terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Phi: A divina proporção


Todos nós já ouvimos falar em número PI. É o irracional mais famoso da história, com o qual se representa a razão constante entre o perímetro de qualquer circunferência e o seu diâmetro (equivale a 3.14159265358979323846264

... e é conhecido "vulgarmente" como 3,1416 ). Não confundir com o número Phi que corresponde a 1,618. O número Phi (letra grega que se pronuncia "fi") apesar de não ser tão conhecido, tem um significado muito mais interessante.

Durante anos o homem procurou a beleza perfeita, a proporção ideal. Os gregos criaram então o rectângulo de ouro. Era um rectângulo, do qual havia-se proporções... do lado maior dividido pelo lado menor e a partir dessa proporção tudo era construído. Assim eles fizeram o Pathernon... a proporção do rectângulo que forma a face central e lateral. A profundidade dividida pelo comprimento ou altura, tudo seguia uma proporção ideal de 1,618.

Os Egípcios fizeram o mesmo com as pirâmides cada pedra era 1,618 menor do que a pedra de baixo, a de baixo era 1,618 maior que a de cima, que era 1,618 maior que a da 3a fileira e assim por diante.

Bom, durante milénios, a arquitectura clássica grega prevaleceu O rectângulo de ouro era padrão, mas depois de muito tempo veio a construção gótica com formas arredondadas que não utilizavam rectângulo de ouro grego.

Mas em 1200... Leonardo Fibonacci um matemático que estudava o crescimento das populações de coelhos criou aquela que é provavelmente a mais famosa sequência matemática, a Série de Fibonacci. A partir de 2 coelhos, Fibonacci foi contando como eles aumentavam a partir da reprodução de várias gerações e chegou a uma sequência onde um número é igual a soma dos dois números anteriores: 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89...


1
1 1=2
2 1=3
3 2=5
5 3=8
8 5=13
13 8=21
21 13=34
E assim por diante.....

Aí entra a 1ª "coincidência"; proporção de crescimento média da série é... 1,618. Os números variam, um pouco acima às vezes, um pouco abaixo, mas a média é 1,618, exactamente a proporção das pirâmides do Egipto e do rectângulo de ouro dos gregos. Então, essa descoberta de Fibonacci abriu uma nova ideia de tal proporção que os cientistas começaram a estudar a natureza em termos matemáticos e começaram a descobrir coisas fantásticas.

-A proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas machos numa colmeia é de 1,618;
-A proporção que aumenta o tamanho das espirais de um caracol é de 1,618;
-A proporção em que aumenta o diâmetro das espirais sementes de um girassol é de 1,618;
-A proporção em que se diminuem as folhas de uma árvore a medida que subimos de altura é de 1,618;
-E não só na Terra se encontra tal proporção. Nas galáxias as estrelas se distribuem em torno de um astro principal numa espiral obedecendo à proporção de 1,618 também por isso, o número Phi ficou conhecido como A DIVINA PROPORÇÃO.

Porque os historiadores descrevem que foi a beleza perfeita que Deus teria escolhido para fazer o mundo?

Bom, por volta 1500 com a vinda do Renascentismo à cultura clássica voltou à moda... Michelangelo e, principalmente, Leonardo da Vinci, grandes amantes da cultura pagã, colocaram esta proporção natural em suas obras. Mas Da Vinci foi ainda mais longe; ele, como cientista, pegava cadáveres para medir a proporção do seu corpo e descobriu que nenhuma outra coisa obedece tanto a DIVINA PROPORÇÃO do que o corpo humano... obra prima de Deus.

Por exemplo:
- Meça sua altura e depois divida pela altura do seu umbigo até o chão; o resultado é 1,618.
- Meça seu braço inteiro e depois divida pelo tamanho do seu cotovelo até o dedo; o resultado é 1,618.
- Meça seus dedos, ele inteiro dividido pela dobra central até a ponta ou da dobra central até a ponta dividido pela segunda dobra. O resultado é 1,618;
-Meça sua perna inteira e divida pelo tamanho do seu joelho até o chão. O resultado é 1,618;
-A altura do seu crânio dividido pelo tamanho da sua mandíbula até o alto da cabeça. O resultado 1,618;
- Da sua cintura até a cabeça e depois só o tórax. O resultado é 1,618;
(Considere erros de medida da régua ou fita métrica que não são objectos acurados de medição).

Tudo, cada osso do corpo humano é regido pela Divina Proporção.
Seria Deus, usando seu conceito maior de beleza em sua maior criação feita a sua imagem e semelhança?
Coelhos, abelhas, caramujos, constelações, girassóis, árvores, arte e o homem; coisas teoricamente diferentes, todas ligadas numa proporção em comum.

Então até hoje essa é considerada a mais perfeita das proporções. Meça seu cartão de crédito, largura / altura, seu livro, seu jornal, uma foto revelada.

(Lembre-se: considere erros de medida da régua ou fita métrica que não são objectos acurados de medição).

Encontramos ainda o número Phi nas famosas sinfonias como a 9ª de Beethoven e em outras diversas obras.
Então, isso tudo seria uma coincidência?...ou seria o conceito de Unidade com todas as coisas sendo cada vez mais esclarecido para nós?
 
Fonte desconhecida.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Ida Hoffmann e Henri Oedenkoven: do Avante-Garde Anarquista aos Círculos Ocultistas






Agarath

Ida Hoffmann e Henri Oedenkoven são dois famosos personagens do avant-garde anarquista, naturista, vegetarianista, da sociedade alternativa e do amor livre, exteriorizando este complexo estilo de vida em sua famosa Colônia Espiritualista, Naturista e Vegetarisnista Monte Verità. E, não obstante, estiveram envolvidos nos círculos ocultistas da idade aúrea do Ocultismo Ocidental.

A história da Colônia Monte Verità se inicia em 1899 a partir do encontro entre Henri Oedenkoven, rico herdeiro de um industriário suíço de Anversa, e Ida Hofmann, professora de música em um instituto russo de Cetinje, antiga capital de Montenegro (uma das duas atuais Repúblicas em que se divide a Iugoslávia).

Ida Hoffmann, nasceu na áustria em 1864. Era filha da Baronesa von Hoffmann da Transilvânia, e seu pai, segundo se diz, foi um dono de minas de carvão da Hungria, e engenheiro. Ela foi líder feminista, anarquista e professora de piano, além de ter sido co-fundadora da já citada Colônia.

Henri Oedekoven nasceu em 1875. Foi através de uma doença que ele adquiriu quando jovem, que tudo começou. Em sua iniciação sexual que foi patrocinada pelo seu pai (prática comum na época), ele acabou contraindo sífilis com uma prostituta. Na época tal doença era incurável, então ele tentou apaziguá-la através de terapias alternativas e do vegetarianismo, se tornando especialmente frugívoro. E enfim, diz-se que foi "curado" graças às ajuda de um médico homeopata de Leipzig. Mas tal experiência o despertou mesmo para um definitivo novo estilo de vida. Este novo estilo também foi abraçado por Ida Hoffmann, que se achava descontente com a futilidade da sociedade e com a própria educação rígida que recebeu.

Henri Oedenkoven e Ida Hofman, 1902

Eles então idealizaram fundar uma colônia baseada em um estilo de vida natural e libertário. Saíram em busca de um lugar ideal. Em novembro de 1900, Henri Oedenkoven e Ida Hoffmann, com o auxílio dos amigos Arthur e Karl Gräser (irmãos), Lotte Hattemer e Jenny Hoffmann (irmã de Ida, nascida em 1863), fundaram a Colônia Vegetariana e Naturista no famoso Monte Verità (A Montanha da Verdade), no Lago Maggiore, em Ascona na Suíça. O local já se chamava Monte Verità quando eles o habitaram, e deram o nome próprio do local à sua Colônia.

Este local também era conhecido como Ticino, ou a porção italiana da Suíça, cuja língua comum era o italiano, sendo a própria palavra Verità o correspondente italiano para "Verdade". O Monte Verità foi, antes mesmo da fundação da Colônia, assim chamado devido à idéia de que as grandes verdades se revelam nos topos dos montes (como por exemplo o Sinai).

O Ticino, foi o destino de todos aqueles que queriam realizar suas utopias. Já em 1869, o anarquista russo Michail Bakunin ali se estabeleceu, em refúgio político, querendo estabelecer ali uma sociedade anarquista, ou seja, sem regras. Em 1889, os teósofos Alfredo Pioda, Franz Hartmann (1838-1912) e a Condessa Constance Wachtmeister, também já haviam por ali desembarcado querendo fundar um convento laico com o nome de Fraternitás.

Ida e Oedenkoven afirmavam que "ante o fato de que as relações humanas estão dominadas pelo egoísmo, a aparência, o luxo e a mentira", era necessário "mudar nossas vidas para uma forma mais natural e saudável de existência".

Na colônia, além do vegetarianismo e naturismo, era praticado o amor livre e eles também se permitiam a vestir-se como quisessem, a deixar o cabelo crescer, a caminhar descalço ou com uma simples sandália, sem se preocupar com os padrões da época, uma verdadeira "Sociedade Alternativa", um paraíso sobre a terra. Mas porém o radicalismo as vezes colocava tudo a perder. Oedenkoven era extremamente radical em relação à prática naturista e vegetarianista, não tolerava qualquer atitude que escapasse a estas condutas, e muito menos o alcoolismo na Colônia. Embora a finalidade do movimento fosse a liberdade das tribulações e dificuldades da vida, e dos condicionamentos sociais, as atitudes radicais de alguns também colocavam em xeque a questão da liberdade. Ida e Oedenkoven mantiveram um matrimônio não oficializado. Encontrava-se em Oedenkoven o paradoxo entre o "mordeninho" libertário e o arrogante ditador.

No Monte Verità, as idéias de Karl Gräser, que propunha a reforma de vida sustentada em Emile de Jean Jacques Rousseau e nas idéias de Tolstoi, de que o homem deveria viver segundo seu próprio juízo, influenciaram o grupo. Seu irmão, o poeta e pintor, Arthur Gustav Gräser (que mais tarde teve Hermann Hesse como discípulo), e Jenny Hoffmann, irmã de Ida, foram os personagens mais radicais do grupo em relação à atitude libertária. Eu suponho que estes deviam bater de frente com Oedenkonven. Este, além de seus defeitos tinha também as suas qualidades, mas fica claro ao longo de sua trajetória de vida que as pessoas se aproximavam dele muito mais em razão de sua fortuna.


