.
.
.
e eu que aprendi quase tudo e nenhuma coisa
sobre a vida e sobre a morte
sobre os rostos que me rodeiam
e alguns deles me atiraram pedras ao coração
quando à luz da noite me deito
extasiada pelas chamas do fogo
que me consumiram as mãos
já não sinto dor:estou dentro dos teus olhos.
faço parte dessas longas chamas
como de uma confidência
esperando que apareça o outro Sol
e não pergunto ao mendigo como se sente
nem ao cego como vê nem ao que não anda
porque ficou na estrada
eu própria me converto no mendigo e no cego
e no que ficou preso aos seus próprios pés.
por isso sonho descobrir todas as estrelas
que me cairam do firmamento
e faço parte como vós dos raios da aurora
das cores imensas do arco-íris e do vento
das montanhas e das serras
dos ecos e das visões
dos misteriosos rios que passam pelas aves e pelos homens
do desfile admirável das formigas
que me arrancaram as lágrimas e agora correm
como tesouros guardados na terra em areia húmida
desejo ver-me reflectida nos olhos das crianças
contemplar a minha irmã palmeira que voou da minha infância
para ficar aqui junto a vós no meio da página
onde vamos explodindo todos juntos na poeira
tudo isto sinto quase ninguém vêe não pergunto nada
tudo isto sinto quase ninguém vêe não pergunto nada
de cada encontro guardo um tesouro
e devolvo-o porque se mudou para o nosso comum destino
ao vaguearmos pelas praias com seus antigos náufragos
e o que encontrei é como um pássaro antes do amanhecer
a Rosa de El Sáron que não conhece Ocaso
inclinando-se a teus pés no aroma mais doce...
inclinando-se a teus pés no aroma mais doce...
Contribuição: Maria Azenha, SRC