidade de mente e coração e, subseqüentemente, mudar nossa perspectiva para visualizarmos a situação não a partir da separação, mas mais exatamente a partir da Unidade. “Eu sou a corrente.”, “Eu sou o caminho.” Porém o “eu” não se refere a mim pessoalmente. É tudo que existe.
Esta ciência só é atingida através da iniciação, e por nenhum outro meio. Ironicamente, nem sempre estamos cientes da iniciação, ou mesmo cientes deste caminho inerente dentro de nós mesmos. Mas ele lá está. Sempre esteve, e o ato de ingressar na corrente é meramente uma percepção de que já estamos no caminho. Como resultado disso, nossa perspectiva do caminho se modifica. Ele não é mais uma linha reta, mas ao invés disso, é uma substancia que a tudo penetra, que tem a aparência de existir em graus somente em relação à compreensão do indivíduo que o está experimentando. Nossa percepção, então, é um movimento circular e fluente que não conhece pontos. Não é, na verdade, uma forma espiral, porque não possui direção mundana — nem tampouco um sentido de superior ou inferior. Nem, ao mesmo tempo, é ela autocontida, porque é verdadeiramente infinita quando vista a partir de uma perspectiva mais completa de onipotência.
A iniciação comum, como fora considerada anteriormente, atinge basicamente duas coisas. Primeiro, ela representa — não, ela é um caminho ou uma corrente completa solidificada em um método. Ela possui todos os elementos em sua forma completa contidos em um sistema que é em si e por si mesmo onipotente. Nesse tipo de iniciação, a tradição e a linhagem desse sistema são passadas de um iniciado para outro. Por favor, compreenda que a ciência de consciência expandida, ou de iluminação mística, que a iniciação comum representa e serve, não é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciado que recebe a iniciação. Nem é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciador, aquele que inicia. É importante perceber que uma substância intangível é passada de um para outro através do processo de iniciação comum, uma vez que cada iniciado, independentemente de sua compreensão, prestou um voto de se tornar um veículo de Luz e de verdadeiramente servir o caminho. Não é necessário para o iniciado ou para o iniciador compreender a essência que está sendo passada de um para o outro, contanto que a pureza de motivo e a sinceridade sejam evidentes. Isto se dá simplesmente porque uma pessoa não confere uma iniciação a uma outra pessoa. O iniciador serve a iniciação, e é o iniciado quem recebe o que é servido por um outro e concorda em servir perpetuamente da mesma maneira — assumindo a responsabilidade total de aprender o que ocorreu.
Em segundo lugar, a iniciação comum inspira e desperta a iniciação rara dormente dentro de cada indivíduo. É importante notar neste ponto que uma iniciação rara não é superior, inferior, ou melhor do que uma iniciação comum ou vice versa. Para que um caminho seja seguido, há um inter-relacionamento imediato entre as duas formas de iniciação que necessita sua inseparabilidade. Este ponto será ilustrado em breve.
A iniciação rara também pode ser referida como a iniciação verdadeira, apesar deste último termo poder ser enganoso. Definida simplesmente, a iniciação rara ocorre quando um iniciado recebe uma iniciação diretamente através de uma osmose espiritual e não a partir de um iniciador humano. Em outras palavras, há uma fusão completa da natureza do iniciado com a corrente espiritual. O iniciado percebe que ele ou ela não entrou meramente em uma corrente e viaja de um ponto a outro, como mencionado anteriormente, mas mais exatamente, a natureza do iniciado deve se tornar idêntica ao fluxo da corrente. A iniciação rara subentende que o recipiente recebeu uma percepção da iluminação mística. Entretanto, existe muito mais nisto do que nossos olhos podem enxergar.
Qualquer pessoa pode receber iluminação mística, e não tem que estar em um caminho para assim o fazer. Se este é o caso, deve ser percebido que a natureza da iluminação poderia possivelmente ser sem sentido ou desperdiçada, de certa forma, em alguém que não percebe o seu significado e não a coloca em ação. A iluminação mística em si e por si mesma é comum. O que é extremamente raro é uma pessoa verdadeiramente perceber e participar da experiência, com isso apreciando seu valor por completo. Todos os seres têm o potencial para um despertamento inerente dentro de si. Portanto, a iluminação mística se torna uma simples percepção. Se essa percepção varia em grau de se saber desde como 2 + 2 = 4, até uma consciência expandida do Cósmico, depende da iniciativa e do propósito do indivíduo.
A importância de uma experiência mística é que ela é noética. A pessoa sabe, sem dúvida nenhuma, que algo é verdade. No exemplo simples 2 + 2 = 4, não é o fato 2 + 2 = 4 que é uma percepção mística, mas mais exatamente, é o saber e o sentir daquela substância intangível que nos faz perceber e, pela primeira vez, nos maravilharmos com espanto que existe tal fato de que verdadeiramente 2 + 2 = 4. Nós todos já tivemos aquela experiência de saber, e esse sentimento é tão difícil de descrever e às vezes tão sutil que pode facilmente passar desapercebido porque nós nos tornamos muito envolvidos com os resultados ou fatos. Mas, na verdade ele lá está! A força de nossa percepção depende de como nós respondemos à energia sutil.