Monte Verità


Na Colônia, foram construídas rústicas cabanas, entre as quais: Casa Selma, Casa Aida e a famosa Casa dei Russi, onde, em 1905, habitaram os vários estudantes russos e que abrigaram Lenin, Trotsky e Kropotkin. Ida e Oedenkoven investiram muito capital na Colônia, mas tinham o sonho que de um tempo em diante todos poderiam se sustentar apenas do fruto da terra. Mas os radicais irmãos Gräser não gostavam nem mesmo deste "primeiro impulso" capitalista, mas quando os recursos começaram a faltar todos sentiram e as discussões se acentuaram ainda mais do que aquelas que dantes eram motivadas apenas por leves discordâncias ideológicas. Lá por 1905, foi construída a Casa Central, com refeitório, sala de música, de jogos, assim como espaços mais arejados onde se praticavam curas naturais. A Casa Annatta foi construída a partir do conceito teosófico de "Casa da Alma", e atualmente é um Museu que guarda a história desse grande centro místico e filosófico.

Casa Anatta

Outra irmã de Ida que morou no Monte Verità foi Julie Ferdinandine Hoffmann Brepohl (1869- ???), que veio a se casar com o escritor Friedrich Wilhelm Brepohl. F. W. Brepohl nasceu em 3 de abril de 1879, em Cartenberg, Essen, na Alemanha, e faleceu em Ponta Grossa, PR, Brasil. Era filho de Ludwig Brepohl e Louise (nascida Blum). Ele foi um pastor protestante, da Igreja Luterana, tanto na Europa quanto no Brasil, onde se fixou na Lapa e Ponta Grossa, ambas no Paraná. Neste país, Whilhelm Brepohl chegou a ser preso em Porto Alegre, acusado de Nazismo, ele era muito bitolado no Pangermanismo e de fato manteve relações estreitas com o Partido Nazista.

Quando foi morar em Locarno, Suíça, F. W. Brepohl exerceu a função de jardineiro, uma função braçal e subalterna, mas mesmo assim despertou a atenção da pintora Julie Hofmann, 10 anos mais velha do que ele.

Com Julie, também conhecida como Lily Hofmann, passou uma temporada no Monte Verità. Wilhelm nunca fez menção de como teria sido sua experiência nesta sociedade anarquista, um modo de vida totalmente avesso a seus ideais pangermanistas. Mas mesmo que por conveniência manteve contato com o casal anarquista Hofmann e Oedenkoven, estes que arcaram com as despesas da viagem de Wilhelm Brepohl e toda a família da Alemanha para Curitiba, no Brasil, em 1925, como veremos mais adiante.

Wilhelm e Julia vieram a se a se casar em 1903. Ela deixou de ser pintora para virar esposa de pastor. Eles tiveram cinco filhos ao total. A primeira filha, Emma Costet de Mascheville, nasceu em 10 de fevereiro de 1903, em Heimhausen, na Bavária, sul da Alemanha. Em 1906, seguiu para a Sérvia junto com os pais, e de lá; já com um irmão, foi a Hungria, onde seu pai iniciou a carreira de pastor evangélico, redator e escritor.

Devido a doença adquirida na juventude (Sífilis), Oedenkoven não podia ter filhos, assim Julie deixou que, em 1907, sua filha Emma, aos quatro anos, fosse morar com os tios. Esta sobrinha de Ida Hoffmann foi nada mais que uma das maiores astrólogas que o Brasil já conheceu. Emma Costet de Mascheville, também era conhecida como Dona Emy ou pelo nome mágico de Lorelair. Em 1911, Emma voltou a morar com os seus pais, aos oito anos. Em 1918, aos quinze anos, foi levada ao teatro pela primeira vez pelo amigo Hermann Hesse, em Munique. Hesse conheceu e se hospedou na Colônia justamente no mesmo ano em que a pequena Emma foi lá morar, devia ter um carinho especial pela menina.

É grande o emaranhado de coincidências... Por volta de 1916, Cedaior, o futuro marido de Emma, publicou o "Livro das Leis de Vayu", livro que chegou ao conhecimento de Ida Hoffmann através de seu amigo Roso de Luna. Assim, eles passaram a manter correspondência de 1916 a 1923 quando enfim se conheceram.

Cedaior, ou melhor Albert Raymond Costet, Conde de Mascheville, nasceu em 1º de setembro de 1872, em Valence, na França. Era Esoterista, músico e escritor. Entre uma longa biografia mística, Cedaior foi amigo pessoal de Oswald Wirth, assim como foi iniciado pelas mãos do próprio Papus. Ele é considerado o "Pai do Martinismo no Brasil".

Em 26 de Fevereiro 1910, Cedaior junto com sua primeira esposa e seu filho Jehel, foi para Buenos Aires, na Argentina. E foi morando na Argentina que ele manteve correspondência com Ida Hoffmann que no momento estava na Europa. Tudo tramava para que anos mais tarde todos se encontrassem todos no Brasil, como veremos mais adiante.

Em janeiro de 1916, o Monte Verità recebeu uma visita ilustre, era Theodore Reuss, que na época adotava o nome mágico de Frater Merlim Peregrinus, e que lá concentrou por um curto período todas as suas atividades e da O.T.O., ou Irmandade Hermética da Luz, como ficou conhecida na época, fundando ali a "Grande Loja Anacional e Templo Místico" da O.T.O., batizada como Loja 'Verita Mistica' (VM). Nesta época a O.T.O. sob a liderança de Reuss já sofria algumas influências de Crowley. A O.T.O. sob a liderança de Reuss já possuía ritos de Magia Sexual, a diferença é que a O.T.O. sob a liderança de Crowley foi totalmente reformulada aos moldes de Thelema, sistema mágico que Reuss em primeiro momento abraçou, mas que logo após abandonou (nos idos de 1921 quando já se encontrava com a saúde bastante abalada e nem tão operante na O.T.O., e ‘segundo’ Crowley desequilibrado). A Missa Gnóstica (Liber XV) de Crowley, por exemplo, foi escrita especialmente para a Igreja Gnóstica Católica de Reuss, em 1913, Missa da qual Reuss publicou um tradução para o alemão em 1918.

Ida Hoffmann pode ter sido iniciada na O.T.O., mas "não há" nenhum documento "confiável" que ateste a sua iniciação e/ou o seu grau. Assim se tornando a iniciação dela na O.T.O., sob a liderança de Reuss, mais uma lenda que muitos gostam de espalhar aos quatro ventos para justificar linhagens, mas sem nada "comprovar". Tais pessoas interessadas em justificar obscuras linhagens até mesmo afirmam que ela tenha fundado uma Loja da O.T.O. no Brasil, um completo absurdo, pois os que assim afirmam não conseguem nem ao menos traçar a rota de Ida Hoffmann no país, a qual como um pássaro livre estava uma hora aqui, outra ali, e infelizmente nem mesmo sua colônia naturista ela conseguiu reviver no Brasil. Já a biografia iniciática do seu amigo e colaborador Cedaior no país não é mistério para ninguém, todas as ligações dele com o Martinismo e a Igreja Expectante são inteiramente comprovadas. Assim, não haveria razões para haver evidências das atividades iniciáticas de um, e não haver evidências das atividades iniciáticas de outro. Ainda, tentam ligar Ida a Rudolf Steiner, que nunca foi iniciado na O.T.O.. Mas com ou sem iniciação na O.T.O. ou em qualquer outra ordem de renome, nada tira o brilho de Ida Hoffmann, este símbolo de Mulher libertária que transcendeu todas as barreiras de um época para exercer a sua legítima Vontade, sendo um exemplo de vida cujo valor título nenhum confere.

Entre 1913 e 1918 Rudolf von Laban (15.12.1879 — 01.07.1958) estabeleceu sua "Escola de Arte" no Monte Verità, sendo uma filial de sua escola original em Munique. Assim, nasceu a "Nova Dança", e Mary Wigman, Katja Wulff e Suzanne Perrottet tornaram-se alunas desta escola. O sucesso foi tanto que o Monte Verità recebeu a visita de ninguém mais que a famosa bailarina Isadora Duncan.

Em 22 de Janeiro de 1917, Reuss publicou um manifesto para a sua Loja "Verità Mystica". Na mesma data, ele publicou uma Constituição da O.T.O. revisada (baseada em grande parte na Constituição de 1913, de Crowley, para a M.·.M.·.M.·.), com uma "Sinopse dos Graus" e uma sinopse de "A Mensagem dos Mestre Therion" anexada.

De 15 à 25 de Agosto de 1917, Reuss organizou, no Monte Verità, o "Congresso Anacional para a Organização e Reconstrução da Sociedade em Práticas Linhas Cooperativas" sobre vários temas: Sociedades sem distinções nacionais, cooperativas, educação moderna, direitos das mulheres na sociedade do futuro, Franco-maçonaria mística, novas estruturas sociais e, por último, poesias, dança como uma arte, ritual e religião. Em 22 de agosto houve a leitura poema místico "The Ship" de Aleister Crowley pelo próprio, e também em 24 de agosto a sua Missa Gnóstica (Liber XV) foi recitada por Reuss. O ponto culminante do evento foi a apresentação da dança-ritual "Song to the Sun" (Canção para o Sol) executada pela Laban School of Dance, a escola de dança de Laban; eles dançaram do nascer ao pôr do sol..


Em uma carta não datada para Crowley (recebida em 1917), Reuss relatou excitadamente que ele leu "A Mensagem dos Mestre Therion" em uma assembléia no Monte Verità, e que ele estava traduzindo O Livro da Lei para o alemão. Reuss deixou o Monte Verità em alguma data antes de Novembro de 1918.

