Pelos
Caminhos de
PAPUS
Pelo Irmão +Tácitus
Todo e qualquer estudante curioso de alguma das ditas ciências ocultas,
em determinado momento, se já não se deparou, irá se deparar com o estranho
nome PAPUS. Aquele que hoje pertence a qualquer organização de caráter
esotérico, ouvirá muito seu nome em diversos temas e, o profundo investigador
nesse tema constatará que no misticismo ocidental, talvez seja o nome visto com
maior frequência.
O motivo disso? Simples, ao olhar sua vasta bibliografia, a profundidade
com que diversos temas foram abordados mas também, pela reputação adquirida por
seu conhecimento com sua mente “enciclopédica” perspicaz e sua peculiar
capacidade de síntese, fez com que seu nome se espalhasse por toda a Europa e
além dela. Somamos a isso seu carisma e magnetismo pessoal como testemunharam
seus amigos e irmãos mais próximos por diversas vezes, tornou-se então a
referencia mais procurada dentro do meio ocultista e das ordens esotéricas do
final do século XIX e início do XX.
Iluminado?
Papus seria um “Iluminado”? Seu filho Philippe Encausse em “Sciences Occultes (Paris,
1949) nos revela a origem de seus méritos: “...Todavia, não se deve
acreditar que Gérard Encausse era uma espécie de iluminado… Ao contrário,
esforçou-se por se aprofundar na lógica do perturbador mistério da vida além da
morte…”.
Muitos buscadores estranham quando não indignam-se, ao ver Papus
envolvido com quase todas as organizações místicas nascidas na Europa. Outros
tantos até questionam: “Mas por que tanta coisa assim?”. Nem este articulista e
provavelmente ninguém nos dias de hoje talvez tenha de fato a precisão
dessa resposta. Sabemos unicamente há uma explicação sensata para isso.
O presente artigo não têm por objetivo detalhar todas as atividades de
Papus em toda organização a qual ele se fez presente, direta ou indiretamente,
nem analisar resultados ou desdobramentos de suas afiliações. Tal ação seria de
esforço hercúleo contendo mesmo assim tamanhas imprecisões as quais preferimos
deixar de lado. Nosso objetivo é inicialmente poder visualizar - ou ao menos
tentar - a extensão linear do trabalho de Papus frente às organizações que, em
maior ou menor escala ajudou a desenvolver. Não iremos tratar também da
profundidade de cada trabalho, tecendo julgamentos sobre a validez e da
qualidade do que fez e das ditas organizações em si. Para tanto citamos
diretamente os textos consultados na bibliografia indicada.
As Transmissões: um
esclarecimento
Ressaltamos o “funcionamento” de algumas ordens ou grupos; a forma de
representatividade e a transmissão da autoridade com que elas atuavam e muitas
ainda atuam. Sabemos pela experiência e por documentos que a grande maioria
(dos grupos tradicionais sérios), recebe em suas fileiras novos membros
unicamente frente a presença física “Receptor/Iniciador” e “Buscador/Iniciado”;
assim como em passagens de Graus e outras elevações, muito próximo do que acontece
na atual maçonaria e no martinismo. A grande maioria dos grupos hierarquizados
com estrutura de “Ordem” como instituição, registra tais acontecimentos em
atas, certificados ou qualquer espécie de diploma. Se por um lado tais papéis
certificam apenas um ato ocorrido, para muitos alimenta seus egos desvirtuando
do caminho, por outro lado fica o registro histórico que nos auxilia nas atuais
pesquisas.
Porém existem grupos que detém a transmissão direta tradicional, sendo
um grupo incógnito, que não confere diplomas nem registros em atas; como
acontece como vários círculos, “Septems” enfim, grupos independentes
martinistas. Se por um lado demonstra a seriedade de proposito e desapego as
roupagens ilusórias, por outro dificulta a pesquisa histórica justamente pela
ausência de tais documentos.
