A ÚLTIMA MENSAGEM DE THOTH
Introdução por Geraldo Lino da Silva | Fechamento por Ischaïa |
O Patriarca Thoth, co-autor do Livro dos Sacerdotes da Igreja, deixou outros nove títulos publicados:
01 - Despertando para a Realização | 02 - Diálogos Iniciáticos |
03 - Pérolas Soltas | 04 - Fragmentos Iniciáticos |
05 - Debulhando Verdades | 06 - Orvalhando a Aridez da Vida |
07 - Hipnotismo e Magnetismo | 08 - Degraus para o Infinito |
09 - Escalada Espiritual | 10 - Livro Sacerdotal Expectante (juntamente com Sri Sevãnanda Swami) |
Tive a oportunidade de acompanhar sua luta para registrar as obras na Biblioteca Nacional, o que foi conseguido com a inestimável ajuda de seu (nosso) grande amigo Chico, do Rio de Janeiro. Durante o meu discipulado, numa de minhas passagens por Guarapari, o Mestre me disse, já com aquele olhar de Huascar Corrêa Cruz: “Geraldo, meu filho, observe os meus livros. Não há uma só referência bibliográfica... Todos eles são resultado de experiências VIVIDAS”.
Naquele momento Thoth reforçava em mim a importância de o Sacerdote tornar-se cada vez mais atento, observador (de si mesmo), cuidadoso ao anotar, preservar, aprender com as vivências, analisá-las e sintetizá-las, para futuro aproveitamento, em forma de Instrução, ou até mesmo para a compilação de memórias. Além disso, com aquele gesto, Thoth confiava a mim a tarefa de transmitir, “aos que vêm atrás”, seu desejo de que, ao menos seus Sacerdotes e Noviços, aproveitassem seu legado. Era como se tivesse dito: “Leiam minhas obras, porque em breve não estarei mais aqui e nelas vos deixo um pouco do que necessitarão”.
No Natal de 2008, em outra visita a Guarapari, o Mestre me convocou para uma reunião em seu escritório. Ali, num misto de emoção e aposta, incumbiu-me de revisar, ampliar e reeditar primeiramente o Livro Sacerdotal Expectante, e, assim que possível, os demais. Quanto ao livro com as Bases e Rituais da Igreja, ficou pronto e foi apresentado ao Mestre noventa dias após, em março. Ele aprovou o resultado, sugeriu algumas melhorias, observou e até elogiou os “acréscimos”, mas me fez uma exigência que muito me contrariou: colocar meu nome, logo abaixo do dele e do de Sevãnanda...
Eu, hein! Relutei, recusei, esperneei, refutei a idéia... Hoje, rememorando tudo isto, pensando bem, diante da insistência, acho que acabei concordando para não negar um pedido do Mestre.
Thoth partiu para a Pátria Espiritual em 11 de maio. Não fui competente nem hábil o suficiente para terminar a revisão dos outros livros antes. Agora, quando se aproxima o 4 de novembro, quando completaria 94 anos, pesa-me o débito, pois ainda não cumpri o prometido.
Mas, CaroLei, veja como são as coisas lá de cima... Recentemente a Matriarca Ischaïa nos visitou aqui em Santa Catarina e comentou que havia encontrado uma “instrução inacabada do Thoth”. Imediatamente, pensei com meus botões: isso me faz lembrar que devo mergulhar de cabeça na missão assumida. Fiquei com esse pensamento latejando até que a Matriarca me enviou, também para revisão, o tal texto, logo abaixo... E não é, CaroLei, que o Patriarca já tratou de perdoar... A minha fraca vontade... E talvez a sua... Boa leitura a todos! Que vocês possam aplacar a saudade tanto quanto eu.
Mensagem Patriarcal Generalizada
É preferível não iniciar a fazer mal feito!
Por Thoth, 3º Patriarca Expectante (1915-2009)
O vento zunia ao passar pelas frestas das janelas e portas. Lá fora, as árvores vergavam pelo vendaval que as castigava impiedosamente. Era alta madrugada e eu não havia jeito de conciliar o sono, algo atormentava minha alma, pensamentos dúbios martelavam a mente e o coração. A tormenta era o reflexo externo da que, dentro de mim, me deixava naquela inquietude arrasadora. Não me permiti ficar naquele estado e com isso algo se delineou na minha mente e a conclusão se fez presente. A causa do meu sofrimento era referente a como vive a criatura humana, perdida no seu modo de viver, causa precípua do sofrimento de cada um. Com esta conclusão, não deu outra: caminhei em direção à mesa de trabalho, dando azo a emitir uma mensagem aos seres humanos, especialmente aos membros da Igreja Expectante, causa primária das minhas apreensões. Assim, peço vênia para transmitir uma Mensagem Patriarcal Generalizada aos que pretendem evoluir espiritualmente, independentemente de qualquer corrente religiosa. Porém, devo, por direito devocional - especialmente para os Expectantes - alertá-los de que a mensagem em foco é de caráter instrutivo. Portanto, sua finalidade é abrir um campo maior para uma aprendizagem ímpar. Logo, espero que possam aproveitar no mínimo o máximo possível.