Quanto mais obtinha novos residentes, mais aumentavam, as discordâncias no Monte Verità, eram anarquistas fanáticos de um lado, burgueses rebeldes de outro, artistas alienados em mais outro, se tornando-se uma verdadeira panela de pressão. Não obstante, os habitantes das proximidades já começavam a rotular o lugar fundamentados em suas vis e letárgicas visões de mundo. A crise financeira, o modismo em que se tornou o local, os desentendimentos do grupo e inospitalidade da vizinhança, fizeram Hoffmann e Oedenkoven partirem mundo a fora na tentativa de fundar uma pacata colônia realmente naturista e vegetarianista, e vender o local para um trio de artistas, Werner Ackermann (Anversa 1892), Max Bethke e Hugo Wilkens, bancados financeiramente por William Werner, cunhado de Ackermann. Estes fizeram do local um hotel de negócios, e deram o início ao chamado "período expressionista" do monte Verità. O vegetarianismo e o anarquismo foram totalmente abandonados, e só houve lugar às manifestações artísticas descompromissadas com ideologias. Quando a crise bateu, o local foi novamente vendido em 1926 ao Barão Eduard von der Heydt, um banqueiro que capitalizou o local e o transformou em um hotel ainda mais pujante que o do antigo triunvirato, e que guardava as coleções de arte do Barão. Só depois da morte do Barão, em 1964, que a prática do nudismo foi totalmente abandonada no local.

Werner Ackermann, mais tarde, escreveu um livro sobre o Monte Verità, utilizado o nome Robert Landmann como pseudônimo.

Em 17 de Agosto de 1919, Cedaior fundou a Igreja Expectante em Buenos Aires, Argentina, sendo esta Igreja baseada no assim chamado "Cristianismo Esotérico". Sua liturgia é composta por influências cristãs, sufis e hindus. A Igreja Expectante seria mais uma manifestação da linhagem espiritual albigense da Igreja Gnóstica de Jules Doinel. Cedaior foi iniciado nesta Igreja pelo próprio Jules Doinel em 1893.

Em 1920, Ida Hoffmann emigra para a Espanha, Argentina e depois para o Brasil.

Atualmente o Monte Verità ainda é muito cultuado, tendo recebido ao longo da história os mais famosos iniciados, artistas, anarquistas, doutores e loucos, tais como os escritores Mircea Eliade, Gershom Scholem(Professor de Mística Judaica na Universidade de Jerusálem), o médico anarquista Raphael Friedeberg, os psicanalistas Otto Gross (futuro líder da Fraternitas Saturni, que lá desejou estabelecer uma universidade para a emancipação da humanidade, que a levaria ao retorno ao paraíso) , Carl Gustav Jung, et al. No ano 2000 foi amplamente comemorado no local o Centenário do Monte Verità. O local foi também, durante a Segunda Guerra, o refúgio de muitos artistas alemães que estavam em busca de mais humanismo. A comunidade do Monte Verità foi precursora de vários movimentos alternativos que existem atualmente.

No Brasil, Ida Hoffmann se estabeleceu na região do Palmital, há uns 30 km da cidade de Joinville, ambas em Santa Catarina. Este local, ao lado do Saí, na época já era famoso por ter sido colonizado por anarquistas franceses que lá tentaram levar em frente o utópico "Falanstério do Saí", liderado pelo médico homeopata Benoit Jules Mure, que foi a primeira e única tentativa de se fundar uma comunidade totalmente anarquista e auto-sustentável (falanstério) no Brasil. O falanstério não vingou devido a própria disputa entre o Saí e o Palmital, além da falta de infra-estrutura. Os franceses se dispersaram pelo Brasil e deste movimento acabou se desenvolvendo também as bases do Sindicalismo no Brasil.

Quando Ida Hoffmann chegou ao Palmital o Falanstério não mais existia, e "talvez" tivesse conhecido alguns remanescentes destes anarquistas franceses, que lá colonizaram, no próprio Monte Verità. Ida comprou 120 hectares de terra da Empresa Industrial Agrícola Palmital Ltda. (fundada em 1919 por outra leva de colonos franceses na região). Esta empresa se situava no Palmital, mas tinha sua sede administrativa, dirigida pelo Sr. Durval Wolf, em Joinville, talvez por isto os biógrafos de Ida errem ao dizer que Ida se fixou em Joinville. O Palmital hoje em dia se localiza na região de Garuva, cidade citada também em A Terra Oca de Bernard Raymond, como tendo grutas que levariam ao centro da Terra.

No Palmital, Ida tenta criar uma nova colônia naturista e vegetarianista no seu assim chamado "Monte Sol". Para estabelecer tal colônia ela contou com o apoio de Cedaior. Cedaior deixou a Argentina e veio morar no Brasil em 1923, se estabelecendo no Palmital, onde Ida Hoffmann já aguardava por ele. Ela havia, por correspondência, conseguido com que Cedaior se comprometesse a ajudá-la na fundação de sua nova colônia.

Fontes martinistas afirmam que eles tinham a ajuda de um jovem alemão chamado Tuitenhof, encarregado de vigiar as plantações de arroz e cortes de madeira. Porém, o jovem fazia muito mal o seu serviço. Assim, Peregrina e Cedaior se viam obrigados a trabalhar na colônia de dia e fazer apresentações nos cafés da cidade à noite, pois eram respectivamente pianista e violinista. Em tal época ela tinha ela 60 anos e ele 51, e mesmo assim se achavam cheios de disposição, típica de pessoas vegetarianas.

Ainda, em 30 de Novembro de 1924, chegou ao Brasil, Leo Alvarez Costet de Mascheville, filho de Cedaior com sua primeira esposa. Ele, também conhecido como Jehel ou Swami Sevananda, veio acompanhado de sua mulher que atendia pelo nome místico de Lotusia. Ambos também teriam estado no Monte Sol.

Apesar de ser localizado no sul do Brasil, o local onde estava localizado o Monte Sol era muito quente, e este clima, aliado ao solo acidentado do Palmital, tornou a convivência deles ali insuportável. E assim todos partiram adiante com destino ao Paraná.

As mesmas fontes martinistas afirmam que Ida Hoffman era também conhecida como Peregrina, por ter tido uma grande amizade com Reuss (Merlim Peregrinus), mas não relatam sobre a veracidade de sua iniciação na O.T.O., não apresentam qualquer legítima Carta-Patente1 e não mencionam qualquer loja da O.T.O.2 que ela tivesse montado no Brasil, a qual provavelmente, se ela tivesse realmente montado, teria sido no sul do país3, e disso não há qualquer evidência. Porém, como já observado acima, relatam todas as atividades de Cedaior com riqueza de detalhes. O razoável é pensar que se Ida Hoffmann esteve envolvida com alguma atividade mística no sul do país, foi com as atividades ligadas a Cedaior, ou seja, com o Martinismo e com a Igreja Expectante.

Embora também não seja totalmente provável que Ida tenha se envolvido profundamente no Martismo e nas idéias de Cedaior. Penso que Ida sonhava tão apenas com uma colônia naturista e vegetarianista, mas alguns martinistas atuais classificam o Monte Sol como uma tentativa de se formar uma "Colônia Olímpica e Naturista". Olímpica porque se referia à Sexta Raça-raiz, da Criança da Luz, a raça da Novo Era, segundo a filosofia do "Cristianismo Esotérico" de Cedaior. Daí dá para se concluir que a Igreja "Expectante" de Cedaior tem como característica a espera e observância do advento desta Criança da Luz.

As teorias de Cedaior tinham um cunho racista, o que não condizia com a característica anarquista de Ida. Não se sabe até que ponto Ida aceitava as teorias de Cedaior. Este vivia sonhando com a utopia de uma raça perfeita, chegando a redigir "Doutrina Neo-ariana - Leis do Matrimônio", onde defende que para o estabelecimento da nova raça não se deve haver união entre parentes, por remotos que sejam, nem a união com pessoas que não sejam da raça branca (excluindose totalmente a união com a raça escura e desdenhando dos afro-latino-americanos, incluindo os afro-brasileiros, etc), que de preferência morassem no Oeste da América, segundo ele, única parte do continente capaz de salvação!. Seu filho, Jehel, justifica que a cor branca é exigida pois a cútis da vindoura 6a Raça será "branco-azulada". Tudo isto relatado no livro O Mestre Philippe de Lyon. Baseado no conceito desta 6a Raça, Cedaior escreveu o seu Livro das Leis de Vayu (outro nome para a Ilha de Páscoa), e fundou sua já citada Igreja Expectante. Cedaior em seus devaneios chegava mesmo a afirmar que no sul da Argentina havia índios de olhos claros e de cabelos quase loiros... Teorias lamentáveis para alguém com tanta cultura e capacidade de realizar boas obras, como também as deixou. Ainda há quem diga que Crowley se resumia a um louco pervertido, em Thelema, "Todo homem e toda mulher é uma Estrela"!!!

Também uma profunda relação entre o Martinismo e a Igreja Expectante, com a O.T.O. se torna improvável. Embora ambas tenham raízes na Igreja Gnóstica de Jules Doinel, é difícil imaginar o gnosticismo da Igreja Expectante, baseada no Cristianismo Esotérico, se utilizando da Missa Gnóstica de Crowley (um ritual explicitamente thelêmico), Missa esta que Reuss já adotava desde 1913 em sua Igreja Gnóstica Católica, um considerável tempo antes mesmo dele ter estado no Monte Verità, e só deixou de adotar em 1921, época em que já estava doente e inoperante na O.T.O., e assim não substituiu a Missa por nenhuma outra. Como visto mais acima, neste tempo a O.T.O. liderada por Reuss não era uma ordem aos moldes de Thelema como é hoje, mas já tinha algumas consideráveis influências. Reuss de qualquer forma, e como dito anteriormente, era envolvido com o Tantra (ou Magia Sexual), motivo pelo qual ele, assim como Crowley, eram renegados pelos Maçons. Reuss e os Martinistas só teriam em comum o trabalho com o Rito de Memphis-Mizraim.

Em 5 de julho de 1925, F. W. Brepohl e toda a família vieram para o Brasil, ele foi enviado pelo Departamento de Missões para o Exterior da Igreja Evangélica Alemã, que pretendia expandir o pangermanismo pelo mundo, mas financiado por Ida Hoffmann, a rica cunhada anarquista.... O desejo de Brepohl era assumir uma paróquia em Buenos Aires, mas talvez por imposição de Ida Hofmann (que desejaria ter a irmã próxima de si), seu destino foi Curitiba, onde Ida estava morando na época. As razões de sua partida não são muito claras, no livro Pangermanismo e Nazismo no Sul do Brasil, escrito por sua descendente, é cogitado que seria por ele ter se endividado e perdido boa parte da herança de Julie (chamada de Julia, no livro) num empréstimo feito a um amigo.