Aqui então vamos nos focar nos grupos e ordens de Papus que foram de
certa forma registrados em certificados ou em testemunhos da época.
A questão que levantamos é, será que realmente Papus recebeu todas essas
linhagens de forma tradicional? Comprovadamente temos relatos, testemunhos e
documentos que de várias das citadas ordens, realmente ele foi recebido ou
consagrado, porém em outras não.
Nessas ocasiões em que pelo seu alto nível de conhecimento e conduta,
foi-lhe dado somente algum papel outorgando algum grau ou mesmo
representatividade muitas vezes honoríficos, como veremos foi o caso da O.T.O. Prática essa muito comum
atualmente entre diversos “Ritos Maçônicos” com martinismo, igrejas gnósticas e
tantos outras onde há “reconhecimento de graus e títulos”, pura e friamente.
Lembramos ainda aqui nos referimos a iniciação (“i” minúsculo) no
sentido humano de ritual de recepção, dentro de um templo numa loja, a chamada
iniciação virtual, externa, humana, protocolar ou ainda ritualística. Não
podemos confundir com a Iniciação real, interior, espiritual, divina, íntima ou
ainda Cósmica que pode ocorrer a qualquer um, a da “Igreja Interior”, de
qualquer ordem ou não, em determinada época de sua existência.
Gérard Anaclet Vincent Encausse (1865-1916), nome civil de Papus desde,
muito cedo travou contato com a espiritualidade, quando vemos aos 17 anos, já
receber a transmissão de Superior Incógnito por Delaage; antes disso já
estudava sobre as principais ciências ocultas e tradicionais como a Cabala e
Astrologia dentre tantas. Abaixo elencaremos por ordem cronológica, com
datas aproximadas, o ano em que Papus ingressou em determinado grupo ou
ordem, contribuindo para seu arsenal da tradição oculta ocidental.
1882 - “Martinismo”: Papus recebeu pessoalmente por Henri Delaage a transmissão martinista, alguns
a chamam de Sociedade dos Filósofos Desconhecidos que, não sendo um grupo em
estrutura hierarquizada de “ordem”, era a transmissão livre vinda de Louis Claude de Saint Martin (sugerimos a leitura sobre
martinismo independente e a livre iniciação como dito por Jean Chaboseau). Apesar de contar com uma
“falha” duvidosa na linhagem, posteriormente trocou transmissões com Augustin Chaboseau, o qual também possuía uma
transmissão ininterrupta e sem falhas desde L.C. de Saint-Martin, ficava assim
sem dúvidas a veracidade de ambas as linhagens.
1887 - “Saint-Yves”: Marquês Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre, o qual Papus considerava seu
“Mestre Intelectual” o inicia à literatura Hermética. Posteriormente sempre ao
lado de Papus o auxilia em diversos movimentos e grupos esotéricos.
1887 - “Sociedade Teosófica”: Papus se filia ao ramo francês dessa
sociedade liderada por Helena Blavatsky e Henry Ocoltt. De cunho orientalista e famosa
pelos contatos com os Mestres da Sabedoria, dentre deles Koot Humi e El Morya. Pouco tempo depois (1890) Papus
pediria demissão por não concordar com essa postura excessivamente oriental da
sociedade. Ao contrário do que é dito, apesar de fervorosas críticas à
Sociedade manteria muito respeito à Madame Blavatsky, como vemos na homenagem
feita por Papus à Blavatsky no dia da morte dessa; mesmo é afirmado pelo seu
filho Philippe
Encausse.
1887 - “H.B.of L.”: Próximo a 1870 apareceu
publicamente por Louis-Maximilien Bimstein sob seu pseudônimo Max Theon ou ainda Aïz Aziz. Após sua demissão na Sociedade
Teosófica Papus ingressa na H.B.of L. que seria a “Hermetic Brotherhood of Luxor” ou a “Irmandade Hermética de Luxor.