Nós não conseguimos corretamente qualificar a equação 2 + 2 = 4 como uma iluminação mística ou como o resultado de uma iniciação rara. Porém, é importante saber que é a fonte por detrás da percepção da verdade desta equação que deve ser nutrida.
Mais uma vez nossa discussão se torna circular. Mencionei anteriormente que existe um inter-relacionamento entre a iniciação rara e a iniciação comum. Este relacionamento tem a ver com o caminho ou corrente.
Se um indivíduo é o recipiente de uma iniciação rara que resulta num despertamento completo de uma percepção espiritual, podemos presumir que esta pessoa já fora preparada para a experiência. Talvez esse indivíduo ingressou em um caminho e foi preparado por uma série de iniciações comuns durante sua vida. Ou talvez ele ou ela tenha sido preparado durante uma encarnação anterior. Quando o iniciado tem tal experiência, um de três resultados se seguirá. Ou esta pessoa não fará nada, com isso mantendo a experiência para si própria; ou o iniciado agirá e se tornará uma pessoa com propósito, estando assim servindo a iniciação de maneira a compartilhá-la com outros ou servindo a humanidade; ou o iniciado embarcará em um novo caminho.
No primeiro caso, podemos ter por certo que a iniciação não foi completa, mesmo se ela assim tenha parecido para o indivíduo. As qualidades do serviço estão faltando e os benefícios acabam servindo ao próprio indivíduo. Com isso, a iniciação foi, de certa maneira, desperdiçada, embora comprometimentos menores possam se manifestar.
No segundo caso, a iniciação foi acompanhada de um sentido de necessidade de servir. Tal serviço irá se manifestar, mais comumente com o indivíduo fazendo um voto e um compromisso silencioso e despretensioso de servir como um veículo de Luz em vias que possam nem parecer místicas em natureza. Tais indivíduos podem trabalhar no desenvolvimento da cultura, na educação ou no serviço à humanidade de alguma outra forma. Geralmente, tais pessoas são altamente consideradas, reconhecidas em seus campos e se destacam entre o resto de seus companheiros de trabalho uma vez que seus propósitos têm um comprometimento muito mais intenso.
Dos três resultados, o segundo e o terceiro estão mais alinhados com o trabalho e os propósitos das linhagens e Ordens místicas, tais como a CR+C. No segundo resultado, o indivíduo já havia entrado em uma corrente ou caminho e tinha recebido iniciações comuns as quais inspiraram e aceleraram a iniciação rara. A escolha de propósito de tais iniciados então se torna trabalhar inteiramente dentro de seus caminhos escolhidos e acrescentar suas forças de compreensão da iniciação comum para outros indivíduos dentro de sua corrente. O terceiro resultado é começar um novo caminho. Porém, novamente, este terceiro resultado é enganoso, uma vez que o “novo” caminho não é novo, porém meramente um ramo do antigo, e se nós conseguirmos visualizar uma árvore com muitos ramos, nós poderemos ver como tais correntes se inter-relacionam.
Nós dizemos que existem muitos caminhos, e realmente existem, mas todos eles se originam a partir de uma mesma fonte de base mística e espiritual. Os ramos são desenvolvidos de acordo com a necessidade, e tradicionalmente tais caminhos, como a corrente Rosa-Cruz, tem gerado ramificações místicas e não-místicas, baseadas no ideal espiritual do serviço e na necessidade no momento de sua concepção. No passado a corrente Rosa-Cruz foi responsável por influenciar e formar outros movimentos místicos, ordens e ritos, tanto quanto por contribuir para o desenvolvimento de organizações educacionais e aparentemente não místicas tais como a Royal Society e outros sistemas de pensamentos filosóficos e científicos, para assim guiar e adicionar um maior significado místico a tais movimentos. Hoje em dia, além de nosso trabalho espiritual e esotérico, fazemos o mesmo nos concentrando primariamente na cultura e educação como representações e manifestações mundanas de nosso ideal espiritual. O amanhã será determinado de acordo com a necessidade.
Em resumo, a iniciação é sempre evidente em buscas espirituais e místicas. Nosso primeiro passo em direção a um caminho é o resultado de uma iniciação que nos ensina a necessidade de saber e fazer mais. Mais tarde, o iniciado irá experimentar uma iniciação comum ou uma iniciação rara. Caso a iniciação rara seja experimentada primeiro, o envolvimento com a iniciação comum se torna uma necessidade. Se alguém começa com a iniciação comum, a consecução de uma iniciação rara se torna uma meta, e a apreciação da iniciação comum subseqüentemente se torna mais evoluída, formando assim um círculo, uma vez que todas as iniciações são um amálgama do Todo.
Fonte: CRC
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domingo, 8 de maio de 2011

