O Trabalho interno na Senda Martinista
O objetivo do trabalho Martinista é separar o Fixo (Corpo Glorioso) do Volátil (Corpo Passional) através da aquisição das Virtudes Morais das antigas Ordens de Cavalaria, em substituição e sublimação aos Vícios pecados) da natureza inferior do homem.
Sobre esta Sublimação, ou seja, a transformação do Vício em Virtude, afirma Eliphas Levi: " Os Cabalistas denominam o pecado uma casca: a casca, dizem eles, forma-se como uma excrescência, que se enruga por fora, pela seiva que se coagula em vez de circular; então, a casca seca e cai. Do mesmo modo o homem, que é chamado a cooperar com a obra de Deus, construindo a si próprio, aperfeiçoando-se pela ação de sua liberdade, se deixar coagular em si a seiva, que deve servir para desenvolver suas faculdades para o bem, o homem realiza um progresso retrógrado, degenera e cai como uma casca morta.
Mas, segundo os cabalistas, nada leva ao mal na natureza, o mal sempre é absolvido pelo bem ; as cascas podem ainda ser úteis, se forem recolhidas pelo agricultor, que as queima e se aquece com seu calor, e depois faz de suas cinzas um adubo nutritivo para a árvore; ou, então, pela putrefação junto à arvore, elas a nutrem e retornam à seiva pelas raízes. Segundo as concepções da cabala, o fogo eterno que deve queimar os maus é pois o fogo regenerador, que os purifica e, por transformações dolorosas, mas necessárias, os faz servir à utilidade geral, e os devolve eternamente ao bem que deve triunfar. Deus, dizem, é o absoluto do bem e não pode haver dois absolutos: o mal é o erro que será absolvido pela verdade, é a casca que, putrefata ou queimada, retorna à seiva e contribui novamente à vida universal"
Queimar as cascas é uma obra difícil e lenta; a Iniciação abre as portas à essa possibilidade e acelera essa árdua tarefa, que é completada pela Oração; pois a Oração é o fogo alquimico capaz de levar a termo esta sublimação da natureza inferior em superior.
Entretanto esta Oração deve ser precisa para alcançar seu objetivo, pois como nos prometeu o Cristo: " Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois tudo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá. Quem de vós, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe dará uma serpente? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem" (Lucas, 11: 10:13).
Postado por Leonardo Rocha '.'
CREDO MARTINISTA
"Meditando sobre o sublime simbolismo do rito martinista, somos impelidos a realizar a seguinte profissão fé :
1. Cremos em um Deus Único e em uma Religião única como ELE, em um Deus para além de todos os deuses e em uma Religião que é síntese de todos os cultos. Cremos na infalibilidade do Espírito de Caridade mais que a temeridade dogmática de alguns homens.
2. Cremos na Liberdade absoluta, na Independência absoluta, na Realeza mesma, na Divindade relativa da Vontade humana, sendo ela regulada pela soberana Razão. Cremos que para se enriquecer é preciso dar, e que a felicidade individual não pode ir de contra a felicidade dos demais.
3. Reconhecemos no Ser dois modos essenciais : a Idéia e a Forma, a Inteligência e a Ação. Cremos na Verdade, que é o Ser concebido pela Idéia. Cremos na Realidade demonstrada ou demonstrável pela Ciência. Cremos na Razão, que é o Ser manifestado pelo Verbo. Cremos na Justiça, que é o Ser em ação, seguindo estas suas verdadeiras relações e suas proporções razoáveis.
4. Cremos que Deus mesmo, o Grande Princípio indefinível de Justiça, não saberia ser déspota nem carrasco com suas Criaturas; que não pode nem recompensá-las nem castigá-las; mas que a Lei da Harmonia Univesal leva em si mesma sua sanção, de sorte que o bem em si mesmo é a recompensa do Bem, e o mal o castigo, mas também o remédio do Mal.
Extrato do Ritual da Ordem Martinista escrito por Téder
Leonardo Rocha '.'
Colaboração Frater AEC