Paschal
Berverley Randolph foi iniciado nela em 1840 saindo da mesma em 1868 para fundar a Eulis Brotherhood. Seu representante da França na época era Ch. Barlet (Albert Faucheux, 1838-1921). Era a única ordem
até então a ensinar o ocultismo prático ocidental. Grupo esse que se opunha
ferozmente ao orientalismo da Sociedade Teosófica assim como ao espiritismo da
época. Ressaltamos que muitos martinistas contemporâneos de Papus como Paul Sédir, Chaboseau e Marc Haven, fizeram parte da H.B of L., a qual
serviu de certa forma como círculo interno do martinismo, sendo substituída
posteriormente pela Ordem Kabalistica da Rosa+Cruz. Papus considerava Peter Davidson seu “Mestre Prático”.
1887 - “Ordem Kabalística da Rosa-Cruz”: Em maio desse ano Papus com seu
inestimável amigo Stanislas de Guaita fundam a Ordem Kabalistica da Rosa-Cruz juntamente com Saint-Yves, Joséphin Péladan e Oswald Wirth, ordem essa dedicada ao estudo
da tradição cabalística, ao combate da magia negra, da feitiçaria e a
perpetuação da tradição esotérica. Regida por um conselho de 12 membros os
quais 6 eram visíveis e conhecidos e outros seis desconhecidos. Em 1890
Josephin Peladan criou a Ordem Rosa-Cruz do Templo do Graal, o qual
intitulou-se Grão-Mestre sob o nome de “Sär Merodack”, onde Sär é o assírio
para “Rei”. estava assim criada a cisão e desentendimento entre Stanislas de
Guaita (OKRC) e Péladan. Enquanto a OKRC reunia em si os estudos cabalísticos,
a Rosa-Cruz do Templo e do Graal nada mais eram que salões de cunho artísticos
e extravagantes organizados em “Salões” por Péladan. Stanislas de Guaita ainda
fora junto com Blavatsky e outros, os fundadores da Sociedade Magnética da França; tendo como membros de honra
nomes como o de Papus, Jolivet Castelot, A.P. Sinnet e Péladan.
1888 - Primeiro Conselho Martinista”: Papus reúne 12 nomes para fundarem o
Primeiro Supremo Conselho Martinista, com o objetivo de agrupar posteriormente,
assim como ele e Augustin Chaboseau, aqueles que detinham a livre iniciação
recebida diretamente de Louis Claude de Saint-Martin. Os membros desse conselho
eram: Papus, Augustin Chaboseau, Stanislas de Guaita, Chamuel, Sédir, Paul Adam, Maurice Barrés, Jules Lejay, Montiére, Charles Barlet, Jacques Burget e Josephin Péladan.
Posteriormente devido a saída de Péladan e Barrés, foram substituídos por Victor Emile Michelet e Marc Haven respectivamente.
1888 – “Livraria do Maravilhoso”: Papus com seu amigo Lucien Chamuel, funda a “Librarie du Marveilleux”,
a Livraria do Maravilhoso com seu jornal mensal “L’Initiation”.
1888 - “L’Initiation Revue”: Revista A Iniciação (L’Initiation) foi
o principal órgão oficial de transmissão martinista, fundada e mantida por
Papus juntamente com demais grandes nomes da tradição ocidental.
1889 - “G.I.D.E.E.”: Papus funda Grupo Independente
de Estudos Esotéricos, mais tarde chamada “Escola Hermética”. Um dos ramos ou centros do GIDEE
foi o G.M.E.I., Grupo Maçônico de Estudos Iniciáticos, liderado por Oswald
Wirth (o qual foi secretário de Stanislas de Guaita). De acordo com alguns, o
G.I.D.E.E. foi posteriormente renomeado “Escola Hermética”, outros afirmam que
essa Escola Hermética foi estabelecida em paralelo ao GIDEE. A Escola Hermética
mais tarde supostamente desenvolveu-se na “Universidade Livre de Altos Estudos”
ou Faculdade das Ciências Herméticas. A universidade abrigou os “ases” da Ordem
Martinista.