PARA SER UM VERDADEIRO MARTINISTA




PARA SER UM VERDADEIRO MARTINISTA

Nosso Muito lembrado e Amado Irmão Dr. Gérard Encausse (Papus), traçou a síntese dos princípios fundamentais do Martinismo, para entregá-la à meditação dos Homens de De­sejo que aspiram à Iniciação Martinista. Ainda Hoje constituem a doutrina fundamental da Ordem:

1º) - Escolher sempre um local onde a oração se pratique, qualquer que seja o culto.

2º) - Recordar que nem sempre os Verdadeiros Mestres são excessivamente aficionados aos livros e que colocam a sensibilidade e a humildade acima de toda ciência. Desconfiar dos Pontífices e dos homens que se dizem perfeitos.

3º) - Não alienar jamais a liberdade por um juramento que a prenda, provenha ele do clero ou de uma sociedade secreta; só Deus tem direito a receber um juramento de obedi­ência passiva.

4º) - Recordar que todo poder invisível vem do Cristo, Deus encarnado através de todos os planos. No invisível, não ficar jamais em relação com um ser astral ou espiritual que não reconheça desta maneira Cristo. Não buscar a obtenção de "poderes", mas aguardar que o Céu decida se sois dignos deles.

5º) - Não julgar as ações dos outros e não condenar o próximo. Todo espiritualista, em razão das provas que a vida vai colocando em seu caminho por causa dos sofrimentos que deve enfrentar ou em virtude de sua filosofia, seja cristão, israelita, muçulmano, budista ou livre pensador e, em geral todo ser humano, conta com as faculdades necessárias para evoluir ao Plano Divino. Julgar é próprio do Pai e não dos homens...

6º) - Ter a certeza de que o ser humano jamais é abandonado pelo Alto, mesmo em seus momentos de negação e de dúvida. Lembrar que nos encontramos no plano físico com a finalidade de servir os demais e não para satisfazer nossos próprios fins egoístas.

7º) - Recordar que a purificação física, recorrendo a um regime especial, constitui uma atitude infantil se não se apoiar na purificação astral, na caridade, no silêncio, na purifica­ção espiritual e no esforço perseverante de não pensar nem falar mal do próximo. Saber muito bem que a Oração, que proporciona Paz ao Coração, é preferível a toda magia que so­mente traz orgulho.