Assim, ocorreu o grande encontro. Emma e Julie se reencontram com Ida. E, finalmente, Emma e Cedaior se conheceram em 10 de julho, ela com 22 anos de idade, e se casaram novembro do mesmo ano, na Lapa, no Paraná. Ela assim se tornou a segunda esposa de Cedaior. Foi com Cedaior que ela começou o seu estudo da astrologia, e por conseqüência acabou se tornando uma das maiores astrólogas do Brasil, tendo em vida calculado cerca de 10.000 horóscopos e sido Mestra de toda uma geração de astrólogos neste país, pelos quais é lembrada com carinho. Oedenkoven, assim como os Brepohl, e talvez juntos, só chegou ao Brasil em 1925.

Wilhelm Brepohl e família se fixaram na Lapa e depois em Ponta Grossa. Emma seguiu seu caminho agora com o marido.

Em Curitiba, Ida e Cedaior conheceram o poeta e filósofo Dário Vellozo (de nome mágico "Apolônio de Thyana"), com o qual o Cedaior já mantinha anos de correspondência. Os três aparecem juntos em uma famosa fotografia, encontrada no raro livro O Mestre Philippe de Lyon, escrito por Jehel, em quatro volumes. Nela, Ida está ao piano, Cedaior de pé tocando seu violino, e Dário Vellozo sentado. A foto foi tirada na Biblioteca do "Templo das Musas" do Instituto Neo-Pitagórico de Vellozo. Tal instituto também se baseava no conceito "olímpico" de Cedaior.

Ainda em 1925, Emma, Cedaior, Lotusia, Jehel, Ida e Oedenkoven mudaram-se para a cidade de Cristalina, em Goiás, nas terras compradas por Oedenkoven, onde tentaram fundar uma nova colônia naturista e espiritualista. Oedenkoven teria concluído que o Planalto Central seria o melhor local para fundar a nova colônia. Mas como se o destino quisesse brincar com Ida Hoffmann, a sua tentativa de recriar uma colônia aos moldes do Monte Verità falha novamente, pois após uma grande enxurrada tiveram grandes perdas materiais e até mesmo as bibliotecas de livros de nossos personagens foram devastadas. Também é dito que Oedenkoven deixou de dar apoio material para a colônia.

Em 1926, temendo as situações precárias para o parto do primeiro filho deles, Emma e Cedaior retornaram à Lapa, no Paraná. Ida e Oedenkoven permaneceram em Cristalina, e a partir daí o destino deles é incerto, mas sabe-se que ela faleceu em São Paulo em 1926. Jehel e Lotusia também lá permaneceram até pagar as dívidas. Cedaior ainda participou de vários outros eventos de natureza mística, e faleceu em 1936, aos 72 anos de idade.

Emma ainda casou-se novamente em 1944, com o astrólogo e egiptólogo Walter Pery Klippel, publicou um belo artigo na Revista Planeta em 1975, participou do 1o Congresso Nacional de Astrologia na década de 70 e publicou o seu famoso livro "Luz e Sombra" em 1980. Em "Luz e Sombra", ela faz uma inédita apresentação da relação dos 12 signos do zodíaco com os 12 apóstolos na Santa Ceia de Leonardo da Vinci. Teve vários filhos do primeiro e do segundo casamento. Faleceu em 27 de dezembro de 1981, aos 78 anos de idade.

Em entrevista à Revista Planeta, de junho de 1980, ao ser perguntada sobre quem seriam as pessoas mais importantes na sua vida além de Cedaior ela diz: "Meu pai, minha mãe. Todas as pessoas com quem eu convivi através de meu pai, especialmente, minha tia, Ida Hoffmann, que fundou a ‘Comunidade do Monte Verità’."

Ida Hoffmann, foi autora de obras tais como "A Contribution to the Female Question" (Uma Contribuição à Questão Feminina); "The Importance of True Theosophy" (A Importância da Verdadeira Teosofia); sendo esta última em italiano; compilou algumas notas conhecidas como "Notes Towards the Promotion of the Vegetarian Lifestyle" (Notas para a Promoção do Estilo de Vida Vegetariano); e também escreveu junto com Henri Oedenkoven um livro em alemão sobre o Monte Verità..

A história de Ida Hoffmann se confunde com a história de diferentes correntes, intimamente com a do Martinismo no Brasil e da assim chamada Igreja Expectante e seu Cristianismo Esotérico; e por um brevíssimo período com a da O.T.O.. Também, o seu famoso Monte Verità entrou para história e se consagrou como grande centro místico, artístico e filosófico; foi líder feminista, pianista, naturista e vegetariana, mas antes de tudo foi ela mesma, e marcou a história como uma mulher que ousou, rompeu barreiras, sensível e ao mesmo tempo lutadora, lutou até o fim pelos seus ideais e para exercer a sua Verdadeira Vontade.

Notas:

No começo dos anos de 1960, e somente aí, um tempo bem afastado ao da estadia de Reuss em Ascona, Hermann Joseph Metzger, envidando esforços para legitimar sua "O.T.O." Suíça, forjou uma Carta-Patente em nome de Ida Hoffman, Clara Linke "et socii" para a Suíça, as declarando 33°, 97°, e "X° O.T.O.", cuja assinatura de Reuss não confere. É engraçado pensar o que uma pretensa Xº da O.T.O. estaria fazendo na região norte de Santa Catarina, na época um lugar tão pitoresco, dentre colonos tão indolentes, como os definia o próprio Jehel...

O período de menos de dois anos em que Reuss e a O.T.O. estiverem instalados no Monte Verità seriam insuficientes para deixar por lá Iniciados de tão alto gabarito como querem alguns.

No sul do país no caso de Santa Catarina e Paraná, não há evidências que ela teria morado no Rio Grande do Sul, Emma e Cedaior só foram morar no Rio Grande Sul na década de 30.

Referências Bibliográficas:
History of Monte Verità — por Marina Fraccaroli.
El cielo en la tierra — Marcela Sánchez (www.jornada.unam.mx/2001/mar01/010325/sem-monte.html).
Revista Planeta- Edição 33, junho de 1975.
Revista Planeta- Edição 93, junho de 1980.
Extinta página: www.emascheville.na-web.net/inicial.html - onde havia uma pequena biografia de Emma, escrita por seu filho Aor Costet de Mascheville.
Biografia de Theodore Reuss — por Frater T.Apiryon.
O Martinismo no Brasil — do site O Cristo Cósmico.
Breve histórico sobre o Martinismo no Brasil (http://www.sca.org.br/artigos/abhmb25.htm).



O Mestre Philippe de Lyon, volume II- por Sri Sevananda Swami (Leo Alvarez Costet de Mascheville).

Pangermanismo e Nazismo — A Trajetória Alemã Rumo ao Brasil- Marionilde Dias Brepohl de Magalhães. 1998.

Pagina gerada em 3/1/2006 10:39:45

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Fonte: http://www.ordotempliorientisbrasil.org/textos_pag.asp?id=345717195


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

The Rosicrucian Prayer to God


Oh Thou everywhere and good of All, whatever I do, remember, I beseech Thee, that I am but Dust, but as a Vapour sprung from Earth, which even the smallest Breath can scatter; Thou hast given me a Soul, and Laws to govern it; let that Eternal Rule, which thou didst first appoint to sway Man, order me; make me careful to point at thy Glory in all my wayes; and where I cannot rightly know Thee, that not only my understanding, but my ignorance may honour thee.


Thou are All that can be perfect; Thy Revelation hath made me happy; be not angry, O Divine One, O God the most high Creator, if it please thee, suffer these revealed Secrets, Thy Gifts alone, not for my praise, but to thy Glory, to manifest themselves.


I beseech thee most gracious God, they may not fall into the hands of ignorant envious persons, that cloud these truths to thy disgrace, saying, they are not lawful to be published, because what God reveals, is to be kept secret. But Rosie Crucian Philosophers lay up this Secret in to the bosome of God, which I have presumed to manifest clearly and plainly. I beseech the Trinity, it may be printed as I have written it, that the Truth may no more be darkened with ambiguous language.


Oh stream thy Self into my Soul, and flow it with thy Grace, thy Illumination, and thy Revelation. Make me to depend on Thee: Thou delightest that Man should account Thee as his King, and not hide what Honey of Knowledge he hath revealed.


I cast my self as an honourer of Thee at thy feet. O establish my confidence in Thee, for thou art the fountain of all bounty, and canst not but be merciful, nor canst thou deceive the humbled Soul that trusts Thee: And because I cannot be defended by thee, unless I live after thy Laws, keep me, O my Souls Soveraign, in the obedience of thy Will, and that I wound not my Conscience with vice, and hiding thy Gifts and Graces bestowed upon me; for this I know will destroy me within, and make thy Illuminating Spirit leave me: I am afraid I have already infinitely swerved from the Revelation of that Divine Guide, which thou hast commanded to direct me to the Truth; and for this I am a sad Prostrate and Penitent at the foot of thy Throne; I appeal only to the abundance of thy Remissions.


O my God, my God, I know it is a mysterie beyond the vast Souls apprehension, and therefore deep enough for Man to rest in safely.


O thou Being of Beings, cause me to work myself to thee, and into the receiving armes of thy paternal Mercies throw myself. For outward things I thank thee, and such as I have I give to others, in the name of the Trinity freely and faithfully, without hindering any thing of what was revealed to me, and experienced to be no Diabolical Delusion or Dream, but the Adjectamenta of thy richer Graces; the Mines and deprivation are both in thy hands.


In what thou hast given me I am content.


Good God ray thy self into my Soul, give me but a heart to please thee, I beg no more then thou hast given, and that to continue me, uncontemnedly and unpittiedly honest.


Save me from the Devil, Lusts, and Men, and for those fond dotages of Mortality, which would weigh down my Soul to Lowness and Debauchment; let it be my glory (planting my self in a Noble height above them) to contemn them.


