segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Teurgia, A Arte Sagrada dos Adeptos.




Trecho do livro"Theurgy, the Sacred Art of the Adepts"
de Demetrius Polychronis (c) 2001
editora Pyrino Kosmo
s
Traduzido por Geórgia Nuño Racca

   O Termo “Teurgia” é derivado da linguagem grega.

   THEOU ERGON = THEURGIA
   Literalmente significa “O Trabalho de Deus”.
   O que é Teurgia? Em um primeiro contato, pode-se dizer que não é nada mais do que Oração – Uma Oração que encontra algumas condições íntimas e é expresso por um ritual simples. Os objetivos são:
      • Aliviar o sofrimento e;
      • Ressuscitar a humanidade no Amor de Deus e na sua Sabedoria.

   A . Expressão da Espiritualidade Humana.
   “Espiritualidade” pode ser definida como “a relação do homem com Deus”. E, então, não havendo nenhuma ligação entre “intelectualidade”, “conhecimento” ou “educação”.
   As expressões da espiritualidade humana podem ser resumidas em:
  
 A. Exotérica
      1. Religião, devoção exotérica.

   B.Esotérico
      1. Esoterismo religioso ( Monástico)
      2. Esoterismo Filosófico (educação, ensinamento)
      3. Esoterismo Sacramental (Teurgia)


   B. História

   Apesar do termo Teurgia ter aparecido apenas durante a Era Romana, esta, já era praticada pela antiga civilização.
   Em 10.000 a.C os Orfistas usavam seus cânticos em um sistema filosófico, iniciático, sacramental e religioso chamado de “Orfismo”. Aristóteles dizia que: “Orfeus eram os únicos que estabeleciam os ritos sacramentais na Grécia”.
   Do segundo século a.C. Originou-se o texto dos Oráculos Caldeus, - a qual distanciou-se da Doutrina filosófica e iniciática – dando instruções específicas para a execução da Teurgia.
   Os Filósofos Neoplatônicos – e especialmente Jamblichus – promoveram e praticaram a Teurgia como sendo o significado da Natureza transcendental e integrando ao seu próprio interior a Criatividade das Operações Divinas.
   Jesus Cristo e seus discípulos executaram uma grande quantidade de milagres. Isto nada mais foi do que Teurgia, mesmo que na época não fosse conhecida com esse nome.
No Império Bizantino – colocou-se de lado algumas tradições que falavam sobre a presença e atividade Rosacruciana – O único dado concreto que sabemos foi o comentário do Oráculo dos Caldeus feito por Michael Psellus e Georgios Pletho – Gemistos.
   Durante a idade média parece que não houve atividades Teúrgicas. Mas na Renascença houve um incentivo ao esoterismo – ambos teóricos e práticos. Khunrath, Reuchkin, Tritheim, Agrippa, Fludd, Dee …
   No século XVIII Martinez de Pasqually fundou a “Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohen1 do Universo”. Eles praticavam a Teurgia. Alguns dos rituais foram publicados por R. Amadou, outros incluídos no “Sacramentary” publicado por R. Ambelain.
   L.C. de Saint Martin, Secretário e Discípulo de Pasqually - baseado nos mesmos princípios de Martinez – estabeleceu seu próprio sistema Teúrgico. Ele declarou: “Teurgia não é apenas um presente de Deus ao Homem, é uma responsabilidade a qualquer um, desde que sinta o verdadeiro desejo da realização em seu coração; pois Deus oferece ao Homem a oportunidade para ascender tal sentimento em seu coração”.
   Os Rosacruzes do Oriente praticavam um sistema muito sólido da Teurgia (nãokabalistico). Uma enorme parte de seus rituais foram publicados por R. Ambelain no “Sacramentary of the Rose+Croix”.
  
 C. O que é Teurgia ( e o que não é teurgia)
   Há quatro tipos de rituais que não devem ser confundidos.
      1. Sacramentos Religiosos;
      2. Rituais Mágicos ;
      3. Rituais Teúrgicos;
      4. Rituais Satânicos.



Rito
Agente Operador Executado por
Inspiração
Sacramento Religioso
Deus
Divino
Mágico
Homem
Humano
Teurgia
Homem Cooperando com Deus
Divino
Satanismo
Homem Subjugado pelo Demônio
Demoníaco
   Há, ainda, um outro tipo, os rituais iniciáticos, que são relatados como a noção de Egrégora. O Livro não menciona este tipo de rituais.


  D. Pré-requisitos
      1.Básico
      a. motivação
      b. modo de vida
      c. condições do ambiente (quarto, tempo, etc.)

   
   2. Sacramento
   De acordo com o autor, não poderá praticar a Teurgia se o indivíduo recusar a força presente de Deus, o qual é o sacramento da sagrada sacristia. Esta opção não é arbitrária, ela aceita o que R. Ambelain declara no capítulo sétimo (O Elixir da longa vida) do seu livro “ A Alquimia Espiritual”.
  
    3. Qualidades (virtudes)
      a. Pureza
      b. Amor
      c. Fé
      d. Remissão (perdão para com Deus)

      Estas virtudes são os quatro pilares do templo interior.

