terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Swami Vivekananda

Swami Vivekananda foi um monge, iogue e filósofo hindu. Principal discípulo de Ramakrishna, Vivekananda é considerado um dos mais célebres e influentes líderes espirituais do hinduísmo moderno, sobretudo da filosofia Vedanta (onde foi pioneiro no Ocidente), e inspirador do movimento do espiritualismo universalista.


Trechos do livro "O que é religião - O ideal de uma religião universal", de Swami Vivekananda (Ed. Lótus do Saber):

A alma é potencialmente divina. A finalidade da vida é manifestar essa divindade interior pelo controle da natureza, interna e externa. Faça isso por meio da ação, do culto, do domínio da mente ou da filosofia - por um, mais de um ou por todos esses meios - e seja livre. Nisso consiste a religião. Doutrinas, dogmas, rituais, livros, templos ou imagens são apenas particularidades secundárias.

Em cada religião, aparentes contradições e perplexidades assinalam diferentes estágios de evolução. O objetivo de todas as religiões é realizar Deus inerente na alma. Esta é a única religião universal.

Devo acrescentar que é bom nascer no seio de uma igreja, mas é ruim morrer nela. É bom nascer criança, mas é ruim permanecer criança. Igrejas, cerimônias e símbolos são bons para infantes. Porém, quando a criança cresce, deve ir além da igreja e de si mesma. Não podemos ser crianças para sempre. Seria como tentar vestir o mesmo casaco em pessoas de qualquer tamanho e idade. Não reprovo a existência de seitas no mundo. Quisera Deus que houvesse mais vinte milhões delas, pois quanto mais seitas existirem, maior será o campo de escolha. Minha objeção é quanto à tentativa de fazer com que uma única religião se ajuste a todos os casos. Embora as religiões sejam iguais em sua essência, apresentam necessariamente uma multiplicidade de formas causada pelas condições dissimilares que existem nos diferentes países. Devemos ter nossa própria religião pessoal - individual, no que se refere a exterioridades.

Religião é para realizar-se agora. Para tornar-se religioso, comece sem nenhuma religião, faça sua própria escalada, perceba e contemple os fatos por si mesmo. Quando proceder assim, então, e só então, terá uma religião. Antes disso, você não é melhor que os ateus, talvez seja até pior, porque o ateu é sincero. Ele se levanta e declara: - Nada sei sobre isso - enquanto os outros também não sabem, mas vão adiante batendo no peito: - Somos pessoas muito religiosas. Que religião eles professam, ninguém sabe; engoliram alguma história da carochinha e os sacerdotes pediram que nela acreditassem.

A realização de Deus é o único caminho, e cada um de nós terá de descobrir isso por si mesmo. Para que servem, então, esses livros, essas Bíblias do mundo? São de grande utilidade, como mapas de um país.

Minha idéia, portanto, é que todas essas religiões são diferentes forças na ordem divina, trabalhando pelo bem da humanidade. Acredito que elas não sejam contraditórias, mas suplementares. A religião universal, sonhada pelos filósofos, já está aqui.

Se fosse da vontade de um Criador sapientíssimo e misericordioso que só existisse uma religião e que as restantes acabassem, isto já teria acontecido há muito, muito tempo. Se, efetivamente, só uma dessas religiões fosse verdadeira e as outras falsas, ela hoje estaria difundida no mundo inteiro. Não é, porém, o que acontece. Nenhuma religião propagou-se sozinha por toda a parte. Todas as religiões às vezes avançam, às vezes retrocedem.

Não é possível fazer com que todos concordem com a mesma idéia; isto é um fato, e graças a Deus que seja assim. Não me oponho a nenhuma seita. Fico feliz que existam e desejo que se multipliquem cada vez mais. Por quê? Simplesmente porque, se você e eu tivéssemos de pensar exatamente os mesmos pensamentos, não haveria mais pensamentos para pensarmos. Sabemos que duas ou mais forças devem entrar em colisão a fim de produzir movimento. É o choque das idéias, a diferenciação entre elas, que desperta a reflexão... enquanto a humanidade pensar, haverá seitas. A diversidade é sinal de vida!

Só conhecemos da verdade aquele tanto que se relaciona conosco e que somos capazes de assimilar. Isso diferencia um homem de outro e provoca, também, algumas vezes, idéias contraditórias. No entanto, todos nós fazemos parte da mesma grande verdade universal.

O livro de Deus está terminado ou é uma constante e contínua revelação? É um livro maravilhoso - as revelações espirituais do mundo. A Bíblia, os Vedas, o Alcorão e todas as escrituras sagradas são apenas algumas páginas de um número sem fim que ainda resta folhear. Eu o deixaria aberto para todos. Vivemos no presente, porém estamos abertos para o futuro infinito. Acolhemos o passado, desfrutamos da luz do presente e abrimos todas as janelas do coração para o tempo que há de vir. Saudações aos profetas antigos, aos grandes seres da nossa época e aos que virão no futuro.

Fonte: Saindo da Matrix