Take me from my self, and fill me but with thee.


Sum up thy blessings in those two, that I may be rightly good and wise; And these for thy eternal Truths sake grant and make grateful.

Frater John Heydon.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Verdadeiro Segredo Maçônico



Fernando Pessoa

O verdadeiro Segredo Maçônico...

É um segredo de vida

e não de ritual

e do que se lhe relaciona.

Os Graus Maçônicos comunicam àqueles que os recebem,

sabendo como recebê-los,

um certo espírito,

uma certa aceleração da vida

do entendimento

e da intuição,

que atua como uma espécie

de chave mágica dos próprios símbolos,

e dos símbolos

e rituais não maçônicos,

e da própria vida.



É um espírito,

um sopro posto na Alma,

e, por conseguinte,

pela sua natureza,



...incomunicável.
 
.·.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Jakob Böhme, o Teósofo Teutonico


 

Jakob Böhme


(1575-1624)

Jakob Böhme, o Teósofo Teutonico

From William Law's Translation of The Works of Jakob Böhme

 

 


Jakob Böhme, nasceu no ano de 1575 em uma aldeia chamada Alt Seidenburg, perto de Gorlitz, na Alemanha e morreu na Silésia em 1624. Ele tinha pouca escolaridade e muito pequeno  trabalhou como pastor de ovelhas numa montanha nos arredores de Gorlitz e mais tarde se tornou aprendiz de sapateiro.  Viajou pela Alemanha como artífice , retornando a Gorlitz em 1599 tornando-se mestre em sua profissão. Casou-se com Katherine Kuntzschmann, com quem teve quatro filhos.

O comprador, entretanto, pagou o preço estipulado e se afastou. Após ter dado alguns passos para fora da oficina, chamou com voz alta e firme: " Jacob! Venha cá! ". O jovem, a princípio assustou-se ao ouvir aquele desconhecido chamá-lo pelo nome de batismo, depois, decidiu atendê-lo. O forasteiro, com ar sério mas amável, disse-lhe: "Jacob, você é ainda muito pequeno, mas será grande e se tornará outro homem, e será objeto da admiração de todos. Isto porque é piedoso, crê em Deus e reverencia sua Palavra, acima de tudo. Leia cuidadosamente as Santas Escrituras, nas quais encontrará consolo e instrução, pois sofrerá muito; terá de suportar a pobreza, a miséria e as perseguições; mas seja corajoso e perseverante, pois Deus o ama". Em seguida, fixando-o bem nos olhos, apertou-lhe a mão e se foi, sem deixar qualquer indício.

Um dia, enquanto trabalhava  na sapataria de seu mestre, um estranho e misterioso homem entrou no recinto. Vestia-se de forma simples e não parecia materialmente afortunado, todavia  aparentava ser muito sábio e nobre em matéria de realização espiritual. O estranho  perguntou-lhe o preço de um par de sapatos que havia escolhido. Mas o jovem  Böhme, inseguro em lidar com a parte financeira,  não se atreveu a responder um preço,  temendo desagradar seu mestre. O forasteiro insistiu e Böhme finalmente respondeu   um preço muito alto, crendo que o estranho recusaria e ele não seria repreendido por seu mestre. O forasteiro, entretanto, comprou o par de sapatos escolhido e partiu.

A uma curta distância no fim da rua o misterioso forasteiro parou e gritou em voz alta ", Jakob, Jakob, venha cá! ." Espantado e  assustado, ao ouvir o desconhecido chamá-lo com seu nome de batismo, Böhme correu para fora da casa. O estranho homem fixou os olhos sobre o jovem, seus grandes olhos pareciam irradiar uma luz divina. Compenetrado mas amável o forasteiro disse-lhe: " Jacob, você é ainda muito pequeno, mas será grande e se tornará outro homem, e será objeto da admiração de todos. Isto porque é piedoso, crê em Deus e reverencia sua Palavra, acima de tudo. Leia cuidadosamente as Santas Escrituras, nas quais encontrará consolo e instrução, pois sofrerá muito; terá de suportar a pobreza, a miséria e as perseguições; mas seja corajoso e perseverante, pois Deus o ama".Em seguida, fixando-o bem nos olhos, apertou-lhe a mão e se foi, sem deixar qualquer indício.

Profundamente impressionado com a previsão, Böhme se tornou cada vez mais intenso em sua busca da verdade.

."Abriu-se para mim um largo portão e em um quarto da hora vi e aprendi mais do que veria e aprenderia em muitos anos de universidade. Por essa razão, estou profundamente admirado e dirijo a Deus minhas orações, agradecendo-lhe por isto. Porque vi e compreendi o Ser dos seres, o Abismo dos abismos e a geração eterna da Santíssima Trindade, o descendente e origem do mundo de todas as criaturas, pela divina sabedoria: Soube e vi por mim mesmo os três mundos, ou seja, o divino (angelical e paradisíaco), o das sombras (que deu origem e natureza ao fogo) e o mundo exterior e visível (sendo à procriação ou o nascimento exterior tanto do mundo interior como do espiritual). Vi e conheci toda a essência do trabalho o mal e o bem original e a existência de cada um deles; e também como frutificou com vigor a semente da eternidade. E isso de tal forma que dela fiquei desejoso e rejubilei-me". Por sete dias ele permaneceu em uma misteriosa condição durante os quais os mistérios do mundo invisível foram a ele revelados..

"Abriu-se para mim um largo portão e em um quarto da hora vi e aprendi mais do que veria e aprenderia em muitos anos de universidade. Por essa razão, estou profundamente admirado e dirijo a Deus minhas orações, agradecendo-lhe por isto. Porque vi e compreendi o Ser dos seres, o Abismo dos abismos e a geração eterna da Santíssima Trindade, o descendente e origem do mundo de todas as criaturas, pela divina sabedoria: Soube e vi por mim mesmo os três mundos, ou seja, o divino (angelical e paradisíaco), o das sombras (que deu origem e natureza ao fogo) e o mundo exterior e visível (sendo à procriação ou o nascimento exterior tanto do mundo interior como do espiritual). Vi e conheci toda a essência do trabalho o mal e o bem original e a existência de cada um deles; e também como frutificou com vigor a semente da eternidade. E isso de tal forma que dela fiquei desejoso e rejubilei-me".

Jakob Böhme revelou para toda a humanidade os  mais profundos segredos da alquimia. Ele morreu cercado por seus famíliares em um domingo, 20 de novembro de 1624, ouvindo músicas celestiais. Jakob Böehme, que como os antigos rosacruzes é  chamado de teosofista, tinha como emblema uma cruz negra com rosas douradas.

 

PÁGINAS RELACIONADAS EM NOSSO SITE

A Influência de Jacob Boheme na Flauta Mágica de Mozart por Delmar Domingos de Carvalho

 Orações de Jacob Boheme

 La llave [Clavis]

Diálogos místicos [Libro cuarto de "Weg zu Christo"]

Confesiones [The Confessions of Jacob Boehme comp. and ed. by W. Scott Palmer with an introd. by Evelyn Underhill]

 

Biografia de Jacob Böehme

Vida e Doutrina de Jacob Böehme - Franz Hartmann

Milton and Jakob Boehme; a study of German mysticism in seventeenth-century England  Margaret Lewis Bailey [Texto en inglés]

Jacob Böehme - Biblioteca Upasika

Obras de Jacob Böehme

A Chave de Jacob Böehme [Texto em português]

A Encarnação de Jesus Cristo  [Texto em português]

Confissões [Texto em português]

O Caminho para Cristo  [Texto em português]

Seis Pontos Místicos [Texto em português]

Der Weg zu Christo, verfasset in neun Büchlein [Texto em alemão, facsímil do original de 1715]
 

http://www.fraternidaderosacruz.org/rc_jakob_bohme.htm

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

REGIME ESCOCES RETIFICADO - R.E.R.






O Regime Escocês Retificado é um sistema maçônico e cavalheiresco cristão que foi constituído na França no terceiro quarto do século XVIII.

Depois de um aparente eclipse durante o século XIX, conhece atualmente, e sobretudo depois dos anos 60, uma renovada vitalidade.


O Grande Priorado de Gálias  foi criado na Espanha em 1986, onde duas Comendadorias foram a raiz da criação do Grande Priorado da Espanha de K.T. instalado pelo Grande Priorado da Inglaterra em 1994, e foi elevado à Priorado, ficando independentes do Grande Priorado da Espanha em quanto ao Rito e a transmissão própria do Regime Retificado.

Nascido na França, o Rito Escocês Retificado foi, e continua sendo, praticado em sua maior pureza e integridade originais sob a égide do Grande Priorado de Gálias, jurisdição independente e soberana que é conservadora e garante do Regime. O Grande Priorado de Gálias conserva os rituais em toda a sua pureza e integralidade iniciais, de igual modo que a Constituição Original, o Código maçônico das lojas reunidas e retificadas da França e o Código geral dos regulamentos da Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa (C.B.C.S.) de 1778. O Grande Priorado de Gálias é o garante da prática autêntica e regular do Rito.

É preciso assinalar que a noção do Regime tem a ver com a organização estrutural do sistema e a do Rito com a prática ritual propriamente dita. As duas expressões: Regime Escocês Retificado e Rito Escocês Retificado não são pois intercambiáveis nem significam o mesmo, ainda que o uso diário as confunda facilmente, possivelmente por causa de suas siglas comuns: R.E.R.

O Grande Priorado de Gálias não é, no sentido preciso do termo, um Grande Priorado Templário. É um Grande Priorado do Rito Escocês Retificado. Entretanto, conforme a vontade formal de seus fundadores, conserva uma filiação espiritual com antiga  Ordem do Templo .

