sexta-feira, 8 de abril de 2011

BASE DA INICIAÇÃO MARTINISTA




Qual é a base da Iniciação Martinista? Um ritual da Ordem nos diz nos seguintes termos:

“Encerra a filosofia de nosso Venerável Mestre, baseada especialmente nas teorias dos Egípcios, sintetizadas por Pitágoras e sua Escola. Contém, em seu simbolismo, a Chave que abre omundo dos Espíritos e que não está cerrado; segredo inefável, incomunicável e unicamentecompreensível ao verdadeiro Adepto. Este trabalho não profana a santidade do Véu de Ísis por imprudentes revelações. Aquele que é digno e está versado na História do Hermetismo, em suasdoutrinas e em seus ritos, em suas cerimônias e hieróglifos, poderá penetrar na secreta, porém real, significação do pequeno número de símbolos oferecidos à meditação do Homem de Desejo”.

O Martinismo é uma Escola de alto Hermetismo que se descobre a muito pouca gente, preferindo a qualidade à quantidade, como qualquer associação que não deseja ter ação política e que, se pensa proceder socialmente, prefere elevar a multidão à seleção, no lugar de descer da seleção até a multidão.

A Iniciação Martinista é o resultado de um ensinamento, porém há em seu desenvolvimento uma parte imensa de formação pessoal. A Iniciação é gradual, conforme as capacidades daquele que deve seguir as fases de seu ensinamento antes de chegar aos graus superiores. Este é o sentimento que podemos extrair do célebre discurso pronunciado por Stanislas de Guaita e que encontramos no Umbral do Mistério:

“Fizemos-te iniciar: o papel dos iniciadores deve limitar-se aqui. Se chegares por ti mesmo à inteligência dos Arcanos merecerás o título de Adepto; mas, vê bem; seria em vão que os mais sábios Mestres quisessem revelar-te as supremas fórmulas da Ciência e do Poder mágico. A Verdade Oculta não poderá ser transmitida em um discurso: cada um deve evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si. És Inciciado: aquele que outros colocaram no caminho; esforça-te em chegar a Adepto, aquele que conquista a Ciência por si mesmo; em uma palavra: o Filho de suas obras.”

A Iniciação Martinista compreendida desta maneira, não pode transcorrer sem provas; porém estas não tem nada de comum com as de outras instituições iniciáticas. O discurso de Stanislas de Guaita, que não podemos aqui transcrever inteiramente, merece estudo e reflexão. Ele desenvolve esta doutrina: A Iniciação é, certamente, o resultado de um ensino, porém há em seu transcurso uma imensa parte de formação pessoal. Qualquer poder concedido pela Natureza ou pela Sociedade, para ser útil, deve desenvolver e adaptar à sua função aquele que deverá beneficiar-se com ele.

Existe uma qualidade de alma que caracteriza essencialmente o verdadeiro Martinista: é a afinidade entre espíritos unidos por um mesmo grau em suas possibilidades de compreensão e de adaptação; unidos por um mesmo comportamento intelectual, pelas mesmas tendências, do qual se segue a constatação obrigatória de que o Martinismo está composto, exclusivamente, por seres isolados, solitários, que meditam no silêncio de seu gabinete, buscando sua própria iluminação.

Cada um destes seres tem a obrigação, uma vez adquirido o conhecimento das leis do equilíbrio, de transmitir a compreensão alcançada, para aqueles que possam compreender e participar daquilo que ele crê constituir a verdade em sua vida espiritual. É aqui, então, que intervém a Missão de Serviço do Martinismo, é somente neste sentido que esta corrente espiritual especial encontra seu lugar na Tradição Ocidental. Os assuntos de dinheiro são quase desconhecidos na Ordem; as quotas, “o tronco da viúva”, os direitos pelos diplomas não existem e os graus são conferidos sempre ao mérito e não podem nunca ser objeto de tráfico.

Todo chefe de Loja é o proprietário de sua Loja e deve cobrir a maior parte de seus gastos e, em regra geral, todo membro da Ordem deve cobrir pessoalmente as despesas necessárias ao exercício de seu cargo.
A filiação à Ordem Martinista é buscada, sobretudo, pela instrução que leva bastante longe e que compreende o estudo aprofundado das ciências simbólicas e herméticas. Por outro lado, a Ordem abre suas ortas tanto aos homens como às mulheres; não exige de seus membros juramento nenhum de obediência passiva, nem tampouco lhes impõe nenhum dogma; acolhe sem distinção a todos os que sentem em seus corações o amor ao próximo e que desejem trabalhar pelo bem comum.

Dentro da Ordem é de rigor possuir a maior tolerância, ou melhor, o espírito de compreensão mais acentuado. No que diz respeito à ajuda mútua, ela constitui também uma das características essenciais do Martinismo, cujos adeptos se esforçam, segundo suas possibilidades, em ajudar aos demais seres humanos, sejam ou não iniciados, pertençam ou não a nossa Ordem.

A Ordem Martinista compreende três graus: Associado, Iniciado e Superior Incógnito, conferidos de acordo com rituais que procuram dar a quem os recebe uma ajuda poderosa. Já dissemos que o Martinismo é uma cavalaria, ou por outra, é uma tendência ou corrente cavalheiresca que persegue o aperfeiçoamento individual e coletivo. É necessário, portanto, que o Martinismo em todas as terras esteja formado por servidores perfeitos e sucessores dos verdadeiros Mestres do movimento; os Superiores Incógnitos, dos quais um dos primeiros a ser conhecido pelo mundo profano foi Louis Claude de Saint-Martin, que ainda pode ser conhecido como o Filósofo Desconhecido.

Colaboração Frater AEC