Papus
desejava renovar o esoterismo ocidental: “Como
existem faculdades onde ciências materialistas podem ser estudadas, por que não
seria possível criar uma faculdade onde as ciências pudessem ser estudadas?”.
Assim ele cria a Escola Superior Livre das Ciências Herméticas, que era um
grupo que dava cursos e organizava palestras para promover os valores do
esoterismo ocidental ao buscador. Este círculo Exterior da Ordem Martinista
seria inicialmente conhecido sob o nome Grupo Independente de Estudos
Esotéricos (G.I.D.E.E.), posteriormente como a Escola Hermética e a Faculdade
das Ciencias Herméticas. Muitos cursos eram apresentados (12 por mês) com temos
que variavam da Cabala, alquimia e tarô até a história da filosofia hermética.
Os professores eram Papus, Sédir, Victor-Emile Michelet, Barlet, Augustin
Chaboseau, Sisera... Uma seção especial era
devotada às ciências orientais sob a direção de Augustin Chaboseau. Outra
seção, presidida por François Jollivet-Castelot era devotada à alquimia, essa
era a Sociedade Alquímica da França criada em 1897.
1891 - “Ordem Martinista”: Com o Primeiro Supremo Conselho já
formado, a Ordem Martinista é estabelecida, inicialmente como Ordem dos
Superiores Desconhecidos, conforme muito
próximo como a conhecemos atualmente. Apesar da transmissão martinista
tradicional ter somente um único grau “composta por duas letras e alguns
pontos”, Papus a estabeleceu dividida em três graus sendo: Associado, Iniciado
e S.I. sendo esse a plenitude da iniciação martinista. Estabeleceram-se Lojas,
delegados, estatutos e uma hierarquia tendo representantes por toda Europa,
Egito, América do Norte e Sul. No Brasil seu Delegado Geral foi Dario Vellozo de 1900 a 1925 quando o comando
foi passado aos Maschevilles (Cedaior e Jehel).
Nessa época (1891) muitos laços fraternais foram feitos com diversos
grupos tais como:
ü União Idealista Universal
(Internacional);
ü Ordem Cabalística da Rosa-Cruz
(França);
ü Grupo Independente de Estudos
Esotéricos (França);
ü Ordem dos Iluminados (Alemanha);
ü Sociedade Alquímica da França
(França);
ü Universidade Livre de Altos
Estudos (Fac. de Ciências Hermét.) – (França);
ü Babistas (Egito, Pérsia, Síria);
ü Sociedades Chinesas (Em
negociação em 1891).
1893 – “Igreja Gnóstica da França”: Papus é consagrado bispo da Igreja
Gnóstica de França por Jules Doinel, posteriormente (1911) era um dos três patriarcas da Igreja Gnóstica, considerada
a contra gosto por alguns, como a Igreja oficial do martinismo.
1894 – “Philippe de Lyon”: Papus faz contato com seu Mestre que o
seguiria até o final de sua vida, o qual considerava ser “Mestre Espiritual”: Nizier Anthelme Philippe, mais conhecido como Mestre
Philippe de Lyon ou ainda MEM Philippe. Célebre pelas suas curas e curas
milagrosas, “amigo” de Cristo, não se tem notícia de pertencer a qualquer ordem
ou grupo esotérico, no entanto guiou os mais próximos de Papus inclusive, à
mais pura iniciação. Considerado o mentor espiritual da Ordem Martinista, para
outros o Mestre de Sabedoria “Europeu” e ainda talvez reencarnação de um grande
Mestre... Sugerimos a pesquisa sobre o Mestre Philippe de Lyon vastamente
encontrada em biblioteca e rede de internet.