O Regime Escocês Retificado tem por objetivo manter e fortificar, não só a Ordem Interior mas sim também as Lojas maçônicas, os princípios que são sua base e fundamento:

A fidelidade a religião cristã, fundamentada na fé na Santíssima Trindade;
A total adesão aos princípios e tradições, tanto maçônicos como cavalheirescas do Regime, que se traduzem num aprofundamento na fé cristã e no estudo da doutrina esotérica cristã, ensinada na Ordem;

O aperfeiçoamento do indivíduo pela prática das virtudes cristãs com o fim de aprender a vencer as paixões, corrigir os defeitos e progredir na via da realização espiritual;

A total dedicação a pátria e ao serviço ao próximo;
A prática constante de uma beneficência ativa e esclarecida a todos os homens, sem importar qual seja a sua raça, nacionalidade, situação, religião e suas opiniões políticas ou filosóficas.

Em definitivo, O Regime Escocês Retificado propõe a realização espiritual  como finalidade a cada um de seus membros, facilitando-lhe os meios para conseguir-lo, e em converter-se em homens verdadeiros, templos de Deus.

O Rito Escocês Retificado é também conhecido como Rito de Willermoz, em alusão ao seu criador, Jean Baptiste de Willermoz (Lyon,1730- Lyon,1824), que foi iniciado na maçonaria aos 20 anos de idade em uma loja que funcionava sob os auspícios da Estrita Observância Templária.


A intenção de ter um Rito Escocês Retificado seria trazer de volta antigas influências dos Cavaleiros Templários, como um rito de cavalaria, também de um antigo rito chamado Rito de Heredom. Segundo Willermoz o Rito havia se descaracterizado com o tempo, perdendo assim sua identidade original como um Rito de Cavaleiros.

Foi relançado nas suas bases atuais, graças ao trabalho incansável de Jean-Baptiste Willermoz, que mantinha relações com maçons de toda a Europa, principalmente com os Irmãos mais qualificados de todos os ritos.

Ele passou a vida inteira reunindo todo o tipo imaginável de documentos, rituais e instruções, buscando alcançar a essência da iniciação maçônica.

O sistema maçônico que o interessava de imediato, foi o da Estrita Observância Templária, em razão das origens templários que esse sistema atribuía à Maçonaria e por sua organização em forma de ordem de cavalaria.

ORIGENS MAÇÔNICAS DE WILLERMOZ
Jean-Baptiste Willermoz era muito estimado pelos seus discípulos, principalmente pelas maneiras cordiais, amigáveis e sedutoras. Ele tinha como profissão profana a fabricação e comércio de artigos de seda, sendo ainda um grande proprietário de imóveis na cidade de Lyon, no centro da França.

Desde jovem, conseguiu reunir em torno de si um grupo de homens devotados à causa espiritual, tais como: Louis Claude de Saint-Martin, Joseph de Maistre, Martinez de Pasqually e o famoso Conde de Saint-Germain, alguns companheiros de estudos, outros seus próprios mestres.

Claude Catherin Willermoz foi seu pai, que por tradição também se dedicava à produção de tecidos; sua irmã Claudine foi iniciada nas ordens externas e o seu irmão mais novo, o médico Pierre-Jacques Willermoz foi iniciado em todas as ordens e jogou um papel importante na afirmação de Lyon como centro maçônico importante.

Jean-Baptiste Willermoz iniciou-se na Maçonaria em 1750. Com 20 anos de idade e já em 1752 era Venerável Mestre da sua loja e um ano mais tarde fundou a loja ";A Perfeita Amizade", que desempenhou um papel muito importante mais tarde. Em 1756 obteve a filiação da sua loja na Grande Loja da França. Em 1760, com 30 anos de idade, fundou uma segunda loja: "Os Verdadeiros Amigos"; juntamente com o Venerável da sua primeira loja: "A Amizade";, o irmão Jacques Irenée Grandon.

Nesse mesmo ano, as três lojas AMIZADE, A PERFEITA AMIZADE, e os VERDADEIROS AMIGOS, sob a coordenação de Willermoz, fundam a GRANDE LOJA DOS MESTRES REGULARES DE LYON, que recebeu Grandon como o seu primeiro presidente. Esses maçons tinham como objetivo a volta às suas origens primitivas.

Willermoz torna-se Grão Mestre em 1761, reelegendo-se em 1762, mas desinteressou-se em seguida, devido ao aumento das tarefas administrativas. Além disso, ele estava desgostoso com a banalidade dos trabalhos maçônicos o que o induziu a fundar o Capítulo dos ";CAVALEIROS DA ÁGUIA NEGRA", onde recrutava os melhores elementos de todas as lojas da cidade.

Willermoz ensinava no seu Capítulo que, para encontrar a pedra cúbica, que contém em si todos os dons, virtudes ou faculdades, era necessário encontrar o princípio da vida que os Adeptos chamam Alkaeter. Esse espírito tem a faculdade de purificar o ser anímico do homem, prolongando sua vida.

Ele também tem a virtude de transformar os vis metais em ouro. Esse espírito encontra-se nos três reinos da natureza e cabe ao homem encontrar a maneira de manipulá-lo. Eles ensinavam que a pedra bruta representava a matéria disforme que devemos preparar; a pedra cúbica com ponta piramidal representava a matéria desenvolvida pela tríplice ação do Sal, do Enxofre e do Mercúrio.

O portador do terceiro grau possuía duas jóias, uma era o emblema dos três reinos da natureza que entra no trabalho de preparação da Grande Obra, a outra era o Pantáculo de Salomão, de sorte que o iniciado deveria portar em si toda a ciência cabalística. Entretanto, Willermoz logo desinteressou-se do Capítulo da Águia Negra, pelas seguintes razões: primeiro porque a base de simbolismo já era do seu pleno conhecimento e havia conseguido formar Mestres capazes de continuar esse trabalho de instruir o s maçons do capítulo; segundo porque encontrou Martinez de Pasqually em 1767, quando tinha 37 anos de idade. Martinez, que como se sabe, foi o fundador da Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohens do Universo, sistema operativo, cujo ensinamento marcou profundamente o espírito de Willermoz.

A DOUTRINA DE MARTINEZ E O GRANDE TEMPLO DE LYON
Os maçons de Lyon, embora perseverantes no seu trabalho, não possuíam, uma doutrina sintética, que lhes assegurasse o objetivo dos seus trabalhos. A doutrina exposta por Martinez encaixou como uma luva nas mãos laboriosas dos maçons ocultistas de Lyon, cujo chefe era Jean-Baptiste Willermoz.

Tal doutrina comportava a revelação de verdades primordiais, comunicadas outrora a alguns seres privilegiados, e em sua síntese, ensinava a maneira de transpor a barreira que separa o Homem da Divindade.

Martinez trazia a mensagem de uma tradição oculta, conservada alegoricamente nas Escrituras Sagradas, sob o véu dos símbolos, transmitida através dos tempos pelas Sociedades Secretas. A Maçonaria tinha perdido a chave dessa tradição, que foi reencontrada por Martinez e por ele retransmitida nos seus rituais.

A sua doutrina explicava que a história da humanidade se resumia nas conseqüências do pecado original e na subdivisão do Homem Primitivo. A Divindade emanou Adão para que fosse o guardião da prisão onde tinha colocado os anjos rebeldes. Adão, revestido de uma forma "gloriosa"; comandava toda a criação. Mas, seduzido pelos Espíritos perversos, Adão quis ter a sua própria posteridade "espiritual";.

Entretanto, a criação de Adão não resultou senão numa forma material (Eva), que constituiu sua própria prisão futura. Essa condição o privou da comunicação com a Divindade e o expôs aos ataques dos espíritos perversos, dos quais ele era anteriormente o Mestre.

A posteridade de Seth poderá obter sua reconciliação e entrar em contacto directo com a Divindade, após ter percorrido todas as esferas superiores do mundo celeste.

Willermoz foi iniciado por Martinez em Versailles, perto de Paris, no Equinócio de Março de 1767, quando este instalou o seu Tribunal Soberano de Paris. Willermoz tinha sido apresentado por Bacon de la Chevalerie e o Mestre logo reconheceu em Willermoz um futuro adepto, um continuador da sua doutrina, motivo pelo qual não pode conter as lágrimas, sobretudo, porque via nessa iniciação a prova da sua reconciliação com a Divindade. Nesse mesmo ano, Willermoz foi recebido como membro não residente do Tribunal Soberano e a sua correspondência com o Mestre durou cinco anos.

Entretanto, durante esse período não obteve nenhuma luz, o que quase induziu Willermoz a abandonar a Ordem, apesar de Martinez lhe dizer que o desenvolvimento das qualidades espirituais, não vinha de um dia para o outro, e que somente o tempo e a perseverança na iniciação lhe poderia oferecer os resultados esperados.

Divindade, nada lhe será dado. Somente a graça da reconciliação do Pai dará a potência e o poder ao filho. A luz não é dada ao curioso, ao apressado; o Altíssimo a concede ao Homem submisso aos seus mandamentos e que pratica a sua justiça.

O Elus Cohen deveria seguir rigorosamente o ritual teúrgico e renunciar a tudo o que existe neste baixo mundo, e resignar-se a receber a graça no seu devido tempo. Esta virá, a partir de um trabalho constante, quando menos se espera. A preguiça, ou a impureza de um único membro durante os trabalhos, prejudica todo o trabalho coletivo dos grupos operativos.

Willermoz compreendeu rapidamente estas premissas e trabalhou de corpo e alma, não somente na sua regeneração pessoal como também com o objetivo de estender essa doutrina à Maçonaria, fazendo novos adeptos para a Ordem. Foi por essa razão que buscou a aliança com os maçons alemães da Estrita Observância Templária, isentos dos objetivos políticos e vingativos dos maçons Franceses.

OS DIRETÓRIOS ESCOCESES NA FRANÇA
O regime Escocês Rectificado originou-se da introdução na França, dos diretórios escoceses em 1773 e em 1774 pelo Barão de Weiler, que retificou certas lojas existentes em Estrasburgo segundo o rito da Estrita Observância Templária da Alemanha, cujo Grão-Mestre da loja de Saxe (região da Alemanha Oriental) era o Barão de Hund. Após uma longa troca de correspondências com Willermoz, Weiler instalou em 1774 em Lyon o primeiro Grande Capítulo da região e colocou Willermoz como chefe ou delegado regional.

