segunda-feira, 19 de outubro de 2009

SILÊNCIO E MANSIDÃO



Por Swami Sarvananda
Sacerdote Expectante do 2º Grau (in memorian)

(Extraído do Boletim Frater - Informativo da OSA - ANO III - Nº 13 - JAN/1998)

Não constitui maior mérito adquirir uma relativa mansidão quando se tem a orientação de um conhecedor do gênero humano, como era indubitavelmente Sri Sevãnanda, um alquimista das almas humanas.

Esta qualidade, a mansidão, indispensável à abertura das faculdades interiores, porém, implica outra, que é a aquisição se um silêncio mental, não sendo imaginável um homem manso de mente agitada.

Sem querer nem poder julgar, considero proeza um homem de caráter forte, às vezes muito determinado no cumprimento de uma meta vital coletiva, chegar a imprimir mansidão nos membros de uma Comunidade cujo funcionamento está baseado na autodisciplina.
É sintomático que o Mestre não se deixava influenciar pela pressão automática provinda de fora para aderir ao modo de ser do “todo mundo”, razão pela qual sofreu com a incompreensão dos seus contemporâneos, entre outros atraindo sobre sua pessoa a ira de alguns chefes da vizinha Academia Militar das Agulhas Negras, por continuar divulgando dados acerca de OVNIs, assunto proibido naquela época, recebendo como resposta vôos rasantes de aviões de caça nos ares do Ashram. Quase ninguém teve conhecimento desses fatos.

Entretanto, e apesar das aparências, o Mestre tinha um caráter suave e bem manso quando não havia provocações. E esta mansidão culminou com o fato de nunca obrigar quaisquer Residentes do Ashram a fazer o que ele acreditava ser melhor para seu bem-estar espiritual. Isto é do próprio Residente.

Este modo de trabalhar, no cumprimento da missão que se “encasquetou’ - termo pelo Mestre utilizado - a si próprio, era levar a bom termo, se possível vitoriosamente, a conduzir um punhado de gentes provenientes destes mesmos pagos e também do estrangeiro à difícil meta de adquirir um auto-aperfeiçoamento, baseado nas rigorosas regras dos Cavaleiros Andantes do Oriente e dos desapegados e meditativos Swamis orientais.

Deu no que deu: da constante enxurrada humana que se revezava continuamente no Ashram de Resende, na tentativa de beliscar uma pepita de ouro espiritual das que caíam dos céus por seu intermédio, com a bênção dos Chefes das grandes Correntes Místicas das duas metades do Globo, acabaram sobrando na ativa apenas dois casais: os Peregrinos, e os atuais Sarvas de Belo Horizonte, sobrevivendo da notável experiência que foi o “Monastério Essênio e Ashram de Sarva Yoga” que ele fundara junto com sua Esposa e Companheira de Labor, Swamini Sádhana.
Posteriormente juntaram-se à Obra os fiéis Thoth e sua esposa Ischaïa.

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