1894 – “Ordre Eudiaque”: Fundada por Hector Durville em 1892 como escola de
magnetismo, estabeleceu em 1895 um ramo na cidade de Lyon a qual tinha a sua
frente ninguém menos que Mestre Philippe de Lyon, sendo Papus seu
vice-presidente.
1895 – “Hermetic Order of Golden
Dawn”: Por um
curto tempo Papus fez parte da Golden Dawn sendo iniciado ao Grau Neófito (0=0)
no Templo Ahathoor nº7 de Paris.
1895 - “Escola de
Magnetismo de Lyon”: Ainda temos além desses grupos os quais Papus participou, a informação
que teria fundado a Escola de Magnetismo de Lyon, juntamente com seu Mestre
Philippe de Lyon sendo esse o diretor.
1897 – “Sociedade Alquímica da
França”: Papus funda
a Sociedade Alquímica de França, juntamente com Saint-Yves d'Alveydre, Jollivet
Castelot, Stanislas de Guaita, Paul Sédir, e outros cuja revista oficial era a “L’Hyperchimie”, mais tarde Rosa Mistica e posteriormente Les Nouveaux de la Science e de la
Penseé. No Brasil o
Delegado da Sociedade Alquimica da França era o então também Delegado de Papus,
Dario Vellozo, tendo como membros nome como M.Gonzaga Duque, Magnus Sandahl, Domingos
Nascimento, Mario Tourinho, Julio Pernetta, José Lima, Ermiliano Pernetta,
Américo Vellozo, Georgina Mangruel, Sebastião Paraná, Petit Carneiro Guimarães,
Ismael Martins, João Itiberê entre outros.
1897 – “Fraternitas Thésauri Lucis
(F.T.L.)”: Algumas fontes afirmam que Papus,
Marc Haven e Sédir fundaram uma nova organização para substituir a O.K.R.C, a
misteriosa Fraternitas Thésauri Lucis (F.T.L.). Infelizmente a Ordem fundada em
1897 teve uma breve existência. A F.T.L. é citada na edição de 1939 do “"Les Religions Nouvelles de
Paris - Parmi les sectes et les rites" escrito por Pierre Geyraud com primeira edição em 1937.
Geyraud também afirma que a F.T.L. foi fundada próximo ao ano de 1898. Geyraud é citado por Christopher
McIntosh em McIntosh's "Eliphas
Levi and the French Occult Revival"(1972). Paul Sédir em seu “História da
Rosa+Cruz (1910): “Supomos que os neófitos são colocados em contato com a Ordem
de forma comparável ao descrito nos cartazes rosacruzes em Paris em 1623; a
niciação é muito pura e essencialmente Cristã”. Pierre Geyraud (1937): “Essa F.T.L. é certamente
cercada pelo mistério! No entanto tenho descoberto que é representada pelo
M.C., um amigo de Barlet, que foi um Grande Mestre da Ordem Kabalistica da
Rosa+Cruz; que tem um ramo em Bordeaux chamado de Saint-Graal; e que seu fundador
era... Sédir em pessoa!
1898 – “Ordem Illuminati (Reuss)”: Em maio de 1898 a Ordem Martinista liderada por
Papus, assinou um tratado de aliança com a alemã “Illuminaten Orden” de Theodor Reuss. Provavelmente na década de 50 Philippe
Encausse, filho de Papus, publicou um artigo na revista L’Initiation no qual
diz que ambas as ordens firmaram um pacto, assinado pelo Aeropagus dos
Illuminati e a “mesa diretora” do Supremo Conselho da Ordem Martinista, o qual
une “duas das mais poderosas Irmandades da Tradição Ocidental”. A data oficial
do pacto foi em 13 de junho de 1898. Posteriormente Reuss incorporaria (assim
como com todas as “suas” organizações) a Ordem dos Illuminati na estrutura da
O.T.O.
1899 – “Maçonaria do Rito Memphis-Misraim”: Apesar de não se conhecer seu iniciador neste rito,
Philippe Encausse, filho de Papus relata que seu pai tinha dois certificados do
Rito de Memphis-Misraim, sendo uma vinda da Itália de uma linha direta de Garibaldi.