O homem deve optar entre dois mestres. Deixando de lado o príncipe deste mundo, o Martinismo elegeu e quis consagrar-se a Cristo, por cima de toda classe de clere­zias. É como uma Cavalaria Laica do Homem-Deus. Sua finalidade: desenvolver, em quem vem à Ordem Martinista, o coração e os sentimentos para que aprenda a amar. São seus meios de ação: a pobreza , o silêncio , a paciência , a Fé .

O Deus em que crêem os Martinistas é o Senhor dos Tempos. Os que quiserem ver, verão. Os que chamarem poderão entrar. O Martinismo abre suas portas a todos os ho­mens e mulheres de boa vontade. E ... como presente de boas vindas, lhes dá o que há de mais precioso em meio dos tormentos, dos infortúnios e das desgraças: A PAZ DO CORAÇÃO!

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domingo, 1 de maio de 2011

NICOLAS IVANOVICH NOVIKOV



NICOLAS IVANOVICH NOVIKOV
Um dos fundadores do Martinismo 
por Robert Ambelain


Nicolas Ivanovich Novikov nasceu em 7 de maio de 1744 em Avdotino, perto de Moscou, e morreu nesse mesmo local em 12 de agosto de 1818, aos 74 anos.

Escritor russo que entrou na história, fundador de vários jornais satíricos (O Bordão, 1769-1770; O Pintor, 1772-1773; A Bolsa, 1777), foi um dos mais corajosos representantes da crítica social no reinado de Catarina II e chamou a atenção sobre a miséria do camponês russo. Diretor do diário As Notícias de Moscou a partir de 1779, foi também um dos introdutores da Franco-Maçonaria na Rússia, sendo por isto mesmo condenado à morte em 1792. Esta condenação foi comutada em quinze anos de detenção na fortaleza de Schlüsselburg. Novikov foi libertado em 1796, quando da elevação do Tzar Paulo I, um imperador muito liberal e dos mais progressistas, a quem retornaremos um dia, pois ele foi, muito provavelmente, um de nossos irmãos martinistas. Franco-maçom (ele foi levado à Maçonaria por seu amigo, o príncipe Kurakin), foi a esse título que avocou a si a libertação de seu irmão Novikov.

Tão logo foi libertado, este último renunciou a qualquer atividade literária. Ele havia então publicado importantes coletâneas de documentos sobre a história da cultura nacional, em particular uma Biblioteca Russa (1773-1784). Fora, por outro lado, o autor de brochuras e de livros destinados a erguer o nível moral da nação, pelo menos em intenção dos russos que sabiam ler, porque nesta época seu número não passava de alguns restritos milhares: comerciantes, burgueses, nobreza.

Como homem prático, havia instituído toda uma série de escolas populares, abrindo em seguida gráficas onde fazia imprimir manuais para essas escolas, assim como outras obras instrutivas e morais que custavam apenas alguns copeques, e às vezes absolutamente nada. Depois organizou hospitais, mas como uma parte ínfima da população podia aproveitá-los, estabeleceu farmácias que forneciam gratuitamente aos indigentes os remédios exigidos por seu estado. Fez ainda surgir em diferentes bairros de Moscou sociedades de benemerência e criou esta importante sociedade que tinha por objetivo fornecer pão e víveres de primeira necessidade aos pobres dos vastos territórios da Rússia, no caso, bastante freqüente, de más colheitas. Eis aí uma tarefa que, antes dele, nenhum homem, agindo a título privado, havia conduzido com sucesso. Deve-se admitir que a imensa fortuna de alguns de seus irmãos, os martinistas e os franco-maçons russos, permitiram-no fazer. Foi assim que o discurso que pronunciou na abertura desta última instituição foi bastante inspirado e convincente a ponto de levar um rico negociante de Moscou a remeter-lhe vários milhões de rublos.

