domingo, 22 de maio de 2011

Reformas na Ordem Martinista



Reformas na Ordem Martinista

Por JEHEL. Del:. Ger:. da
O:.K:.R:.C:. e Presidente do
Grande Conselho da Ordem
Martinista.

Iniciado em 1922 na Ordem Martinista, tendo assumido sua direção visível em 1936 e reorganizado sua estrutura administrativa e ritualística em 1939, tendo, pois, oportunidade, nesse longo período de tempo, de observar as vantagens e eventuais inconvenientes que a organização maravilhosa dada a nossa amada e venerável Ordem Martinista por PAPUS na Europa, podia apresentar no que a sua adaptação ao ambiente americano e especialmente da América Latina se refere.

É por isto que, de acordo com meus Irmãos da Ordem Kabalística da Rosa Cruz e do Grande Conselho da Ordem Martinista, resolvi depois de todo esse período de observação em distintos países no qual o Martinismo estuda, ora e trabalha silenciosamente, proceder às reformas que, com data de 9 de Junho (a data de maior força moral de cada ano), serão postas em vigor, para todas as Corporações e Membros Livres de nossa amada Ordem, neste Continente.

Como, por outra parte, o Martinismo não oculta dos olhares profanos mais que aquilo que tem um caráter demasiado sagrado para ser publicado ou a que cada um deve realizar sozinho, pelo estudo, a meditação, e pela reiterada prática de atos de harmonia com a doutrina, creio convenientemente que “A INICIAÇÃO” leve ao conhecimento do público o espírito geral que tem presidido a estas reformas, ficando desta forma todo Leitor da revista em condições de formar-se um juízo e de poder eventualmente, evitar que sua mente fique preocupada com conceitos errôneos que por ventura pessoas interessadas possam formular, desvirtuando, inconscientemente ou de propósito, a real orientação da Ordem Martinista.

PAPUS DIZIA: “O Martinismo é uma livre Cavalaria Cristã, dedicada ao estudo do esoterismo cristão, à pratica da caridade em todas as modalidades e constituí assim a porta de ingresso a quase todas as Fraternidades mais elevadas”.

Tal conceito fundamental, permanece inalterado. O Martinismo, cristão por sua doutrina, cristão pela composição de sua coletividade, cuja grande maioria é evidentemente constituída por pessoas de raça branca e de formação espiritual ou religiosa cristã, considera e considerará sempre a revelação cristã como a mais adequada a orientar a atual civilização branca, por ser a que chegou posteriormente a todas as formas religiosas e filosóficas das raças precedentes, porém, o Martinista, como verdadeiro Iniciado ou Iniciando, deve saber trabalhar em cada uma das verdades apresentadas pelos Instrutores anteriores ao Cristo, a maravilha de seu verbo, a Verdade Eterna e Imutável, vestida com outras linguagens e apresentada com modalidades externas próprias do tempo e lugar em que foram dadas à Humanidade.

Assim, pois, o Martinista não pode ser jamais um sectário, em matéria religiosa, nem em matéria filosófica, e deve poder honrar com devoção e praticar com igual reverência todas as verdades que o Budismo, o Taoísmo ou outra qualquer revelação anterior tenha comunicado ao espírito humano, pois, por serem verdades, são permanentes, e de sê-las, estão em essência e contidas no próprio cristianismo. Por isto, também, o Martinismo recusa definitivamente colocar à mulher em situação de inferioridade e reconhece nelas a mais absoluta igualdade de possibilidade espiritual – vale dizer, iniciática – que ao homem, da qual é indispensável complemento fisiológico, moral e social.

Nas reformas da referência, todo e qualquer rastro de semelhança entre o Martinismo e os ritos chamados “maçônicos” foram eliminados, por julgar que o tempo das sociedades secretas passou e que a modalidade de trabalho dos maçons não tem relação com o trabalho das ordens iniciáticas que são profundamente religiosas em sua doutrina, em suas convicções e em suas práticas, já que a meditação e a oração são fundamentais na via que o Martinismo ensina.

Outra característica da modalidade de ensino e trabalho agora reformulada na orientação do Martinismo, é a síntese cada vez mais breve dada à parte teórica dos estudos e o aumento de dados proporcionados aos Discípulos sobre a parte prática, destinada assim a tomar um incremento cada vez mais amplo e a distinguir o Martinista de maneira cada vez mais nítida dos “buscadores de informações para discutir teorias ou criticar autores”.