    
  4. Dinâmica
   • “Nipsis” (que é uma prática para trabalhar o controle próprio, consciência,          liberdade de qualquer tipo de obsessão, uma espécie de “bom senso espiritual”)
   • Estado interior de Oração


  E. Elementos do Ritual        1. O altar ou uma mesa de execução, coberta com um manto branco.
       2. Velas
       3. A Cruz
       4. O novo testamento, aberto no início do primeiro capítulo do Evangelho de São             João.
       5. Incenso
       6. Palavra
       7. Gesto

   
F. Ritual interior
   “Tecnicamente, o ritual teúrgico é a expressão do lado interior do Homem através de palavras e do seu ardente desejo de estar associado a Deus e cooperar com ele, por meio de uma série de meditações e pensamentos, palavras, gestos e símbolos”.
   Dessa forma, na Teurgia não há “rituais mágicos”. O indivíduo é livre para compor seu próprio ritual, que deve ser baseado nos princípios da legítima espiritualidade.
   O Ritual Teúrgico funciona em vários níveis.
      1. Influência psicológica
      2. Harmonia com Deus
      3. Harmonia do mundo interior com o mundo exterior
      4. Criação de “eixos verticais” de Harmonia e comunicação entre os planos.

   G. Estrutura Geral do Ritual Teúrgico.
      Abertura
      Expressão de arrependimento, contrição
      Invocação do Anjo Guardião
      < estado de interior oração>

      Expressão de gratidão
      Louvor, Glorificação
      Rezar para o Pai, Filho e Espírito Santo
      < estado de aceitação>

      Operação específica, ( terapêutica ou outra)
      Expressão de gratidão
      Finalização

   H. Resultado da Teurgia.
   A Teurgia influencia em todos os níveis da existência do homem – em seu corpo (material), alma (emocional) e espírito (racional).
   Todavia, o resultado mais importante é a Transcendência. Por definição “transcendental” é o que transcende ou ultrapassa a natureza humana.
   Então, transcender não é algo que o homem pode controlar; um presente de Deus, a germinação e o crescimento inexplicável da Palavra no homem.
   I Aplicações
      1. Iniciação
      2. Aplicação terapêutica (cura)
      3. Aplicação Talismânica

   J. Estágios na Senda Teúrgica
      Primeiro estágio:
   • Pré-requisitos: Busca da realização interior;
   • Objetivos: Evitar erros exotéricos morais, éticos.

      Segundo estágio:
   • Pré-requisitos: Evitar erros exotéricos morais, éticos
   • Objetivos:
   • Realização da purificação interior
   • Os Teúrgicos procuram uma oportunidade para beneficiar as pessoas.

      Terceiro estágio
   • Pré-requisitos: Realização da purificação interior. Nada polui, corrompe o templo interior do teúrgico.
   • Objetivos: Transformar-se num benfeitor da Humanidade

Fonte: The Rosicrucians of the Orient

   Notas
   1 - Cohen, sacerdotes hebreus, filhos de Cohen, descendentes dos sacerdotes hebreus que administravam o templo, descendentes de Aharon - N da T
   2 - Neste documento, a palavra “Rosacruz” não se refere aos Rosacruzes do século XVII. Refere-se a um ramo menos conhecido que são os “Irmãos do Oriente”.
   Todos os princípios pelo qual nós temos por base o sistema teúrgico que é mostrado em nosso livro, são sem dúvidas a verdadeira origem rosacruciana. Os mesmos princípios absolutos (mas de uma forma diferente de aplicação) pode ser encontrada nos Sistemas de Martinez de Pasqually, Saint Martin e o anteriormente mencionado “Irmãos do Oriente”, revelado no “Sacramentary” publicado por R. Ambelain ( veja também “The Lyon Lessons to the Elus Cohens in 1774-1776”).
   Os mesmos princípios são também encontrados no Heinrich Khunrath “Amphitheatre of the Eternal Sapience” ( a quem foi dito que deveria ser iniciado pelos “ Irmãos do Oriente”)
   Dessa forma, neste documento o termo Rosacruz tem o significado em sua origem, em princípios e qualidade. Não significa necessariamente que este sistema teúrgico tem sido atualmente implementado em todos os detalhes por qualquer grupo ou ordem Rosacruz.
   3 - Os esotéricos que são habituados a interpretar tudo por meio de correspondências Kabalísticas, por pensarem ser provável a aproximação com a Teurgia simplista. Nos os asseguramos isto não é o caso.
   Breve e inalterado o Martinismo – por Martines Pasqually, L.C. de Saint Martin, J.B. Willermoz and d'Hauterive – não era ritualmente Kabalistico. ( mas a estrutura em seu todo do sistema teúrgico de Ellus-Cohens era, de fato, baseado na Árvore Sefirótica).    Até onde sabemos, não existe uma expressão kabalística singular de tudo que foi escrito acima. ( incluindo os 3 anos do percurso de Saint Martin feito por ele na Ordem do Ellus Cohens em 1774-1776)
   Exceto a bibliografia acima, que nos referimos para o leitor, há também um outro elemento muito importante que justifica esta aproximação: 
um símbolo Martinista da Origem Rosacruciana: O Pelicano na Rosa Cruz.
LEITURA ADICIONAL
      
De Mysteriis Aegyptiorum Obra que fala sobre algumas práticas mágicas do antigo Egito (de Jamblichus)http://www.ndl.go.jp/incunabula/e/collection/incu_12.html .

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