1901 – “Maçonaria do Rito de Swedenborg”: Nesse
ano Papus teria recebido de John Yarker (Grande
Hierofante do Rito Memphis-Misraim), uma carta autorizando a abertura de uma
loja do Rito de Swedenborg “INRI” renovada em 1906.
1908 – “Memphis Misraim e O.T.O.”: Recebe de Theodore Reuss patente para o Memphis Misraim,
possivelmente nesse ano recebeu de Reuss patente da O.T.O. – Ordo Templi
Orientis. Papus fora patenteado como 33º, 90º, 96º Memphis e Misraim. Em 1910
Papus – com ou sem permissão de Merlin Peregrinus – teria conferido autoridade de
Xº da Ordem de Reuss justamente para Jean-Maine, fazendo-o representante da
O.T.O. para o Haiti e às Ilhas Francesas (Koenig, 1994a:246). Papus jamais
participou das atividades da O.T.O. sendo o que dispunha era essa carta
“presente” de Reuss. A Ordo Templi Orientis O.T.O. teria sido criada em 1893
por Karl Kellner, Franz Hartmann e Heinrich Klein e reanimada em 1902 por Theodore
Reuss (Dirigente do ramo alemão da S.R.I.A), de legitimidade contestada devido
ao comércio de diplomas iniciáticos.
1908 – “Convenção Espiritualista”: “Papus organiza uma grande
convenção espiritualista internacional em Paris, manifestação que reúne mais do
que trinta organizações. Em suas
múltiplas alianças, Papus por vezes sai do sério por conta de veemência de seus
colaboradores. Assim ocorreu com a Igreja Gnóstica. Diz-se muitas vezes que
esta igreja, fundada por Jules Doinel por volta de 1889, após uma experiência
espírita, se tornou a Igreja oficial” dos martinistas. Se por um lado
estabelece laços com muitas organizações, como os Iluminados, os Babistas, o
Rito Escocês, a misteriosa Fraternitas Thesauri Lucis (F.T.L.) ou Memphis
Misraïm, por outro lado a Ordem Martinista não deixa de conservar sua
independência”.
1914 - “Rose+Croix
D’Orient”: Iniciado por Georges Lagréze místico
francês detentor de algumas linhagens (Iniciou Ralph M.
Lewis no martinismo) na Rose-Croix (RCO) fundada por Demetrius P. Sémelas. Ninguém do Supremo Conselho
martinista além de Papus fora iniciado na RCO. Demétrius Sémelas (também chamado
“DEON”) era o representante da Ordem Martinista
de Papus no Egito, fundador da Loja “Templo D’Essene”
em 1911 e também o co-fundador da Ordem do Lírio e da
Águia, a qual pouco antes de morrer, Papus supostamente teria entrado em
contato. Alguns dizem que a Rose+Croix D’Orient teria vindo para substituir a
O.K.R.C. como círculo interno do Martinismo.
1914 – “Rito Escocês
Retificado (R.E.R)”: Papus juntamente com outros conseguiram vários documentos dos Elus Cohen de Pasqually,
da Estrita Observancia Templaria do Barão von Hund assim como do Rito Escocês Retificado
de Willermoz e Saint-Matin. Porém ate aproximadamente essa data, não havia um
contato efetivo (ao menos documentado) da participação de Papus no R.E.R. O
Ramo francês da Tradicional Ordem Martinista afirma que Demétrius Sèmelas
estava envolvido em negociações entre a Ordem Martinista e o Rito Escocês
Retificado (R.E.R.). Afirma-se ainda que Papus teria solicitado a Demetrius
Semelas que providenciasse um “Protocolo de Acordo” (Tratado) entre essas duas
organizações. Demetrius estava em contato com Maxine Macaigne e Edouard
Ribaucourt, fundadores do “Centro dos Amigos” (1910) da Grande Loja
Independente e Regular (R.E.R.). A idéia seria criar uma loja que aceitasse
ambos Martinistas e maçons do R.E.R; com a morte de Papus em 1916 privou a
conclusão dessas ideais.