Suprimidos, pois, os pomposos e inúteis títulos com que se adornam os membros de alguns ritos e que até certa época o amor pelas formas tradicionais fez conservar em parte no Martinismo; suprimidas também as formalidades complexas do aspecto administrativo e ritualístico, eliminadas todas as modalidades de trabalho ou apresentação tipicamente européias e características muitas vezes de, apenas, certas épocas ou ritos, o Martinismo tende agora a tomar um aspecto formal, administrativo e de ensinamentos cada vez mais humano, cada vez mais essencial, cada vez mais universal, dando importância somente àquilo que realmente é fundamental e imutável, separando de suas atividades os detalhes puramente decorativos.

Outra particularidade digna de registro, é o fato de receber agora o Martinismo uma característica que faz mais visível a estreita união entre todos os Centros Iniciáticos, de Oriente e Ocidente, dando assim um formal e definitivo desmentido a todos aqueles que, por defender um interesse sectário ou uma convicção unilateral, fecharam seu entendimento ou seu amor a teorias, mestres, e escolas iniciáticas do Oriente, que são de elevado interesse para o estudante e cuja penetração pelas mais variadas condutas demonstraram pelos fatos que a humanidade deste Continente tinha nítida competência para recebê-los.

A época de Aquário , que se aproxima, menos insensível do que possa parecer aos que, desde seu gabinete de leitura, seguem intelectualmente extasiados na admiração do “que os outros disseram”, necessita que as fraternidades iniciáticas sejam cada vez mais ativas, mais vivas, mais fecundas. E a fecundidade, a vida e qualquer modalidade de atividade se manifestam por movimentos amplos, livres e relacionados com o que, desde qualquer ponto do Universo, se relaciona com eles, ou os influencia de qualquer maneira.

Por isto, o Martinismo toma uma norma de trabalho destinada a criar Seres de Vontade e de Realização, capazes de fazer efetivamente algo por si e pelos demais, ainda sem ambiente coletivo, sem livros, nem templos, nem rituais. Tudo isto é conveniente, porém nossos irmãos devem possuir, pouco a pouco, em si mesmos, o estímulo que dá a vida coletiva, o saber que pode dar o livro e a fé, devoção e força espiritual dos verdadeiros templos.

Para chegar a tal, há somente um caminho: preparar-se ativamente, praticamente.
É para obtê-los que os programas de estudo são agora modificados, incluindo em cada grau práticas de realização, começando pela preparação corporal, para que os Martinistas possam ter como ponto de apoio ao seu trabalho de superação moral, intelectual e espiritual, assim como do serviço ativo na vida coletiva, uma saúde e uma irradiação corporais harmônicas com a finalidade considerada.

Se disse, na parte inicial deste artigo, que hoje como no tempo de PAPUS, o Martinismo constituí a porta de acesso a várias Fraternidades iniciáticas mais elevadas. Citarei algumas: A Ordem Kabalística da Rosa Cruz, o Gnosticismo, a Ramana Ashrama, Suddha Dharma Mandalam, Maha Boddhi Sanga e os I.A.M.B. (Irmãos Asiáticos do Mistério Brilhante).

Porém, é possível que passe pela mente de algum “leitor de textos de iniciação”, que possa ser magnetizador, alquimista, hermetista, praticante de elevados estados de meditação ou de êxtases, aquele cujo corpo é um museu patológico ambulante e cuja mente é teatro de perpétuas dúvidas, de intermináveis lutas e não poucas vezes repleto de pensamentos de ira ou de sentimentos análogos que perturbam profundamente sua aura, sua vibração total?
O Martinismo deseja arrancar a seus adeptos dos braços de “Maia”, ou seja, da perpétua ilusão em que a maioria dos mortais vive. E a primeira e a maior de todas as ilusões a eliminar é esta: “O que nós somos agora?”

Dar ao Martinista ferramentas para analisar-se e para transmutar ao que possuí de defeituoso, porém fazê-lo de maneira prática e clara, é o ponto fundamental da nova orientação, que será perseguida com todo o carinho de que são capazes os que dedicaram sua vida e seus esforços, por insignificantes que sejam, à Obra, com os Auspícios daquelas Veneráveis Figuras a Quem chamamos Mestres, porque o são realmente e porque sua Bondade, seu Conhecimento e seu Amor esperam serena porém continuamente que nos preparemos mais e melhor praticamente para poder estar em condições de fazer algo como ajudantes d'Eles e não de nos contentarmos com “ler e discutir” enquanto Eles trabalham ativa e amorosamente.

Fonte: La Iniciación nº 26 Publicación de la Orden Martinista de América del Sur