No antigo Museu Rumjansov, em Moscou, encontram-se as jóias e paramentos dos maçons e dos martinistas russos da época. Em sua obra Louis-Claude de Saint-Martin, Papus confirma havê-los examinado quando de sua primeira viagem a esta cidade. Encontravam-se lá, igualmente, alguns desses relatórios chamados "penitências", que os membros da Rosa-cruz russa, oriunda da Rosa-cruz Áurea fundada na Alemanha em 1570, deviam fazer chegar periodicamente aos Superiores da Ordem. Segundo Pypin, em um desses documentos, Novikov exprime-se assim:

"Com um coração verdadeiro e puro, reconheço que não compreendi o sentido das preciosas colunas sobre as quais repousa a Ordem Sagrada, ou seja, o amor a Deus e ao próximo, ou melhor, que o compreendi mal, pensando que o homem era em si capaz de amar a Deus e ao seu próximo. Estava mesmo tão cego que acreditava cumprir os mandamentos de Deus; mas agora, agradeço com lágrimas ao meu Salvador, por haver-me permitido ver e reconhecer minha cegueira. Ele me fez compreender e sentir que o amor é um dom de Deus, que ele outorga aos seus santos. Há momentos em que eles experimentam do amor ao próximo e têm a firme persuasão de amar igualmente a Deus. Mas esses minutos são passageiros...".

Em seus escritos, Nicolas Novikov ergueu-se com determinação contra os jesuítas. Ora, na época eles contavam com o favor e a proteção de Catarina II. Além do que o conjunto iniciático constituído por Novikov e seus amigos Schwartz, Galitzin, etc., compreendia três
etapas:

a. o Martinismo, onde estudava-se de maneira simplesmente didática o conjunto das ciências ditas ocultas (astrologia, magia, alquimia) e os ensinamentos de L.C. de Saint-Martin, levados à Rússia pelos amigos russos do Filósofo Desconhecido;

b. a Estrita Observância Templária, vinda da Alemanha e no seio da qual existiam grupos secretos nos quais praticava-se o ensinamento teórico precedente;

c. a Rosa-cruz, oriunda da Rosa-cruz Áurea alemã, fundada em 1570, e no seio da qual estudavam-se as doutrinas iniciáticas tradicionais: gnose Alexandrina, cabala hebraica, paganismo eslavo.

Sem se darem conta, o clero ortodoxo e os jesuítas desencadearam uma ofensiva contra esse conjunto e seus dirigentes. Sabemos bem o que aconteceu depois. Uma associação de homens afortunados, apaixonados pelos ensinamentos de um homem como L.C. de Saint-Martin, ardente defensor da Revolução Francesa em sua célebre carta, não podia deixar de atrair acusações. Elas não faltaram. Seus membros foram colocados sob a suspeita de exigir de seus aderentes e por escrito uma declaração contrária a todos os princípios dos estados monárquicos; que se esforçavam para conquistar a boa vontade do povo distribuindo víveres e medicamentos; que escondiam em seus lares todo um arsenal destinado a armar uma tropa facciosa.

Foi assim que as prevenções tomaram corpo. O chefe de polícia recebeu ordem de cercar as casas e efetuar perquirições. Não eram encontrados nem canhões nem grandes quantidades de pólvora. Mas como eram todos eles grandes caçadores, naturalmente possuíam fuzis e carabinas, além de pistolas para as saídas noturnas. E tudo isto bem à vista. Pois foi o suficiente para sustentar as acusações, e nossos irmãos martinistas e maçons foram lançados às celas geladas da fortaleza de Schlüsselburg, pés e mãos acorrentados, na primavera de 1792. Só viriam a sair de lá em 6 de novembro de 1796, por um decreto de seu irmão, o Tzar Paulo I. Haviam lá permanecido cerca de cinco anos... No entanto, e para sermos justos, acrescentemos que (condenados à morte pelos tribunais, viram suas penas comutadas em quinze anos de detenção por Catarina II), isto provavelmente salvou-lhes a vida, pois não se vivia quinze anos nas celas de Schlüsselburg.