Abaixo mais alguma ligações de Papus com outros iniciados ou ordens:
“Martinismo Napolitano”: Giulliano Kremmerz era um antigo
martinista que tinha em sua linhagem ascendente Eliphas Levi sendo sua escola
de cunho martinista, sendo essa conhecida como Martinismo Napolitano. Giulliano
Kremmerz mantinha contato direto com Papus, tendo indícios que teriam trocado
entre si iniciações martinistas. Kremmerz teria sido também o fundador de
ordens como “Ordem Egípcia Osiriana” e “Ordem de Myriam” (F+T+M+M –
Fraternidade Terapêutica Mágica de Myriam).
“Lucien François Jean
Maine”: Também conhecido como “Tau
Ogdoade Orfeu I”, vinha de uma família em que seus pais eram membros do Templo
Cohen original em Leogane no Haiti. Após a morte de Martines de Pasqually
muitos membros do Elus-Cohen junto com alguns maçons e templários, fundaram a
Loja “Les Templiers Noire”. Jean Maine quando esteve em Paris encontrou com
Papus, sendo dito que trocaram entre si iniciações, saindo Jean Maine com a
patente da O.T.O. a qual Papus lhe conferiu.
1916 – “Grande
Iniciação”: Papus faz a
grande iniciação rumo ao oriente eterno... com ele “morre o martinismo...”, ou
ao menos a sua unidade.” De acordo com a
“Enciclopéda da Maçoaria, ed. 2000”, Papus parece mesmo ter desejado Ernest
Loiselle, o bibliotecário do Supremo Conselho, desfizesse a Ordem Martinista”
(M.Bogaard). Após sua morte a Ordem Martinista teve disputas pelo comando e
consequentemente várias cisões, dando origem a diversas “Ordens Martinistas”,
cada uma representando determinada “Linhagem”.
Para finalizar dizemos que Papus foi uma mente brilhante que procurou ao
longo de toda sua vida, abrigar e estruturar todo o esoterismo ocidental,
proporcionando através dos grupos e ordens, cursos, palestras e diferentes
formas para que cada buscador despertasse para o caminho, o qual lhe seria
apresentado mais tarde não apenas um, mas vários. Talvez Papus tivesse como
missão coletiva justamente isso: lutar contra o materialismo da época, contra
os falsos místicos enganadores e proporcionar ao ocidental, uma forma para que
se pudesse desenvolver o caminho iniciático.
Este artigo está em desenvolvimento (fevereiro/2015) e dentro em breve
estaremos atualizando. Agradecemos a todos por futuras colaborações.
Bibliografia consultada:
PAPUS, Tratado Elementar da Magia
Prática, Pensamento
PAPUS, “A Cabala Tradição Secreta do
Ocidente”, Pensamento 2005
FRÉRE, Jean-Claude; “Vida e Mistério
dos Rosa+Cruzes”, editora Pensamento
REBISSE, Christian; “Rosa+Cruz História
e Mistérios, Diffusion Rosicrucienne 1ª edição, 2004
GUAITA, Stanislas de; “Templo de Satã”,
Editora Três, 1984
BOGAARD,
Milko; Manifestations of the Martiniste Order, HOND, 2006
BOGAARD, Milko;
Rose+Croix D’Orient, HOND, 2006
ENCAUSSE, Philippe; SWAMI, Sevananda;
“O Mestre Philippe de Lyon - Volume 1”,
edição Alba Lucis, 1958
ROGGEMMANS, Marcel. Vários textos.
VANLOO, Robert. Varios textos
Websites:
Philosophe Inconnu: http://www.philosophe-inconnu.com/