Nesse mesmo ano, outros diretórios foram constituídos em Montpellier e em Bordeaux, cidade onde residia Martinez. O sistema era constituído por 9 graus, consistindo de três classes:

1a classe: Aprendiz, Companheiro e Mestre
2ª classe: Escocês vermelho e Cavalheiro da Águia Rosa Cruz
3a classe: (ordem interna): Escocês verde; Escudeiro noviço; Cavalheiro e Professos.

Os Professos eram considerados SUPERIORES INCÓGNITOS, pois não eram conhecidos dos membros da Ordem. O seu chefe, que mais tarde tornou-se conhecido, era o Duque Ferdinando de Brunswick, que possuía o título de Grande Superior da Ordem.

O CONVENTO DE GAULES (LYON, 1778)
O sucesso das lojas do Rito Escocês Rectificado foi total na França, principalmente porque elas eram oriundas das tradições templárias e sobretudo porque os seus chefes eram nobres autênticos, príncipes, duques, barões e as iniciações eram muito seletiva. Nessa mesma época, estava-se instalando o Grande Oriente da França, que fez questão de agrupar os Diretórios Escoceses sob sua égide e um tratado foi assinado nesse sentido. Esses diretórios não tinham uma direção central na França e uma união era preconizada por todos. Entretanto as desavenças em vez de diminuírem, aumentaram. O próprio Willermoz escreveu ao Príncipe Charles de Hesse, queixando-se que Weiler não conhecia nada sobre "as coisas essenciais";.

O grande superior Ferdinando de Brunswick procurava desesperadamente a doutrina e a coesão que faltava. Os Lyoneses detinham há 11 anos o sistema de Martinez de Pasqually, doutrina que poderia interessar aos Diretórios. Willermoz e Louis Claude de Saint-Martin de maneira muito oculta, prepararam as coisas com cuidado.

Eles conseguiram iniciar Jean de Turkeim e Rodolphe de Salznan na Ordem dos "Elus Cohens" homens de grande importância no seio da Estrita Observância Templária do Diretório de Estrasburgo. E esses dois homens desempenharam um papel muito importante quando os ocultistas de Lyon apresentaram a sua proposta dos conventos que iriam realizar no futuro. Com os espíritos preparados, segundo a doutrina de Martinez, os Lyoneses convocaram o CONVENTO DE GAULES em 1778, em Lyon. As grandes figuras da Estrita Observância Templária estiveram presentes em Lyon, mas preocuparam-se essencialmente com o futuro administrativo da Maçonaria. Willermoz demonstrou, desde logo, que a preocupação deveria nortear-se sobre o verdadeiro objetivo da Maçonaria, suas diretivas de estudos que deveriam orientar-se na busca da Divindade.

No transcurso dos trabalhos, decidiram distinguir as lojas simbólicas das lojas da Ordem Interior e substituir por Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa a palavra Templário. Os rituais apresentados pelos Lyoneses foram aprovados, assim como as instruções secretas de Willermoz, tiradas do "Tratado da Reintegração dos Seres Criados"de Martinez de Pasqually. O objetivo primeiro da Maçonaria seria comunicado somente aos iniciados nos dois últimos graus, os de "Professo" e do "Grande Professo". A denominação de Superior Incógnito, que tinha sido condenada anteriormente, foi ressuscitada no convento, e era designada àqueles portadores de alta doutrina da Ordem. Entretanto, o verdadeiro objetivo da Maçonaria, permanecia desconhecido por todos aqueles que não tinham entrado realmente dentro da iniciação, embora portassem títulos de nobreza e mesmo os altos graus do "Rito Escocês Rectificado". Além disso, havia várias tendências maçônicas e de outras sociedades espiritualistas que colocavam uma grande confusão nas mentes dos vários grupos maçônicos, oriundos de regiões diferentes. Havia assim, a necessidade da realização de um outro convento.

CONVENTO DE WILLELMSBAD DE 1782
Foi assim que quatro a nos mais tarde, em 1782, se realizou outro em Willelmsbad, com um número maior de participantes em relação àquele efetivado na cidade de Lyon em 1778. As reuniões duraram 45 dias e lá estavam presentes Willermoz e Saint-Martin, bem como, representantes dos Filaletes, dos Iluminados da Baviera, etc, todos ligados à Estrita Observância Templária.

A diversidade de idéias e de opiniões, impediu que se chegasse a um denominador comum e que se definisse com precisão a doutrina da Ordem. Desta maneira, acabou-se mantendo as mesmas resoluções do Convento de Lyon, inclusive a doutrina de Martinez. Abandonou-se a pretensão da descendência direta dos Templários, evocando-se, entretanto uma filiação espiritual, oriunda do Mundo Invisível.

Os rituais foram modificados substancialmente, diferenciando o sistema da Maçonaria Tradicional.

Esta é a razão pela qual o sistema foi denominado de RITO ESCOCÊS RETIFICADO.




MEMPHIS-MIZRAIM E O MARTINISMO


Vários visitantes de nosso portal tem solicitado informações sobre o Rito de Memphis- Mizraim que tem forte ligação com o Martinismo, Apesar de pouca literatura disponível, temos em nosso poder alguma documentação interessante sobre a matéria: 

Os Ritos Orientais de Memphis e Mizraim representavam na Europa a Maçonaria Ocultista e Hermética. Em tais ritos procurava-se admitir aqueles Irmãos que tinham interesse em se aprofundar no estudo da doutrina Maçônica. Através de seus rituais, graus, símbolos, inserem-se uma série de Tradições Iniciáticas Antigas que não deixam de interessar aos SS. II. e FF. RR. CC.. A própria denominação destes Ritos: Memphis e Mizraim, perpetua dois importantes Centros da Iniciação e do Sacerdócio Egípcio na mente de todos os iniciados do Ocidente.

A este Rito pertenceu na Europa o Irmão Ragon, que esteve em contato com o Imperator R+C ou Chefe dos Rosa-Cruzes e, inclusive, foi seu aluno o Conde de Saint-Germain. Por outro lado, na Itália este Rito teve uma grande importância nos acontecimentos históricos que deram nascimento à nação Italiana. Devemos recordar que Garibaldi pertenceu a esta Ordem. No nosso vizinho país, a Argentina, o Rito de Memphis teve um período de grande esplendor não faz muito tempo, chegando a contar com cerca de setenta Lojas.


O Rito de Memphis é de origem oriental. Foi renovado em 1820 pelo Irmão Boulage, professor da Faculdade de Direito de Paris, sujeitando-se ao plano dos Grandes e dos Pequenos Mistérios do Egito e da Grécia Antiga. O Rito de Misraim, também denominado Egípcio e, as vezes, judaico, foi fundado em Paris, em 1805, pelo Irmão Lechangeur.


Conforme o traçado arquitetônico destes Ritos da Maçonaria Oriental, a origem da Ordem se remonta às primeiras idades do mundo, supondo-se que um nasceu na Índia o outro no Egito, nas margens do Nilo, sendo uma continuação dos antigos Mistérios. Consideram-se fundadores diretos do Rito os Cavaleiros da Palestina e os Irmãos Rosa-Cruzes do Oriente.


Os diversos graus do Rito de Memphis e Mizraim foram tomados do Escocismo, do Martinismo ( por este motivo conserva a influencia de Pasqually e de Saint Martin) , da Maçonaria Hermética e de vários outros sistemas e reformas que praticaram-se com êxito na Alemanha, França e Itália, em épocas anteriores a 1730. Um documento muito interessante sobre a Maçonaria Oriental e Espiritualista é a "Muito Santa Trinosofia" escrita pelo Conde de Saint-Germain.


O Rito conta com um total de 96 graus divididos em três séries: simbólica, filosófica e mística. Por outro lado, o Rito Misraim conta com 90 graus classificados em quatro séries e divididas em 17 categorias, a saber:


1º - Série - Simbólica: compreende os 33 primeiros graus divididos em seis classes, que ensinam a moral e o estudo do homem.
2º - Série - Filosófica: compreende 33 graus a partir do 34º ao 66º, divididos em 4 classes. Ensina as ciências naturais, a filosofia da história e explicação os mitos poéticos da Antigüidade que, sob a alegoria da fábula, encerram a origem dos Mistérios.
3º - Série - Mística: compreende 11 graus, do 67º ao 77º, divididos em 4 classes, desenvolve a parte transcendental da Filosofia Maçônica.
4º - Série - Cabalística: Inclui os 13 últimos graus, do 78º ao 90º, divididos em 3 classes e contém as chaves do ensinamento e doutrinas do Rito, chaves que são de índole Cabalista, conforme as Tradições Rosa-Cruzes do Oriente.

A organização e estabelecimento destes Ritos exige por parte dos Dignitários um perfeito conhecimento das Tradições Iniciáticas do Oriente e do Ocidente, além de outras condições muito especiais que não se podem improvisar. A menos que estes requisitos sejam cumpridos, torna-se muito difícil subsistirem tais ritos.


Em seguida transcreveremos algumas denominações de seus graus, nos quais os SS. II. e os FF. RR. CC. notarão como os Ritos Orientais Memphis e Miszraim conseguiram perpetuar um conjunto de símbolos muito sagrados da Iniciação Antiga e Medieval. Ainda que em alguns aspectos esta terminologia possa nos parecer pomposa e bizarra, devemos compreender que não era considerada desta maneira no século XVIII, a cujo espírito e compreensão obedece.


Cavaleiros: da Abóbada Sagrada, da Espanha e do Oriente, de Jerusalém, da Águia Vermelha e Negra, do Oriente e do Ocidente, Rosa-Cruz, Noaquita ou da Torre, da Serpente de Bronze, da Cidade Santa da Alegria, do Tabernáculo.


Filalete: Doutor dos Planisférios, Sábio Sivaísta, príncipe do Zodíaco, Sublime Filósofo Hermético, Cavaleiro das Sete Estrelas, das Sete Cores ou do Arco-Iris, Rei Pastor dos Hurtz, Príncipe da Colina Sagrada, Sábio das Pirâmides.


Filho da Lira: Cavaleiro da Fênix, da Esfinge, do Pelicano, Sábio do Labirinto, Pontífice de Cadméa, Mago Sublime, Príncipe Brahman, Cavaleiro do Templo da Verdade, Sábio de Heliópolis, Pontífice de Mithra, Guardião do Santuário, Sublime Kavi, Sapientíssimo Muni.

