quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Frater assassino & os loucos de Avental



"O Frater assassino & os loucos de Avental"

Por: Caciano Camilo Compostela, Monge Rosacruz

Então, o membro da Ordem Rosacruz AMORC, disparou dois tiros na cabeça do Senador Robert Kennedy, o mais forte candidato a Presidência dos Estados Unidos da América em 1968.

Irmão do igualmente assassinado John Kennedy, Senador por Nova York, ex-Ministro da Justiça e a voz mais retumbante do Partido Democrata teve o sonho de suceder o irmão na Presidência Americana interrompido enquanto comemorava o resultado das Prévias em Los Angeles. Os tiros do 'Frater Sirhan Sirhan' foram certeiros, deixou a Nação Americana em choque e os 11 filhos do Senador órfãos.

Palestino por nascimento, o Frater Sirhan tinha uma mente visivelmente nebulosa, misturava motivações políticas com argumentações pseudo-místicas; o apoio Americano a Israel nas questões territoriais foram a 'gota d'água' para que o espírito decidido do Frater colocasse o sangrento plano em ação.

 Ao lermos minuciosamente seu 'diário' (que todo Frater costuma ter), verificamos uma mente profundamente angustiada embora sincera em sua Busca. Ele alinhava um profundo interesse espiritual com um senso de 'fazer justiça com as próprias mãos'; nutria estranha curiosidade sobre a Golden Dawn, Mediunidade, Goétia e  'táticas de guerrilha'.  Mais do que as palavras, são os trevosos desenhos em seu 'diário espiritual' que apontam a grave possibilidade de estar obsediado por Ens Sombrosos sedentos por vingança. O Frater não era uma pessoa má, epenas perdida e alucinada.

Inicialmente condenado a Morte, ainda hoje cumpre prisão perpétua na Califórnia, sem maiores ligações com a AMORC que lhe expulsou e emitiu uma pequena 'nota de repúdio e desculpas' na época assinada por Ralph M. Lewis filho do fundador,  Harvey Spencer Lewis.

Não é meu intuito reavivar esse episódio pelo simples prazer de mastigar o sangue coagulado pelo tempo, mas abrir algumas brechas de reflexão sobre um fato mais comum do que se imagina, a quantidade de gente perturbada no Esoterismo.

É claro que o 'tipo' assassino é raríssimo, mas uma outra infinidade de loucuras se manifestam em variados graus e modalidades. É inacreditável a quantidade de gente preguiçosa, deprimida, fanática, fracassada, ignorante, maníaca, neurótica, instável e  lamuriosa dentro das Ordens e Sociedades Iniciáticas.

Parece difícil mas não é, explica-se com muita facilidade o 'sucesso'  do Esoterismo e da 'Magia' em atrair essas mentes. Elas desejam um caminho curto, fácil e barato, desejam uma atalho que as transmute de cinzento chumbo em refulgente ouro. Nada contra, as técnicas perpetuadas pela Tradição Esotérica podem perfeitamente auxiliar no processo de autocontrole e autotransformação, auxiliar na construção de uma Psiquê mais harmônica e luminosa; entretanto, as coisas não são tão simplistas assim.

Duas décadas envolvido com variadas Ordens e trabalhando cotidianamente com inúmeros indivíduos me ensinaram que, para muitos, seria muito mais útil retornar as Religiões oficiais e começar do zero. 

Ao contrário do que se imagina a Magia não soma, multiplica.

Ou seja, se o indivíduo é problemático, sem poder de concentração e auto-direcionamento a Magia vai intensificar essa deficiência. Se a pessoa tem o espírito da pobreza, do azar e da derrota, é exatamente isso que a Magia vai lhe proporcionar. A Magia não lhe dá nada que já não possua, apenas amplia o que já existe.

É por conta deste Princípio simples mais ignorado que muitos queixam-se pelos cantos, dizendo que 'depois que iniciaram as práticas' a vida só fez piorar. Sem executar a necessária 'reforma íntima' já se lançam nas práticas evocativas, associações com Egrégoras e Ens cuja missão é realizar os mais profundos desejos que não se vêem nas palavras vãs, superficiais, e sim na própria vida.

O que esta ‘classe’ não compreende é que antes de se tentar dominar o que está fora tem que se dominar o que esta dentro, que sem uma Vontade desperta e suficientemente desenvolvida o indivíduo torna-se uma marionete sob o domínio dos Ens que pretende evocar. É sugado, arrastado, vampirizado sem dó e sem piedade.

A Magia não é cruel, é indiferente.

Vence e prevalece o mais forte, a Vontade mais forte. Portanto, se me permitem a sugestão, antes de qualquer trabalho desta natureza dedique-se a arrumar sua própria vida, seus pensamentos, sentimentos, sua relação com família, finanças, sociedade e etc.. O Iniciado é aquele que utiliza seu autocontrole pra conduzir as energias do universo e não o contrário.

A carteirinha de membro, um avental colorido, meia dúzia de palavras de passe e alguns segredinhos infantis não fará de ninguém verdadeiramente melhor, muito menos Iniciado.

In Lumen Lumine,

Caciano Camilo Compostela​.
Monge Rosacruz.