A Tolerância: É um dos frutos do Amor. É a mais delicada forma do Perdão. Tolerar é ir dissolvendo em nosso amor os erros alheios ainda antes de julgá-los. Tolerar, compreender, ter paciência é a melhor aplicação em nosso crédito kármico. Diz a Bíblia: “Com a vara que medires, sereis medido”. E com uma porcentagem sempre a mais! Tendo Tolerância e Compreensão com o seu próximo, você está conquistando a tolerância e a compreensão para você mesmo. Vejamos: Um homem ou uma mulher, por exemplo, que fala dele mesmo em toda oportunidade, procurando se mostrar, se julgar muito importante, não passa de um embusteiro, um convencido. Dessa forma, procura encobrir o seu temor, pavor de os outros verem e ficarem sabendo que ele vale e sabe muito pouco. Se oculta para não mostrar sua incapacidade...
Aquele que começa a galgar a montanha e volta a cabeça para olhar o pântano que jaz no fundo do vale pode sentir atração novamente pelo abismo e precipitar-se nele... Aquele que recomeçou a jornada redentora e se afastou do caminho que os Mestres seguiram e ensinaram terá que retornar e começar tudo de novo, pois a trajetória percorrida e levada ao objetivo a que se propôs terá que ser reiniciada tantas vezes quantas forem necessárias, pois tudo aquilo que se faz e se deixa não é levado em conta. Porque a queda é pior do que o que foi feito sem AMOR e ABNEGAÇÃO. A meu ver, ó pobre iluso, é preferível não iniciar a fazer mal feito. Que importa, ao AMOR, a DOR e a MORTE?
Compreensão: Ao se atingir o grau da COMPREENSÃO, chega-se ao ápice do Conhecimento, pois ela já foi passada pela TOLERÂNCIA, onde foi extirpado o tanto quanto possível a raiz da malquerença, dos melindres, das suscetibilidades, dos julgamentos errôneos, dos nossos sentires. Entender que todos possuem o seu Livre Arbítrio é saber que cada ser tem seu potencial, sua PERSONALIDADE, a liberdade de agir e proceder, de acordo com os ditames de sua consciência, de acordo com sua bondade ou maldade interior.
Eu não poderia fechar esta Mensagem Patriarcal se deixasse de lado o ponto magno, causador de todos os nossos sofrimentos na vida terrena. Deixarei, pois, aqui, a chave para que se possa abrir a chance, a oportunidade de cada qual ter o direito de lutar o tanto quanto possível para alcançar um dia a sua felicidade. Falarei, pois, sobre a causa primordial:
A personalidade: ...
Comentário de Ischaïa
A mesa de trabalho do Thoth, sempre bem arrumada, com tudo em ordem, não foi mexida, exceto para tirar poeira ou para procurar algum documento ou anotação necessária ao nosso dia a dia.
Em um desses momentos encontrei umas folhas rascunhadas e lembrei-me de que, algum tempo atrás, como era seu costume, Thoth leu para mim esse artigo que, depois de corrigido e feitas as anotações desejadas, seria digitado.
O Patriarca nunca deixava nada pela metade, para trás, mal resolvido ou mal feito. Sua última mensagem, denominada por ele mesmo de “Mensagem Patriarcal Generalizada”, foi com certeza o último lembrete aos “filhos espirituais” que muito amava. Infelizmente, o último artigo ficou inacabado.
Sinto-me impelida, como discípula e companheira, a dizer que a última mensagem no mundo visível não terminou com uma simples reticência. Não considero que o artigo do Thoth esteja em aberto, pois todos aqueles que leram suas obras têm em seus escritos o fechamento do último parágrafo...
Não foram poucas as vezes em que o tema foi abordado. E, para que cada um possa entender o que é a personalidade, lembrem-se do simbolismo que usava para ilustrar o assunto:
“...Pensem num colar de pérolas... As contas são a personalidade. O fio que as prende, a individualidade”. Meditem.
Fonte: Igreja Expectante