Sublime Príncipe da Cortina Sagrada: Intérprete dos hieróglifos, Doutor Órfico, Guardião dos Três Fogos, Guardião do Nome Incomunicável, Doutor do Fogo Sagrado, Doutor dos Vedas Sagrados, Cavaleiro do Tesouro de Ouro, Sublime Cavaleiro do Triângulo Luminoso, Sublime Cavaleiro do Temível Sadah, Sublime Cavaleiro Teósofo, Sublime Mestre do Anel Luminoso, Sublime Mestre da Grande Obra, Soberano Príncipe de Memphis, etc..

Alguns dos Sinais Hieroglíficos e Cabalísticos:
Paralelograma com 7 pontos - arco-iris - o ponto no centro de um quadrado - duas linhas cruzadas dentro de um quadrado - duas linhas cruzadas dentro de um quadrado com um ponto no centro - um círculo com um quadrado dentro e um ponto no centro destes - dois círculos concêntricos dentro de um quadrado - quadrado - quadrado - quadrado com três pontos, no centro, formado um triângulo - duplo círculo encerando a estrela de quatro pontas - edifício quadrado e de pedra sobre o qual repousam as bases de quatro triângulos em cujo centro figura um olho, ou uma gama, uma estrela, esferas, crescentes, flechas, claves, orlas dentadas, serpentes, águias negras ou vermelhas, varetas floridas e de ouro, as Tábuas da Lei, a Arca da Aliança - o Tabernáculo, altares de sacrifício e dos perfumes, palmas e lauréis, candelabros de 3, 7 ou 9 velas, o Livro dos Sete Selos, salamandras, castelo com ameias, abóbadas estreladas, subterrâneos luminosos, Sol de Ouro, Lua, Estrela Polar, uma medalha de ouro cunhada em 2995 AC, o Zenite e o Nadir, cabeças de mortos e ossaturas... uma tumba, etc..

Os diferentes graus contém invocações a Jehovah, Adonai, Iod, Alá, Emmanuel, Salomão, Hiram, Zorobabel, Abraão, Daniel, Jonas, Zabulão, com elementos das lendas Hebraícas, Caldéias e Islâmicas.

De seus rituais convém lembrar o termo "Autópsia", tomado dos Mistérios Antigos. Nenhum outro poderia simbolizar melhor a conclusão da Obra Iniciática. Da mesma maneira que o médico busca nos órgãos a causa da morte de um sujeito para tentar preservar os outros seres humanos, assim também o Iniciado deve buscar nele as causas do Mal para combatê-lo e fazer triunfar o Bem.
Transcrevemos a continuação, tomados de seus diferentes graus, algumas máximas morais e filosóficas enunciadas em seu simbolismo e que merecem o interesse dos Iniciados:
Demi-our-gros, reunião das palavras gregas: Demo (eu construo), ouranos (o céu), gros (a terra), simbolizando o "Grande Arquiteto do Universo", porém na interpretação Maçônica que é diferente da interpretação Martinista que reconhece ser Yeschouá ( Jesus Cristo) o GADU.


"Pensa que, para chegar à esfera da inteligência, é preciso sondar, sem medo, os mistérios da morte física."
"Despoja-te do homem velho para renascer na virtude. Lança um olhar para teu passado. Busca motivos de esperança no porvir."
"A morte não pode separar o que está unido pela virtude. Proceda assim como queres que procedam contigo."
"Se a bebida que te oferecem é amarga em lugar de ser agradável, ao menos, bebe-a com resignação, porém afasta-a dos demais, já que a bebida amarga é o símbolo da adversidade."
"Tu que desejas passar rapidamente pelos graus de instrução, recorda que antigamente não era admitido ninguém a Maestria senão depois de transcorridos sete anos dedicados ao estudo das ciências úteis ao gênero humano e haver compreendido os segredos da Natureza. Estuda suas forças e busca suas causas segundas."
"Busca as causas e as origens, compreende o mito poético dos antigos, desenvolve teu sentido humanitário e compreensivo."
"O Conhecimento completa, ao Iniciado, sua ascensão para além do plano em que moram seus semelhantes."

"O mundo é uma eterna figueira, cujas raízes estão no céu e que estende seus ramos sobre o abismo. Recorda este princípio dos Vedas."

"Tudo segue de 7 em 7, em todos os sistemas e em todas as seitas: 7 esferas celestes dos antigos, os 7 dias da semana, as 7 cores e os 7 sons fundamentais, etc.."
"O gênero humano é Um, apesar da diversidade de línguas."
"Todas as religiões assemelham-se com suas lendas: Rama, o Indiano; o Egípcio Osiris; Adônis; Hércules e Baconos Gregos; o Atys dos Frígios e o Cristo não são mais que uma só e mesma alegoria."
"Não te ocupes senão de trabalhos úteis, iluminando-os com a tocha da tua razão e trabalha na elevação e enobrecimento do espírito humano."
"O mais útil dos conhecimentos é o de si mesmo, pelo qual aprenderás a desenvolver tua natureza, tomando consciência de tua dignidade."
"Para que uma civilização material não se degenere, é necessário que seja limitada por uma civilização moral."
"A escala misteriosa das existências deve ser subida progressivamente pelos que se acham dignos de chegar perfeitos ao triângulo. Não é senão pelo estudo e a perseverança que se pode chegar até lá."
"O Espírito sobrevive à matéria, animada por sua força e que vai se aperfeiçoando mediante os corpos que vai animando sucessivamente."
"As partículas da Matéria, animadas por esta força, aglomeram-se para constituir, reconstituir e aperfeiçoar as espécies."
"A morte é um sono seguido de renascimentos."
"Recorda as máximas e conselhos do programa iniciático."
"A iniciação não é nem uma ciência nem uma religião, mas uma escola em que se é instruído nas Artes, Ciências, Moral, Filosofia e nos fenômenos da Criação, com o propósito de conhecer a verdade sobre todas as coisas."
"Não é a iniciação que faz o iniciado, mas a educação e a meditação."
"Faz sair a luz das Trevas, a Beleza da Incoerência."
"Mais vale esclarecer os inimigos da virtude do que combatê-los."
"Regula as ações de acordo com a Razão e não conforme as paixões."
"Os atos dos homens não são senão a sucessão do que viram e aprenderam, da mesma maneira que a forma da pedra bruta depende dos golpes que o artista vai lhe dando com seu martelo e cinzel."
"O homem é mais ou menos vicioso, ou mais ou menos esclarecido, segundo as verdades ou os erros que se lhes inculquem."
"Estuda a arte de dirigir os homens para concentrar o domínio da Verdade, modular a propagação, deter a perigosa e demasiada dispersão."
"A inteligência é a causa e não o efeito da evolução."
"A cadeia das causas e dos efeitos constitui o Mundo."
"A pluralidade, concentrada na Unidade, governa tudo."
"Saber, calar, querer, ousar. Sabedoria, Força, Beleza na harmonia."
"Tudo vem do Fogo, condensador e animador universal, sem o qual o Grande Todo voltaria a cair na noite do caos primitivo."
Em um interessante folheto publicado por J. Bricaud, em Lyon, em 1933 e reeditado por Chevillon em 1938, intitulado "Notas históricas sobre o Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Mizraim", consta que, "em 1908, constituiu-se em Paris um Soberano Grande Conselho Geral do Rito de Memphis e Mizraim para a França e suas dependências. A Patente Constitutiva foi outorgada pelo Soberano Santuário da Alemanha e estava assinada e selada em 24 de junho, em Berlim, pelo Grão-Mestre Théodor Reuss Peregrinos."
"Foram designados Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto", escreve Bricaud, "o Dr. Gérard Encausse (Papus) e Charles Détré (Téder). A Loja "Humanidade", anteriormente auspiciada pelo Rito Nacional Espanhol, chegou a ser a Loja-Mãe do Rito de Memphis e Mizraim para a França." , vemos portanto mais uma ligação do Rito com o Martinismo, desta vez com dois de seus mais importantes protagonistas.
Em sua obra "O que deve saber um Mestre Maçon", Papus que havia obtido os graus 33, 90 e 96 diz:
"Se a Franco-Maçonaria é uma simples sociedade de ação social, por que existem então estes mistérios, esta linguagem tão peculiar e toda essa decoração?. Se isso não serve de nada, francamente, poderia ser suprimido. Porém, se sob esses símbolos oculta-se uma elevada verdade, cujo conhecimento pode conduzir a adaptações sociais libertadoras da Humanidade, então estudemos esta ciência maçônica com todo o devido respeito."
"Não é na França, onde quase todas as tradições, lamentavelmente, se perderam, mais no estrangeiro, na Inglaterra, na Espanha e, sobretudo, na Alemanha, que prorroguei minhas investigações sobre esse ponto."
"Em minhas conversações com o meu Ilustre Irmão John Yarker, chefe Supremo do Rito Primitivo e Original; com o Dr. W. Wescott, da Sociedade Rosacruciana da Inglaterra; com Villarino del Villar, ilustre Maçon Espanhol e com os Rosa-Cruzes e Alquimistas da Alemanha é que consegui estudar de uma maneira séria, fora dos livros, a origem da Ciência Maçônica."
Em nosso país, há informações seguras da atividade do Rito de Memphis e Mizraim atraiu a censura da Grande Loja do Chile, que sentiu-se menosprezada em sua exclusividade para auspiciar Lojas Maçônicas no território da República, conforme o direito de território que possuem as Grandes Lojas.
Como conseqüência disto os Ilustres Irmãos que, na realidade, sustentavam as Colunas de Memphis e Mizraim com seu talento e capacidade, retiraram-se, deixando o dito Rito abandonado à sua sorte, porque a Ordem de Memphis e Mizraim deixou de existir no Chile, em seu aspecto espiritual e iniciático. Atualmente, continuam trabalhando com esse Rito, algumas Lojas de Santiago e Valparaiso, ainda que sem maiores irradiações espirituais e cada dia com maior flacidez.
Convém esclarecer no final deste artigo que O Martinismo e a Maçonaria são organizações distintas e autônomas. Nada impede, entretanto, que os Martinistas se tornem Maçons ou que Maçons se tornem Martinistas.

Fonte: Hermanubis


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